“Flávio”O tempo estava passando e parecia que a investigação sobre a fraude do meu quase divórcio tinha estagnado, ninguém conseguia encontrar nada. A Sabrina não parava de me infernizar e estava ficando cada vez mais insistente e inconveniente. Meu pai me pressionava a ir a Campanário quase todo final de semana, usando de pretexto que eu mesmo havia prometido apoiar o meu irmão nos negócios. A Manu não era boba, embora fosse muito tranquila e não me pressionasse, eu sabia que ela estava de olho e algumas vezes ela perguntava o que estava havendo, mas eu desconversava. No meio desse caos ainda teve o casamento do Heitor e da Samantha que foi cheio de agitação.Quando o final de semana chegou e o Patrício convidou para um domingo normal de churrasco e piscina na casa dele eu só queria que fosse um final de semana tranquilo com a minha baixinha e os meus amigos. Mas isso era pedir demais.- Você não consegue me deixar em paz nem um dia sequer? – Falei ao me afastar para atender uma lig
“Flávio”Entrei na delegacia depressa e encontrei o delegado na cozinha conversando com outros policiais. Chamei o Bonfim e fomos até a sala dele. Expliquei o que tinha acontecido e vi o seu rosto paralisar em choque.- Que merda, Flávio! – Bonfim balançou a cabeça.- Uma grande merda, Bonfim. – Concordei.- Mas vai ficar pior, muito pior. – Olhei pra ele sem entender. – Eu falei com a Melissa tem uns vinte minutos, logo que você me mandou a mensagem perguntando onde eu estava.- Ela te ligou? – Perguntei já sentindo o pânico crescer dentro de mim.- Não, eu que liguei pra ela, precisava de um conselho pra resolver uma situação com a minha mulher. – Bonfim esfregou os olhos.- E daí? O que vocês falaram? – Perguntei já sentindo o desespero crescer.- Daí que ela me perguntou se você estava de plantão e eu disse que não. Ou seja, ela sabe que você mentiu e a essa altura, sua baixinha com certeza já sabe. – Isso era um grande problema e eu senti minha cabeça girar.- Porra, Bonfim! – Co
“Manuela”Quando o Flávio me disse que teria que ir a delegacia, eu tive quase certeza de que ele estava mentindo. Mas quando ele insistiu para que eu ficasse na casa do Patrício e a urgência dele em recusar que a Melissa me levasse pra casa, isso me deu a certeza de que havia algo errado. Para confirmar minhas suspeitas, a Melissa conversou com o delegado Bonfim que garantiu que o Flávio não teria que estar na delegacia.A Melissa sugeriu pressionar os rapazes para que eles contassem o que estava acontecendo. Eu já estava no limite com toda essa situação e concordei que seria o melhor mesmo.- Como vai ser, vamos começar pelo elo fraco do grupinho? – Melissa perguntou olhando diretamente para o Patrício.- Não, acho melhor pegar todos juntos e pressioná-los, eles ficam confusos e não tem tempo de se organizar e inventar uma desculpa. – Catarina sugeriu.- Boa idéia, Cat. – Melissa concordou e não perdeu tempo. Chamou os rapazes com a voz mais doce do mundo. – Senhores, venham aqui fa
“Flávio”A Manu nem olhava pra mim, estava próxima à porta do quarto de braços cruzados, com a cara fechada e olhando para a Sabrina. Meu primeiro impulso foi de ir até ela, mas senti uma mão no meu ombro me segurar, olhei de relance e era o Patrício.- Eu fico me perguntando se os delegados aqui tratam os bandidos que vão prender com tanta delicadeza. – Manu falou e olhou para o Bonfim. Ela olhava pra ele séria, sem nenhum traço de benevolência, mas pra mim ela nem olhava.- Eu acho, Manu, que os delegados estão precisando aprender como se trata uma vadia. – Virgínia falou com seriedade.- Que circo é esse, Flávio? Quem são essas pessoas? Sabrina falava alto parada de calcinha e sutiã no meio do quarto.- Pois é, vagabunda, aqui é o circo, pode ser até o hospício se você quiser, mas não é puteiro pra piranha vir tirando a roupa e se jogando em cima de homem comprometido não. – Melissa encarou a Sabrina com fúria.- Quem vocês pensam que são? Você sabe quem eu sou? Dobre a sua língua
“Flávio”Eu estava pronto para segurar a Sabrina e impedir que ela tocasse na Manu. Sabrina abriu um sorriso como se a sorte tivesse virado a seu favor e eu achava mesmo que tinha virado, mas eu não permitiria que ela encostasse em nenhum fio de cabelo da Manu.- Manu... – Tentei me aproximar, mas a Manu virou a cabeça em minha direção e foi a primeira vez que ela me olhou desde que entrou nesse quarto.- Eu deixei você fazer do seu jeito, Flávio, e você não resolveu. Agora, nós vamos fazer do meu jeito e você não vai se meter! – A voz da Manu era claramente um alerta e me deixou completamente perdido, sem saber o que fazer. Eu fiquei olhando pra Manu e ela se virou novamente para a Sabrina. – Então você é a tal Sabrina? Eu esperava mais!- Ah, mas a ninfetinha é valente! – Sabrina sorriu debochada. – Sabia que você está dormindo com o meu marido, ninfetinha?- Seu marido? – Manu sorriu e continuou a falar calmamente. – Não, não, você está bem enganada. É seu ex marido. Mas eu tenho q
“Manuela”Vi aquela mulher entrar no taxi e ir embora, mas meus problemas estavam longe de ter fim. Olhei ao redor e parecia que todos ali estavam esperando que eu dissesse algo, mas felizmente a Melissa me entendia sem que eu precisasse falar.- Chaveirinho, é isso mesmo, vai fazer o que eu faria? – Melissa olhou bem pra mim como se procurasse algum traço de dúvida. Ela entendeu desde o primeiro momento o que eu já havia decidido. Desde o dia em que nos conhecemos Melissa se tornou mais do que amiga, ela era como uma conselheira, algo como uma irmã mais velha.- É isso mesmo, Mel. – Respondi bastante segura.- Hum! Muito bem! Se precisar é só me ligar que eu venho depressinha. – Melissa me garantiu e eu sabia que ela viria mesmo. – Seguinte, cambada, cada um pra sua casa, amanhã teremos notícias. – Melissa se encarregou de despachar todo mundo com o seu jeito nada delicado. – Bonfim, tá de carro aí?- Na verdade vim com o Moreno, ele passou lá na delegacia e me pegou. Mas tem uma via
“Flávio”Eu olhava para a Manu com certo desespero, eu tinha certeza que depois dessa conversa ela iria me deixar, eu senti o meu coração sangrar de tristeza por saber que eu a estava perdendo. Eu menti pra ela, quando eu não queria ter mentido. Eu omiti coisas importantes da minha vida, quando devia ter sido franco, honesto e direto com ela. O pior de tudo é que eu não era esse tipo de pessoa que mente e omiti, mas eu tinha pavor de pensar que ela me deixaria e agora o meu pior pesadelo estava acontecendo.Ela me perguntou por que, com aqueles olhos caramelo que estavam escuros, carregados como uma nuvem durante uma tempestade. Eu queria tocá-la, mas eu não me atrevia. Eu queria que ela pudesse me perdoar, mas eu duvidava que ela fizesse isso. Eu queria poder voltar no tempo e não fazer tantas coisas, mas isso era impossível. Eu tive tanto medo de perdê-la que não pensei que poderia acontecer algo muito pior, eu não pensei que poderia magoá-la e eu a magoei e isso era pior do que per
“Manuela”meuNo momento em que o Patrício se sentiu pressionado e abriu a boca para garantir que o Flávio não havia feito nada de errado, eu tive certeza de que o quer que estivesse acontecendo ela não havia me traído e que a intenção dele, mesmo equivocada, era de me proteger.A medida que os rapazes foram contando tudo o que estava acontecendo e repetindo várias e várias vezes que o Flávio tinha medo de que eu o deixasse eu compreendi o que ele sentiu, eu podia entender o medo dele, mas eu não entendia por que ele não confiou que o meu amor fosse grande o suficiente para aguentar aquilo.No entanto, a medida que ele falava, a medida que ele lamentava e explicava o quanto me amava eu fui entendo que o medo que ele sentia era tão real que o impediu de pensar em outra possibilidade, a possibilidade de que eu me manteria firme ao seu lado. Senti como se o medo da minha reação paralisasse os seus pensamentos e ele focou na possibilidade de me perder apenas.E também, eu não podia ignorar