— Então você veio aqui, mas não foi pra acertar as contas com meu irmão, né? Dalila fez um biquinho, com uma expressão meio orgulhosa. Álvaro suspirou, sem saber o que dizer. — Na sua cabeça, eu sou tão cruel assim? Dalila respondeu: — Por que não seria? Álvaro hesitou por um momento. "Tá bom, melhor calar a boca." Não queria continuar aquela conversa, nada do que ela dizia era agradável de ouvir. — Você já bateu na sua irmã? — Dalila perguntou de repente. Álvaro respondeu com firmeza: — Não, eu nunca bati em mulheres. Quando minha irmã apronta, eu a disciplino, mas nunca levanto a mão. Apenas homens fracos batem em mulheres. Dalila ficou curiosa. — Como você a disciplina, então? — Confisco a mesada dela, ou proíbo de comprar roupas e bolsas novas por um mês. Às vezes, não deixo ela comer besteiras ou a faço ficar de castigo em pé. Outras vezes, não deixo ela ver os caras bonitos que ela gosta. Tem várias formas de punição, algumas nem lembro mais. Dalila fe
Ela não queria mais viver de jeito nenhum. Álvaro a observava com uma expressão indiferente enquanto Dalila caía e se levantava repetidamente, o beijando, com um ar extremamente desamparado. Por fim, ele pressionou a cintura de Dalila, abraçando ela e se sentando diretamente. Os lábios dos dois se separaram imediatamente. Dalila segurava os ombros dele com força, sem sequer ter coragem de levantar a cabeça para olhá-lo. Era o seu primeiro beijo. Que vergonha terrível. Álvaro arqueou ligeiramente as sobrancelhas elegantes, segurando ela com um braço enquanto se apoiava no batente da porta com a outra mão para se levantar. — Está tudo bem? — Perguntou ele, em tom casual, quando os dois estavam de pé novamente. Dalila balançou a cabeça, o rosto anormalmente corado. — Tudo... Tudo bem. O rosto de Álvaro permaneceu completamente impassível. — Que bom. Vou ao banheiro. Quando ele se virou, Dalila notou que havia manchas de água nas costas dele. Envergonhada, abaix
O quarto estava tão silencioso que não se ouvia som algum. Eles permaneceram parados à porta, e o único som perceptível era o da respiração de ambos.Álvaro, com sua alta estatura, se encostava ao batente da porta. Ao olhar para Dalila, parecia ter mil palavras a dizer, mas, ao mesmo tempo, nenhuma.Seu olhar era sempre muito gentil, como um lago tranquilo na primavera.Toda vez que Dalila encontrava aquele olhar, sentia que talvez ele também gostasse dela. Mas, sempre que uma única frase dele parecia esclarecer a relação entre os dois, ela voltava a acreditar que tudo não passava de imaginação sua.O paletó já sujo de Álvaro pendia de seu braço. Ele endireitou o corpo, ergueu a mão e bagunçou de leve os cabelos de Dalila, com um sorriso nos lábios finos:— Adivinha.Dalila fez um biquinho:— Você diz “adivinha”, como se eu fosse conseguir adivinhar.Álvaro riu e acenou para ela com a mão:— Se não quiser adivinhar, deixa pra lá. Vou embora. — Assim que terminou de falar, ele entrou di
Isso era um assunto entre ele e Sabrina. Por que Álvaro tinha que se intrometer toda vez?! E, como se não bastasse interferir, ele ainda tinha a ousadia de dizer algo tão ultrajante! O medo nos olhos de Fabiano havia desaparecido completamente. Ele ergueu a cabeça, encarando Álvaro com um olhar gélido e sombrio. — Álvaro, em consideração ao fato de termos crescido juntos, ainda estou disposto a te chamar de irmão. Mas o que acontece entre mim e a Sabi sempre foi, desde o início, um assunto nosso. Com que direito você se mete? Tudo bem, você é o irmão da Sabi, mas acha que pode controlar a vida dela para sempre? As famílias Ribeiro e Amorim têm uma amizade de tantos anos. Você realmente vai ignorar esse laço e agir contra mim? Não acredito nisso. Álvaro esboçou um sorriso frio nos lábios finos. — Fabiano, pode tentar. Acha que eu, Álvaro, me importo com esse suposto laço que não vale absolutamente nada? Então está enganado. Você mesmo disse: isso é coisa do passado. E, para mi
Álvaro ergueu levemente as sobrancelhas, com um sorriso sutil surgindo nos lábios finos: — É mesmo? Tenho algo para fazer esta noite e vou passar a noite aqui. Me entregue o cartão do quarto da cobertura. O rosto da gerente da recepção mudou instantaneamente: — Presidente Álvaro! Bem... É o seguinte, o quarto da cobertura está um pouco indisponível nesses dias. É que... O encanamento está quebrado. Estamos tentando consertar, mas os trabalhadores não são muito competentes, então... Ainda não conseguiram terminar o reparo. Se o senhor quiser, posso arranjar outra suíte para você. O que acha? Álvaro deu um sorriso que não alcançava os olhos: — Que coincidência, hein? Justamente quando eu quero ficar, o encanamento quebra? Qual é a empresa que está fazendo o reparo? Me diga o nome, que eu mesmo faço uma reclamação. Além disso, como gerente de recepção de um hotel, você sabe que os trabalhadores não são confiáveis e ainda assim não troca a empresa? Está esperando ser denunciada p
Depois de falar, ele trocou os sapatos e entrou na casa. Caminhou até Emerson e tirou um cartão-chave do bolso, o entregando: — A Sabi está na suíte do último andar do Hotel Estrela do Mar. Este é o cartão-chave, você pode ir procurar ela. Emerson olhou para ele, surpreso: — Eu já fui ao Hotel Estrela do Mar. A gerente da recepção disse que ela não esteve lá. Álvaro ficou sem palavras. — O Hotel Estrela do Mar foi o presente de aniversário de 18 anos que meu pai deu para a Sabi, então a gerente da recepção é extremamente leal a ela. Por que ela revelaria o paradeiro dela tão facilmente para você? Imediatamente, Emerson se levantou, pegou o cartão-chave dos dedos de Álvaro e se preparou para sair. Álvaro o chamou: — Espere. Eu te levo até lá. Emerson, no estado em que você está agora, não é seguro dirigir. Mas Emerson insistiu, teimoso: — Eu posso ir sozinho. Álvaro franziu profundamente as sobrancelhas. — Você e a Sabi terem se casado não me surpreende nem um po
A insinuação contida naquela frase já era bastante evidente. Dalila pensou que, com a inteligência de Álvaro, ele certamente entenderia. Na época do ensino médio, eles precisavam estudar muito para conseguir boas notas. Álvaro, sentado na última fila, dormia em praticamente todas as aulas. Ainda assim, ele sempre terminava o ano em primeiro lugar, disparado à frente do segundo colocado. Mais tarde, ele também participou da competição nacional de matemática e, em todas as ocasiões, conquistou o primeiro lugar. Em uma reunião de ex-colegas de escola, organizaram uma competição de testes de QI, e Álvaro obteve a pontuação mais alta entre todos. Por isso, Dalila queria usar aquela frase para testar novamente os verdadeiros sentimentos de Álvaro. Se ele realmente não reagisse depois de ouvir aquilo, ela desistiria de vez. Álvaro refletiu por um momento e, com os lábios finos ligeiramente entreabertos, disse: — O que você está pensando? Você é cunhada da minha irmã, é claro q
"Será que foi a Agatha quem entregou Sabrina?" Não, Emerson achava isso impossível. Sabrina havia lhe dito pessoalmente que Agatha era a pessoa mais confiável de todo o Bar da Adoração. Foi exatamente por isso que a colocou na recepção e confiou a ela a administração do bar. Dessa forma, só podia significar que alguém tinha perguntado a Agatha sobre o paradeiro de Sabrina. Emerson achou melhor começar investigando por conta própria. A parte que envolvia Sabrina, eles resolveriam juntos quando ela acordasse. Na manhã em que o funcionário passou mal e desmaiou, poucas pessoas estavam por perto. Apenas quem acompanhou o funcionário ao hospital sabia exatamente para onde ele havia sido levado. Emerson revisou mais uma vez a lista de funcionários. Desta vez, focou em uma pessoa: Dâmaso. Aquele rapaz havia começado a trabalhar no mês passado. Recém-formado em um curso técnico, ele não conseguia encontrar emprego e acabou se candidatando à vaga no restaurante, dizendo que queri