“Flávio”Entrei na delegacia depressa e encontrei o delegado na cozinha conversando com outros policiais. Chamei o Bonfim e fomos até a sala dele. Expliquei o que tinha acontecido e vi o seu rosto paralisar em choque.- Que merda, Flávio! – Bonfim balançou a cabeça.- Uma grande merda, Bonfim. – Concordei.- Mas vai ficar pior, muito pior. – Olhei pra ele sem entender. – Eu falei com a Melissa tem uns vinte minutos, logo que você me mandou a mensagem perguntando onde eu estava.- Ela te ligou? – Perguntei já sentindo o pânico crescer dentro de mim.- Não, eu que liguei pra ela, precisava de um conselho pra resolver uma situação com a minha mulher. – Bonfim esfregou os olhos.- E daí? O que vocês falaram? – Perguntei já sentindo o desespero crescer.- Daí que ela me perguntou se você estava de plantão e eu disse que não. Ou seja, ela sabe que você mentiu e a essa altura, sua baixinha com certeza já sabe. – Isso era um grande problema e eu senti minha cabeça girar.- Porra, Bonfim! – Co
“Manuela”Quando o Flávio me disse que teria que ir a delegacia, eu tive quase certeza de que ele estava mentindo. Mas quando ele insistiu para que eu ficasse na casa do Patrício e a urgência dele em recusar que a Melissa me levasse pra casa, isso me deu a certeza de que havia algo errado. Para confirmar minhas suspeitas, a Melissa conversou com o delegado Bonfim que garantiu que o Flávio não teria que estar na delegacia.A Melissa sugeriu pressionar os rapazes para que eles contassem o que estava acontecendo. Eu já estava no limite com toda essa situação e concordei que seria o melhor mesmo.- Como vai ser, vamos começar pelo elo fraco do grupinho? – Melissa perguntou olhando diretamente para o Patrício.- Não, acho melhor pegar todos juntos e pressioná-los, eles ficam confusos e não tem tempo de se organizar e inventar uma desculpa. – Catarina sugeriu.- Boa idéia, Cat. – Melissa concordou e não perdeu tempo. Chamou os rapazes com a voz mais doce do mundo. – Senhores, venham aqui fa
“Flávio”A Manu nem olhava pra mim, estava próxima à porta do quarto de braços cruzados, com a cara fechada e olhando para a Sabrina. Meu primeiro impulso foi de ir até ela, mas senti uma mão no meu ombro me segurar, olhei de relance e era o Patrício.- Eu fico me perguntando se os delegados aqui tratam os bandidos que vão prender com tanta delicadeza. – Manu falou e olhou para o Bonfim. Ela olhava pra ele séria, sem nenhum traço de benevolência, mas pra mim ela nem olhava.- Eu acho, Manu, que os delegados estão precisando aprender como se trata uma vadia. – Virgínia falou com seriedade.- Que circo é esse, Flávio? Quem são essas pessoas? Sabrina falava alto parada de calcinha e sutiã no meio do quarto.- Pois é, vagabunda, aqui é o circo, pode ser até o hospício se você quiser, mas não é puteiro pra piranha vir tirando a roupa e se jogando em cima de homem comprometido não. – Melissa encarou a Sabrina com fúria.- Quem vocês pensam que são? Você sabe quem eu sou? Dobre a sua língua
“Flávio”Eu estava pronto para segurar a Sabrina e impedir que ela tocasse na Manu. Sabrina abriu um sorriso como se a sorte tivesse virado a seu favor e eu achava mesmo que tinha virado, mas eu não permitiria que ela encostasse em nenhum fio de cabelo da Manu.- Manu... – Tentei me aproximar, mas a Manu virou a cabeça em minha direção e foi a primeira vez que ela me olhou desde que entrou nesse quarto.- Eu deixei você fazer do seu jeito, Flávio, e você não resolveu. Agora, nós vamos fazer do meu jeito e você não vai se meter! – A voz da Manu era claramente um alerta e me deixou completamente perdido, sem saber o que fazer. Eu fiquei olhando pra Manu e ela se virou novamente para a Sabrina. – Então você é a tal Sabrina? Eu esperava mais!- Ah, mas a ninfetinha é valente! – Sabrina sorriu debochada. – Sabia que você está dormindo com o meu marido, ninfetinha?- Seu marido? – Manu sorriu e continuou a falar calmamente. – Não, não, você está bem enganada. É seu ex marido. Mas eu tenho q
“Manuela”Vi aquela mulher entrar no taxi e ir embora, mas meus problemas estavam longe de ter fim. Olhei ao redor e parecia que todos ali estavam esperando que eu dissesse algo, mas felizmente a Melissa me entendia sem que eu precisasse falar.- Chaveirinho, é isso mesmo, vai fazer o que eu faria? – Melissa olhou bem pra mim como se procurasse algum traço de dúvida. Ela entendeu desde o primeiro momento o que eu já havia decidido. Desde o dia em que nos conhecemos Melissa se tornou mais do que amiga, ela era como uma conselheira, algo como uma irmã mais velha.- É isso mesmo, Mel. – Respondi bastante segura.- Hum! Muito bem! Se precisar é só me ligar que eu venho depressinha. – Melissa me garantiu e eu sabia que ela viria mesmo. – Seguinte, cambada, cada um pra sua casa, amanhã teremos notícias. – Melissa se encarregou de despachar todo mundo com o seu jeito nada delicado. – Bonfim, tá de carro aí?- Na verdade vim com o Moreno, ele passou lá na delegacia e me pegou. Mas tem uma via
“Flávio”Eu olhava para a Manu com certo desespero, eu tinha certeza que depois dessa conversa ela iria me deixar, eu senti o meu coração sangrar de tristeza por saber que eu a estava perdendo. Eu menti pra ela, quando eu não queria ter mentido. Eu omiti coisas importantes da minha vida, quando devia ter sido franco, honesto e direto com ela. O pior de tudo é que eu não era esse tipo de pessoa que mente e omiti, mas eu tinha pavor de pensar que ela me deixaria e agora o meu pior pesadelo estava acontecendo.Ela me perguntou por que, com aqueles olhos caramelo que estavam escuros, carregados como uma nuvem durante uma tempestade. Eu queria tocá-la, mas eu não me atrevia. Eu queria que ela pudesse me perdoar, mas eu duvidava que ela fizesse isso. Eu queria poder voltar no tempo e não fazer tantas coisas, mas isso era impossível. Eu tive tanto medo de perdê-la que não pensei que poderia acontecer algo muito pior, eu não pensei que poderia magoá-la e eu a magoei e isso era pior do que per
“Manuela”meuNo momento em que o Patrício se sentiu pressionado e abriu a boca para garantir que o Flávio não havia feito nada de errado, eu tive certeza de que o quer que estivesse acontecendo ela não havia me traído e que a intenção dele, mesmo equivocada, era de me proteger.A medida que os rapazes foram contando tudo o que estava acontecendo e repetindo várias e várias vezes que o Flávio tinha medo de que eu o deixasse eu compreendi o que ele sentiu, eu podia entender o medo dele, mas eu não entendia por que ele não confiou que o meu amor fosse grande o suficiente para aguentar aquilo.No entanto, a medida que ele falava, a medida que ele lamentava e explicava o quanto me amava eu fui entendo que o medo que ele sentia era tão real que o impediu de pensar em outra possibilidade, a possibilidade de que eu me manteria firme ao seu lado. Senti como se o medo da minha reação paralisasse os seus pensamentos e ele focou na possibilidade de me perder apenas.E também, eu não podia ignorar
“Flávio”Vi minha doce Manu, toda linda, me olhando ansiosa. Essa mulher, linda e tão jovem, me dominava por inteiro. Ela me surpreendeu, jamais esperava que ela fosse permanecer ao meu lado, que se dispusesse a enfrentar a Sabrina, meus pais e toda essa confusão que estava a minha vida nesse momento. Mas ela ficou, ela me perdoou por esconder tudo isso dela e ela me provou mais uma vez o seu amor. Eu olhava para ela agora e não via mais a garota frágil e que precisava ser protegida, ao contrário, eu via agora uma mulher forte, determinada e que enfrentaria o mundo ao meu lado.Meu peito estava repleto de amor por essa baixinha, que me olhava com os olhos em chamas, ansiando pelo meu toque, se contorcendo debaixo de mim. Eu olhava para ela com amor e adoração, senti como se uma onda se quebrasse sobre mim.Me abaixei sobre ela e tomei a sua boca em um beijo, nossos lábios se encontraram quentes e famintos, não havia espaço para delicadeza naquele momento em que nós dois estávamos dese