HENRYDepois de dar fim aqueles malditos irmãos Tedesco, as coisas voltam ao seu comum no castelo dos Seven. Tudo segue normalmente, em uma rotina que se tornou bem mais interessante com a presença da Minha Ilha.O que é ser um Seven? Qual a nossa rotina?Sei lá, acho que igual a de todos.As pessoas nos chamam de mafiosos pelo que pensam que fazemos, digo “pensam” porque não tem provas. Temos uma rede de investimentos fachada, é mais simples que montar uma empresa e ter dois negócios. Investimos em boates de milionários, projetos de políticos, até mesmo pequenos negócios. Em troca recebemos comprovação de participação nos lucros no montante necessário para a receita. O que? Vivemos no Brasil, se tem uma coisa que pega aqui é receita federal. Não deixamos pontas soltas para não expor nossa família. Temos aliados em toda parte. Afinal, quem não quer um investimento sem custos?Nossas obrigações? Sim, comercializamos drogas. Nada simples, apenas do mais caro e de melhor qualidade. E sim
HENRYInferno! Inferno!Tiro para todo lado e não conseguimos alcançar o objetivo. Nada de encontrar Florian ou Jafar.Vamos acabar sem balas. Não quero ter que envolver os homens do Aladim. Enquanto estamos aqui, ele está garantindo a segurança de cada família e amigo que possa sofrer as consequências. Temos uma casa para refugiar aliados. Todos vão ficar lá até o corpo de Jafar cair. Confiamos em nosso poder, mas não brincamos com a vida de aliados.De onde estou, vejo Aladim descendo o morro correndo de mãos dadas com uma morena de longos cabelos negros. Ela olha para trás e confirmo que é Jasmine, o pivô da traição do garoto. O mais interessante é que ninguém, de nenhum dos lados, atira nele. Esse rapaz tem o respeito desse povo. Voto nele para próximo dono desse morro.Pelo menos um problema a menos.— Pai, estou quase sem munição.— Precisamos de reforços. — Felipe grita, por estar um pouco longe. Escondido atrás de uma pilastra e atirando.— Vamos resolver isso hoje. — Nosso pa
CINDERELAÉ noite. Nenhum sinal de Henry.Se antes eu não tinha unhas, agora meus dedos estão sangrando.Demora tanto assim um resgate? Ele está bem?Sinto um aperto no peito. Eu não sei detalhes do que está acontecendo, mas só ouvir o nome Morro da Morte já me deixa com os nervos à flor da pele. O lugar é tão perigoso que nem entra veículos de entrega ou de aplicativo. Tudo só entra com autorização do dono do morro.— Vai abrir um buraco no chão, cunhada.Olho para Raoul despreocupado no sofá, com um livro da história do Brasil na mão.— Você não está preocupado? Anoiteceu e não deram notícias.— Não. Eles sabem o que fazem. Os Seven são os Seven desde antes de eu nascer.— Ainda assim... — Passo a mão nos cabelos, desfazendo e refazendo o rabo de cavalo. Ainda estou com o jeans e a camiseta que uso desde a manhã. Meu plano era esperar Henry para tomarmos banho juntos, de banheira, enquanto fazemos planos para nossa sementinha.— Calma, cunhada. Se tiver um treco, meu irmão vai ficar
AMAYMONDos meus cinco filhos, Florian sempre foi o que mais deu trabalho, até mesmo mais que Raoul, o que é justificado pelo seu problema de saúde. Quando olho para trás, entendo que ele sempre foi assim. Suas personalidades foram aparecendo de acordo com o tempo, não importa quantos profissionais digam que ele passou por um trauma que ocasionou.Quantos traumas para nascer tantas personalidades? Antes mesmo de aprender a falar, ele já mudava drasticamente sem nenhuma explicação.Por isso o meu menino passou grande parte da vida em clínicas ou preso em casa. O grande problema é que suas personalidades são diferentes em tudo, são extremos e com nada em comum. Ele nunca vai poder ter uma vida normal se não se livrar delas.Mas eu vou levá-lo para casa. Ele fica melhor em casa.Já tinha planos de fazer isso, até adaptei um dos quartos para quando sua personalidade suicida aparecer.Vamos buscar Florian e ele vai para o castelo comigo e com seus irmãos. Ele será tratado em casa, com sua
FELIPEAdam sempre foi o mais calado de nós, mesmo antes do acidente. Isso nunca me importou, porém hoje o seu silêncio está me incomodando.— Devíamos ver se Cinderela não é compatível — sugiro. Só para ter o que dizer.— Liga para ela. — Ele fala e começa a mexer no celular. O silêncio volta a reinar.É o que faço. Mas ligo para o Raoul. Nosso pai contou sobre a gravidez. Não quero dar a notícia de uma tragédia para uma mulher grávida.Sei que é uma chance quase nula, mas não custa tentar. Estou prestes a enlouquecer sentado nesse carro. Por que Henry tem esse tipo sanguíneo? Só pode ser pegadinha do destino, pois ninguém mais na nossa família tem, e, por tudo que sabemos, é algo genético.E Anastácia, como pode apenas ela na família Tedesco ter o mesmo sangue raro que meu irmão?É mesmo uma pegadinha do destino.Por mais que Anastácia seja a pessoa menos indicada, pelo menos existe essa chance. Se aquela mulher não aceitar nenhuma proposta, eu juro que tiro o sangue dela a força.N
CINDERELA— Está melhor? — Amaymon pergunta limpando as lágrimas em meus olhos.— Sim — balanço a cabeça.— Vamos sentar? Quer uma água?Não respondo, simplesmente porque meu olhos encaram quem menos imagino ver aqui: Anastácia, seguida por um médico, sua mãe e sua irmã.— O que está acontecendo?Ele segue meu olhar.— Ela vai doar sangue.— Mas eu posso doar? Ou não? — Agora não me lembro se grávidas podem doar sangue. Minha mente está bagunçada demais para sequer alinhar o que sei do que acho que sei.— Apenas o meu sangue é compatível, querida traidora. — Ela se aproxima dizendo, seu sorriso é radiante, para quem não a conhece.— Obrigada por fazer isso... — começo a dizer, mas ela me interrompe com uma risada, como se eu tivesse dito a coisa mais engraçada do mundo.— Eu não vou deixar meu doce ex amante morrer — faz uma pausa —, se vocês me derem o que quero.— E o que é? — pergunto, sabendo que não vou gostar da resposta.A risada cessa e o sorriso some.— Uma aliança nesse dedo
CINDERELAEstamos todos reunidos na sala de espera mais uma vez.Enfrentei Anastácia, que não me queria por perto, e as recomendações dos meus cunhados depois do desmaio dizendo que era melhor eu ficar em casa. Nem pensar, quero passar pelo menos algumas horas do meu dia aqui, o mais perto que posso do meu marido.Acabei de ser liberada, mas vou esperar um pouco antes de voltar em casa. O médico quer avisar algo. Por isso estamos todos reunidos na sala de espera, inclusive Anastácia e sua mãe. Só Drizella que foi embora e não voltou mais.Finalmente o médico chega. Levantamos todos ao mesmo tempo, como que ensaiados.— Foi um sucesso. O seu filho respondeu bem e já foi transferido — diz olhando diretamente para Amaymon.Vinte e quatro horas depois da cirurgia, esse foi o tempo que demorou para ele ser transferido para um dos quartos.— Posso vê-lo? — pergunto. Sei que a prioridade seria seu pai, mas quero tanto vê-lo.— Ele está dormindo, senhora, sob efeitos de remédios.— Eu que dev
HENRYAbro os olhos e um rosto vem no meu pensamento. Na verdade, o rosto está tatuado na minha mente. Eu estava sonhando com ela, a mulher que foi inevitável amar, e uma pequena loirinha de olhos cor de céu em seus braços estendendo os bracinhos para mim.Eu fui por elas. Corri para elas e cheguei aqui, ao momento em que abro meus olhos.— Cinderela — chamo por ela.— Acordou, seu filho da puta! — a voz de Adam se faz ouvir. Logo sua imagem aparece diante de mim, trazendo a sensação boa que só minha família consegue me proporcionar.— Ei, não ofenda a mamãe — digo. Minha voz está um pouco fraca.— Você deixou a todos preocupados.— Só levando bala para o meu irmão mais velho me dedicar um tempo.— Não faça mais isso. — Ele está sério. Geralmente, ele é sério, mas sei o que quer dizer com essa expressão quase carrancuda.Apenas concordo com um gesto.— Onde está... — minha fala é interrompida por uma entrada tempestuosa.— É a minha vez de... — Ela me olha assustada. — Ele acordou. Vá