“Manuela”Eu estava ali, ancorada no braço do meu pai, aos pés do altar, quando o Flávio se aproximou com um sorriso nos lábios e lágrimas nos olhos. Meu pai o cumprimentou com um grande sorriso.- Eu não estou te entregando a minha filha, Flávio, eu estou recebendo você como filho! Mas eu te dou a missão de fazê-la feliz e eu sei que você cuidará dela. Assim como eu também sei que ela cuidará de você. – Meu pai deu um beijo em minha mão e a colocou na mão do Flávio, que me olhou com adoração e deu um beijo em minha testa.- Você é a visão de um anjo, minha baixinha! – Eu estava tão emocionada que não tive palavras. – Eu cuidarei dela, Sr. Orlando, e viverei para fazê-la feliz!Meu pai foi se sentar e nós fomos em direção ao altar. O padre Floriano, que eu conhecia a vida toda, sorriu pra mim e celebrou o meu casamento, mas havia algo muito especial naquela celebração, ela foi diferente de todos os casamentos que eu já o havia assistido celebrar. Ele fez uma cerimônia cheia de emoção
“Cândido”Certa vez eu li em algum lugar que “o amor tem razões que a própria razão desconhece”, eu não me lembrava onde tinha lido, mas o autor estava certo quando escreveu isso. Eu estava parado ali, escondido entre as árvores, vendo aquela moça se preparar para entrar naquela capela para se casar. Do mesmo jeito eu estive ali há trinta anos atrás, vendo a mãe dela, a única mulher que amei na vida, se preparar para entrar naquela mesma capela e se casar com outro homem.Deus, como elas eram parecidas! Manuela era igual à mãe até nos trejeitos. A forma como ela sorriu e se virou para arrumar o véu, foi exatamente assim que a mãe dela fez, era como se eu tivesse sido transportado no tempo. E foi no momento em que a Açucena deu aquele sorriso que eu decidi deixá-la se casar.Eu havia ido até lá com o intuito de roubá-la antes do casamento. Eu a levaria dali, a trancaria, até que ela voltasse a me ver, até que ela me amasse. Mas no momento em que vi aquele sorriso, eu percebi que já não
“Manuela”O Flávio e eu já estávamos casados há três meses e eu era mais feliz do que poderia imaginar. Ele me cobria de atenção e carinho, ainda mais do que antes. Eu estava olhando em meu celular uma foto que tiramos na lua de mel, naquela praia linda de Bali. Depois do casamento ele me levou para o hotel fazenda, ficamos dois dias lá e depois fomos para Bali, onde ficamos dez dias. Daria no mesmo pra mim aquele bangalô em Bali ou uma cabana no meio do mato na fazenda, desde que o meu grandão estivesse comigo todos os lugares no mundo eram lindos e incríveis.- Minha nossa, mas já está casada há três meses e continua suspirando? Meu irmão deve ser o máximo mesmo! – Lisa parou em frente a minha mesa.- Ah, ele é, ele é mais do que o máximo! – Olhei sonhadora para aquela foto.- Imagino, pelos barulhos que vocês faziam naquele apartamento. – Lisa riu.- Ah, e fazemos muito mais na casa nova! – Lisa fingiu estar chocada e eu ri. Ela não quis se mudar conosco, então o Flávio deu o apart
“Manuela”O Dr. Molina me olhou como se estivesse tentando encontrar uma forma de me dizer seja lá o que fosse.- Ai, anda, tio, fala logo, o que tem de errado? – Melissa parecia ser a própria paciente e era bem engraçado, ela estava quase roendo as unhas.- Manu, você precisa ficar mais calma. Essa impaciência e ansiedade não vão te fazer bem, nem pra você e nem para o seu bebê. – Dr. Molina sorriu.- Ai, Dr. Molina, prometo que quando esse bebê resolver aparecer eu vou me acalmar, mas até eu estar grávida eu não vejo como conseguir ficar calma, essa espera é angustiante. – Respondi.- E como vai ser durante os pouco mais de oito meses de gestação? – Ele perguntou, estava se divertindo com a minha expectativa, mas eu sabia que estava tentando me acalmar.- Ai, Dr. Molina, a gente se preocupa com isso quando for a hora... – Melissa me interrompeu.- Espera, você disse pouco mais de oito meses? – Melissa perguntou e eu olhei pra ela sem entender o que havia de errado. Olhei de novo par
“Flávio”A Lisandra estava me deixando louco com essa história com o Patrício, eles pareciam se odiar cada vez mais. E hoje ela ainda me pediu para ir ao apartamento, pois precisava de um conselho. Eu não engoli essa. Desde quando a Lisa pede conselho? Ela queria era me colocar no meio da confusão dos dois, mas eu não perderia um bom amigo saindo em defesa da minha irmã, que eu sabia bem que era terrível quando queria.Eu estava mesmo era querendo ir pra casa, passei o dia todo inquieto, preocupado. Já tem tempos que eu notei a baixinha estranha, como se estivesse me escondendo alguma coisa, ansiosa, chorona e com alguns hábitos diferentes. Ela nem toma mais café!E hoje, antes de sair de casa, eu a notei mais ansiosa ainda, como se estivesse se preparando para algo importante. Passei o dia inteiro pensando nisso, e cheguei a conclusão de que era melhor tirar a história a limpo. Nós estávamos casados há cinco meses, tudo parecia ir bem, mas ela estava estranha e era melhor eu saber o
“Flávio”Eu olhei para aquele quarto sem compreender. Ele havia sido decorado como um quarto de hóspedes, tinha uma cama de casal, uma cômoda e uma televisão. Era uma suíte ampla, com vista para a piscina. Mas eu notei que havia sobre a cama uma caixa branca com um laço dourado, não era grande. Também vi aos pés da cama uma lata de tinta pequena e material para pintar paredes, amostras de papel de parede e um catálogo de decoração. Eu olhei aquilo tudo sem entender.- Você quer fazer uma reforma, baixinha? Essa é a surpresa? – Olhei para ela meio decepcionado.- Sim, nós vamos reformar este quarto, e é parte da surpresa. A menos que você não concorde que seja esse. – Ela estava rindo, percebeu a minha decepção.- E por que você quer reformar esse quarto?- Porque nós precisamos. – Ela falou simplesmente e eu suspirei, mulheres e suas manias de renovação.- Podemos contratar uma empresa... – Ela me interrompeu.- Até podemos. – Ela refletiu. – Vem cá. – Ela me puxou para a cama. – Sent
“Flávio”Eu mal esperei sair do consultório para mandar uma mensagem para a família e os amigos contando a novidade. Estavam todos ansiosos como nós e a Manu já tinha decidido que não queria fazer a tal da festa de revelação, ela queria contar logo para todos, pois estavam todos ansiosos, ela havia se tornado o bibelô da família e dos amigos, todos a enchiam de cuidado e carinho.- E agora, baixinha? Eu imagino que você já tenha pensado em um nome. – Perguntei já no carro dirigindo rumo a nossa casa.- Sim, e espero que você concorde. – Eu sabia exatamente que nome era antes mesmo que ela dissesse. É claro que eu concordaria. – E eu gostaria que você escolhesse os padrinhos.- Isso é sério? Vai me dar esse privilégio? – Eu não esperava por aquilo, pensei que ela fosse querer escolher os padrinhos, mas ela me deu esse presente e eu sabia exatamente quem seriam os padrinhos perfeitos para a minha menina.- Sim, quero que seja você a escolher. – Manu sorriu.- Ótimo, porque eu já sei que
“Manuela”Eu olhava para aquele jardim estupefata! Parecia não haver cor de rosa o suficiente no mundo para a minha pequena Açucena. Ela estava no colo da Olívia, encantada com uma borboleta cor de rosa enorme perto da mesa do bolo. Minha pequena garotinha estava completando dois anos. Tinha os cabelos pretos do pai, mas no resto era muito parecida comigo, era meiga e delicada, e com seus pequenos gestos charmosos e sorrisos apaixonantes encantava a todos.- Baixinha, você deveria estar sentada! – O Flávio apareceu ao meu lado.- Estou grávida, grandão, não estou incapaz! – Reclamei.- Sim, grávida de nove meses e já vi isso acontecer, você fica andando pra lá e pra cá e esse garoto vai nascer no meio da festa da irmã! – O Flávio tinha ficado esperto. Quando a Açucena nasceu ele quis saber o que havia acontecido e perguntou ao Dr. Molina se o fato de eu fazer longas caminhadas pelo jardim tinha feito mal, lógico que o médico riu e disse a ele que isso tinha contribuído para o parto.-