“Ricardo”Depois que o Donaldo foi embora eu abracei a Anabel e a levei para o sofá. Havia nela uma tensão, como se antevisse a guerra se aproximar e não quisesse ir para o confronto. Eu entendi o medo que ela sentia, mas ela precisava se livrar dele ou seria sua refém para sempre.- Vai dar tudo certo. Você está segura. – Eu falei depois de nos acomodar no sofá.- Eu queria ter essa certeza. Mas eu confio em vocês, só não quero que se machuquem por mim. – Eu desfiz com o dedo a ruguinha de preocupação em sua testa.- O seu pai não pode nos atingir. Agora me conta, como foi o seu dia com as garotas? – Um sorriso se insinuou em seus lábios.- Elas foram maravilhosas comigo. E eu tenho um monte de calcinhas novas, minúsculas e fortemente coloridas. – Eu ri do seu gracejo, mas eu queria muito ver aquelas calcinhas.- E por acaso você está usando uma dessas calcinhas? – Eu estava muito interessado no assunto das calcinhas e todo o resto já havia sido esquecido pela minha mente.Ela se lev
“Leonel Lancaster”O Donaldo perdeu o juízo se achava que poderia me enfrentar assim. Esse moleque! Já não era suficiente que a Anabel me causasse tantos problemas? Agora o irmãozinho resolveu se fazer de protetor. Eu estava de péssimo humor, aquele vídeo tinha voltado à tona e deixou a Irina arrasada, uma mulher tão distinta como ela, tendo que abaixar a cabeça por essa humilhação que a Anabel nos causou, era um absurdo.Eu precisava voltar para casa e ver como ela estava. Quando saí essa manhã ela estava chorando e nervosa, arrasada porque não poderia ir ao clube, pois seria alvo de comentários maldosos. E a pobrezinha da Ilana, uma boa moça que corria o risco de ficar mal falada por culpa da Anabel. Ah, mas quando eu colocasse as mãos na Anabel ela veria só, dessa vez eu não teria clemência.Saí do escritório e fui para casa, eu chegaria a tempo de almoçar com a Irina e a Ilana. Era isso, eu iria pra casa e passaria o resto do dia com elas, talvez nós pudéssemos organizar uma viage
“Irina Lancaster”Mas esse velho era um idiota, estava cada vez mais chato e mais grudento! Eu só o suportava pelo dinheiro. Mas não seria por muito tempo mais, logo, logo, o meu sofrimento chegaria ao fim, eu não perderia toda a minha beleza esperando que a vida dele se esgotasse naturalmente.Na verdade, nem era para isso ter durado tanto, mas eu precisava dar um jeito nos filhos dele primeiro ou eu ganharia apenas uma miséria da herança e não tudo, como eu merecia. E o velho demorou demais a aceitar que tinha que mandar a filha para o sanatório. Há anos eu vinha enchendo a cabeça dele, dizendo sempre que a Anabel era louca, que precisava ser internada ou acabaria como a mãe. Ah, mas ela acabaria como a mãe de qualquer jeito.- Ilana! – Bati e entrei no quarto da minha filha. Ela estava na cama mexendo no celular como sempre. Uma cobrinha, tão ardilosa quanto eu.- Irina, ainda bem que você chegou. Eu tive que aguentar o velho durante o almoço. – Ela já foi logo reclamando.- Ah, nã
“Ricardo”No final da manhã e com a ajuda da Anabel eu já tinha organizado toda a minha mudança, agora era só colocar tudo no carro, seriam umas três viagens para levar tudo. E eu pensei que talvez eu devesse trocar o meu carro por uma caminhonete como a do Nando.- Moça bonita, você vai comigo e eu volto para buscar o resto, mas você já fica no apartamento. Eu não estou muito seguro em te deixar aqui. – Eu falei com a Anabel.- Mas eu quero te ajudar! – Ela reclamou.- Mais? Você dobrou tudo o que tinha no closet e guardou nas malas e cuidou de cada par de sapato. – Eu sorri pra ela que tinha trabalhado incansavelmente a manhã inteira me ajudando.- Eu tenho que dizer, mulheres são loucas por sapatos, mas você, Rick, consegue ser pior. Parece até uma centopéia. Nunca vi tantos sapatos masculinos fora de uma sapataria. – Ela riu da minha pequena obsessão por sapatos italianos de couro e sim era um exagero da minha parte.- O que eu posso dizer, eu gosto de sapatos.- Cada doido com a
“Ricardo”No fim do dia eu fui pra casa acompanhado do Donaldo e da Adèle. O dois pareciam estar se dando bem demais, o que certamente preocuparia o meu pai e acabaria sobrando pra mim. Eu já previa um longo discurso do tipo “você deveria cuidar da sua irmã mais nova”. Mas a minha irmã mais nova tinha vinte e oito anos e sabia se virar muito bem.- Ana? – Chamei ao entrar.O Donaldo e a Adèle se acomodaram na sala e eu teria que procurar a Anabel, aquela cobertura era muito grande. Acabei a encontrando no quarto saindo do banho e me arrependi por ter trazido aqueles dois comigo.- Minha vontade de te levar de volta para o chuveiro é enorme! – Eu a abracei e beijei.- Eu não vou me opor. – Ela estava rindo.- Infelizmente temos visitas. – Lamentei e ela me olhou curiosa. – Seu irmão e a minha irmã caçula.- Sua irmã? – Ela perguntou e eu não sabia se ela estava surpresa ou nervosa.- Minha irmã. Ela foi contratada pelo Alessandro, vai ser a nova secretária. Ela conheceu o seu irmão no
“Donaldo Lancaster”Já fazia muito tempo que eu não me interessava por ninguém e geralmente as mulheres não me impressionavam assim. Mas a Adèle era tão divertida, espontânea e linda que foi impossível não me encantar. A conversa fluía fácil com ela, era uma mulher inteligente, de pensamento rápido e tinha um senso de humor aguçado.A ironia da coisa é que ela era uma Fontes e eu poderia ter problemas com o pai dela, o meu certamente ficaria colérico, mas eu não me importava com ele. No entanto, eu me importava com o que ele poderia fazer a ela e isso me incomodou, ela seria um caminho fácil para ele atingir a mim, ao Ricardo e ao Sr. Fontes ao mesmo tempo. Eu precisava mantê-la longe dos olhos e ouvidos dele.- Bom, meus queridos, eu preciso ir. – A Adèle se levantou e eu me dei conta que já era bem tarde.- Eu vou te levar em casa, Del. – O Ricardo se levantou.- Rick, não seja protetor. Eu vou chamar um taxi. – Ela reclamou.- Está tarde, Del. – O Rick reclamou e eu me atrevi.- Ol
“Ricardo”Eu cheguei ao escritório um pouco atrasado, era muito difícil deixar a Anabel pela manhã, especialmente quando ela decidiu se sentar em meu colo durante o café da manhã. Eu teria ótimas lembranças daquele apartamento quando o devolvesse para o Alessandro.- Bom dia! Está atrasado! – Minha irmã já estava a postos em sua nova mesa com o Thales ao seu lado, aparentemente lhe passando o trabalho.- Eu não sabia que você trabalharia aqui como relógio de ponto! – Eu respondi e ela fez uma careta que me fez rir, parecia uma criança. Mas aí eu me lembrei de outra coisa. – Como foi com o Don ontem?- Foi perfeito! – Ela respondeu com um sorrisinho bobo, os olhos sonhadores e um suspiro.- Menina, não me diga que pegou aquele gato? – O Thales perguntou apenas para me provocar, eu tinha certeza pelo olhar de esgueio que ele me deu.- Ah, Thales, está mais para aquele gato me pegou! – A Adèle suspirou de novo e eu revirei os olhos.- Vamos ver quando o nosso pai chegar. – Eu resmunguei
“Ricardo”O Thales conhecia bem a função que passaria a desempenhar, ele tinha um cargo semelhante na Alemanha e eu finalmente soube que ele foi contratado como secretário de forma temporária, pois a Mari e o Alencar já vinham negociando as aposentadorias com o Alessandro há muito tempo. Desse modo, não foi difícil passar tudo para ele e na hora do almoço eu me encontrei com o Alencar, começava ali a minha mudança de assessor do CEO para diretor de auditoria interna.Pelo resto do dia o Alencar me apresentou a equipe e me passou informações sobre o trabalho. O departamento ocupava o andar logo abaixo da presidência e funcionava de modo perfeito, como uma máquina bem azeitada. Todos os funcionários ali eram de extrema confiança. Quando o dia chegou ao fim, eu já havia aprendido muita coisa sobre a minha nova função, mas felizmente o Alencar ainda ficaria mais uns dias comigo.Eu caminhei até o elevador com o Alencar e quando as portas se abriram eu me surpreendi ao ver o Don e a Del al