“Flávio”Eu demorei dias tentando suavizar as coisas com a Manu, eu tinha certeza que ela estava desconfiada de alguma coisa, ela andava muito quieta e pelos cantos, sempre cansada demais ou com a cara enfiada em algum livro. Eu decidi levá-la para passar um final de semana no hotel fazenda em que a levei no seu aniversário. Um final de semana só nosso, sem interrupções. E foi perfeito. Ela voltou a sorrir e nós passamos o fim de semana grudados, nos reconectamos, embora ela ainda parecesse desconfiar de algo.Na segunda entrei na delegacia com um propósito, resolver esse problema que era a Sabrina. Eu precisava dar um jeito nisso. Mas eu mal cheguei e fui surpreendido com uma notícia que me irritou profundamente.- Flávio, infelizmente não tenho boas notícias. – Bonfim me olhava como se me estudasse e pensasse a melhor maneira de dar o recado.- O que foi agora, Bonfim? – Soltei a caneta na mesa e me recostei na cadeira.- O governador quer que você seja transferido de volta para Cam
“Manuela”As coisas haviam melhorado entre o Flávio e eu, fosse o que fosse, ele estava mais atencioso comigo, como era antes, mas ainda havia algo errado e ele não falava comigo, continuava fingindo que não era nada. Mas, com o casamento da Sam e do Heitor chegando, as coisas estavam mais agitadas.Eu estava saindo do ateliê com as garotas, nós havíamos ido escolher os vestidos para o casamento, quando o celular tocou. O peguei na bolsa e vi que era o Flávio, me afastei do grupo um pouco para atendê-lo.- Baixinha, já terminou com as meninas? – Flávio perguntou, mas achei que ele parecia cansado, o que estava se tornando normal.- Já sim. A Sam vai me deixar no apartamento.- Não quer que eu vá te buscar? - O Flávio estava insistindo em me levar ao escritório e depois para a faculdade e depois me buscar, ele dizia que ficávamos mais um tempo juntos assim, por isso eu estava usando pouco o meu carro.- Não precisa, me espera em casa.- Eu estou com saudade! – Ele falou e meu coração d
“ManuelaAcordei com o cheiro do café e um afago nos cabelos. Flávio estava sentado na beirada da cama, passando a mão em meus cabelos com carinho. Abri os meus olhos e vi um pequeno sorriso se formar em seus lábios.- Bom dia, flor do dia! – Ouvi sua voz baixa e grave, que despertou em mim memórias da noite anterior, dele dizendo o quanto me amava enquanto possuía o meu corpo lentamente.- Bom dia, raio de sol! – Sorri pra ele preguiçosamente. Ele se abaixou e me beijou, depois me entregou a caneca de café.- Como você está se sentindo hoje? – Ele perguntou com um tom de preocupação na voz.- Estou bem. O machucado dói um pouco, mas não é nada demais. – Respondi olhando a faixa em meu braço.- Hum. Já está quase na hora do remédio pra dor. – Ele colocou a bandeja de café sobre a cama. – Coma.- Isso é uma ordem? – Ri da forma autoritária com que ele me mandou comer.- Com certeza é. – Ele sorriu entrando na brincadeira.- Grandão, preciso registrar a ocorrência do celular e bloquear
“Flávio”O tempo estava passando e parecia que a investigação sobre a fraude do meu quase divórcio tinha estagnado, ninguém conseguia encontrar nada. A Sabrina não parava de me infernizar e estava ficando cada vez mais insistente e inconveniente. Meu pai me pressionava a ir a Campanário quase todo final de semana, usando de pretexto que eu mesmo havia prometido apoiar o meu irmão nos negócios. A Manu não era boba, embora fosse muito tranquila e não me pressionasse, eu sabia que ela estava de olho e algumas vezes ela perguntava o que estava havendo, mas eu desconversava. No meio desse caos ainda teve o casamento do Heitor e da Samantha que foi cheio de agitação.Quando o final de semana chegou e o Patrício convidou para um domingo normal de churrasco e piscina na casa dele eu só queria que fosse um final de semana tranquilo com a minha baixinha e os meus amigos. Mas isso era pedir demais.- Você não consegue me deixar em paz nem um dia sequer? – Falei ao me afastar para atender uma lig
“Flávio”Entrei na delegacia depressa e encontrei o delegado na cozinha conversando com outros policiais. Chamei o Bonfim e fomos até a sala dele. Expliquei o que tinha acontecido e vi o seu rosto paralisar em choque.- Que merda, Flávio! – Bonfim balançou a cabeça.- Uma grande merda, Bonfim. – Concordei.- Mas vai ficar pior, muito pior. – Olhei pra ele sem entender. – Eu falei com a Melissa tem uns vinte minutos, logo que você me mandou a mensagem perguntando onde eu estava.- Ela te ligou? – Perguntei já sentindo o pânico crescer dentro de mim.- Não, eu que liguei pra ela, precisava de um conselho pra resolver uma situação com a minha mulher. – Bonfim esfregou os olhos.- E daí? O que vocês falaram? – Perguntei já sentindo o desespero crescer.- Daí que ela me perguntou se você estava de plantão e eu disse que não. Ou seja, ela sabe que você mentiu e a essa altura, sua baixinha com certeza já sabe. – Isso era um grande problema e eu senti minha cabeça girar.- Porra, Bonfim! – Co
“Manuela”Quando o Flávio me disse que teria que ir a delegacia, eu tive quase certeza de que ele estava mentindo. Mas quando ele insistiu para que eu ficasse na casa do Patrício e a urgência dele em recusar que a Melissa me levasse pra casa, isso me deu a certeza de que havia algo errado. Para confirmar minhas suspeitas, a Melissa conversou com o delegado Bonfim que garantiu que o Flávio não teria que estar na delegacia.A Melissa sugeriu pressionar os rapazes para que eles contassem o que estava acontecendo. Eu já estava no limite com toda essa situação e concordei que seria o melhor mesmo.- Como vai ser, vamos começar pelo elo fraco do grupinho? – Melissa perguntou olhando diretamente para o Patrício.- Não, acho melhor pegar todos juntos e pressioná-los, eles ficam confusos e não tem tempo de se organizar e inventar uma desculpa. – Catarina sugeriu.- Boa idéia, Cat. – Melissa concordou e não perdeu tempo. Chamou os rapazes com a voz mais doce do mundo. – Senhores, venham aqui fa
“Flávio”A Manu nem olhava pra mim, estava próxima à porta do quarto de braços cruzados, com a cara fechada e olhando para a Sabrina. Meu primeiro impulso foi de ir até ela, mas senti uma mão no meu ombro me segurar, olhei de relance e era o Patrício.- Eu fico me perguntando se os delegados aqui tratam os bandidos que vão prender com tanta delicadeza. – Manu falou e olhou para o Bonfim. Ela olhava pra ele séria, sem nenhum traço de benevolência, mas pra mim ela nem olhava.- Eu acho, Manu, que os delegados estão precisando aprender como se trata uma vadia. – Virgínia falou com seriedade.- Que circo é esse, Flávio? Quem são essas pessoas? Sabrina falava alto parada de calcinha e sutiã no meio do quarto.- Pois é, vagabunda, aqui é o circo, pode ser até o hospício se você quiser, mas não é puteiro pra piranha vir tirando a roupa e se jogando em cima de homem comprometido não. – Melissa encarou a Sabrina com fúria.- Quem vocês pensam que são? Você sabe quem eu sou? Dobre a sua língua
“Flávio”Eu estava pronto para segurar a Sabrina e impedir que ela tocasse na Manu. Sabrina abriu um sorriso como se a sorte tivesse virado a seu favor e eu achava mesmo que tinha virado, mas eu não permitiria que ela encostasse em nenhum fio de cabelo da Manu.- Manu... – Tentei me aproximar, mas a Manu virou a cabeça em minha direção e foi a primeira vez que ela me olhou desde que entrou nesse quarto.- Eu deixei você fazer do seu jeito, Flávio, e você não resolveu. Agora, nós vamos fazer do meu jeito e você não vai se meter! – A voz da Manu era claramente um alerta e me deixou completamente perdido, sem saber o que fazer. Eu fiquei olhando pra Manu e ela se virou novamente para a Sabrina. – Então você é a tal Sabrina? Eu esperava mais!- Ah, mas a ninfetinha é valente! – Sabrina sorriu debochada. – Sabia que você está dormindo com o meu marido, ninfetinha?- Seu marido? – Manu sorriu e continuou a falar calmamente. – Não, não, você está bem enganada. É seu ex marido. Mas eu tenho q