O fim da tarde cai sobre os céus de Manhattan e o sol se enterra entre as rochas, escondendo mais um dia.
Em frente aos espelhos do closet, Tyler analisa a imagem de um rapaz bonito, elegante, atraente e inabalável. Sua confiança é quase um monumento histórico da família Monron.
Seu celular vibra sobre a mesa de vidro. Ele troca dois passos em direção ao aparelho que rodopeia com o vibrar, e estica o braço na direção da mesa, buscando o aparelho. O sorriso unilateral em seus lábios é evidente quando ele ouve a voz de Violet no outro lado da linha.
—"S.e.n.h.o.r M.o.n.r.o.n". —Ela brinca zombeteiramente com a formalidade de Tyler. —Em duas horas se apresentará no canal 25 e todos esperam que diga palavras sábias sobre sua família. Como se sente?
Ele olha para o próprio reflexo em busca de um defeito.
—Não sei. Talvez eu deva ter escrito alguma coisa... Na hora eu improviso. —Ele não mente. Sua capacidade de improvisar é extremamente prec
Em casa, Violet assiste Tyler discursando enquanto o evento é transmitido ao vivo pelo canal 25. Ela sorrir para a tela vendo todo o vislumbre sobre o rapaz, o fazendo brilhar.A porta da sala se abre e Vivien adentra. Está segurando algumas sacolas, mas logo, atravessa o cômodo e põe as sacolas sobre o sofá, se unindo á sua filha.—Nossa, minha filha!! O Tyler está incrível, olha essa roupa... E o cabelo. E o rosto dele tão iluminado... —Os elogios de Vivien são sinceros. No entanto, Tyler realmente está impecável naquele momento. —Ele já é muito bonito e agora, olhando pela TV, está ainda mais. Tenho que admitir, minha filha, o seu amigo sabe mesmo se arrumar e ser luxuoso. Também, nasceu com toda a beleza de Manhatan, não tem como ser diferente.—Mãe, tá me deixando sem graça. —Violet vi
Após a chamada ser encerrada, Tyler deixa o banheiro e segue, retornando para o núcleo da festa.Ele passa entre os convidados e segue em direção ao pedestal, atraindo novamente a atenção de todos.—Pessoal... Pessoal, eu sei que a festa está ótima e que todos aqui não têm hora para a cabar. Peço que não tenham mesmo, pois o melhor da vida é festejar pelas coisas boas e pelo sucesso. Por questões de força maior, terei que me ausentar. Não se preocupem, está tudo bem. O representante dessa loja ficará em meu nome e festejará por mim, junto á todos vocês. Peço que me desculpem por isso, mas é realmente necessário que eu vá agora. Por favor, aproveitem a festa. Vocês são tudo de melhor que Manhattan pode ter!Ele ergue a taça com champagne<
Tyler espera por sua resposta pacientemente.—A minha mãe viu o meu pai no mercado e... Ele quer me ver na missa do domingo. Quer que a minha mãe me leve, mas... Não quero contato com o meu pai. Ele me abandonou, me chutou da sua vida e eu não faço a mínima ideia do porquê de ele me querer por perto agora. Não sinto que conseguiria passar dois minutos conversando com ele. Eu não sinto que... —Ela olha para as próprimas mãos. —Conseguiria esquecer seu abandono.Tyler sabe exatamente o que falar para confortá-la, e usa de tudo o que observou e leu sobre as pessoas para parecer empático e bondoso.—Você não precisa vê-lo. Eu entendo que ele seja o seu pai, mas... Ele não deveria proteger você? Então, se lhe deixou... Não entendo o motivo de querer voltar. Não quero me intrometer em seus assuntos
Tyler se ergue sobre os joelhos novamente e põe a mão sobre a fivela do cinto. Violet engole, olhando-o assustada. Ela parece nervosa, mas Tyler está determinado demais para percebê-la. Ele retira o cinto do cós e une as partes, estalando diante dela como forma de ameaça.Na verdade, ele fantasia em enforcá-la.—T-Tyler, o que tá fazendo? —Ela franze o cenho e apoia os cotovelos no colchão. Tyler pisca para ela e desvencilha o olhar para os cantos, em seguida, recua, saindo de cima de Violet. Ele para de pé, diante da cama, mas se vira de costas para ela.—Me desculpe, acho que não é o tipo de sexo que você prefere. —Ele coloca o cinto novamente, afivelando-o com tranquilidade. —Talvez seja hora de eu ir embora... Você deve ter ficado chateada e a sua mãe deve estar estranhando todo esse tempo que eu estou aqui-—Por favor, fica... O rapaz sensual para, ainda de costas para ela. Violet encara os ombros largos de Tyler e percebe o quanto suas costas são fortes. Seus olhos passeiam pe
[Consultório psiquiátrico do Dr. Kim]Dr. Kim arruma os papeis entre as mãos, em um fecho, e o olha por cima dos óculos redondos. —Você não pensa em como viveria se estivesse na companhia de alguém, Tyler?O silêncio faz um zumbido ensurdecedor no ouvido de Kim, que luta para se manter profissional.Um suspiro.A promessa de uma resposta.—Eu não preciso de alguém ao meu lado, mas gostaria de fazer isso outra vez.O profissional espreme os lábios, contendo os pensamentos. Mesmo estando em horário de trabalho, ele encontra dificuldades para manter aquela consulta por mais cinco minutos restantes.—E se você perdesse um filho, e esse filho fosse o seu único?Tyler sustenta um sorriso de canto de boca, e ergue os olhos para Kim, concentrando-se ali por longos segundos fixos.—Eu faço outro. Os dois se encaram fixamente. Kim pode sentir a gota de suor deslizar pela espinha, sumindo ao longo do tecido da camisa branca. O despertador toca, indicando que aquela consulta havia chegado ao f
[Residência dos Benson]Acordando na cama de Cassandra, Violet rebusca pelas memórias do celular.Eu podia jurar que ele estava na bolsa... Pensa.Não conseguindo encontrar o aparelho, ela tropeça pelas peças de roupa espalhadas no chão do quarto.O barulho de tropeços constantes faz Cassandra despertar abruptamente.—Qual é o seu problema, Violet? Amiga, você não dorme mais? Quando eu te conheci, você dormia-—Eu estou procurando o meu celular! A minha mãe vai me matar!A preocupação da garota era racional: Vivian não interpretaria corretamente a perda do aparelho.Mal sabia Violet, que mais tarde, ela teria o seu celular novamente, e aquilo mudaria tudo....Enquanto a dona surtava, seu aparelho viajava por Manhattan, no banco de carona de um Audi prata recém polido.Parado em frente à residência dos Jacobs, Tyler segura o celular com firmeza. Calmo, tranquilo, ele planeja exatamente como será o seu comportamento, garantindo que consiga ser convidado à entrar, obtendo confiança.Um
Com um olhar profundo sobre Violet, Tyler só consegue pensar em uma coisa: Uma profunda vontade de mostrá-la como ele era de verdade. —Bom, fica decidido! Tyler, querido, você toma café da manhã com a gente. —Vivien o convida novamente, reafirmando sua preferência. —Bom, eu vou terminar de preparar as coisas. Violet, minha filha, faça companhia para o seu amigo. Eu não demoro.Com a saída de sua mãe, Violet sente a pressão de ficar sozinha com Tyler. Ela solta seu braço, percebendo que ficou tempo demais agarrando aquele local.—M-Me desculpe...—Tudo bem. —Ele sorrir, se ajeitando. —Eu não sei se acertei na manteiga, viu...—Ah, para! Nem era pra ter trazido. Ela troca alguns passos curtos pelo sofá e escorrega a mochila de seu ombro sobre o assento. Sentado ao lado dela, Tyler passa uma perna por cima da outra e estica um braço por cima do encosto. O seu corpo falava, embora seus lábios não dissessem o que ele queria. Violet junta as mãos sobre as pernas e desvia o olhar, fugind
Após aquela visita, Tyler voltou para casa, encarando a solidão. Apesar da presença de seu pai, estar sozinho era uma sensação frequente da qual ele desfrutava. Ele remaneja seus pensamentos na direção de Violet, tentando se ludibriar. Planeja sua morte, mas nada lhe funciona tão bem ao ponto de lhe puxar para cima.Agarrado ao ferro frio, o rapaz bonito e solitário encara os degraus, descendo as escadas. O espaço em seu coração fica um pouco mais vazio, formando um abismo entre sua humanidade e a criatura letal sendo contida dentro de si aos poucos.Na sala, seu pai conversa com alguém ao telefone. Parece inconformado. Teme por algo.Não se importa.Não o percebe.Tyler troca passos leves na direção da cozinha, adentrando ao local. O cheiro de suas panquecas preferidas lhe invade o estômago, mas não há fome para consumí-las.—Senhor Tyler! Bom dia. Eu lhe fiz suas panquecas favoritas, não quer comer?A empregada percebe o suspiro. Os ombros caídos sustentando os cotovelos que despen