CINDERELAComo Henry pode chamar aquela mulher pelo meu apelido? E depois de um beijo tão perfeito, depois de dizer que me ama. Isso não vai ficar assim. Quando ele se recuperar completamente, vamos ter uma conversa que certamente irá lhe causar alguns hematomas.Faz dias e não consegui engolir isso.Passa-se quase uma semana antes que o médico finalmente decida que ele está bem para voltar para casa. Claro que com uma lista imensa de recomendações. Maior que a minha pela minha gravidez.— Cinderela. — Felipe me chama ao ver que estou cochilando no banco da sala de espera.Sempre tem um deles aqui, enquanto os outros cuidam dos afazeres diários, seja lá quais forem. Eu venho de manhã, por saber que Anastácia acorda tarde, assim não tenho que confrontá-la.Eu ainda vou todos os dias ao hospital onde faço meu trabalho voluntário. As crianças me ajudam a esquecer que vagabunda da Anastácia não me deixa ver o meu marido. Depois que Henry resolveu entrar na atuação ficou mais difícil vê-lo
HENRYQuando chego em casa, uma quase festa me aguarda. A sala principal do castelo está cheia de amigos e família.Uma festa da qual quase nem posso participar. Tenho que ir para a cama, infelizmente o médico acha que sou um inválido e quer me manter deitado.— Cinderela e eu mandamos preparar um dos quarto do térreo para que não precise subir e descer escadas. — Meu pai avisa quando estou a caminho de sair da festa, onde só cumprimentei algumas pessoas no nosso círculo íntimo.Ele e Raoul me ajudam a ir para o quarto, por mais que eu insista que não sou inválido. Já não basta ter que usar cadeira de rodas?O médico disse que nada de caminhadas longas, no máximo dez minutos de pé até que decida o contrário. Não posso pegar peso, alongar... nada. Só depois de seis semanas que posso começar a ter uma vida normal. Até lá eu fico louco. Tenho certeza.Já na cama, em uma posição confortável, aproveito que os três ainda estão no quarto e pergunto:— Como foi com Anastácia? Deu tudo certo.
CINDERELAUm mês se passou. Estou completamente apaixonada pela minha barriguinha de grávida.E Henry está cada dia mais insuportável.Eu já falei que não vamos transar enquanto não tiver passado no mínimo dois meses. Ele pode parecer bem, mas não quero arriscar.— Você está me mantendo sob tortura, Minha Ilha! — reclama.Um sorriso maldoso aparece no meu rosto quando ouço o apelido. Ele sabe que nunca vou esquecer que chamou Anastácia por ele.— Cinderela, por favor, até quando vou pagar pelo meu erro?— Se eu estivesse te castigando, não seria assim. Se quiser, posso parar. — Aperto seu pau na minha mão. — Você quer que eu pare?Ele geme.— Não se atreva.— Então — passo a língua por toda extensão —, pare de reclamar.— Já parei.Com um sorriso, volto ao que estava fazendo, compensando meu marido pelo oral gostoso recebido logo de manhã. Adoro acordar com sua boca entre minhas pernas.O médico já liberou relações, há dois dias, disse que ele está se recuperando em uma velocidade adm
HENRYCinderela adora fazer surpresas, já percebi. Vamos ver o que ela diz da surpresa eu estou preparando.Primeiro um jantar no gazebo com direito a uma dança estilo filmes clichês, depois um quarto iluminado por vê-las e uma cama forrada por pétalas de rosas tão azuis quanto seus olhos.Quero ver se o castigo vai durar.O quarto está trancado e pronto. No gazebo está tudo quase pronto.Coloco a champanhe e o suco no balde quando escuto meu telefone tocar. É o número dela.— Está atrasada. — Atendo dizendo.— Não é o que acho. — Uma voz masculina responde.Péssimo sinal.— Quem é você? Onde está Cinderela?— Eu sou o último Tedesco.Marcelo.Eu devia ter colocado alguém na procura por esse infeliz.E se a vida da minha mulher não estivesse em jogo, eu lhe daria uma aula de matemática. Último... se bem me lembro ainda tem três vivas com esse sobrenome.— Cinderela está bem? — É tudo que importa saber agora.— Por enquanto. O bem estar dela e da pequena em sua barriga vai depender de
CINDERELAQuando acordo estou em uma sala suja, cheirando a podre. É difícil conter a vontade de vomitar. Me lembro vagamente do que aconteceu no carro. Aquele maldito motorista. Ele nos traiu.A minha cabeça dói. A acertaram. Me lembro da dor e de apagar.Tento levar a mão até o foco da dor, mas elas não se movem, estão amarradas.Vejo que não sou a única na sala. Há três outras cadeiras na minha frente com outras três pessoas amarradas. Conheço cada uma delas. É o motorista, Nate e Drizella. E Deus, o que aconteceu com ela? Está tão magra e abatida.Todos eles estão desmaiados. Eu espero que esteja só desmaiados.Olho ao redor.É a sala da casa de Lady Tedesco. Está parecendo abandonada. Na verdade, parece um lixão, com coisas e comidas jogadas para todo lado. O sofá que a Lady adorava está manchado e rasgado.O que houve aqui?Marcelo entra na sala assobiando, usando seu uniforme da polícia tão sujo e rasgado quanto as coisas nessa sala.Ele me ignora e vai até os três. Pega uma ja
HENRY— Nosso jogador principal chegou. — Marcelo fala. Esse merda está completamente louco.— Sim. Estou aqui. Me diga o que você quer para soltar essas pessoas.— Vamos jogar, valendo a vida deles... — ele segue meu olhar em direção ao motorista, claramente morto. — Pelo menos de quem ainda está vivo.— Cinderela... — não consigo completar a frase, porque de onde estou não dá para confirmar se ela respira.— Só desmaiou. Coisa de grávida.— Diga logo os termos do seu jogo.— O jogo é simples, você acerta o pé da dona e sai levando a garota, erra e leva um corpo.— Só tenho que colocar o sapato no pé da minha mulher? — questiono confuso.— Isso.Esse homem é doente, posso ver claramente quem é Cinderela.— Já posso colocar?— Claro. Claro. Vamos logo com isso.Caminho devagar até Cinderela. Tenho que ser cuidadoso, loucos são capazes de qualquer coisa.Me abaixo diante dela e acaricio seus tornozelos antes de calçar os sapatos nos seus pés descalços. Suas sandálias estão jogadas pert
No dia seguinteCINDERELA— Eu quero ver o Nate — exijo cruzando os braços sobre os seios sensíveis. — Sou sua prisioneira agora?Meu marido continua servindo seu uísque no bar do quarto.— Dá pra ficar calma, mulher?! Eu só disse que é melhor outro dia.Bufo e me jogo sentada na cama. O que faz Henry me lançar um olhar matador.— Estou grávida, não virei de cristal.Eu sei que não é minha culpa o que aconteceu com o Nate, mas eu quero lhe dizer que sinto muito.Henry não diz nada, continua só me olhando.— Ele é meu amigo, porra! Eu quero vê-lo.— Quer ver quem? — Raoul aparece na porta. Antes que Henry reclame da intromissão, ele dá de ombros. — Estava aberta. Só vim avisar que o grandão caolho está lá embaixo. Quer saber como você está, cunhada.— Nate?Ele confirma com um gesto e eu saio como um furacão.Só me detenho quando vejo o homem com um curativo em um olho, logo no início das escadas.— Nate... — Me jogo em seus braços abertos. Já estou chorando. — Me desculpe. Eu sinto mu
HENRYA visita de Drizella me incomodou, o excesso de carinho de Nate com minha mulher também.Mas nada me incomoda mais que o suspense de hoje.Claro que Cinderela não desistiu da surpresa, mesmo que não seja mais tão surpresa assim.Por mais que eu tenha dito várias vezes que é desnecessário, que melhor seria me surpreender pelada embaixo de mim, ela se fez de surda. E eu, agora oficialmente sua cadelinha — já nem escondo mais —, estou obediente entre nossos familiares e amigos para receber a tal surpresa.— Cheguei! Podem começar a festa. — Conheço o homem espalhafatoso que entra dizendo essas palavras em alto e bom som.Ele traz uma caixa na mão.— Mamãe, quer ter a honra? — estende a caixa para minha mulher e abana o pescoço com a outra mão. — Não vou aguentar esperar, morro de ansiedade.Cinderela se vira para mim.— Amor, sei que não é tão surpresa assim, mas espero que goste. — Ela pega a caixa e me entrega.— Você sabe o tipo de surpresa que gosto. — Não perco a chance de pro