— Filho de uma puta! É isso o que você é. Mesquinho. Mimado. Egoísta! — gritei, querendo avançar para cima de Travis e quebrar seu pescoço.Louise continuou me segurando firme pela cintura.— Terena, fica calma. Por que não me explica o que está acontecendo, hum? — Tentou, tirando alguns fios de cabelo do meu rosto mas ainda assim continuei furiosa.Ela sabia o que estava acontecendo, porra! Todos sabiam.— Como você pôde fazer algo assim? Como pode ser tão egoísta e pensar só na sua vida, ignorando qualquer outra coisa? Você me enoja, Travis.O ser humano mais horrível da Terra continuou parado de braços cruzados no outro lado da pequena sala, lugar reservado que encontrei para gritar com ele depois de me fazer passar por aquela merda.Um beijo? A porra de um beijo, na frente de toda aquelas pessoas, na frente de Bruce?!Sim, meu melhor amigo que aparentemente odiava a hipótese, óbvio que viu a cena ridícula a qual Travis me forçou a participar.Como é que eu não reagi? Como não e
→12 anos antes.Owen, meu crush e futuro namorado, me deixou em um canto mais afastado do ringue improvisado e deu um beijo em minha testa antes de ouvir um garoto chamar por ele. A multidão de pessoas ia se aglomerando ainda mais ao redor dos dois lutadores, e eu ouvia o grito de algumas garotas torcendo para Clinford.Owen Clinford, garoto rebelde, causava problemas na escola, mas fora da vista de todos, era um príncipe que cantava para mim enquanto tocava seu violão. E eu me derretia por ele nesses poucos momentos.Saía com Owen há pouco tempo, mas o que rolava entre a gente era bom, mesmo que estivesse mantendo isso escondido de Bruce.O rapaz ruivo anunciou o início da luta, mas não consegui ver muita coisa de onde estava. Não me esforcei para ver, afinal, odiava esse tipo de coisa, e se Owen tivesse me dito que iríamos até o galpão, eu jamais teria aceitado sair com ele naquela noite.Sua torcida feminina intensificou os gritos e consegui ver o momento em que ele acertou um c
Caminhei calmamente enquanto via algumas pessoas pela rua, que também estavam no galpão. Senti meu celular vibrar mas não me atentei a ele, Bruce ou minha mãe deveriam estar preocupados com minha demora, e só. Mas assim que cheguei em casa, mamãe estava nervosa andando de um lado para o outro, e quando me avistou, sua feição passou a ser de alívio, ao mesmo tempo em que parecia querer me matar.— Eu devia tomar o seu celular já que você não atende minhas ligações! Aonde você estava, Terena Tucker? — grunhiu a última frase pausadamente.— Achei que eu tivesse dito que sairia com o Owen — desdenhei, me sentando no sofá ao lado do namorado nojento que não dizia uma palavra sequer, apenas continuava assistindo o jogo como se a presença de nós duas fosse porra nenhuma.— Você sabia que está tendo lutas clandestinas na cidade? Que o Owen é um desses lutadores? — Parou em minha frente com os braços cruzados.— Bom, eu não soube de nada disso. Mas nós estávamos no parque, então qual o motiv
As expectativas de Arian - minha única amiga na vida - durante o trajeto até o colégio, me deixaram maluca e assustada. Acho que não estava enxergando a gravidade da situação em que me coloquei. Eu não conseguiria conversar com ele por muito tempo sem gaguejar ou falar bosta. Não ia conseguir colocar toda a merda do plano em ação. Além de Travis ser descolado e tagarela, minhas palavras com pessoas do sexo masculino se limitavam a serem dirigidas ao meu terapeuta e ao Bruce, apenas, já que Owen não fazia mais parte da minha vida.Arian dizia que eu era afiada, e que sabia muito bem responder perguntas simples, mas eu fazia isso quando entrava na defensiva, e para conquistar Travis Turner não poderia usar táticas de defesa apenas.Sobre o plano? Eu e minha amiga decidimos que nem Owen, e nem Bruce poderiam mandar em mim. Meu melhor amigo queria me proteger? Sim! Mas ele não tinha o direito de dizer com quem eu falaria ou deixaria de falar. Se Travis era bom o suficiente para se
"[...] Nos embalamos em canções melodiosas e, em algumas outras vezes, canções inaudíveis."→14 dias antes do grande dia.Era repetitivo, mas era jazz.Eu não costumava ouvir esse tipo de música quando mais nova. Se colocassem para tocar em algum lugar, com certeza eu pediria para tirar, ou ia dizer que a pessoa não tinha um bom gosto musical.Bom, depois que cresci e me tornei uma mulher madura com a vida amorosa fracassada, como todos diziam, jazz foi só um complemento para fazer os meus dias melhores, juntamente com o vinho tinto. Eram meus remédios.E de remédio era o que eu estava precisando.Louise me pediu para parar, mas não fiz. Tomei talvez mais cinco copos de Royal Salute na noite anterior e pelo menos consegui sorrir quando as pessoas me parabenizaram pelo meu casamento. Meu. Meu casamento e daquele desmiolado que podia ter crescido em músculos, mas não mudou nada dentro daquela cabeça sem juízo. O álcool também foi bom para encarar Bruce, já que ele parecia feliz co
Contra qualquer vontade em mim, elevei o corpo e sem enrolação saí do sofá onde passei a noite dormindo.Não demorei a tomar o remédio que Bruce deixou separado, e ia me dirigir para um belo banho quando a porta do apartamento foi aberta, e ao olhar por cima do ombro, avistei Travis entrando com duas sacolas na mão, como se ali fosse o seu apartamento. Que maravilha! Claro que tudo o que era de Bruce podia ser de Travis, tirando Louise e eu. Bom, agora pelo visto, tirando só Louise. Eu já tinha sido entregue de bandeja, pelo que pude notar.Bruce ia me pagar por ser um traidor da pior espécie. Ah, se ia! — Bom dia, Queen. Como está? Ressaca? Dor de cabeça? Você passou dos limites ontem.O homem foi colocando as sacolas na mesa e agindo naturalmente, como se estivéssemos na porra do passado, só que em circunstâncias diferentes, e não, não estávamos!Revirei os olhos, irritada e nem um pouco preparada para discutir tão cedo. Na minha cabeça eu queria acreditar que ainda estava dor
Dois adultos, frente a frente, conversando como pessoas normais… Isso era tudo o que não estávamos sendo.Fazia muito tempo que eu e Travis não conversávamos de forma decente, e não sei por qual motivo achamos que sair para jantar seria uma boa ideia para dar um jeito na nossa bagunça.Não seria.O restaurante escolhido ficava no centro da cidade e servia o melhor petit gateau que eu já comi na vida, tirando o de Louise, então por isso o escolhi, e apesar de ser um local onde deveríamos manter a classe, eu e Travis não fizemos muita questão de deixar o tom de voz baixo, nem as palavras em um calão a altura.— Eu só quero que você deixe de ser a mentirosa compulsiva que é. Não custa nada me dizer por qual motivo você foi embora daquele jeito, fingindo que eu não existo, por todos esses anos.Burro. Travis era burro demais. Tinha todas as cartas na mesa mas não era capaz de enxergá-las.— Já disse, fui embora porque eu quis. Cansei da minha mãe e daquela vida podre onde eu era submetid
→12 anos antes.As ruas calmas da cidade pacata não era de se estranhar, todos os finais de tarde eram assim. As pessoas saiam de seus trabalhos, passavam na única padaria de Vancocker, e depois iam para suas casas, se reunirem com seus familiares e finalizar o dia, felizes e alegres, apesar de não ser assim que as coisas aconteciam na minha vida em particular.O silêncio pairava entre nós e eu já pensava em desistir de toda aquela merda. Arian havia dado mil conselhos sobre como eu deveria agir ao lado de Travis.Um deles era não demonstrar nenhum interesse naquele belíssimo corpo.O outro era, não puxar assunto com o garoto, deixar que ele fizesse isso.Então, quieta fiquei.Não ia dizer como estava angustiada em não ouvir ele falando uma palavra sequer durante todo o nosso percurso.— Isso é estranho.Até que enfim!Olhei para o jovem, um tanto confusa.— O que é estranho?Travis coçou uma sobrancelha e fez careta como se buscasse palavras certas para explicar.— Eu sinto que tô