Nos corredores do colégio, Bill percebeu que todos estavam fantasiados de algo, mas até onde ele se lembrava, o dia das bruxas seria em dois dias.
— Doces ou travessuras? — Frank, o amigo beijoqueiro o surpreendeu por trás, mostrando uma cesta vazia. Ele estava vestido de Frankenstein — original...— Você não está um pouco grandinho para isso, Frank? — Bill indagou, olhando para a cara dele. Ele ainda mantinha a cesta estendida, como se esperasse um doce.— Você veio de quê? Diretor Evans? A cara você já tem, falta só o bigodinho... — Frank zombou, olhando para os outros alunos e suas fantasias esquisitas. — Não sabia que você estava tão distante. Hoje é sexta-feira! É dia de festa de halloween do colégio. Olha para a Elle. Ela está de coelhinha sexy.— E daí?— E daí que isso é um sinal. Coelhinhos trepam, zé mané. E muito. Ela sabe como me passar bons sinais — Frank era um retardado na maioria das vezes, até quando estava falando de sua própria namorada.— Isso é estranho — Bill olhou para o lado e viu Adam e John vindo em direção a eles, vestidos de atendentes de lanchonete de posto de combustíveis de rodovias estaduais — sim, elas existem e são peculiares.— Te chamaria de marica pela centésima vez este ano, mas gostei do casaco, Lewis — Bill não conseguia entender quando aquele acéfalo estava falando a verdade ou sendo debochado, mas uma coisa ele tinha certeza, indiferente da intenção, qualquer palavra dita por ele sempre o faria franzir a testa em desgosto por dois simples motivos; seu péssimo hálito; e sua voz nada agradável.— O que você quer? — Foi a única coisa que Bill pôde dizer naquele momento. Ele não esperava ver Adam, ainda que tivesse que desenvolver um trabalho, juntos e isso era inevitável.— Uma trégua — Adam estendeu a mão, olhando para John e completando — estive pensando no nosso trabalho e bem, acho que deveríamos falar sobre a lenda mais conhecida da cidade. Acho que você já deve ter ouvido falar sobre, Samara Morgan.— Sim. Já ouvi — Bill foi firme nas palavras, mas não apertou sua mão. Adam a abaixou em seguida. — Beleza! Eu pesquiso e faço tudo. Feliz dia das bruxas.— Espera aí, Bill. Eu quero participar — Adam interrompeu sua saída. — Vamos fazer um acordo. Você e eu, vamos até o local onde aconteceu o trágico evento e podemos ter uma imersão maior na história. Eu prometo que te deixo em paz o resto do ano. Sabe, eu gosto de histórias de terror, por isso desejo participar.No fundo Bill acreditava que ele estava convidando-o para uma emboscada onde coisas trágicas quanto as de Samara Morgan e que Daniel Smith contara, poderiam acontecer. Entretanto, por outro lado, ele queria deixar aquela imagem de Bill Bobão para trás e se ele amarelasse, Adam nunca o deixaria em paz. Era o único meio de adquirir respeito, assim ele pensou.— Certo. Eu topo — Bill respondeu, olhando para Frank.— Você tá maluco? Você vai sair com esses manés? — Frank falou irritado, olhando para a dupla dinâmica.— Ei! Fica na sua, Frank Noia — Adam resmungou, mas no seu lugar. Ele costumava agredir pessoas menores do que ele e Frank era o dobro de seu tamanho. No fundo, Adam era um covarde que queria aprender a ser valente. — Mas quer saber... Vocês do clube dos patetas podem vir também. Quanto mais gente melhor.Bill achava justo. O que poderiam fazer duas pessoas contra cinco outros? Pouco provável que isso sairia do controle.— Ele também vai! — Bill afirmou.— Vou?— Sim! Você e os outros irão comigo — Bill estava decidido a ir, mesmo que ele fosse sozinho, mas inserir os amigos nessa o deixava mais confortável.— Beleza! Então vamos todos nós! Uma equipe de pesquisas. Gosto disso — Adam não era bom em afirmações positivas, ele sempre passava a impressão de estar mentindo ou de não estar gostando e John, bem, ele não falava mais nada a não ser desaprovar mentalmente certas atitudes do amigo.— Quando será? — Bill perguntou, tão ansioso quanto esperar uma partida de futebol americano de seu time favorito, o Arizona Cardinals.— Hoje mesmo. Nós nos encontramos no velho posto de combustíveis na avenida Richard Bells.Bill olhou para Frank antes de confirmar, como se esperasse uma aprovação, mas a cara do amigo era de: tanto faz.— Tudo bem. A gente se vê lá — Bill respondeu, com uma sensação de que estava entrando em mais uma roubada.Bill desenvolvera um medo irracional que estava mais próximo de controlar sua vida, do que ele poderia imaginar, mas era pela estreita sensação de que tudo e todos ao seu redor, pudessem ser terrivelmente malvados. Se o Tommy-balão estivesse certo, Adam não seria confiável. Alguém que mata um cão envenenado não é alguém que deveríamos manter por perto, pois cedo ou tarde, essa pessoa poderia fazer algo muito mais terrível.3Edward ainda estava desconfiado das atitudes do amigo, pelo fato dele estar estranho desde que perdeu seu animal de estimação, mas ele sabia que todo mundo precisava de uma forcinha, então foi o primeiro a aceitar o desafio. Bill estava na varanda de sua casa, arrumando uma lanterna velha que costumava falhar, mas que ele não deixava de usá-la pela história por trás do objeto. Achara lá no córrego que havia no final do rio, como se alguém estivesse fugindo pelo esgoto e fora capturado por um monstro. Dos monstros que Bill tinha medo só de imaginar. Tão bizarros quando o gênio explícito de Daniel e Tommy-balão juntos. Edward estava na outra ponta da varanda, sentado de pernas cruzadas, olhando para o amigo, com uma cara de preocupação. Ele gostava das velhas aventuras que ele e Bill inventaram por anos, naqueles bairros, mas agora eram adolescentes e logo irão morar longe um do outro para cursar alguma faculdade, para logo em seguida, desistir e voltar a Liontown.— Bill...— Edward sempre queria falar algo sério quando chamava o nome do amigo, seguido de uma pausa dramática. — Você pode abrir o jogo comigo.— Está falando da porcaria do seu filme pirata? — Bill foi breve, empurrando a chave de fenda no parafuso que havia no corpo da lanterna e girando, mas irritou-se ao perceber que o parafuso estava luído, desgastado.— Bill...Bill empurrou novamente a chave de fenda. Ela não exerceu bem seu papel, deslizando abruptamente e fazendo Bill se irritar ainda mais. Ele a lançou no chão e voltou a encarar Edward que tentava entender o que ele tinha. Bill ainda gostava dele, mas era um gostar diferente do que agradar-se por pizza ou desgostar de geleia de morango— Eu sonhei com o Tommy-balão. Não sou criança para ter medo de filmes bobos de terror, mas ainda que eu não prestasse muita atenção, fiquei...— Impressionado — Edward disse a mesma palavra que a mãe do Bill costumava lhe dizer quando ele estava abalado psicologicamente por algo. Mas ele não entendia o porquê. Ele afirmava com todas as palavras que aquele era uma porcaria de filme.— Mas não é só isso — acrescentou Bill. — Há uma coisa estranha acontecendo ou que irá acontecer.— Ih! Intuição...— Não, Edward. Não começa com esse assunto de intuição e premonição — Bill se levantou e viu sua mãe colocar algumas coisas no carro. Ela estava pronta para a viagem do final de semana. Ela parecia tão distante e Bill podia perceber. Faz alguns anos que ele deixou de dizer que a amava e quando isso começou ele não tinha certeza, mas que sentia falta, isso ele sentia.— Bill. Lembre-se do que eu disse — sua mãe falou distante, lembrando-o rapidamente que ele estava de castigo e isso significava que ele não poderia sair para nenhum lugar.— Mãe...— Sim, Bill — sua indagação desprovida de atenção talvez não esperasse que ele voltasse a dizer algo profundo naquela altura.— Eu te amo! — A afirmação firme e dentro de um sorrisinho verídico a atingiu de uma maneira diferente, fazendo-a parar por alguns segundos antes de retribuir o carinho.— Eu também te amo, Bill. Muito — falou ela, fechando o porta-malas do carro — mas ainda está de castigo.Ele riu. Edward também. O pedacinho de biscoito que Edward comera horas atrás, ainda estava grudado no seu aparelho e era possível ser visto quando ele sorria.— Boa viagem senhor, Lewis — disse Edward ao vê-la entrar no carro, mas sabia que Bill falharia com ela sobre não sair de casa e ainda que fosse verdadeiro com as pessoas, ficou na dele.— Seu pai só chegará amanhã, então... Comporte-se — ela completou com uma voz branda, sem medo nenhum de deixá-lo sozinho. Ela confiava no Bill, ainda que ele fosse previsível.O carro deu partida, num barulho conhecido aos ouvidos de Bill, tomou marcha e saiu de ré, atropelando um pequeno inseto que ficou mais esticado e fino que as folhas de bordô, amarelas, laranjas e vermelhas que haviam espalhadas por toda rua e bairros de Liontown, como um cobertor quentinho que cuidava do solo do frio azedo de outono.Bill observou o carro se distanciar, até sua vista não alcançá-lo mais e então virou-se para Edward, mas não disse nada. A lanterna que havia no chão da varanda piscou, iluminando fraca, antes de dar mais um impulso de vida e ascender, tão clara quanto o poste que iluminava o fim daquela tarde. Bill não se surpreendeu. Era a lanterna mágica. Edward se levantou e sacudiu a terra que grudara em seu traseiro e pegou o objeto, tentando desligá-lo.— Você confia em Adam Wason? — perguntou Edward, já sabendo da resposta de Bill, mas só queria se certificar, pois, não entendera até dado momento, como pôde marcar algum tipo de encontro com ele, ao entardecer, em época de dia das bruxas, onde pessoas encarnavam suas próprias loucuras, expressando-as erroneamente. Ele sabia que Bill, no fundo, queria distante de Adam Wason, mas certamente, quase como uma certeza, tão exata como a morte, de que ele queria provar algo. Edward só não conseguia assimilar para quem.— Ele é um cara problemático, mas vou pregar uma peça nele — Bill falou com certeza, com aquele olhar distante, como se sua voz fosse a única coisa presente naquele momento.O celular do Bill vibrou, em seguida, fazendo mais barulho que o sinal que ele emitia ao receber o que parecia ser um SMS. Era Melissa e ela estava xingando ele. Ela detestava Adam, assim como cinquenta por centro dos outros alunos do colégio, os outros cinquenta, só sentiam pena mesmo, seguido de um nojo anti social.— Pregar uma peça em Adam Wason? Você está realmente estranho, senhor Lewis.Bill não se importou com o comentário de Edward, apenas fixou a atenção no SMS e concentrou-se em responder Melissa, pedindo para que ela ficasse em casa, pois seria assunto de garotos. Garotos que apanham e brigam como cães de matilhas diferentes que se estranham e se rasgam em dentes, uns aos outros, quando se encontram no mesmo pedaço de terra.“Não, Bill. Vocês não deveriam ir.”Silêncio e suspiro fundo, seguido de dedos ágeis tocando a tela do celular foi a frequência de eventos que ocorreu no momento em que Edward ainda tentava descobrir como a m*****a lanterna funcionava.— Tem que bater na palma da mão — Bill falou rápido, ainda teclando, mas disse para Edward e ele percebera, só não entendeu como ele notara que ele estava mexendo na lanterna — ele tinha essas esquisitices e habilidades.— Ah! Bater — fez Edward, e a lanterna desligou, como um comando secreto, onde era preciso saber o truque para poder ser executado com maestria.— Vamos indo... — Bill falou, após enfiar o telefone no bolso e ignorar a vibração que anunciava outro SMS.— Só nós dois? E o Frank? — Edward perguntou preocupado.— Escuta só... — Bill se aproximou de Edward, colocando suas mãos sobre o ombro dele e encarando seus olhos castanhos cor de caramelo. — Sei que o Adam pegará a velha camionete 93 do pai e nos levará para Deus sabe onde.— Se estão em busca da lenda, iremos para o oeste de Liontown onde há a antiga fazenda dos Morgan — Edward interrompeu seu raciocínio, seguido de um pestanejar frenético. Ele fazia isso quando estava nervoso, tanto quanto Bill segurava a respiração em momentos de tensão.— Continuando — Bill meteu a mão no bolso, tocando acidentalmente em seu companheiro dos países baixos, e retirou um canivete, tão amolado que ele temia mostrá-lo para qualquer um, com medo de que pudessem se cortar — quando estivermos em “Deus Sabe Onde”, usamos isso.— No Adam?— Não, bobão. Nos pneus da velha camionete. Todos eles. Incluindo o estepe.— E ficaremos lá com dois valentões?— É aí que Frank entra em ação! Ele irá nos seguir e nos resgatar. Vamos deixá-los lá — Bill não queria ser malvado, mas vez ou outra, ele pensava em pregar peças em quem lhe infernizava.— Audacioso, mas merecido — Edward concordou com um risinho de canto de boca, que parecia tocar a ponta de sua orelha.Na avenida Richard Bells, 122, Bill e Edward esperaram em pé. Cada um carregava uma mochila onde colocaram o que acreditavam ser essencial. Bill com a lanterna mágica e um par de estilingue e Edward, uma bombinha de asma e um óculos de mergulho — na verdade, nem ele sabia o que fazia com uma mochila nas costas.Eles esperaram por trinta minutos até se cansarem e se sentarem no chão da calçada frente ao velho posto de combustíveis, onde ainda era possível ver as bombas cobertas por poeira e casas de aranha, também havia uma grande placa onde estavam os preços dos combustíveis há sete anos — eles mudaram consideravelmente.Vez ou outra, Bill olhava para o relógio de pulso e pensava se aquele atraso seria parte da peça em que possivelmente Adam e John estavam prestes a pregá-los.— Olha lá, Bill! — Edward exclamou, cutucando repetidas vezes o braço do amigo e o chamando a atenção para o que estava prestes a acontecer em seguida. Bill estava preparado para o que quer que acontecesse, mas i
Quando o sol não está mais presente no céu e as estrelas são as únicas criaturas a preenchê-lo, brilhando como pequenos insetos luminosos, cheios de alegria pela satisfação da reprodução e execução de suas minúsculas e importantes atividades, é nesse momento, entre a beleza da vida e os mistérios da morte, que coisas estranhas acontecem. Ninguém pode prever o futuro e mesmo se previsse, certamente a vida arrumaria um jeito de mudar tudo, porque a verdade da existência sempre pende ao mistério, mesmo que seja doloroso, feio e assustador. Bill depositara umabomba-relógio sentimentaldentro dele — alguns costumam chamá-laculpa—. Esse sentimento é como um verme que se instala debaixo de sua pele e vai te devorando devagar. Primeiro começa como uma coceira, para depois se espalhar, e quando menos você espera, abre um buraco necrosado e em car
Avenida Clyde, 340 — Liontown. Residência dos Bayer. Melissa estava em seu quarto, arrumando algumas roupas que estavam sobre uma cadeira. Tinha a mania de organização e os dias na cama a deixavam maluca. Fazer aquilo ainda lhe causava uma sensação de controle. Ela estava melhor — assim ela falava, para si mesma, num mantra positivo —. Sentia-se bem em relação às dores que a incomodavam com hora marcada, mas via-se obrigada a tomar remédios para aliviá-las, ainda que não gostasse da ideia. A faixa na cabeça não lhe caia muito bem, mas ela achava até confortável em certos momentos. O silêncio de sua casa quando seus pais e irmãos não estavam mais presentes, era uma espécie de estado emocional da qual ela só vivenciava em raros momentos da vida. Ela podia ouvir o silêncio da rua e como os carros pareciam distan
"Aqueça-se com o calor do bem e jamais sentirá o frio da maldade." — Magno Novaes Bill apertou a mão de John de maneira firme, no fim daquele dia de aula, como se quisesse realmente passar a impressão de que ele desconsiderava qualquer tipo de atitude que o comparsa de Adam Wason, fizera com ele e com os fracotes do colégio Doctor John Dalton. Se ele pudesse dizer em palavras, mandava ele ir tomar banho no rio Wax, e depois mandava ele ir tomar lá mesmo, por ser cuzão por tanto tempo. Bill só esboçou um meio sorriso antes de sair e admirar o céu acinzentado que fazia fora da instituição. O frio se intensificou, mas ainda que ele procurasse, não conseguiu ver um floco de neve cair do céu e tocar sua pele. Ele gostava da sensação da neve tocando sua pele, pois de certa maneira, lembrava do Pirulito, quando ele encostav
Bill chegou em sua casa andando tranquilamente. Ele estava aéreo. Pensava sobre o anel, tanto quanto qualquer outra coisa. Incluindo o envelope que recebera. Mas desta vez, a caixinha dos correios foi como dar um sopro de memória. Ele puxou sua mochila para a frente e abriu o zíper, pegando o envelope amarelo e o analisando com mais atenção. Ele o abriu. "Levei tempo demais pensando se escreveria esta carta ou não. Talvez tempo suficiente para comprovar que o que sinto é real, mas a verdade é que eu possa, até certo ponto, compreender o que você faria se soubesse disso. Então... bem, eu não sei se eu chegarei a entregar esta correspondência, mas caso aconteça, peço que tente entender. Eu gosto de você. Desde aquele dia no colégio... Bom, você sabe onde me encontrar. Com amor, Samara."
(Atenção: Este capítulo contém conteúdo sensível) Um dia após o desaparecimento de Edward Bailey O pai de Adam Wason retirou do fundo de sua velha camionete, os troncos de lenha que comprou com desgosto, de Kevin Conington, na Johnson com a Avenida Alabama, depois do estádio municipal. Ele não tinha opção a não ser fechar negócio com velho rabugento. Era isso ou morrer de frio. Mas, Conington tinha a mania de subir o preço das toras de madeira, mais que o dobro, naquela temporada, o que irritava o senhor Wason e seus cem outros clientes. Adam largou o pedaço de sanduíche que comia e correu para fora para ajudar o pai, antes que ele gritasse seu nome, como de costume. — Cuidado com os espetos — o
The Liontown Post, 27 de Janeiro de 1995. PARANORMALIDADE OU HISTERIA? No último domingo, 22 de janeiro (95), a jornalista Brenda J. Boudreau acompanhou o investigador particular Robert Phillips, do departamento de segurança pública do condado de Delaware, na reabertura do caso"Chama". Coletaram então, por entrevistas, os boatos confirmados mais tarde, por duas ex-estudantes do colégioDoctor John Dalton, de que Samara, a filha dos Morris, teria envolvimento direto com o acidente na instituição em 10 de setembro de 1977. "Ela sempre foi muito isolada do resto dos alunos do colégio,"diz Patricia, uma das ex-alunas que presenciou os eventos em 1977. É agora, uma mulher de meia-idade, com filhos da mesma idad
A porta da casa do Smith estava aberta e uma fria brisa, percorreu pelos cômodos até atingir o homem deitado no sofá. Daniel deu um longo suspiro e despertou, como se fosse beijado pela própria morte. Seus olhos giraram em um grau nada convencional, até pararem fixamente apontados para o teto e sua grande mancha de umidade. Quando ele olhava para aquilo, sempre imaginava que a mancha formava a imagem de um coala. Um coala gordo e feio. Sentado, retomou a consciência do que estava acontecendo. Puxou a garrafa de uísque que ainda repousava em uma mesinha de centro e lamentou-se ao perceber estar vazia, se levantou rápido, num pulo de gato, ainda tremendo com o frio que entrava sem permissão pela porta aberta. Xingou a si mesmo mentalmente por sempre fazer isso e olhou com um breve movimento de olhos, as horas no relógio de pulso que tinha sob a manga da camiseta amass