Ela parecia estar sendo curada milagrosamente, Clézio não conseguia compreender o que estava acontecendo. Uma emoção forte de alegria começou a preencher seu coração rapidamente. Para ele, aquilo era um milagre, em sua mente este homem poderia ser um anjo ou um deus. Porém, o homem, em um ato quase inesperado, retirou a mão com a pedra de cima de sua filha, recolhendo novamente para si, e a guardando na caixa de chumbo. A menina sufocou, como que se não suportasse o fardo de estar viva, retornando ao estado de inconsciência.
A expressão maravilhada do rosto de seu pai mudou no mesmo instante, de felicidade e emoção, para desespero, angústia e fúria.
— O que está fazendo? —perguntou a ele. — Por favor, faça de novo, ela estava quase send-
— Curada? — disse ele interrompendo. — Isso mesmo, ela estava sendo curada. Se eu continuasse por mais alguns minutos, ela certamente estaria acordada novamente e salva de sua doença mortal.
— Por favor, faça de novo! — disse Clézio em um ato de desespero, segurando-o pela gola do casaco.
— Acalme-se, por favor, eu não pretendo chamar atenção dos seguranças. — disse o homem. — Eu entendo sua fúria, mas entenda, isso que tenho em mãos não é algo que você pode encontrar em qualquer farmácia. Eu passei infernos para conseguir isso. E, aliás, eu tenho que ir. — concluiu se afastando, arrumando sua gola e dando as costas.
— O que você quer em troca dessa pedra?
Ele parou, Clézio não podia ver, mas o homem possuía um sorriso no rosto, como se tivesse finalmente escutado que desejava ouvir.
— Veja bem, eu entendo sua dor, mas não sei se podemos negociar algo tão valioso em um lugar como esses. — respondeu batendo as mãos sobre o casaco e terminando de arrumar a gola de sua camisa. — Se você quer negociar essa pedra, a cinco quadras daqui há uma cafeteria, que serve um ótimo café da manhã, você deve conhecer, fica próxima ao metro. Venha tomar um café comigo, amanhã de manhã, às 07h15.
Clézio não pensou duas vezes e aceitou o convite do homem. Ele estava com um pouco de dúvidas sobre isso, pois realmente era tudo um mistério. Sua filha estava à beira da morte, e quando ele pensava que tudo estava perdido, um homem estranho e suspeito aparece para oferecer ajuda, e consigo, uma estranha pedra milagrosa, verde e brilhante, que após entrar em contato com a garota, ela começa a reagir, como se estivesse sendo curada instantaneamente. Ele não sabia ao certo, mas tudo isso era confuso, seria essa, uma Pedra Kamen dos noticiários? Tudo era suspeito, mas a vontade de salvar sua filha me fez aceitar o acordo. Ele, assim como muitos, não acreditava nessas histórias que circulavam na internet sobre a Zona da Morte, mas depois de ver isso com meus próprios olhos, sua opinião mudou.
Não conseguiu dormir durante noite, e do pouco que conseguiu, teve sonhos com sua filha curada. É claro, ele não contou nada sobre o ocorrido para sua esposa, pois sua curiosidade poderia fazer ela querer se envolver no assunto, o que poderia ser perigoso.
No dia seguinte, levantou cedo, beijou sua mulher e disse que teria que trabalhar mais cedo hoje. Clézio era funcionário de uma metalúrgica, retificando peças o dia inteiro, dentro de um barracão fechado que o limitava de ter sonhos. Às vezes, seu chefe lhe pedia para comparecer no primeiro turno, pois apareciam alguns trabalhos extras, então, ela não questionou sua saída.
— Como está a Alice, o médico disse que ela irá melhor? — perguntou Danielle, um pouco sonolenta.
— Ela está bem sim, o médico disse que ela irá melhorar em breve. — respondeu. — Disse que as quimioterapias fizeram um pouco de efeito desta vez.
Ela respondeu com um leve sorriso de alívio voltou a dormir rapidamente, estava extremamente cansada, pois assim como Clézio, foi obrigada a fazer muitas horas extras para pagar o hospital que Alice estava. Clézio tinha consciência de que sua mentira não duraria muito tempo, que logo ela em pessoa iria ao hospital e saberia da verdade, mas aquilo que aconteceu, deu a ele esperanças de salvá-la, então decidiu por enquanto, esconder isso a verdade até resolver o seu assunto.
Ao sair de casa, caminhou pela cidade de São Paulo ao meio de prédios cinzentos e marrons, o dia estava frio, uma garoa caia entre os arranha-céus e cortavam a carne, ao respirar ou falar, conseguia ver vapor saindo de sua boca. Ele estava bem agasalhado com uma jaqueta grossa e marrom. Acendeu um cigarro, e então, após alguns minutos, chegou até o local onde havia marcado com o estranho homem. Ao chegar no estabelecimento, o homem já o esperava com um jornal em suas mãos. Clézio puxou uma cadeira e sentou-se à sua frente. Então, o homem disse:— Como essas pessoas são hipócritas, veja só. Graças ao depoimento daquele cuzão do Vladmir, estão dizendo que a história sobre a Zona da Morte são todas mentirosas, que tudo não passa de uma farsa feita na internet, e que as Kamens são falsas. Grandes id
Para Clézio, mais difícil ainda do que ir para a Zona da Morte, seria convencer a sua esposa de que ele precisava fazer isso. Ele pensava em algo, mas ao mesmo tempo, enquanto achava que deveria dizer a verdade, pensava em até mesmo partir sem avisar. E além de tudo isso, Alice deveria sobreviver até que ele retornasse, se não, seria tudo em vão.Após o encontro com Alan, ele não deixava de pensar em que tipo de coisas poderia encontrar na Zona da Morte, se as histórias dos noticiários realmente seriam reais ou se não passavam de coisas inventadas para mantar as pessoas afastadas, afinal, agora que alienígenas não eram mais um mito ou uma lenda, teorias de monstros e mutantes seriam mais aceitas. Durante a noite, não dormiu, viajando em pensamentos e em pesadelos. O medo de não retornar da Zona da Morte existia, e se morresse, além de falhar em salvar sua fil
Sexta-Feira, 25 de abril de 1986. Um dia comum de primavera na cidade Pripyat. Seus quarenta e três mil habitantes viviam o seu dia-a-dia normalmente, com seus trabalhos e afazeres domésticos. Casais de jovens que iam para o cinema, ao parque central, idosos sentados em cadeiras de balanço em suas varandas, crianças brincando e correndo para os lados com seus pais pedindo que saíssem do sol, pois estava um dia quente, um dia memorável. Se soubessem que aquele seria o último, teriam aproveitado de melhor forma.A noite chegou, silenciosa e dominante, mas para outros, principalmente os operários do turno da madrugada, ela apenas havia começado. Próximo a cidade, existia uma grande Vladmir Ilyich Lenin, também conhecida como Usina Nuclear de Chernobyl, que alimentava não apenas a cidade, mas também Kiev e outras próximas ao local. Pripyat era uma cidade rica, feita e projetada especi
Na TV, um homem vestindo terno e de aparência importante falava sobre os últimos acontecimentos na Zona de Exclusão de Chernobyl, dizendo que o lugar estava totalmente isolado, nenhum tipo de acesso era permitido, qualquer civil e principalmente estrangeiro fosse apanhado no local ou até mesmo ao redor, seria preso no mesmo momento. Os EUA, é claro, não ficou em silêncio, pois continuaram com as insinuações e acusações de que a Ucrânia estaria construindo armas nucleares utilizando a tecnologia alienígena e a radiação condensada de Chernobyl, pois já era um fato de que a radiação e a chegada dos alienígenas possuíam alguma ligação. Quando houve a chagada, grande quantidade de massa radioativa que já existia na Zona de Exclusão se espalhou pelo ar da Europa, assim como em 1986, contaminando muitos alimentos e até mesmo matando animais em fazendas a muito mais de 100 quilômetros de distância. Uma grande parte da população, também fora afetada, muitos ficaram doentes ap
Na TV, um homem vestindo terno e de aparência importante falava sobre os últimos acontecimentos na Zona de Exclusão de Chernobyl, dizendo que o lugar estava totalmente isolado, nenhum tipo de acesso era permitido, qualquer civil e principalmente estrangeiro fosse apanhado no local ou até mesmo ao redor, seria preso no mesmo momento.Os EUA, é claro, não ficou em silêncio, pois continuaram com as insinuações e acusações de que a Ucrânia estaria construindo armas nucleares utilizando a tecnologia alienígena e a radiação condensada de Chernobyl, pois já era um fato de que a radiação e a chegada dos alienígenas possuíam alguma ligação.Quando houve a chagada, grande quantidade de massa radioativa que já existia na Zona de Exclusão se espalhou pelo ar da Europa, assim como em 1986, contaminando muitos alimentos
Clézio dormia profundamente sobre uma poltrona de couro inclinada, ela era tão aconchegante quanto sua cama. O fogo da lareira em sua frente esquentava seus pés, enquanto sonhava com o que poderia encontrar na Zona de Exclusão. Uma mão tocou sem ombro e o balançou, fazendo com que despertasse assustado.— Desculpe acordá-lo, mas temos que ir, imediatamente. — disse Jacov.Ele esfregou os olhos e percebeu que Jacov vestia uma roupa totalmente diferente, estava com uma jaqueta de couro e uma calça escura, junto a uma máscara de gás preta, pendurada em seu pescoço, em suas mãos, vestia luvas de couro sem dedos.— Tome! — disse ele entregando um par de luvas igualmente as suas. — Você vai precisar. Ah, e isso também. — disse em seguida retirando uma pistola da cintura.— Isso... é uma arma de fogo?<
Clézio estava em choque, não conseguia mover um músculo, suas mãos estavam trêmulas, assim como suas pernas, travadas ao chão como se possuíssem raízes. Sabia que as chances de sair vivo dali eram pequenas. Muitas coisas se passaram em minha mente, imaginou que seria ali, antes mesmo de começar, onde sua jornada já terminaria.Até que uma voz surgiu ao meio dos soldados.— O que está acontecendo aqui? — disse o comandante, que acabava de chegar ao local.— Senhor. — disse o sargento. — O sentinela avistou invasores cruzando o perímetro.O Comandante se aproximou de um dos homens que estava ao chão, ainda vivo e sangrando. Ao se aproximar, o homem tentava dizer,” por favor”, mas antes mesmo de terminar de falar, foi recebido com um tiro em sua cabeça, o executando no mesmo momento.&mdash
Alexei, Valery e Boris caminhavam entre os escombros de concreto em sua frente, iam lentamente, suas pernas travavam, era difícil dar um passo em frente, sabendo que rumavam para a boca de monstro, mas ao mesmo tempo, estavam mais rápido que podiam. Cada segundo que permaneciam ali, era mais um segundo próximo da morte certa. Era difícil respirar, além da tensão que lhes custava o ar, as máscaras que usavam eram pesadas. Enquanto desviavam das pedras maiores ao chão, Alexei percebeu que Boris estava nervoso, ele também estava, mas como era o mais velho da equipe, se sentiu obrigado a tentar acalmá-lo, mesmo não conseguindo pensar em nada confortante para o momento.— Como vai, Boris? Você se lembra de mim? Eu costumava vir aqui toda semana, checar os painéis eletrônicos da sala de comando. — disse Alexei um pouco forçadamente, sua voz ecoou por toda a extens&atil