— O que achou sobre o lugar Emma?
Orange e Blue aguardavam a minha reação, talvez a reação assustada e o caos que isso causaria em mim fossem maiores do que a recompensa que pediram.
— Eu achei... — Eu não sabia o que de fato achei — Por que tentaram esconder isso de mim?
A garota mais velha deu de ombros.
— Acho que não queriam que você tivesse medo daqui.
Medo? As pessoas desaparecidas já não era o suficiente?
— Acho que queriam apagar a lembrança de que aquele lugar existe, não fica exatamente na nossa cidade, mas é perto o suficiente para ser considerado daqui.
Era como se eles achassem que se pudessem ignorar o fato daquilo existir poderiam apagá-lo. Penso sobre aqueles corpos apodrecidos... devem estar ali a anos, eu mal conseguia ver algum traço humano naquilo. <
O dia antes da tragédia sobre Green Lake havia sido marcado pela passagem de uma das doutoras, uma inferior que tinha o trabalho de cuidar dos moradores e da cidade, a mesma que havia trazido Emma até o local, todos ficaram felizes com a sua visita, Emma mais ainda, afinal quem melhor para responder suas perguntas do que uma das organizadoras do local?— Como está Maria?Ellen perguntou a doutora Karen enquanto a servia de um maravilhoso chá de pêssego e um pedaço de torta de maçã.— Tivemos poucas notícias a seu respeito, ela queria poder reconstruir sua vida, como sabem fazemos pesquisas aqui com todos vocês, aqueles que estão aptos para uma vida lá fora e querem podem ir, Maria estava apta, e queria ir.Ellen e uma boa parte das pessoas suspiraram de alívio na sala de estar, Claire estava sentada ouvindo tudo tamb&eacu
Exatamente a dois anos atrás:Quando tudo começou a desabar.Final da primeira parte.Estava chovendo. Gotas gordas de água caem sobre meu rosto, o que me deixa feliz. Elas escondem minhas lágrimas. O capuz preto que uso fica cada vez mais encharcado, me deixando completamente ensopada. E eu não me importo nem um pouco.— A senhora está bem?Quando me viro uma mulher idosa toda vestida de preto me encara com um sorriso tranquilizador. O que é estranho, além do mais ninguém que está nesse lugar deveria sorrir.— Estou — Digo friamente, na tentativa de afastá-la, mas a mulher apenas se aproxima.— Um cemitério nesse mundo… é meio irônico, não é?Não digo nada, e ela continua:— Como
1. As brancas começam 2. O peão se moveu 3. O pequeno peão 4. Ela foi para frente, indo em direção ao outro lado 5. Mas o outro lado também agiu 6. O outro peão foi para frente também 7. Desafiando o seu inimigo 8. A rainha de cada um dos lados observava atentamente ao jogo 9. Assim como o rei 10. Os brancos achavam estar em vantagem 11. Até que perderam a sua rainha 12. Eles estavam de fato indo muito bem 13. Mas então veio a tragédia 14. E então tudo desabou 15. Eles perderam
O que aconteceu com Green Lake?O dia que foi considerado como "aquele em que tudo deu errado" foi logo após que a companheira de quarto da mais nova moradora percebeu que sua colega sumiu, toda a cidade se pôs a procurá-la, não demorou muito para que alguém sugerisse de que ela estivesse no galpão e quando chegaram encontraram uma porta (que ninguém nunca havia visto antes) aberta.Assim que desceram encontraram uma das moradoras, uma garota albina de 12 anos chorando desesperada, disseram que ela falava algo como "me desculpe" e "eu não sei o que aconteceu" além de um "eu não me lembro".Foi então quando olharam para o longo buraco com a ajuda de uma lanterna e encontraram a moradora, que estava viva, mas parecia ter desmaiado.Ela parecia ter caído no buraco.Foi então quando eles notaram o que ma
O dia estava nublado e escuro, com o vento batendo na janela, fazendo barulhos e sussurros por toda a casa, olho lá fora com um suspiro, meus pensamentos flutuando sobre a janela.Às vezes, gostaria de ser como o vento, apenas para poder partir, apenas para poder flutuar.Apenas para poder sumir para sempre.Me vejo no reflexo da janela, o vestido preto e mórbido em meu corpo, o coque simples e sem graça no qual eu improvisei, joias simples, e um rosto morto. Gosto de me sentir bonita, gosto de me sentir poderosa, mas não era esse o objetivo do vestido. O objetivo do vestido era me lembrar, o objetivo do vestido era para me enterrar e me esconder, para homenagear e oferecer.Solto um suspiro, parecia que iria chover, e eu particularmente gostava de chuva, gostava do tempo triste, gostava do céu escuro e do vento, me fazia me sentir confortável, confortável e ao mesmo tempo sozinha,
Mary me deu um lar para viver, quando eu não tinha nada, me deu uma cama para dormir quando minha cama era o asfalto duro da rua. Ela me deu fartura de comida e bebida quando eu implorava por um pedacinho de pão e bebia água pútrida para não morrer de sede.Ela me deu uma vida para viver.Então em um dia enquanto eu me deliciava com uma carne perfeitamente tostada e sangrenta ela caminhou com um sorriso até mim, andou até estarmos próximas.— Está aproveitando da comida? — Ela perguntou perto o suficiente para eu sentir que cheirava a baunilha e rosas do campo.— Sim.Ela fica feliz ao me ouvir, e ver ela sorrindo me dá coragem de perguntar aquilo que quero desde que a conheci.— Por que você está fazendo essas coisas por mim? Ninguém nunca se importou comigo dessa maneira.Mary acaricia meus cabelos albinos e um ar
"Será que fui trocada durante a noite? Deixe-me pensar: eu era a mesma quando me levantei essa manhã? Tenha uma ligeira lembrança de que me senti um bocadinho diferente. Mas se não sou a mesma, a próxima pergunta é: Quem eu sou? Ah, este é o grande enigma "Olho para a pequena luz ao lado da minha cama tremeluzindo, como se estivesse acabando as pilhas, piscando.Era como se me dissesse para ir dormir.Certo, não acho que seja bom ficar lendo até tarde, talvez a luz esteja certa.Me espreguiço, sentindo meus ossos rugindo e estralando, pego o livro que Claire me deu e o guardo na escrivaninha, estava uma noite fria, e até mesmo tirar o meu grande e adorado roupão verde-musgo parecia difícil, mas mesmo assim me deito, sentindo a cabeça latejar de leve. A noite uivava do lado de fora, solto um olhar para Claire que dormia profundamente, estou
Edith tinha dois segredos. E eu, como um escritor anônimo não poderia deixar de contar a vocês quais seriam eles. Edith sempre teve uma pequena fascinação por últimas frases. Green Lake havia apagado muito da sua memória, mas ainda guardava as palavras consigo, os livros a faziam se lembrar, talvez esse fosse o motivo dela saber mais sobre seu passado do que a maioria, embora ela não soubesse muito bem se isso era algo bom ou ruim. As memórias que tinha não eram agradáveis, e as vezes no silêncio da noite acordava assustada por causa de uma nova lembrança, embora nunca fossem muito longe, sempre acabavam no mesmo lugar, resultando em nada, um conjunto perdido e inútil. Ela sabia que seu nome era francês pois sua mãe havia vindo de lá, sabia que apesar da relação da sua mãe com esse país não havia nascido lá, Edith era coreana, e vivia na Coreia junto dela e de vez em quando, do seu pai. "Sua filha é problemática, você vai ter que int