“Alessandro”- Sam, como a Catarina está? – Perguntei parando de frente a mesa da minha secretária.- Mal! Péssima! Horrível! Mas dona Margarida fez um chá pra ela e ela se acalmou. Agora estou aqui com um monte de trabalho, mas como a deixei também cheia de trabalho pra fazer e não ouvi mais nenhum choro, não voltei a sala dela. – Samantha me respondeu.- Vou falar com ela, eu preciso que ela saiba porque eu vou fazer essa merda. – Falei e fui andando em direção a sala da Catarina.- Alessandro, não perturba minha amiga de novo. Não sei se essa merda tem justificativa. – Samantha me advertiu.- Desculpe, mas eu preciso falar com ela. – Me virei e entrei na sala.Quando olhei, Catarina estava com a cabeça abaixada sobre a mesa e de olhos fechados. Me aproximei e a chamei baixinho mas ela não respondeu. Insisti e nada. A peguei no colo, ela estava totalmente apagada, abri a porta da sala do Patrício que estava em sua mesa e só levantou os olhos pra mim como que perguntando o que estava
Acordei na penumbra. Havia uma fraca luz que emanava de um abajur do outro lado da sala. Olhei em volta e reconheci a sala do Patrício. Pela janela percebi que já havia anoitecido, mas não entendia o que havia acontecido. A última coisa que me lembro é que eu estava sentada em meu computador de trabalho e havia sentido um sono quase incontrolável, mas isso ainda era de manhã.Me mexi e senti uma mão quente sobre o meu tornozelo que formigou. Reconheci aquele toque antes de vê-lo. Me dei conta de que meus pés estavam sobre sua perna. Esfreguei os olhos tentando me adaptar mais aquela pouca iluminação e olhei para ele, que estava gentilmente passando as mãos pelos meus pés.- Acordou, meu anjo. Como se sente? – Alessandro me perguntou com a voz rouca.- Meio estranha. Que horas são? Eu não me lembro de ter vindo me deitar aqui. – falei me sentindo bem confusa.- São onze da noite. Dona Margarida fez um chá para você se acalmar e ela caprichou, disse que você precisava descansar. – Ele a
No dia seguinte, apesar de uma noite mal dormida, eu não me sentia tão cansada como antes. Quando cheguei ao escritório, Samantha me recebeu com um sorriso enorme e um abraço.- Amiga, estou esperando você pra tomar café comigo. Passei numa padaria perto de casa e comprei bolinhos com gotas de chocolate.- Adoro bolinhos com gotas de chocolate. – Falei lhe dando um sorriso. – Vou só deixar a minha bolsa.Entrei em minha sala, guardei a bolsa e liguei o computador. Patrício chegou, veio até mim e, segurando minha mão, perguntou:- Como está a assessora mais linda do mundo?- Estou bem, Patrício. Obrigada! E me desculpe ter ocupado o seu sofá ontem o dia todo. – Sorri pra ele.- Ah, não se desculpe! Foi muito agradável trabalhar o dia todo olhando pra uma mulher tão linda dormindo em meu sofá. – Falou me dando uma piscadinha. – Repita quando quiser.- Você é terrível! Vou tomar um café rapidinho com a Sam e já volto e coloco tudo em dia.- Cat, relaxa. Está tudo em dia. Você é eficiente
Levy usava uma calça social cinza chumbo, com colete combinando, não usava o paletó, só o colete e uma camisa social branca, com as mangas dobradas e abertos os três primeiros botões, sem gravata. A roupa era nitidamente feita sob medida e era bem ajustada ao corpo, de modo que era possível não ver seus músculos delineados sob a roupa. Estava de óculos escuros e seu cabelo acobreado curto estava impecavelmente penteado, tinha a barba bem aparada, mas bem baixinha, como se tivesse deixado de fazer por uns dois ou três dias e, diferente da irmã, não tinha sardas. Ele era um homem realmente lindo.- Minha nossa! Você me fez perder o fôlego! – Levy disse parando em minha frente. – Como pode você estar ainda mais linda que da última vez que te vi, Catarina?- Ah, Levy, você é muito gentil.Ele me deu um beijo no rosto e abriu a porta do carro para que eu entrasse, oferecendo a mão para me ajudar. Me sentei, afivelei o cinto e vi aquele homem lindo dar a volta no carro com elegância e se se
Quando cheguei ao andar da presidência Samantha pulou da mesa e me puxou para o banheiro às pressas.- Ai, me conta, me conta! Como foi?- Foi muito bom, Sam, muito bom mesmo. Mas conto hoje na noite das garotas, para todas vocês de uma vez.- Até a noite você vai nos matar de curiosidade! – Samantha fez um biquinho. – Mas deixa eu te avisar, o Alessandro sabe que você foi almoçar com o Levy.- E como ele sabe?- O Dênis.- E?...- Eu escutei ele falando com o Patrício que é melhor que você siga em frente, ele não quer que você sofra e o Levy é um cara decente. Mas Cat, ele está arrasado.- Eu sei, Sam, mas eu não posso me afundar, eu tenho um filho que precisa de mim. O Levy é uma ótima pessoa e nós combinamos de ser amigos, ele conhece minha situação e meus sentimentos. Daqui a pouco o Alessandro estará casado e eu não serei a amante.- Você está certa. Vamos trabalhar.Quando sentei em minha mesa dei uma olhada em meu celular e tinha muitas mensagens das garotas, todas queriam sabe
“Alessandro”Quando soube que a Catarina tinha ido almoçar com o Levy eu queria ir atrás, esmurrar a cara dele e levar a Catarina comigo. Mas eu não podia fazer isso. Levy foi muito honesto comigo no dia em que nos reunimos na casa do Patrício. Ele havia me dito que se manteria longe, mas que se não desse certo entre a Catarina e eu, ele não perderia a oportunidade de tentar conquistá-la. E ele não havia perdido tempo.Então, como toda terça feira as meninas se reuniam para o tal “clube da lulu”, meus amigos e eu também nos reuníamos para conversar, beber e jogar. Havíamos combinado de ir para o Clube Social, pois o Patrício achava que um ambiente mais animado levantaria o meu astral.Quando cheguei, fui direto para o cassino me encontrar com os caras. Começamos uma partida de pôquer e o jogo me animou um pouco. Estava sorrindo, conversando com os meus amigos e tomando um refrigerante, eu mantinha intacta a minha promessa de não beber, depois da merda que deu na festa da Mari.Senti u
“Alessandro”No dia seguinte, eu mal sentei em minha mesa para começar o dia e meu telefone tocou, atendi e ouvi a Samantha do outro lado:- O demônio quer falar com você.Eu já sabia quem era, não tinha jeito, tinha que atender. Samantha passou a ligação e escutei a voz queixosa do Junqueira querendo me dar lição de moral.- Como você ousa, rapazinho, tratar a minha filha desse jeito? Ela chegou em casa passando mal, nervosa e deprimida, porque você a maltratou na frente de todo mundo. Alessandro, vocês vão se casar, tem que dar a minha filha o lugar que é dela.- Qual lugar, Junqueira? O de puta que aproveita que o cara está bêbado pra engravidar e chantageá-lo? Porque esse é o exato lugar dela. – Falei já fervendo de raiva.- Não fala assim da minha filha! – Junqueira gritou.- Está se esquecendo que eu sou o seu chefe?- Alessandro, você tem que conversar com minha filha, vocês vão se casar e tem que resolver muitos detalhes. Então acho bom você aparecer para jantar na minha casa
“Junqueira”A caminho do escritório fiquei pensando naquele almoço ridículo de ontem. Eu queria matar aquele cretino do Alessandro. As coisas que ele tem falado e feito pra mim e minha filha, isso só aumenta o meu ódio por esse moleque mimado. Mas não vai ser possível me livrar dele, preciso que se case com minha filha e que ela garanta um herdeirinho com seu sobrenome. O sobrenome Mellendez abre muitas portas e garantirá que tudo que aquele paspalho tem seja da minha filha e do meu neto, por conseqüência, meu.O pior é que ele conseguiu adiar esse casamento em três meses. Adiar o casamento só adia os meus planos, mas a minha filha tinha que fazer birra por uma maldita festa. Contudo, no final, melhor mesmo que esse casamento seja grande e pomposo, que esteja em todos os jornais, como a Carolzinha quer, assim não haverá dúvida de que minha filha será a esposa e mãe de um legítimo Mellendez.Mas ainda falta uma coisa, eu quero aquela casa, a casa dos pais dele. Uma propriedade belíssim