“Alessandro”Eu estava sentado no sofá da minha sala sentindo uma dor lancinante no peito, ouvindo o meu coração bater nos meus ouvidos, com uma enorme dificuldade para respirar e os olhos ardendo com as lágrimas que continuavam caindo. Eu só senti isso uma vez e foi quando meus pais morreram, uma perda irreparável e muito dolorosa que parece que faz o coração para de bater. Eu estava morrendo sem ela.- Alessandro, irmão, aquela infeliz está com o pai dela na portaria do prédio esperando por você. Eu sei que você está arrasado, mas eles não vão sossegar. – Patrício falou e eu olhei pra ele como que saindo de um transe.- Patrício, ela terminou comigo. Falou que agora não tem jeito. Que ela não vai me tirar do meu filho e que vai voltar a trabalhar com o Heitor. – Falei desesperado.- Calma, Alê. Uma coisa nós já resolvemos, ela não vai sair da empresa. – Olhei para o Patrício sem entender o que ele falava. – Ela vai passar a me assessorar e o Rick vai assessorar você, à partir de seg
O final de semana foi um borrão pra mim. Minhas amigas fizeram tudo e mais alguma coisa pra tentar me animar e até para me convencer que eu não deveria deixar o Alessandro, mas eu não poderia ficar entre ele e o filho e sabia que aquela mulher me infernizaria, eu não ia suportar.Na segunda quando cheguei para trabalhar fui abordada pelo Junqueira na entrada do prédio.- Mas o que você ainda está fazendo aqui, sua vagabunda? – Ele vociferou parando à minha frente. Tentei dar a volta e passar por ele, mas ele não deixou e segurou meu braço. – Eu te fiz uma pergunta, sua ordinariazinha.- Me solta. – Puxei meu braço das suas garras. – Eu trabalho aqui!- Não trabalha não! Vou exigir que o Alessandro te demita. – ele falou com os olhos brilhando de raiva.- Faça isso. – falei e dei as costas.Quando o Junqueira veio me segurar para impedir que eu entrasse no prédio, o segurança Dênis se colocou entre nós.- Não incomode a senhorita. Você está avisado para não se aproximar dela. – Dênis f
- Catarina, quero falar com você.- Mas você é muito sem noção mesmo, hein, vagabunda, pra vir aqui infernizar minha amiga. – Samantha já foi logo falando para a Ana Carolina.- Catarina, se não fosse importante eu não viria atrás de você, mas, por favor, só me escuta. – Ana Carolina falava como se estivesse chorando e num esforço nítido para ser pelo menos agradável.- Sem chance. Sai daqui e deixa a Cat em paz. – Samantha estava irritada e era perigoso ela voar no pescoço da Ana Carolina.- Sam, deixa, eu vou ouvir o que ela tem a dizer, não quero que ela fique me cercando por aí. É melhor ouvir de uma vez e ficar livre desse encosto. – Falei pra Samantha.Ana Carolina não perdeu tempo, puxou a cadeira ao meu lado e se sentou.- Olha, Catarina, vou falar com você de mãe para mãe. – Ela começou e colocou a mão no peito. – Você sabe que é difícil criar um filho sozinha e eu sei que você está criando o seu porque nem sabe quem é o pai dele. – Eu já começava a me arrepender de ouvir aqu
“Alessandro”Eu não consigo acreditar no que eu fiz até agora. O que aconteceu comigo naquela maldita festa de despedida da Mari? Por que eu fui beber tanto assim? Eu nem me lembro de nada o que aconteceu. E agora fui atirado no inferno em companhia do Cérbero e não vejo como sair dessa merda.Eu passei uma semana inteira tentando resolver essa merda que é a Ana Carolina estar grávida, mas eles me pressionaram ao limite e a coisa não tem como ficar pior.- Alessandro? – Ouço o Patrício me chamar.- Aqui em cima! – Respondi de volta.Eu estava na cobertura do meu apartamento, olhando para a cidade aos meus pés, pedindo a deus que fizesse um milagre e que isso tudo acabasse. Pensando nessa merda toda em que eu estou metido até o pescoço.- Irmão! Como você está? O que aconteceu de tão urgente? – Patrício estava aflito. Quando liguei pra ele estava chorando como um bebê e pedi para ele vir o mais rápido possível e trazer os caras.- Eu tô na merda, cara! – Falei enquanto cumprimentava me
Os dias tem se arrastado, eu me afundei no trabalho e todo o meu tempo livre estava passando com meu filho e minhas amigas. Eu estava dormindo mal, tinha olheiras que já estavam pretas sob os olhos.Quando cheguei a minha sala para trabalhar, tinha um novo arranjo de tulipas sobre a messinha e um cartão com a caligrafia do Alessandro que dizia:“Eu morreria por você e estou enlouquecendo sem você. Faria qualquer coisa para que você não sofresse.”Olhei para o lado e sobre a outra mesinha havia outro arranjo de flores também com um cartão. Mas era um arranjo estranho, quase meio mórbido, com flores que eu sempre via em velórios. Achei estranho e senti um calafrio, aquilo não parecia ser coisa do Alessandro. Peguei o cartão e abri, dentro havia uma mensagem digitada:“Você deveria voltar para o esgoto de onde saiu. Alessandro e Ana Carolina se casam em trinta dias e serão muito felizes com o filho que ela espera. Ele só usou você.”Não consegui conter um soluço e desabei em lágrimas sob
“Alessandro”- Sam, como a Catarina está? – Perguntei parando de frente a mesa da minha secretária.- Mal! Péssima! Horrível! Mas dona Margarida fez um chá pra ela e ela se acalmou. Agora estou aqui com um monte de trabalho, mas como a deixei também cheia de trabalho pra fazer e não ouvi mais nenhum choro, não voltei a sala dela. – Samantha me respondeu.- Vou falar com ela, eu preciso que ela saiba porque eu vou fazer essa merda. – Falei e fui andando em direção a sala da Catarina.- Alessandro, não perturba minha amiga de novo. Não sei se essa merda tem justificativa. – Samantha me advertiu.- Desculpe, mas eu preciso falar com ela. – Me virei e entrei na sala.Quando olhei, Catarina estava com a cabeça abaixada sobre a mesa e de olhos fechados. Me aproximei e a chamei baixinho mas ela não respondeu. Insisti e nada. A peguei no colo, ela estava totalmente apagada, abri a porta da sala do Patrício que estava em sua mesa e só levantou os olhos pra mim como que perguntando o que estava
Acordei na penumbra. Havia uma fraca luz que emanava de um abajur do outro lado da sala. Olhei em volta e reconheci a sala do Patrício. Pela janela percebi que já havia anoitecido, mas não entendia o que havia acontecido. A última coisa que me lembro é que eu estava sentada em meu computador de trabalho e havia sentido um sono quase incontrolável, mas isso ainda era de manhã.Me mexi e senti uma mão quente sobre o meu tornozelo que formigou. Reconheci aquele toque antes de vê-lo. Me dei conta de que meus pés estavam sobre sua perna. Esfreguei os olhos tentando me adaptar mais aquela pouca iluminação e olhei para ele, que estava gentilmente passando as mãos pelos meus pés.- Acordou, meu anjo. Como se sente? – Alessandro me perguntou com a voz rouca.- Meio estranha. Que horas são? Eu não me lembro de ter vindo me deitar aqui. – falei me sentindo bem confusa.- São onze da noite. Dona Margarida fez um chá para você se acalmar e ela caprichou, disse que você precisava descansar. – Ele a
No dia seguinte, apesar de uma noite mal dormida, eu não me sentia tão cansada como antes. Quando cheguei ao escritório, Samantha me recebeu com um sorriso enorme e um abraço.- Amiga, estou esperando você pra tomar café comigo. Passei numa padaria perto de casa e comprei bolinhos com gotas de chocolate.- Adoro bolinhos com gotas de chocolate. – Falei lhe dando um sorriso. – Vou só deixar a minha bolsa.Entrei em minha sala, guardei a bolsa e liguei o computador. Patrício chegou, veio até mim e, segurando minha mão, perguntou:- Como está a assessora mais linda do mundo?- Estou bem, Patrício. Obrigada! E me desculpe ter ocupado o seu sofá ontem o dia todo. – Sorri pra ele.- Ah, não se desculpe! Foi muito agradável trabalhar o dia todo olhando pra uma mulher tão linda dormindo em meu sofá. – Falou me dando uma piscadinha. – Repita quando quiser.- Você é terrível! Vou tomar um café rapidinho com a Sam e já volto e coloco tudo em dia.- Cat, relaxa. Está tudo em dia. Você é eficiente