CINDERELA— Está melhor? — Amaymon pergunta limpando as lágrimas em meus olhos.— Sim — balanço a cabeça.— Vamos sentar? Quer uma água?Não respondo, simplesmente porque meu olhos encaram quem menos imagino ver aqui: Anastácia, seguida por um médico, sua mãe e sua irmã.— O que está acontecendo?Ele segue meu olhar.— Ela vai doar sangue.— Mas eu posso doar? Ou não? — Agora não me lembro se grávidas podem doar sangue. Minha mente está bagunçada demais para sequer alinhar o que sei do que acho que sei.— Apenas o meu sangue é compatível, querida traidora. — Ela se aproxima dizendo, seu sorriso é radiante, para quem não a conhece.— Obrigada por fazer isso... — começo a dizer, mas ela me interrompe com uma risada, como se eu tivesse dito a coisa mais engraçada do mundo.— Eu não vou deixar meu doce ex amante morrer — faz uma pausa —, se vocês me derem o que quero.— E o que é? — pergunto, sabendo que não vou gostar da resposta.A risada cessa e o sorriso some.— Uma aliança nesse dedo
CINDERELAEstamos todos reunidos na sala de espera mais uma vez.Enfrentei Anastácia, que não me queria por perto, e as recomendações dos meus cunhados depois do desmaio dizendo que era melhor eu ficar em casa. Nem pensar, quero passar pelo menos algumas horas do meu dia aqui, o mais perto que posso do meu marido.Acabei de ser liberada, mas vou esperar um pouco antes de voltar em casa. O médico quer avisar algo. Por isso estamos todos reunidos na sala de espera, inclusive Anastácia e sua mãe. Só Drizella que foi embora e não voltou mais.Finalmente o médico chega. Levantamos todos ao mesmo tempo, como que ensaiados.— Foi um sucesso. O seu filho respondeu bem e já foi transferido — diz olhando diretamente para Amaymon.Vinte e quatro horas depois da cirurgia, esse foi o tempo que demorou para ele ser transferido para um dos quartos.— Posso vê-lo? — pergunto. Sei que a prioridade seria seu pai, mas quero tanto vê-lo.— Ele está dormindo, senhora, sob efeitos de remédios.— Eu que dev
HENRYAbro os olhos e um rosto vem no meu pensamento. Na verdade, o rosto está tatuado na minha mente. Eu estava sonhando com ela, a mulher que foi inevitável amar, e uma pequena loirinha de olhos cor de céu em seus braços estendendo os bracinhos para mim.Eu fui por elas. Corri para elas e cheguei aqui, ao momento em que abro meus olhos.— Cinderela — chamo por ela.— Acordou, seu filho da puta! — a voz de Adam se faz ouvir. Logo sua imagem aparece diante de mim, trazendo a sensação boa que só minha família consegue me proporcionar.— Ei, não ofenda a mamãe — digo. Minha voz está um pouco fraca.— Você deixou a todos preocupados.— Só levando bala para o meu irmão mais velho me dedicar um tempo.— Não faça mais isso. — Ele está sério. Geralmente, ele é sério, mas sei o que quer dizer com essa expressão quase carrancuda.Apenas concordo com um gesto.— Onde está... — minha fala é interrompida por uma entrada tempestuosa.— É a minha vez de... — Ela me olha assustada. — Ele acordou. Vá
CINDERELAComo Henry pode chamar aquela mulher pelo meu apelido? E depois de um beijo tão perfeito, depois de dizer que me ama. Isso não vai ficar assim. Quando ele se recuperar completamente, vamos ter uma conversa que certamente irá lhe causar alguns hematomas.Faz dias e não consegui engolir isso.Passa-se quase uma semana antes que o médico finalmente decida que ele está bem para voltar para casa. Claro que com uma lista imensa de recomendações. Maior que a minha pela minha gravidez.— Cinderela. — Felipe me chama ao ver que estou cochilando no banco da sala de espera.Sempre tem um deles aqui, enquanto os outros cuidam dos afazeres diários, seja lá quais forem. Eu venho de manhã, por saber que Anastácia acorda tarde, assim não tenho que confrontá-la.Eu ainda vou todos os dias ao hospital onde faço meu trabalho voluntário. As crianças me ajudam a esquecer que vagabunda da Anastácia não me deixa ver o meu marido. Depois que Henry resolveu entrar na atuação ficou mais difícil vê-lo
HENRYQuando chego em casa, uma quase festa me aguarda. A sala principal do castelo está cheia de amigos e família.Uma festa da qual quase nem posso participar. Tenho que ir para a cama, infelizmente o médico acha que sou um inválido e quer me manter deitado.— Cinderela e eu mandamos preparar um dos quarto do térreo para que não precise subir e descer escadas. — Meu pai avisa quando estou a caminho de sair da festa, onde só cumprimentei algumas pessoas no nosso círculo íntimo.Ele e Raoul me ajudam a ir para o quarto, por mais que eu insista que não sou inválido. Já não basta ter que usar cadeira de rodas?O médico disse que nada de caminhadas longas, no máximo dez minutos de pé até que decida o contrário. Não posso pegar peso, alongar... nada. Só depois de seis semanas que posso começar a ter uma vida normal. Até lá eu fico louco. Tenho certeza.Já na cama, em uma posição confortável, aproveito que os três ainda estão no quarto e pergunto:— Como foi com Anastácia? Deu tudo certo.
CINDERELAUm mês se passou. Estou completamente apaixonada pela minha barriguinha de grávida.E Henry está cada dia mais insuportável.Eu já falei que não vamos transar enquanto não tiver passado no mínimo dois meses. Ele pode parecer bem, mas não quero arriscar.— Você está me mantendo sob tortura, Minha Ilha! — reclama.Um sorriso maldoso aparece no meu rosto quando ouço o apelido. Ele sabe que nunca vou esquecer que chamou Anastácia por ele.— Cinderela, por favor, até quando vou pagar pelo meu erro?— Se eu estivesse te castigando, não seria assim. Se quiser, posso parar. — Aperto seu pau na minha mão. — Você quer que eu pare?Ele geme.— Não se atreva.— Então — passo a língua por toda extensão —, pare de reclamar.— Já parei.Com um sorriso, volto ao que estava fazendo, compensando meu marido pelo oral gostoso recebido logo de manhã. Adoro acordar com sua boca entre minhas pernas.O médico já liberou relações, há dois dias, disse que ele está se recuperando em uma velocidade adm
HENRYCinderela adora fazer surpresas, já percebi. Vamos ver o que ela diz da surpresa eu estou preparando.Primeiro um jantar no gazebo com direito a uma dança estilo filmes clichês, depois um quarto iluminado por vê-las e uma cama forrada por pétalas de rosas tão azuis quanto seus olhos.Quero ver se o castigo vai durar.O quarto está trancado e pronto. No gazebo está tudo quase pronto.Coloco a champanhe e o suco no balde quando escuto meu telefone tocar. É o número dela.— Está atrasada. — Atendo dizendo.— Não é o que acho. — Uma voz masculina responde.Péssimo sinal.— Quem é você? Onde está Cinderela?— Eu sou o último Tedesco.Marcelo.Eu devia ter colocado alguém na procura por esse infeliz.E se a vida da minha mulher não estivesse em jogo, eu lhe daria uma aula de matemática. Último... se bem me lembro ainda tem três vivas com esse sobrenome.— Cinderela está bem? — É tudo que importa saber agora.— Por enquanto. O bem estar dela e da pequena em sua barriga vai depender de
CINDERELAQuando acordo estou em uma sala suja, cheirando a podre. É difícil conter a vontade de vomitar. Me lembro vagamente do que aconteceu no carro. Aquele maldito motorista. Ele nos traiu.A minha cabeça dói. A acertaram. Me lembro da dor e de apagar.Tento levar a mão até o foco da dor, mas elas não se movem, estão amarradas.Vejo que não sou a única na sala. Há três outras cadeiras na minha frente com outras três pessoas amarradas. Conheço cada uma delas. É o motorista, Nate e Drizella. E Deus, o que aconteceu com ela? Está tão magra e abatida.Todos eles estão desmaiados. Eu espero que esteja só desmaiados.Olho ao redor.É a sala da casa de Lady Tedesco. Está parecendo abandonada. Na verdade, parece um lixão, com coisas e comidas jogadas para todo lado. O sofá que a Lady adorava está manchado e rasgado.O que houve aqui?Marcelo entra na sala assobiando, usando seu uniforme da polícia tão sujo e rasgado quanto as coisas nessa sala.Ele me ignora e vai até os três. Pega uma ja