Após o beijo demorado e o enroscar de línguas, Tyler recua lentamente, soltando o rosto de Violet. Ele a olha de cima e dá um passo para trás.—Sinto muito, senhorita Jacobs-—Pode me chamar de Violet? —Sua pergunta o faz franzir o cenho e piscar confuso. —É que quando me chama por "senhorita Jacobs", não parece que somos adolescentes. —Ela o olha com falsa indignação. —O quê?! Você é um vampirão perdido, por acaso?A reação exagerada da jovem Jacobs o faz sorrir e ele espreme os lábios achando graça da maneira como ela o compara. Ele vê que Violet tem bom humor. Pode não ser o humor dele, mas ela tem bom humor.Passos nas escadas indicam que Vivien está descendo. Violet se vira em direção ao som, percebendo sua mãe com roupas trocadas e cabelos molhados.—Bom, meu amores... Vamos almoçar! —Sua empolgação parece encantadora para Violet. Tyler olha para ela e percebe o quanto sua mãe lhe faz bem. Você será a minha coisa. Então, quero garantir que esteja sempre assim: contente como a
Ao perceber que Violet está atrás das cortinas, Tyler sorrir, ainda segurando o celular com a mão para baixo.—Eu sei que está aí, Violet. As cortinas são brancas, por favor, saia. —Ele mantém o sorriso no rosto, achando graça por estar sendo "vigiado" por alguém como ela.Envergonhada, Violet sai de trás das cortinas e dá alguns passos para o lado. Ela abre a porta e sai da casa, olhando para o chão. Tyler estica o braço para Violet e lhe oferece a mão. A garota caminha até ele, ainda sentindo o peso da vergonha sobre seus ombros.—Era o meu pai. Ele quer que eu discurse hoje a noite na inauguração de mais uma loja da grife.Violet estreita as sobrancelhas. Está confusa, sem entender as palavras de Tyler, então, o rapaz se corrige.—Não sei se você sabe, mas o meu pai é dono da "Monron's Griffe". Como vê, tem o meu sobrenome.O rapaz tem a herança como um fardo, mas não a despreza. Afinal de contas, ele sabe que será um dos herdeiros mais poderosos de Manhattan.Violet arregala os ol
A jovem Violet observa Tyler se virar em direção ao próprio carro e adentrá-lo, exibindo todo o seu charme até mesmo em um ato simples como aquele.Talvez seja apenas a química da paixão consumindo seus neurônios.Ela espreme os lábios, mas o sorriso quer sair. Cruzando os braços, ela pestaneja por alguns segundos, tentando reprimir a felicidade por seus planos estarem dando certo. Tyler desce o vidro do carro e solta uma piscadela para ela, em seguida, acelera o carro e tudo o que Violet vê é a placa traseira da SW4 branca sumindo no fim da rua.Ela leva uma das mãos até os lábios e os toca com a ponta dos dedos. A jovem Jacobs fecha os olhos, permitindo que os sorrisos escapem pela boca enquanto ela se lembra do beijo na sala de estar. Seu coração acelera e a respiração já não parece tão normal como ela costuma se lembrar. Há uma faísca que acende sua ansiedade. Violet sente que, apesar da pouca sorte, ela finalmente encontrou a outra pessoa em sua vida. A famosa alma gêmea.Perceb
O fim da tarde cai sobre os céus de Manhattan e o sol se enterra entre as rochas, escondendo mais um dia.Em frente aos espelhos do closet, Tyler analisa a imagem de um rapaz bonito, elegante, atraente e inabalável. Sua confiança é quase um monumento histórico da família Monron.Seu celular vibra sobre a mesa de vidro. Ele troca dois passos em direção ao aparelho que rodopeia com o vibrar, e estica o braço na direção da mesa, buscando o aparelho. O sorriso unilateral em seus lábios é evidente quando ele ouve a voz de Violet no outro lado da linha.—"S.e.n.h.o.r M.o.n.r.o.n". —Ela brinca zombeteiramente com a formalidade de Tyler. —Em duas horas se apresentará no canal 25 e todos esperam que diga palavras sábias sobre sua família. Como se sente?Ele olha para o próprio reflexo em busca de um defeito.—Não sei. Talvez eu deva ter escrito alguma coisa... Na hora eu improviso. —Ele não mente. Sua capacidade de improvisar é extremamente prec
[Consultório psiquiátrico do Dr. Kim]Dr. Kim arruma os papeis entre as mãos, em um fecho, e o olha por cima dos óculos redondos. —Você não pensa em como viveria se estivesse na companhia de alguém, Tyler?O silêncio faz um zumbido ensurdecedor no ouvido de Kim, que luta para se manter profissional.Um suspiro.A promessa de uma resposta.—Eu não preciso de alguém ao meu lado, mas gostaria de fazer isso outra vez.O profissional espreme os lábios, contendo os pensamentos. Mesmo estando em horário de trabalho, ele encontra dificuldades para manter aquela consulta por mais cinco minutos restantes.—E se você perdesse um filho, e esse filho fosse o seu único?Tyler sustenta um sorriso de canto de boca, e ergue os olhos para Kim, concentrando-se ali por longos segundos fixos.—Eu faço outro. Os dois se encaram fixamente. Kim pode sentir a gota de suor deslizar pela espinha, sumindo ao longo do tecido da camisa branca. O despertador toca, indicando que aquela consulta havia chegado ao f
[Residência dos Benson]Acordando na cama de Cassandra, Violet rebusca pelas memórias do celular.Eu podia jurar que ele estava na bolsa... Pensa.Não conseguindo encontrar o aparelho, ela tropeça pelas peças de roupa espalhadas no chão do quarto.O barulho de tropeços constantes faz Cassandra despertar abruptamente.—Qual é o seu problema, Violet? Amiga, você não dorme mais? Quando eu te conheci, você dormia-—Eu estou procurando o meu celular! A minha mãe vai me matar!A preocupação da garota era racional: Vivian não interpretaria corretamente a perda do aparelho.Mal sabia Violet, que mais tarde, ela teria o seu celular novamente, e aquilo mudaria tudo....Enquanto a dona surtava, seu aparelho viajava por Manhattan, no banco de carona de um Audi prata recém polido.Parado em frente à residência dos Jacobs, Tyler segura o celular com firmeza. Calmo, tranquilo, ele planeja exatamente como será o seu comportamento, garantindo que consiga ser convidado à entrar, obtendo confiança.Um
Com um olhar profundo sobre Violet, Tyler só consegue pensar em uma coisa: Uma profunda vontade de mostrá-la como ele era de verdade. —Bom, fica decidido! Tyler, querido, você toma café da manhã com a gente. —Vivien o convida novamente, reafirmando sua preferência. —Bom, eu vou terminar de preparar as coisas. Violet, minha filha, faça companhia para o seu amigo. Eu não demoro.Com a saída de sua mãe, Violet sente a pressão de ficar sozinha com Tyler. Ela solta seu braço, percebendo que ficou tempo demais agarrando aquele local.—M-Me desculpe...—Tudo bem. —Ele sorrir, se ajeitando. —Eu não sei se acertei na manteiga, viu...—Ah, para! Nem era pra ter trazido. Ela troca alguns passos curtos pelo sofá e escorrega a mochila de seu ombro sobre o assento. Sentado ao lado dela, Tyler passa uma perna por cima da outra e estica um braço por cima do encosto. O seu corpo falava, embora seus lábios não dissessem o que ele queria. Violet junta as mãos sobre as pernas e desvia o olhar, fugind
Após aquela visita, Tyler voltou para casa, encarando a solidão. Apesar da presença de seu pai, estar sozinho era uma sensação frequente da qual ele desfrutava. Ele remaneja seus pensamentos na direção de Violet, tentando se ludibriar. Planeja sua morte, mas nada lhe funciona tão bem ao ponto de lhe puxar para cima.Agarrado ao ferro frio, o rapaz bonito e solitário encara os degraus, descendo as escadas. O espaço em seu coração fica um pouco mais vazio, formando um abismo entre sua humanidade e a criatura letal sendo contida dentro de si aos poucos.Na sala, seu pai conversa com alguém ao telefone. Parece inconformado. Teme por algo.Não se importa.Não o percebe.Tyler troca passos leves na direção da cozinha, adentrando ao local. O cheiro de suas panquecas preferidas lhe invade o estômago, mas não há fome para consumí-las.—Senhor Tyler! Bom dia. Eu lhe fiz suas panquecas favoritas, não quer comer?A empregada percebe o suspiro. Os ombros caídos sustentando os cotovelos que despen