CLARA ASSUNÇÃO
O relógio suspenso em uma das paredes do salão principal parecia girar ao contrário...
Um pouco antes das 18h tia Gorete avisou que viu meu pronunciamento, que foi postado sem cortes diga-se de passagem, e que eu estava parecendo uma artista. Contou que Daniel ligou para explicar o problema naquela tarde, disse que meu noivo lhe pediu desculpas por todo o constrangimento que aquele escândalo poderia causar a ela e principalmente a mim. No fim prometeu nunca mais fazer nada do gênero novamente, pois não queria correr o risco de me perder outra vez. Tia Go ainda estava decepcionada, mas elogiou o fato dele ter tido hombridade ao assumir seu erro e também minha postura firme diante de toda situação.
Claro que Daniel conseguiria persuadi-la, já tinha visto seu jogo de cachorro arrependido várias vezes, era difícil resistir ao seu papinho de cafajeste em redenção.
Já o povo na internet não concordava tanto assim com nosso po
CLARA ASSUNÇÃO _ Ele chegou. _ arregalei os olhos para Camila. _ Antes tarde do que nunca, né?! _ ironizou pois já passava das 22hrs, mas suavizou o tom em seguida. _ vai lá conversar com ele, fico aqui torcendo por você. Cami cruzou os dedos e sorri para minha amiga, sentia como se o peso do mundo tivesse saído de minhas costas após ter contado toda a verdade. Me sentia livre e com uma nova esperança brotando no peito: _ Tá... _ confirmei monossilábica e corri para o closet. Arranquei as roupas que usava desde aquela manhã e tomei uma ducha relâmpago. Sai do banheiro vestindo a calcinha por baixo do roupão e ia até os cabides atrás de qualquer coisa para vestir, mas Camila me jogou um shortinho e um cropped branco com bolinhas vermelhas: _ Vai ficar perfeito. _ afirmou convicta Sorri agradecida e me vesti o mais rápido que pude, soltei o coque que fiz para não molhar os cabelos e sentei na penteadeira para olhar minha
CLARA ASSUNÇÃO A ideia me passou pela cabeça e não pensei bem antes de agir, apenas caminhei devagar pelo piso de mármore que cobria o chão do corredor em frente à entrada do banheiro, segui o mais silenciosa possível até próximo a entrada do closet, já na porta dei passos pesados e barulhentos para que soubesse que estava entrando. Sabia que corria o risco que surpreendê-lo sem roupa, mas nunca imaginei a situação com que me deparei naquela noite: _ Pensei melhor e a acho que vou dormir com uma de suas... _ comecei a dizer quando entrei em seu closet enorme. Daniel estava em frente ao espelho, ainda vestia as calças sociais e quando notou minha chegada esbravejou furioso: _ Caralho Maria Clara! _ falou grosso e muito alto, puxando a camisa do encosto da cadeira em que a havia jogado _ Sua preceptora não orientou a avisar que está entrando em um ambiente? Parece que não aprendeu nada sobre bons costumes até agora, porra! Sua reação exa
DANIEL ALENCAR Ser o único herdeiro de uma ascendência com legado histórico nunca foi tarefa fácil ou uma bênção como muitos poderiam pensar. No início do século XIX a monarquia brasileira outorgou cerca de novecentos e oitenta títulos de nobreza que foram concedidos por mérito aos serviços prestados ao império ou comprados por aqueles que eram considerados dignos de algum prestígio. E dentre estas poucas personalidades agraciadas com o reconhecimento da coroa real tupiniquim estava meu tataravô, que adquiriu a honraria pela bagatela de setecentos e cinquenta mil contos de réis, valor que atualmente não passaria muito dos cem mil reais. Mesmo que o título tenha perdido legitimidade com a proclamação da República em 1889, a família continuou a ostentar a nomenclatura por se tratarem de dignitários de imensas fazendas com cafezais no oeste do estado de São Paulo. Os proprietários desses cultivos eram os chamados "Barões do café" e seu forte pod
DANIEL ALENCAR Foi só quando Maria Clara viu as marcas de minha situação vexatória que me senti realmente humilhado. Sabia que corria o risco de ser descoberto, mas estar com ela, sentir seu cheiro, seu sabor e sua pureza parecia a única forma de encontrar a paz naquela noite. Quando fui surpreendido observando o estrago em meu corpo, por um segundo tudo o que internalizei sobre ser um fracasso passou em minha mente. Eu quis sumir. Quis que ela sumisse. Quase descontei minhas frustrações em cima dela. Porém Clara era mesmo um oásis, uma realidade paralela à qual estava me habituando rapidamente.Ela era viciante.Era como um sonho e, se acreditasse em divindades, poderia até chama-la de presente de Deus. Minha menina foi muito delicada e pude ver em seus olhos o quanto se importava com o que havia acontecido. A coelhinha me despiu e estava disposta a tomar banho comigo, talvez até ir além, apenas
CLARA ASSUNÇÃO Chocada! Talvez essa seja a única palavra capaz de descrever meus sentimentos quando soube a verdade que trouxe Carlos Daniel Medeiros Alencar até o alto de seu pedestal. Estar no topo do mundo, ser temido ou respeitado por todos, ter tudo que o dinheiro pudesse comprar... Nada disso o tornava menos humano. Ele escondia suas feridas como a maioria de nós, sangrava e sofria como qualquer um de nós.E ele também chorava como todos fazemos quando a dor se torna insustentável. Mimado era um termo que já não cabia para defini-lo. Crescer mergulhado em um universo onde tudo que se tem é o melhor, talvez o fizesse desprezar o que julgava inferior mas, caralho... Aparentemente o cara foi educado para ser uma máquina de fabricar dinheiro, foi criado mais como um funcionário do que como filho, talvez o termo correto seja "como escravo" mesmo. Sua vida até assumir a corporação foi uma preparação constante para
CLARA ASSUNÇÃO Subi até meu quarto de princesa pensando sobre a noite que estava para começar, me sentia cansada, mas uma expectativa excitante agitava meu íntimo. Minhas dúvidas sobre as intenções de Daniel não passavam de devaneios distantes, o homem havia se exposto por completo e mereceu minha confiança. Como Camila aconselhou, estava mesmo na hora de esquecer todos os limites e me entregar ao desejo que sentia crescendo cada vez mais em mim. Queria respeitar meu tempo, mas afinal, o que significava a virgindade? Um pedacinho de pele a ser rompido, como o lacre de um produto nunca usado? Ou um momento especial, extraordinário e único que deveria ser vivido com intensidade e sem medos? Ri sozinha pensando que provavelmente significava a mesma coisa, dependendo do ponto vista. O fato é que me sentia pronta. Queria acabar com aquilo. Queria que fosse com ele. Imaginava que Dani leva
CLARA ASSUNÇÃO Daniel falava calmamente, mas podia ouvir o som das batidas de seu coração acelerado: _ Foi enquanto esteve naquele abrigo, certo? _ conformei sem encara-lo. _ Não diga mais nada anjo, a menos que realmente queira desabafar. _ Daniel ergueu meu queixo e afastou as lágrimas de meu rosto. _ O que fizeram com você foi crueldade, foi hediondo e você não tem culpa de absolutamente nada. Saber que viveu uma merda dessas não muda nada em relação ao que sinto por você, na verdade, acho que sua integridade diante de tudo só me faz admirá-la mais. _ me apertou forte contra si e beijou o topo de meus cabelos. _ Desculpa por estragar tudo. _ pedi tentando segurar as lagrimas teimosas que insistiam em continuar pulando de meus olhos. _ Primeiro preciso deixar claro que não estragou nada! Ainda parece a garota mais linda desse mundo mesmo com o nariz vermelho e os olhos inchados. _ brincou e conseguiu me arrancar sorrisos com suas cócegas. _ E sobre
DANIEL ALENCAR Só perguntei se havia chego na hora errada. A intenção era provocá-la, surpreendê-la, deixá-la encabulada... Sei lá! Juro que estava disposto voltar em outro momento ou esperá-la em outro lugar. Pretendia jantar, talvez levá-la à um bom restaurante se estivesse disposta ou simplesmente ficar em casa curtindo sua doce companhia. Desejava contar-lhe sobre a grande conquista daquela tarde e prepará-la para a podridão que seria revelada sobre Érica nos próximos dias. Queria sua conversa boba, saber mais sobre ela, sobre seus gostos, seus desejos... Porém Maria Clara parecia ter seus próprios planos para a noite. Estava sexy e fez questão de exibir uma previa de sua lingerie impecável. Tinha um sorriso safado nos lábios e perdi o raciocínio lógico no momento em que o vi. Meu instinto dizia para atacar e arrebatá-la ali mesmo, em cima de sua penteadeira, no chão daquele closet, mas minha consciência me freou com uma p