Na madrugada de 26 de abril de 1986, a explosão do Reator 4 da Estação Nuclear VI Lenin Memorial causou o maior desastre nuclear da história. A radiação espalhou-se rapidamente por uma ampla área ao redor do local da explosão. O caos e o pânico dominaram a região enquanto o governo realizava a evacuação de todas as pessoas que moravam em um raio de trinta quilômetros do local. E sobre a Usina Nuclear de Chernobyl, para conter a radiação, um paredão de quatrocentos mil metros cúbicos de concreto e sete mil e trezentas toneladas de estrutura metálica foi construído e batizado de “O Sarcófago”.
Após o pandemônio causado e inúmeras vidas ceifadas ao decorrer do tempo, a área ao redor de Chernobyl foi contaminada por níveis letais de radiação. Por conta disso, o Governo proibiu totalmente o seu acesso, devido ao alto nível de risco que a radiação do local ofereceria para qualquer um. Os únicos que tinham permissão para entrar, eram militares que patrulhavam o local para impedir o acesso não autorizado, além de cientistas e técnicos do governo, que estudavam os efeitos do desastre e buscavam formas de amenizá-lo. Mesmo após mais de trinta anos do desastre, os níveis de radiação na área de se mantiveram letais, mas mesmo assim, pessoas se aventuravam no local, tornando a cidade fantasma de Pripyat em um ponto turístico, com seu parque de diversão enferrujado e seus prédios abandonados, até mesmo saqueando objetos, ignorando totalmente o perigo da radiação e as consequências dos atos indeliberados. Foi então, que um novo susto tomou conta do mundo.
Em 18 de maço de 2020, algo inacreditável mudou o curso da história da humanidade.
Dezenas, talvez centenas ou milhares de objetos voadores não identificados planavam ao redor da Usina Nuclear. A maior de todas, possuía o formato de duas pirâmides sobrepostas, encostadas por suas pontas, enquanto a parte de cima girava lentamente para a esquerda, a de baixo lentamente para a direita, em volta de um anel semitransparente. As naves possuíam um material totalmente desconhecido por nós, pois nenhum radar ou satélite conseguiu prever sua chegada. Olhar para eles era como ver uma ilusão ou uma divindade, tanto em sua soberania quanto sua negligencia.
Estava em todos os jornais, em todos os canais. “Nós não estamos sozinhos”, “Eles chegaram”, “É o Fim dos Tempos.”
Inúmeras formas de tentativa de contato foram feitas, mas não tínhamos nenhuma resposta, o silêncio era absoluto e se manteve.
Mas, por que Chernobyl? Era a pergunta que todos se faziam. Uma Zona de Exclusão inabitada, repleta de radiação em todos os lugares. Para nós, poderia ser realmente um lugar inadequado, já que as dezenas de filmes relacionados a invasões alienígenas, retratavam a chegada desses seres em Capitais e locais mais populosos. Mas, para eles, aquilo poderia ser, talvez, uma colônia de férias. E realmente, parece que foi isso o que ocorreu.
Sejam quais foram as reais intenções de nossos visitantes inesperados, sua partida foi tão inusitada quanto sua chegada, e durante sua estádia, simplesmente ignoraram todas as nossas tentativas de contato, impossibilitando até mesmo nossa aproximação ao criar uma barreira ao redor da Zona de Exclusão de Chernobyl. Ela era sólida, mas tangível ao toque, como um vidro derretido e vibrante, coberto por óleo, pois a cores que refletiam lembravam essa substância. Mas, diferente do que muitos imaginavam, era possível atravessá-la, mas uma vez dentro dela, se tornava impossível ter contato com o lado de fora, já que nenhum tipo de sinal entrava em seu domínio.
Em resposta a essa situação, dezenas de países se uniram e criaram uma aliança, enviando muitos soldados e cientistas voluntários, dispostos a arriscarem suas vidas em troca de serem os primeiros a ter contato com os seres de outro mundo. Após adentraram, durante uma semana, o clima do restante do mundo foi de tensão absoluta, o mundo todo esperava um sinal, ou qualquer coisa que desse a nós uma resposta sobre essa enigmática chegada. Mas, antes que a barreira desaparecesse junto com as naves que a criaram, nenhum deles retornou. As dezenas de pessoas que estavam lá, simplesmente desapareceram sem deixar qualquer rastro, muitos outros, foram encontrados mortos em situações deploráveis e, os poucos sobreviventes, não conseguiam descrever o que viram lá dentro enquanto os alienígenas ainda estavam presentes.
O Governo Ucraniano, responsável pelo perímetro da Zona de Exclusão, ao se pronunciar oficialmente sobre o incidente, negou qualquer tipo de envolvimento ou conhecimento sobre a escolha do local de aterrissagem dos OVNIs. Mas, em resposta ao acontecimento, isolou ainda mais a região, transformando-a em um local de pesquisas. Cercas e postos militares foram construídos ao longo do perímetro para garantir o total isolamento. O efetivo militar que patrulhava a região foi multiplicado exponencialmente.
Toda a informação sobre a nova Zona de Exclusão de Chernobyl tornou-se altamente confidencial. A mídia estava proibida de se aproximar e a pouca a informação disponibilizada sobre o incidente era rigorosamente controlada por uma Agência Espacial do Governo. Soldados e funcionários que trabalhavam no local eram totalmente proibidos de falar sobre o haviam encontrado após a partida das naves, mas a pressão e persistência nesse assunto acabou fazendo com que todos que trabalhassem ali, fossem alvos de perseguição pela sociedade. Já os Estados Unidos e outros governos potentes, enviaram secretamente seus agentes infiltrados para descobrir o que havia acontecido, pois o mistério gerava um grande pânico, e o Governo Ucraniano estava começando a ser acusado de conspirar contra as nações, pois os boatos infundados, eram de que tecnologia alienígena estava sendo recolhida e estudada com o objetivo de criar armas poderosas. O segredo sobre a Zona de Exclusão poderia assim, causar a Terceira Guerra Mundial.
Era impossível manter tanto segredo por muito tempo. Os boatos se espalhavam com rapidez como um vírus contagioso, contavam histórias sobre monstros e anomalias radioativas, bolsões de radiação onde ao toque, moléculas se separavam em segundos, lugares onde a radiação se tornou densa e sólida, dançantes em frente aos olhos como uma matéria viva. Mas também, contavam sobre pedras preciosas diferentes, que possuíam um brilho próprio. Essas pedras, na verdade, foram os artefatos mais curiosos e comentados pelas pessoas. Na internet, muitos artigos e fotos vazadas sobre elas foram publicados, dizendo que elas poderiam curar doenças incuráveis e até mesmo prolongar a vida, chamando-as de “presente deixado pelos visitantes”. Com o tempo, às notícias acabaram caindo nos jornais mais populares do mundo, até mesmo no Be A Most, que publicou: “O que é a Zona da Morte?” Recolhendo dezenas de artigos da internet junto a fotos secretas e, certamente, inventando muitas coisas.
A princípio, foi difícil acreditar em tudo isso, o mundo passou por uma drástica mudança em poucas semanas. Religiões caíram, ideologias desmoronaram e muitas dúvidas sobraram. Qual era o objetivo deles? Por que simplesmente desapareceram? Eles retornarão algum dia? Vieram em paz? Surgia assim, um enorme mistério, mas entre eles a pergunta: Por que Chernobyl? Não demorou muito para este mistério alimentar histórias e atiçar a curiosidade de muitos, assim, a Zona de Exclusão de Chernobyl foi batizada de “Zona da Morte”.
— Zona da Morte, Área 666, Zona Fantasma, Cidade dos Pecados, muito nomes diferentes foram dados para esse local. Mas qual é a verdade por trás de tudo isso? — dizia um apresentador de um Talk Show pela TV. — Senhoras e Senhores. Hoje, temos um convidado muito especial e exclusivo. Pela primeira vez, alguém virá a público responder muitas das perguntas que estão em nossas cabeças já há um bom tempo. Trago a vocês, para falar um pouco sobre a “Zona da Morte” — dizendo “Zona da Morte” de forma assustadoramente irônica. — Trago hoje a vocês, Dr. Vladmir Klodzinsky, Diretor de Pesquisas do Ecologic Maintenance of Chernobyl Zone, também conhecida como a EMCZ. Uma salva de palmas. — terminou anunciando o seu convidado com entusiasmos.
A plateia do Talk Show aplaude um senhor, já de certa idade, calvo com ralos cabelos brancos nas laterais da cabeça, vestindo um terno preto e usando um par de óculos redondos, que davam a ele um “toque” cientista em si. Ele caminhou até a mesa do apresentador, cumprimentando-o cordialmente, antes de acenar para a plateia com um sorriso discreto e amigável, finalmente tomando sua posição de entrevistado, sentando no sofá ao lado da mesa do apresentador. Ele apertava os dedos das mãos, demonstrando nervosismo em estar ali.
— Dr. Klodzinsky. — continuou por fim o apresentador após os aplausos ensurdecestes, já sentado atrás de sua mesa ao lado do sofá. — É um grande prazer que o senhor esteja aqui conosco nesta noite. Agradecemos muito a EMZC por nos mostrar tamanha boa vontade ao nos ceder um de seus maiores especialistas para esclarecer algumas dúvidas.
— Acredite. — respondeu o Dr. Vladmir com timidez. — Sou eu quem agradeço a oportunidade de estar aqui falando do trabalho que desenvolvo junto ao instituto. E eu agradeço muito o elogio, mas acredito que não sou merecedor dele. No EMZC, todos são grandes cientistas, de diversas áreas, e não creio que possamos medir ou diferenciar o grau de importância de cada um em nossa pesquisa. Simplesmente precisavam de alguém para vir ao programa, e por motivos que eu mesmo desconheço, me escolheram. É claro que eu aceitei com grande honra.
— Ok, Doutor. Então vamos para nossa primeira pergunta, que pode parecer simples, mas creio que é uma das mais importantes: O senhor poderia nos explicar o que realmente é a essa Zona de Exclusão de Chernobyl? — Questionou o apresentador apoiando os cotovelos sob a mesa e segurando o queixo com as mãos.
— Ah sim, essa pergunta é muito fácil. — Respondeu o cientista confiante. — Todos aqui devem pelo menos já ter ouvido falar da tragédia ocorrida com a Usina Nuclear de Chernobyl na década de oitenta. Foi algo triste, que nos abala até hoje. Com o incidente na usina, a radiação se espalhou pelos arredores da região, e como todos aqui sabem, a radiação é algo muito prejudicial, nem é preciso uma quantia muito alta para que ela se torne letal ao ser humano. Assim, buscando proteger a população, a URSS isolou a área afetada pela radiação e proibiu o seu acesso às pessoas. Após o término do governo soviético, a responsabilidade da região passou para a nossa gestão. E é isso que a é a “Zona”; uma área afetada pela radiação que o governo isolou para proteger as pessoas dos males da radioatividade.
— Entendi, mas... — disse o apresentador. — O Doutor falou do primeiro incidente. Até aí todos nós sabemos, mas qual é a real ligação entre Chernobyl com os nossos visitantes inusitados? O que o doutor pode nos falar sobre isso?
— Então... — disse o doutor um pouco pressionado. — Você está falando do incidente de 2020. — Concluiu ele coçando sua cabeça calva. — Certo, quando as naves chegaram, foi uma surpresa para todos, pois ninguém as viu até que já estivessem lá, como se tivessem chego em uma velocidade extremamente maior que nossa percepção de tempo, mas sem causar nenhum tipo de dano relacionado a lei da inércia, o que nos faz acreditar que eles possuem formas de burlar as nossas leis da física.
— Mas o que você acha que pode ter atraído eles para Chernobyl? — Perguntou o apresentador, pressionado o cientista a dizer algo secreto.
— Olhe, vou tentar lhe explicar. — enquanto respondia, era notável que a careca do Doutor estava começando a suar, assim como suas mãos. — Talvez o motivo seja a radiação, é uma de nossas teorias, já que ela se comportou de forma inusitada depois de sua chegada, ou talvez, pelo simples fato de ser um lugar com quase nenhuma população ao redor, as teorias que possuímos são muitas e variadas, mas a verdade é que não temos realmente como saber, já que eles partiram antes de conseguirmos contato.
— Como assim se comportou de forma inusitada? — indagou o apresentador surpreso.
— Então... — disse se ajeitando na poltrona. — Acontece que, após o incidente de 1986, toda à área ficou afetada pela radiação. Porém, não de forma homogênea. Em alguns pontos, ela se concentra e atinge níveis mais altos, e em outros ela é mais branda, tendo alguns pontos em que ela é até mesmo inexistente, mas após a chegada dos alienígenas, os bolsões de radiação simplesmente mudaram de posição, alguns lugares que antes eram seguros, hoje possuem uma radiação tão densa que se torna quase sólida aos nossos olhos, algo que a ciência ainda não sabe explicar. De fato, os boatos sobre a anomalias chamadas de “bolhas” são reais.
— Bolhas? Do que se tratam?
— Litaralmente este é o nome, bolhas de radiação, que ao entrar, desintegram você em nível celular.
— Isso é realmente impressionante. — disse o apresentador boquiaberto. — E sobre esses pontos com maior concentração de radiação, eles não se espalham para fora da Zona de Exclusão? Há riscos dessa radiação mudar novamente de lugar e atingir as cidades em volta?
— Não. — respondeu. — Pelo menos acreditamos nisso com base em nossas pesquisas. A radiação pode ter mudado de lugar em vários pontos, mas uma coisa de fato não mudou, a Usina Nuclear de Chernobyl, assim como antes, é a fonte de radiação da região, quanto mais próximo a ela, mais altos e letais são os níveis. Assim, as equipes de pesquisa e também os militares, se mantêm na parte periférica da Zona, onde existem as áreas com menores níveis de radiação. Seria muito arriscado ir até a usina, e aparentemente, impossível. Não temos como saber certamente o que ocorreu lá, mas toda a radiação que existe agora, são níveis infinitamente maiores até mesmo que os do dia da explosão em 86. As possibilidades sobre o que existe lá hoje, são muitas, e são delas que surgem os boatos e teorias da conspiração que ouvimos por aí.
— Muito interessante isso, doutor, realmente parece ser um lugar espantoso. — disse o apresentador arrumando sua gravata escura. — Mas uma das coisas que também nos intriga é: porque de existe tanto segredo e confidencialidade nas informações sobre a Zona da Morte? Poderia nos dizer algo sobre isto?
— Este é o ponto? — respondeu o cientista em um tom de ironia. — Mas a questão é que não há “segredo” com as informações, simplesmente não há informações para serem divulgadas. A não ser que vocês queiram ouvir os informes científicos de quantos microrads diminuíram ou aumentaram no setor X ou Y da Zona. As informações que temos são divulgadas constantemente, desde que começamos a pesquisa após a partida dos visitantes. O fato, é que as pessoas leem histórias na internet de mutantes, joias milagrosas, Godzila, projetos secretos do governo e coisas do tipo. Querem que nós admitamos tais coisas. Mas nós não podemos, simplesmente porque elas não são reais. Desde 1986 até hoje, a Zona é uma área contaminada por radiação que oferece risco à vida de qualquer um que adentrar nela. Por isso criou-se a Zona de Exclusão e proibimos o acesso, e continua sendo assim mesmo após a chegada e partida dos nossos companheiros de galáxia.
— Então sabem que pertencemos a mesma galáxia? — riu o apresentador.
— Na verdade, também é uma teoria. — riu o doutor.
— Mas, quanto aos agentes do Governo que acessam livremente. Não seria igualmente perigoso para eles explorar o local? — fez a próxima pergunta bebendo assim um gole de alguma coisa que estava em sua xícara personalizada.
— Sim. — respondeu o doutor. — A radiação é perigosa para todos, porém, os que hoje trabalham na Zona são especialmente treinados para isto. Além disso, temos trajes de proteção especializados e aprimorados após a partida dos aliens. Nosso maior objetivo agora, na verdade, é encontrar esses novos bolsões seguros, onde não existe radiação e possamos ficar ali e trabalhar, sem tantos riscos. De fato, este é nosso maior campo de pesquisa: saber o porquê da radiação se concentrar muito em alguns pontos, e ser quase inexistente em outros. Estudando o que causa este fenômeno, descobriremos com certeza como “limpar” a Zona e talvez este pesadelo finalmente tenha um final, antes que outro chamado aconteça.
— Chamado? — indagou.
— Ah, desculpe. — disse ele sem jeito, limpando a testa suada com um lenço. — Nós da EMZC batizamos este fenômeno de “O Chamado de Chernobyl”, pois acreditamos que a explosão possa ter sido o que chamou eles até nós. Mas como eu disse antes, são apenas teorias.
— Doutor. — disse o apresentador olhando para o seu relógio. — Agradecemos muito a entrevista e as informações que nos prestou. Mas infelizmente nosso tempo já está acabando. Ainda há uma última questão que gostaríamos que o doutor esclarecesse para nós.
— Pergunte, oras.
— O que são essas pedras preciosas, as chamadas de “Kamen”?
— Sobre isso, não preciso falar muito. Os telespectadores podem encontrar em diversas revistas e outras publicações, tanto científicas quanto leigas, que mostram trabalhos sobre essas supostas pedras “Kamen” retiradas da Zona, o que é irônico chamar de pedra, pois a tradução de “Kamen” é literalmente pedra em ucraniano, o que já mostra a falta de veracidade da notícia. Bom, as conclusões de todos são as mesmas. Não passam de fraudes feitas por charlatões que querem ganhar dinheiro explorando a ingenuidade das pessoas com esses boatos infundados sobre Chernobyl. Eu recomendaria a todos os interessados no assunto a assistirem ao documentário “A História da Zona de Exclusão”, do Dr. Scar Dores.
— E sobre o os soldados que foram resgatados depois que a barreira se foi, eles realmente não conseguiram dizer nenhuma informação importante do que viram lá dentro? — perguntou o apresentador nos últimos segundos.
— Você disse que aquela seria a última pergunta. — respondeu o doutor, tentando disfarçar a tensão com uma gargalhada forçada.
— Certo. Nosso tempo acabou, agradeço sua presença, doutor, e espero que o senhor volte para esclarecer novas perguntas.
— Voltarei com toda certeza. — respondeu apertando a mão do apresentador com firmeza.
Dr. Vladmir Klodzinsky nunca retornou ao programa, mesmo recebendo diversos convites, até mesmo de outras emissoras de televisão.
A entrevista ainda estava sendo transmitida pela TV da sala de espera no quarto andar de um Hospital Pediátrico, enquanto uma enfermeira andava pelo corredor com uma prancheta em mãos, entrando pela porta na sala e encontrando-se com um homem adulto, de cabelos loiros, com uma leve calvície sobe sua testa. Sua barba estava por fazer e seu olhos estavam profundos, com olheiras tão intensas que davam a impressão que ele havia recebido um golpe em cheio em ambos. Ele usava uma camiseta verde escura, a mesma possuía um logotipo de uma empresa de metalúrgica, além de um relógio prateado no pulso. Suas mãos, estavam sujas e calejadas, com sujeira provinda de graxa entre as unhas. Sua expressão era de nervosismos e ansiedade, assim como era a da maioria das pessoas numa sala de espera de hospital.— Senhor, Clézio Schavaren? — disse a enfermeira olhando o nome na prancheta para se certifi
Ela parecia estar sendo curada milagrosamente, Clézio não conseguia compreender o que estava acontecendo. Uma emoção forte de alegria começou a preencher seu coração rapidamente. Para ele, aquilo era um milagre, em sua mente este homem poderia ser um anjo ou um deus. Porém, o homem, em um ato quase inesperado, retirou a mão com a pedra de cima de sua filha, recolhendo novamente para si, e a guardando na caixa de chumbo. A menina sufocou, como que se não suportasse o fardo de estar viva, retornando ao estado de inconsciência.A expressão maravilhada do rosto de seu pai mudou no mesmo instante, de felicidade e emoção, para desespero, angústia e fúria.— O que está fazendo? —perguntou a ele. — Por favor, faça de novo, ela estava quase send-— Curada? — disse ele interrompendo. — Isso mesmo, ela estava sendo
Ao sair de casa, caminhou pela cidade de São Paulo ao meio de prédios cinzentos e marrons, o dia estava frio, uma garoa caia entre os arranha-céus e cortavam a carne, ao respirar ou falar, conseguia ver vapor saindo de sua boca. Ele estava bem agasalhado com uma jaqueta grossa e marrom. Acendeu um cigarro, e então, após alguns minutos, chegou até o local onde havia marcado com o estranho homem. Ao chegar no estabelecimento, o homem já o esperava com um jornal em suas mãos. Clézio puxou uma cadeira e sentou-se à sua frente. Então, o homem disse:— Como essas pessoas são hipócritas, veja só. Graças ao depoimento daquele cuzão do Vladmir, estão dizendo que a história sobre a Zona da Morte são todas mentirosas, que tudo não passa de uma farsa feita na internet, e que as Kamens são falsas. Grandes id
Para Clézio, mais difícil ainda do que ir para a Zona da Morte, seria convencer a sua esposa de que ele precisava fazer isso. Ele pensava em algo, mas ao mesmo tempo, enquanto achava que deveria dizer a verdade, pensava em até mesmo partir sem avisar. E além de tudo isso, Alice deveria sobreviver até que ele retornasse, se não, seria tudo em vão.Após o encontro com Alan, ele não deixava de pensar em que tipo de coisas poderia encontrar na Zona da Morte, se as histórias dos noticiários realmente seriam reais ou se não passavam de coisas inventadas para mantar as pessoas afastadas, afinal, agora que alienígenas não eram mais um mito ou uma lenda, teorias de monstros e mutantes seriam mais aceitas. Durante a noite, não dormiu, viajando em pensamentos e em pesadelos. O medo de não retornar da Zona da Morte existia, e se morresse, além de falhar em salvar sua fil
Sexta-Feira, 25 de abril de 1986. Um dia comum de primavera na cidade Pripyat. Seus quarenta e três mil habitantes viviam o seu dia-a-dia normalmente, com seus trabalhos e afazeres domésticos. Casais de jovens que iam para o cinema, ao parque central, idosos sentados em cadeiras de balanço em suas varandas, crianças brincando e correndo para os lados com seus pais pedindo que saíssem do sol, pois estava um dia quente, um dia memorável. Se soubessem que aquele seria o último, teriam aproveitado de melhor forma.A noite chegou, silenciosa e dominante, mas para outros, principalmente os operários do turno da madrugada, ela apenas havia começado. Próximo a cidade, existia uma grande Vladmir Ilyich Lenin, também conhecida como Usina Nuclear de Chernobyl, que alimentava não apenas a cidade, mas também Kiev e outras próximas ao local. Pripyat era uma cidade rica, feita e projetada especi
Na TV, um homem vestindo terno e de aparência importante falava sobre os últimos acontecimentos na Zona de Exclusão de Chernobyl, dizendo que o lugar estava totalmente isolado, nenhum tipo de acesso era permitido, qualquer civil e principalmente estrangeiro fosse apanhado no local ou até mesmo ao redor, seria preso no mesmo momento. Os EUA, é claro, não ficou em silêncio, pois continuaram com as insinuações e acusações de que a Ucrânia estaria construindo armas nucleares utilizando a tecnologia alienígena e a radiação condensada de Chernobyl, pois já era um fato de que a radiação e a chegada dos alienígenas possuíam alguma ligação. Quando houve a chagada, grande quantidade de massa radioativa que já existia na Zona de Exclusão se espalhou pelo ar da Europa, assim como em 1986, contaminando muitos alimentos e até mesmo matando animais em fazendas a muito mais de 100 quilômetros de distância. Uma grande parte da população, também fora afetada, muitos ficaram doentes ap
Na TV, um homem vestindo terno e de aparência importante falava sobre os últimos acontecimentos na Zona de Exclusão de Chernobyl, dizendo que o lugar estava totalmente isolado, nenhum tipo de acesso era permitido, qualquer civil e principalmente estrangeiro fosse apanhado no local ou até mesmo ao redor, seria preso no mesmo momento.Os EUA, é claro, não ficou em silêncio, pois continuaram com as insinuações e acusações de que a Ucrânia estaria construindo armas nucleares utilizando a tecnologia alienígena e a radiação condensada de Chernobyl, pois já era um fato de que a radiação e a chegada dos alienígenas possuíam alguma ligação.Quando houve a chagada, grande quantidade de massa radioativa que já existia na Zona de Exclusão se espalhou pelo ar da Europa, assim como em 1986, contaminando muitos alimentos
Clézio dormia profundamente sobre uma poltrona de couro inclinada, ela era tão aconchegante quanto sua cama. O fogo da lareira em sua frente esquentava seus pés, enquanto sonhava com o que poderia encontrar na Zona de Exclusão. Uma mão tocou sem ombro e o balançou, fazendo com que despertasse assustado.— Desculpe acordá-lo, mas temos que ir, imediatamente. — disse Jacov.Ele esfregou os olhos e percebeu que Jacov vestia uma roupa totalmente diferente, estava com uma jaqueta de couro e uma calça escura, junto a uma máscara de gás preta, pendurada em seu pescoço, em suas mãos, vestia luvas de couro sem dedos.— Tome! — disse ele entregando um par de luvas igualmente as suas. — Você vai precisar. Ah, e isso também. — disse em seguida retirando uma pistola da cintura.— Isso... é uma arma de fogo?<