“Anabel”Enquanto estávamos jantando o Donaldo ia elaborando o plano de como faria o nosso pai flagrar a esposa com o amante. Eu não gostava daquilo, mas ele não concordava comigo. Estava certo de que se o nosso pai se preocupasse com a esposa, desviaria a atenção de nós.- É isso, um “amigo anônimo” vai plantar a semente da discórdia. Cunhado, você vai me dar o endereço da imobiliária? – Meu irmão parecia uma criança prestes a fazer uma traquinagem.- Com certeza! – O Rick respondeu com a mesma empolgação.- Só eu estou preocupada com o alvoroço que essa história vai causar? – Reclamei e eles riram.- Moça bonita, nos próximos dias o seu pai vai andar tão ocupado que nem vai se lembrar daqueles vídeos horríveis. Vai ser melhor pra você. – O Rick segurou a minha mão.- E vocês acham que essa história do amante vai ocupá-lo tanto assim? – Eu não estava botando muita fé naquilo.- Na verdade... – O Rick se recostou e olhou pra mim, fazendo uma pausa como se tivesse algo grave para conta
“Anabel”Meu irmão não parecia muito disposto a ceder, eu o conhecia, quando ele enfiava uma coisa na cabeça dificilmente desistia. Ele estava pronto para contra argumentar comigo, mas o Rick interveio antes que o Donaldo falasse.- Ela está certa, Don. Passar essas ações pra ela é como colocar um alvo com um letreiro luminoso em suas costas. – O Rick me apoiou e eu fiquei grata.- Mas, então o que fazemos? Deixamos que ele continue achando que manda em tudo? – O Donaldo estava frustrado.- Na verdade ele manda! – Eu suspirei. – Mas, não, eu passo três por cento das minhas ações pra você e você o tira da presidência. – Eu propus e ele se levantou imediatamente.- De jeito nenhum! – Ele recusou sem nem ouvir.- Essa é a solução. Você está pronto para ser o presidente daquela empresa, eu não. E se você assumir ele poderá ficar irritado o quanto quiser, mas não vai tocar em você, porque ele é covarde demais para se meter com alguém do tamanho dele. E eu quero dar um tempo da empresa, até
“Ricardo”Depois que o Donaldo foi embora eu abracei a Anabel e a levei para o sofá. Havia nela uma tensão, como se antevisse a guerra se aproximar e não quisesse ir para o confronto. Eu entendi o medo que ela sentia, mas ela precisava se livrar dele ou seria sua refém para sempre.- Vai dar tudo certo. Você está segura. – Eu falei depois de nos acomodar no sofá.- Eu queria ter essa certeza. Mas eu confio em vocês, só não quero que se machuquem por mim. – Eu desfiz com o dedo a ruguinha de preocupação em sua testa.- O seu pai não pode nos atingir. Agora me conta, como foi o seu dia com as garotas? – Um sorriso se insinuou em seus lábios.- Elas foram maravilhosas comigo. E eu tenho um monte de calcinhas novas, minúsculas e fortemente coloridas. – Eu ri do seu gracejo, mas eu queria muito ver aquelas calcinhas.- E por acaso você está usando uma dessas calcinhas? – Eu estava muito interessado no assunto das calcinhas e todo o resto já havia sido esquecido pela minha mente.Ela se lev
“Leonel Lancaster”O Donaldo perdeu o juízo se achava que poderia me enfrentar assim. Esse moleque! Já não era suficiente que a Anabel me causasse tantos problemas? Agora o irmãozinho resolveu se fazer de protetor. Eu estava de péssimo humor, aquele vídeo tinha voltado à tona e deixou a Irina arrasada, uma mulher tão distinta como ela, tendo que abaixar a cabeça por essa humilhação que a Anabel nos causou, era um absurdo.Eu precisava voltar para casa e ver como ela estava. Quando saí essa manhã ela estava chorando e nervosa, arrasada porque não poderia ir ao clube, pois seria alvo de comentários maldosos. E a pobrezinha da Ilana, uma boa moça que corria o risco de ficar mal falada por culpa da Anabel. Ah, mas quando eu colocasse as mãos na Anabel ela veria só, dessa vez eu não teria clemência.Saí do escritório e fui para casa, eu chegaria a tempo de almoçar com a Irina e a Ilana. Era isso, eu iria pra casa e passaria o resto do dia com elas, talvez nós pudéssemos organizar uma viage
“Irina Lancaster”Mas esse velho era um idiota, estava cada vez mais chato e mais grudento! Eu só o suportava pelo dinheiro. Mas não seria por muito tempo mais, logo, logo, o meu sofrimento chegaria ao fim, eu não perderia toda a minha beleza esperando que a vida dele se esgotasse naturalmente.Na verdade, nem era para isso ter durado tanto, mas eu precisava dar um jeito nos filhos dele primeiro ou eu ganharia apenas uma miséria da herança e não tudo, como eu merecia. E o velho demorou demais a aceitar que tinha que mandar a filha para o sanatório. Há anos eu vinha enchendo a cabeça dele, dizendo sempre que a Anabel era louca, que precisava ser internada ou acabaria como a mãe. Ah, mas ela acabaria como a mãe de qualquer jeito.- Ilana! – Bati e entrei no quarto da minha filha. Ela estava na cama mexendo no celular como sempre. Uma cobrinha, tão ardilosa quanto eu.- Irina, ainda bem que você chegou. Eu tive que aguentar o velho durante o almoço. – Ela já foi logo reclamando.- Ah, nã
“Ricardo”No final da manhã e com a ajuda da Anabel eu já tinha organizado toda a minha mudança, agora era só colocar tudo no carro, seriam umas três viagens para levar tudo. E eu pensei que talvez eu devesse trocar o meu carro por uma caminhonete como a do Nando.- Moça bonita, você vai comigo e eu volto para buscar o resto, mas você já fica no apartamento. Eu não estou muito seguro em te deixar aqui. – Eu falei com a Anabel.- Mas eu quero te ajudar! – Ela reclamou.- Mais? Você dobrou tudo o que tinha no closet e guardou nas malas e cuidou de cada par de sapato. – Eu sorri pra ela que tinha trabalhado incansavelmente a manhã inteira me ajudando.- Eu tenho que dizer, mulheres são loucas por sapatos, mas você, Rick, consegue ser pior. Parece até uma centopéia. Nunca vi tantos sapatos masculinos fora de uma sapataria. – Ela riu da minha pequena obsessão por sapatos italianos de couro e sim era um exagero da minha parte.- O que eu posso dizer, eu gosto de sapatos.- Cada doido com a
“Ricardo”No fim do dia eu fui pra casa acompanhado do Donaldo e da Adèle. O dois pareciam estar se dando bem demais, o que certamente preocuparia o meu pai e acabaria sobrando pra mim. Eu já previa um longo discurso do tipo “você deveria cuidar da sua irmã mais nova”. Mas a minha irmã mais nova tinha vinte e oito anos e sabia se virar muito bem.- Ana? – Chamei ao entrar.O Donaldo e a Adèle se acomodaram na sala e eu teria que procurar a Anabel, aquela cobertura era muito grande. Acabei a encontrando no quarto saindo do banho e me arrependi por ter trazido aqueles dois comigo.- Minha vontade de te levar de volta para o chuveiro é enorme! – Eu a abracei e beijei.- Eu não vou me opor. – Ela estava rindo.- Infelizmente temos visitas. – Lamentei e ela me olhou curiosa. – Seu irmão e a minha irmã caçula.- Sua irmã? – Ela perguntou e eu não sabia se ela estava surpresa ou nervosa.- Minha irmã. Ela foi contratada pelo Alessandro, vai ser a nova secretária. Ela conheceu o seu irmão no
“Donaldo Lancaster”Já fazia muito tempo que eu não me interessava por ninguém e geralmente as mulheres não me impressionavam assim. Mas a Adèle era tão divertida, espontânea e linda que foi impossível não me encantar. A conversa fluía fácil com ela, era uma mulher inteligente, de pensamento rápido e tinha um senso de humor aguçado.A ironia da coisa é que ela era uma Fontes e eu poderia ter problemas com o pai dela, o meu certamente ficaria colérico, mas eu não me importava com ele. No entanto, eu me importava com o que ele poderia fazer a ela e isso me incomodou, ela seria um caminho fácil para ele atingir a mim, ao Ricardo e ao Sr. Fontes ao mesmo tempo. Eu precisava mantê-la longe dos olhos e ouvidos dele.- Bom, meus queridos, eu preciso ir. – A Adèle se levantou e eu me dei conta que já era bem tarde.- Eu vou te levar em casa, Del. – O Ricardo se levantou.- Rick, não seja protetor. Eu vou chamar um taxi. – Ela reclamou.- Está tarde, Del. – O Rick reclamou e eu me atrevi.- Ol