Quando o sol não está mais presente no céu e as estrelas são as únicas criaturas a preenchê-lo, brilhando como pequenos insetos luminosos, cheios de alegria pela satisfação da reprodução e execução de suas minúsculas e importantes atividades, é nesse momento, entre a beleza da vida e os mistérios da morte, que coisas estranhas acontecem. Ninguém pode prever o futuro e mesmo se previsse, certamente a vida arrumaria um jeito de mudar tudo, porque a verdade da existência sempre pende ao mistério, mesmo que seja doloroso, feio e assustador.
Bill depositara uma bomba-relógio sentimental dentro dele — alguns costumam chamá-la culpa —. Esse sentimento é como um verme que se instala debaixo de sua pele e vai te devorando devagar. Primeiro começa como uma coceira, para depois se espalhar, e quando menos você espera, abre um buraco necrosado e em car
Avenida Clyde, 340 — Liontown. Residência dos Bayer. Melissa estava em seu quarto, arrumando algumas roupas que estavam sobre uma cadeira. Tinha a mania de organização e os dias na cama a deixavam maluca. Fazer aquilo ainda lhe causava uma sensação de controle. Ela estava melhor — assim ela falava, para si mesma, num mantra positivo —. Sentia-se bem em relação às dores que a incomodavam com hora marcada, mas via-se obrigada a tomar remédios para aliviá-las, ainda que não gostasse da ideia. A faixa na cabeça não lhe caia muito bem, mas ela achava até confortável em certos momentos. O silêncio de sua casa quando seus pais e irmãos não estavam mais presentes, era uma espécie de estado emocional da qual ela só vivenciava em raros momentos da vida. Ela podia ouvir o silêncio da rua e como os carros pareciam distan
"Aqueça-se com o calor do bem e jamais sentirá o frio da maldade." — Magno Novaes Bill apertou a mão de John de maneira firme, no fim daquele dia de aula, como se quisesse realmente passar a impressão de que ele desconsiderava qualquer tipo de atitude que o comparsa de Adam Wason, fizera com ele e com os fracotes do colégio Doctor John Dalton. Se ele pudesse dizer em palavras, mandava ele ir tomar banho no rio Wax, e depois mandava ele ir tomar lá mesmo, por ser cuzão por tanto tempo. Bill só esboçou um meio sorriso antes de sair e admirar o céu acinzentado que fazia fora da instituição. O frio se intensificou, mas ainda que ele procurasse, não conseguiu ver um floco de neve cair do céu e tocar sua pele. Ele gostava da sensação da neve tocando sua pele, pois de certa maneira, lembrava do Pirulito, quando ele encostav
Bill chegou em sua casa andando tranquilamente. Ele estava aéreo. Pensava sobre o anel, tanto quanto qualquer outra coisa. Incluindo o envelope que recebera. Mas desta vez, a caixinha dos correios foi como dar um sopro de memória. Ele puxou sua mochila para a frente e abriu o zíper, pegando o envelope amarelo e o analisando com mais atenção. Ele o abriu. "Levei tempo demais pensando se escreveria esta carta ou não. Talvez tempo suficiente para comprovar que o que sinto é real, mas a verdade é que eu possa, até certo ponto, compreender o que você faria se soubesse disso. Então... bem, eu não sei se eu chegarei a entregar esta correspondência, mas caso aconteça, peço que tente entender. Eu gosto de você. Desde aquele dia no colégio... Bom, você sabe onde me encontrar. Com amor, Samara."
(Atenção: Este capítulo contém conteúdo sensível) Um dia após o desaparecimento de Edward Bailey O pai de Adam Wason retirou do fundo de sua velha camionete, os troncos de lenha que comprou com desgosto, de Kevin Conington, na Johnson com a Avenida Alabama, depois do estádio municipal. Ele não tinha opção a não ser fechar negócio com velho rabugento. Era isso ou morrer de frio. Mas, Conington tinha a mania de subir o preço das toras de madeira, mais que o dobro, naquela temporada, o que irritava o senhor Wason e seus cem outros clientes. Adam largou o pedaço de sanduíche que comia e correu para fora para ajudar o pai, antes que ele gritasse seu nome, como de costume. — Cuidado com os espetos — o
The Liontown Post, 27 de Janeiro de 1995. PARANORMALIDADE OU HISTERIA? No último domingo, 22 de janeiro (95), a jornalista Brenda J. Boudreau acompanhou o investigador particular Robert Phillips, do departamento de segurança pública do condado de Delaware, na reabertura do caso"Chama". Coletaram então, por entrevistas, os boatos confirmados mais tarde, por duas ex-estudantes do colégioDoctor John Dalton, de que Samara, a filha dos Morris, teria envolvimento direto com o acidente na instituição em 10 de setembro de 1977. "Ela sempre foi muito isolada do resto dos alunos do colégio,"diz Patricia, uma das ex-alunas que presenciou os eventos em 1977. É agora, uma mulher de meia-idade, com filhos da mesma idad
A porta da casa do Smith estava aberta e uma fria brisa, percorreu pelos cômodos até atingir o homem deitado no sofá. Daniel deu um longo suspiro e despertou, como se fosse beijado pela própria morte. Seus olhos giraram em um grau nada convencional, até pararem fixamente apontados para o teto e sua grande mancha de umidade. Quando ele olhava para aquilo, sempre imaginava que a mancha formava a imagem de um coala. Um coala gordo e feio. Sentado, retomou a consciência do que estava acontecendo. Puxou a garrafa de uísque que ainda repousava em uma mesinha de centro e lamentou-se ao perceber estar vazia, se levantou rápido, num pulo de gato, ainda tremendo com o frio que entrava sem permissão pela porta aberta. Xingou a si mesmo mentalmente por sempre fazer isso e olhou com um breve movimento de olhos, as horas no relógio de pulso que tinha sob a manga da camiseta amass
Na biblioteca, Melissa olhava impaciente as olhas no relógio, acompanhando com ansiedade o discurso amarrado de Bill Lewis e sua teoria de homem-do-saco.— São quase sete da noite, Bill. Você pode ir direto ao ponto. O que você pensa que aconteceu com o Edward? Se você sabe onde ele está, é melhor você falar agora — Melissa disse, interrompendo Bill e levantando-se da cadeira. O ambiente estava aquecido. Era agradável estar ali, mas ela desejaria, mais que qualquer coisa, estar do lado de fora, procurando pelo amigo.Bill enfiou a mão novamente no bolso, engolindo o nó que se destacava em sua garganta, ainda meio indeciso e confuso. Ele olhava para os lados com medo. Um grande e incessante es
No corredor vazio e quente, devido ao sistema de calefação que aquecia o ambiente, ele andou apressado pelos corredores, mas não queria ir ao banheiro. A desculpa era uma maneira dele sair e executar uma micro missão: chegar à biblioteca. Bill sabia haver computadores e impressoras lá. Não sabia ao certo porque queria imprimir a foto de Daniel Smith, mas faria, como parte de sua investigação.Havia dois corredores principais e ambos davam acesso aos banheiros, contudo, na ala esquerda era o banheiro masculino e na direita, o feminino. Na ala direita também havia a entrada principal para a biblioteca. Era uma grande sala inserida no coração da instituição. Um local, como um quarto secreto, sem janelas. Havia apenas fileiras e mais fileiras de estantes de livros de todos os gêneros, tamanhos e cores. Bill