No corredor vazio e quente, devido ao sistema de calefação que aquecia o ambiente, ele andou apressado pelos corredores, mas não queria ir ao banheiro. A desculpa era uma maneira dele sair e executar uma micro missão: chegar à biblioteca. Bill sabia haver computadores e impressoras lá. Não sabia ao certo porque queria imprimir a foto de Daniel Smith, mas faria, como parte de sua investigação.
Havia dois corredores principais e ambos davam acesso aos banheiros, contudo, na ala esquerda era o banheiro masculino e na direita, o feminino. Na ala direita também havia a entrada principal para a biblioteca. Era uma grande sala inserida no coração da instituição. Um local, como um quarto secreto, sem janelas. Havia apenas fileiras e mais fileiras de estantes de livros de todos os gêneros, tamanhos e cores. Bill
Liontown. Residência dos Lewis, verão de 1994.Todos os verões, Eva e Larry tiravam férias de uma semana, de seus trabalhos monótonos para aproveitar a estação que se iniciava vívida. Eles costumavam ir para a casa dos pais da matriarca da família, que era em uma fazenda na cidade vizinha, quase que em divisa com Liontown, se não fosse separada pelo rio Wax, que se encontrava com outro famoso rio da região (Warmwater), e que vinha do leste do Estado. Bill amava isso. Gostava de ir para a fazenda, ver bichos e insetos que ele acreditava que só existiam nos programas de tevê. O jovem garotinho de quatro anos, tinha as melhores habilidades quando o assunto era, insetos e desenhos. Se ele pudesse criar seus próprios besouros, certamente faria. A criatividade dele estava no ápice. Entretanto, o passat
Bill desdobrou o papel com a imagem de Daniel e analisou o rosto dele, segurando a respiração e recordando do dia em que esteve cara a cara com o homem. O menino se questionou mentalmente se aquele homenzarrão, sem muitas suspeitas, teria coragem de fazer coisas terríveis e medonhas, das quais nem ele conseguia manter imagens imaginárias em mente por muito tempo. De todos os esboços de pensamentos que Bill teve em relação às indagações, a maioria deles concordavam que sim, Daniel Smith era tenebroso.O garoto franzino se levantou do chão frio da biblioteca, e foi até a porta que ainda estava trancada. Olhando através do que parecia ser uma janela translúcida, ele esperou, em silêncio, com a testa posta sobre o vidro, tão limpo quanto uma película invisível e concreta que parec
Um vento frio e tímido era a única coisa que parecia se mover naquele momento, onde o silêncio era o grande ator da peça de horror que se iniciava.— Talvez tenha. Eu estou tentando entender, tá legal… — respondeu Bill, tão sério quanto assustado. Adam se enraivou ainda mais e Melissa ficou apenas como um balão ao vento, sem rumo, prestes a encontrar a mais bonita cerca de arame farpado. Ela procurava nos olhos de Bill respostas que os lábios dele, não pareciam querer contar, mas ele fez, para sua surpresa — Daniel Smith. Há alguns dias, Edward me entregou este anel — ele retirou o objeto do bolso — disse-me que o encontrou no dia do ritual. Justamente próximo ao carro, que fora escondido nos arbustos que havia na estrada, talvez propositalmente para atrasar nossa saída ou para pre
Todo garoto sabe que deve enfrentar seus medos algum dia, cedo ou tarde. Alguns medos são como pequenas pedras que carregamos na mochila, que pesa com o tempo. Muitas das vezes você tem duas opções: ou as usa como arma para atacar suas ameaças ou deixa com que elas te levem para o fundo do rio. Quando Bill atravessou uma das portas do Colégio Doctor John Dalton naquela manhã estranha e fria de um princípio de inverno rigoroso, talvez ele não soubesse ainda, mas estava iniciando uma guerra contra seus maiores medos.____________________Tem um local em quase toda instituição, seja ela de ensino ou não, esquecido e inabitável. Um pedacinho de espaço onde nada de extraordinário poderia acontecer, mas que de alguma forma parece atrair certas criaturas que buscam um lugar como aquele para ficar. Pessoas como Bill Lewis. Se ele pude
Bill viu o zelador entrar no quarto e deixar algumas chaves atrás da porta, em um suspensor. Ele prendeu a respiração. Já havia se passado cerca de quarenta minutos e naquela altura ninguém estaria mais em um colégio onde não havia eletricidade. A instituição era fria e escura. Um dia inteirinho ali, naquelas condições, poderia adoecer qualquer pessoa. Bill sentiu um movimento estranho em seus pés, como se algo estivesse se mexendo. Ele não quis pensar muito no que poderia ser. Porque se pensasse que fosse um rato, isso poderia deixá-lo preocupado. Os ratos que tinham no colégio eram do tamanho de raposas, e ainda por cima, havia boatos de que aquelas criaturas tinham o hábito de atacar humanos. Como fizeram com a cozinheira no verão passado. Primeiro ela teve um mal súbito e depois foi ao chão. A encontraram com um gran
Adam olhou novamente a foto de Daniel impressa naquela folha de papel e fez um sinal de negação com a cabeça, colocando o papel novamente no bolso. Ele se sentou do lado de Melissa que estava em um banco na praça que havia em frente ao colégio. Ela estava desconectada. Seus pensamentos estavam em algum lugar escuro, como um quarto e um barulho. Adam fez o mesmo barulho de seu pensamento ao arrastar o pé no chão, despertando-a do pensamento. Ela o observou.— O que está rolando entre você e o Bill? — Adam perguntou, colocando as mãos no bolso e encostando as costas no banco. Ele só queria puxar assunto, mas também, se era para estar com o grupo dos bobões do colégio Doctor John Dalton, que pelo menos ele o conhecesse bem, “O ser humano é um bicho estranho, ora ele ama, ora machuca, depende muito de como você reflete em sua cabeça”. - Samara Morris.Se o diretor daquele ano, o ex professor, Alex Cooper, tivesse a função de vigiar os passos de cada aluno da instituição, ele precisaria se dividir em 300, mas ele tinha uma certeza quase fanática de que os alunos eram tão disciplinados quanto os apagadores de algodão que comprara aos montes para aquele ano em especial. Ah! Eles são só crianças. Costumava dizer para os professores, que só observavam com olhos compendiados, o discurso surrealista do diretor. Não há nada de errado no futuro do país, pois os jovenzinhoPARTE 26: SINAL DE FUMAÇA
Nota de destaque do The Liontown Post, Outubro de 1977. ACIDENTE FATAL NA RODOVIA 414 AINDA ESTÁ SENDO INVESTIGADO. Atropelamento na rodovia 414, que conecta Liontown a Westergreen ainda está sendo investigado pelo departamento de segurança pública. Segundo fontes, a vítima é uma jovem de Liontown, Samara Morris, de 17 anos. O corpo foi encontrado por moradores locais. Não há testemunhas. Se o culpado for encontrado, poderá ser julgado e condenado pelo crime de omissão de socorro. ________________________ Colégio Doctor John Dalton. Liotown, novembro de 2007. Bill pulou o muro do colégio, que tinha um metro e meio, e correu para o meio da rua, olhando para todos os lados. Ele tinha mais casas de aranha em seus cabel