Era seis horas da tarde quando meu celular tocou. Eu havia adormecido e Ben estava deitado ao meu lado, babando de tão apagado.Levantei e peguei o aparelho dentro da bolsa. Li no visor “Desclassificado Mor” e sorri:- Oi. – falei, já precisando de colherinha.- Gostou das calcinhas?- Bem, como posso dizer... Parecem um pouco pequenas.- Assim que eu gosto. Ainda faltam oito para a minha coleção. Vou tirar uma a uma e fazer o que você tanto gosta cada vez. – Eu podia imaginar o olhar pervertido dele do outro lado.- Molhei a calcinha. – Confessei, vendo Ben despertar, arregalando os olhos.Abri a porta e fui para a sala. Não queria dividir aquela conversa com ninguém... Era só entre nós.- Quer ver meu pau como está? Posso mandar uma foto, sua tarada.- Não quero ver não... – comecei a rir. – Não pelo telefone.- Foi uma noite especial. Podemos repetir hoje.- Não, Heitor. Eu ainda estou dolorida... E toda marcada. Vamos deixar para o final de semana. Ainda tenho que me focar no trab
Cheguei no hospital com os dedos doloridos de tantas vezes que liguei para Heitor e o telefone dele permanecia desligado.Ele pensaria que eu simplesmente faltei ao nosso encontro de propósito, sem sequer dar explicações. Mas eu tinha um motivo... Minha avó era a única coisa que eu tinha na vida, minha parente de sangue... O que sobrava da minha mãe, da minha família.Esperei por mais de três horas até me deixarem entrar para vê-la. Ela estava na Terapia intensiva, mas como eu havia vindo de longe e era a única familiar dela, autorizaram ficar por no máximo quinze minutos, para tranquilizá-la.Mandy estava num espaço mais afastado, dentro da própria sala de Terapia Intensiva. Deitada numa cama, com vários aparelhos com fios ligados a seu corpo. Me aproximei e senti uma dor no coração ao ver o quanto ela estava pálida. Toquei na mão gélida e ela abriu os olhos, apertando os dedos nos meus.- Babi...- Oi, Mandy. Como se sente?- Eu acho que não morri, não é mesmo? Ou você que recebe as
Deitei para o lado da parede e meus dedos tocaram a superfície lisa, onde senti “Babi e Jardel”, que eu havia escrito com uma faca, perfurando o cimento. Ainda estava ali... Tudo do jeito que eu deixei, há quase dez anos atrás.- Por que dói tanto, porra? O que você fez comigo, Heitor? – gritei, não evitando as lágrimas que caíam sem eu dar permissão.Então eu chorei. Na frente de John, que nada fazia, mas que tudo escutava, sem me julgar. Ele só me olhava com seus olhos claros, sem sorrir, mas me dando a certeza de que eu não estava sozinha. Porque independente de para onde eu fosse e quantas vezes eu voltasse, ele sempre estaria ali, com seu olhar sexy e depravado... Me esperando.Embora Mandy estivesse fora de perigo, não tinha previsão para voltar para casa.Na segunda-feira pela manhã eu voltei para a capital, para resolver o que tinha pendente e buscar algumas roupas. Não tinha o que fazer. Teria que abrir mão de tudo e ficar com minha avó.Assim que cheguei em casa, percebi que
- E da outra não era? – ele perguntou, ironicamente. – Sente-se. – falou seriamente.Ok, não era um caso de vida ou morte, em que eu precisava me demitir e sair correndo, embora sim, eu tivesse um pouco de pressa. Precisava voltar ainda aquele dia pra cidade onde vivi boa parte da minha vida.Olhei para Sebastian. Nos conhecíamos há pouco tempo, mas tivemos certa ligação desde o primeiro momento que nos vimos. Ali, de frente para ele, cheguei a lembrar de quando estava naquela mesma cadeira, pedindo emprego, dois meses atrás. O olhar interessado dele e o pedido de sinceridade durante a entrevista.Eu ainda não tinha certeza se realmente estava na Perrone pela minha capacidade intelectual ou para servir de vingança contra Heitor Casanova. Também tentava entender o motivo pelo qual Sebastian tentava me manter ali a qualquer custo, mesmo eu tendo pedido adiantamento no segundo dia de trabalho, estar envolvida, ou melhor, “ter estado” envolvida com o homem que ele odiava, ter me metido na
- Você não tem ideia do quanto eu ouvi de “Eu preciso de você” nas últimas semanas. – falei, sem olhá-lo. E não sei o motivo, porque eu continuo sendo Bárbara Novaes... Ou simplesmente Babi. Fico a imaginar o que mudou entre mim e as pessoas novas que me cercam. – Olhei para Sebastian. – Eu não posso ser salvação para ninguém... Mal sei salvar a mim mesma.Sebastian veio até mim e abraçou-me:- Eu não acho que você vá aguentar ficar longe, Babi. A sua vida inteira está aqui. E ali. – ele apontou para a North B.Suspirei, resignada. Eu não iria contar a ele sobre o acontecido entre mim, Heitor e Cindy, porque certamente ele diria que me avisou. Mas eu não era alguém que sabia ouvir as pessoas. Eu só ouvia a mim mesma.- Você acha que eu seria capaz de me apaixonar por Heitor Casanova? – me ouvi perguntando, ainda com os olhos voltados para último andar da North B.- Não acho que ele mereça o seu amor. Mas acho que Heitor Casanova poderia se apaixonar por você. Porque Bárbara Novaes é d
Apertei o botão do elevador que me direcionaria ao último andar. Sentia meu coração descontrolado e eu nem sabia ao certo o porquê. Eu muito mais queria explicações do que tinha a explicar.Minha avó passou mal e eu precisei ir... E a porra do telefone de Heitor estava desligado. O que eu mais temia era o que ele me diria com relação a Cindy Connor ter atendido o telefone dele.Entrei na sala gigantesca da recepção. Havia dois homens esperando, ambos bem-apessoados e usando ternos. Fui diretamente numa das secretárias:- Quero falar com Heitor Casanova.Ela levantou os olhos na minha direção:- Tem horário marcado?- Não. Mas diga a ele que é Bárbara.- Bárbara de quê? – a outra se intrometeu.- Ele sabe de que... – eu sorri e segundos depois fiquei séria. – Agora!As duas se olharam a riram.- Posso saber por que vocês estão rindo? Vão chamar Heitor ou eu vou ter que entrar sem ser anunciada?- Ele está numa conversa importante e posso garantir que vai demorar. – Uma delas falou, sem
- Bárbara... Você me fez de bobo. E... Eu não soube que você ligou. Achei que...- E você logo deu um jeito de curar as mágoas na loira do pau do meio. – Eu ri, com escárnio. – “Eu vou provar que mudarei, Bárbara e você verá isso nas minhas atitudes”. Achei que estas palavras fossem sinceras e confiáveis.- E eu achei que você tinha gostado do meu convite para cozinharmos na minha casa.- Acha mesmo que eu não fui porque simplesmente não quis? Não passou pela sua cabeça que algo poderia ter acontecido?- De início sim... Depois realmente achei que... Você estava me dispensando. Porque eu sinto que posso esperar qualquer coisa de você...Eu balancei a cabeça, confusa:- Eu nem sei se vale a pena contar, Heitor. Sinceramente, não vejo futuro nesta relação. Nem começamos e olha como está. Como disse, já sofri demais e não quero seguir com algo que já dá errado de antemão.- Não imaginava você tão pessimista.- Mas eu imaginava você safado e desclassificado. E que não mudaria.Ele veio at
Eu fui até ali pedir explicações... Não conversamos nada com nada e minha calcinha já estava encharcada e tudo que meu corpo fazia era clamar por ele. Eu não veria Heitor tão cedo novamente. Não tinha ideia de quanto tempo minha avó levaria para melhorar e nem sequer tinha certeza se voltaria para capital.Mais uma vez minha vida estava de cabeça para baixo. E justo no momento que eu achei que tudo estava se encaixando: um bom emprego, um possível relacionamento amoroso depois de tanto tempo sozinha...Heitor me levou até a mesa de vidro e abriu minhas pernas, colocando seu corpo entre elas. Senti sua língua na minha e então percebi o quanto eu estava envolvida e apaixonada por aquele homem e que ele me fez muita falta naqueles míseros dois dias, ou seja, 48 horas. O que seria de mim?O beijo foi ficando mais quente e intenso e eu sentia isso quando a boca de