“Manuela”O Flávio bem tentou me convencer a ligar para os nossos amigos e dizer que não iríamos às nossas despedidas de solteiros porque estávamos presos no elevador. Eu até fiquei tentada com a sua proposta, feita no meu ouvido, debaixo do chuveiro frio que parecia escaldante com as carícias que ele me fazia, mas não seria justo com os nossos amigos. Então, nós fomos para o Clube Social, mas ele prometeu que não me deixaria dormir naquela noite. E não deixou mesmo.No outro dia fomos para a fazenda, acompanhados por seus pais, seus irmãos e o Rick. Fomos recebidos na fazenda com muita alegria, meu pai, meu irmão e a Olívia já nos esperavam. Estava tudo lindo, dava para ver que a Olívia havia andado muito ocupada com a casa, mas o meu pai e o meu irmão também tiveram bastante trabalho. A casa havia sido pintada, assim como as cercas ao redor. O pátio estava completamente arrumado e os jardins em torno da casa nunca estiveram tão lindos.Depois que nos instalamos, Lisandra e eu decidi
“Manuela”As garotas me acordaram muito cedo, elas expulsaram o Flávio do quarto no dia anterior e dormiram comigo, fizeram um monte de tratamentos faciais, disseram que minha pele precisava estar descansada para o grande dia. Era tudo um exagero. Elas já haviam me arrastado para um salão na cidade vizinha onde tinham feito um monte de coisas, inclusive aquelas unhas francesinhas maravilhosas, mas ainda inventaram máscaras faciais para a noite e touca no cabelo.Eu mal tomei o café da manhã e as meninas já começaram a me preparar como se eu fosse uma boneca. Tomei um banho e quando voltei ao quarto já havia uma maquiadora e uma cabeleireira a minha espera, elas fizeram um trabalho perfeito, uma maquiagem leve e um coque baixo de noiva no meu cabelo.- O que acham? – Me virei para as garotas, ainda de roupão, mas apontando para o meu rosto.- Manu, você é uma boneca! – Catarina colocou as mãos no peito. Elas também já estavam maquiadas e penteadas, mas as únicas que estavam prontas era
“Flávio”Eu estava pronto para me casar! Estava de pé em frente ao espelho, vendo a minha imagem ali refletida, um terno bege claro, camisa branca e sem gravata. Estava mais nervoso do que imaginei que ficaria e muito ansioso para ver a baixinha vestida de noiva.- Mas olha só que elegante! Como está o noivo do ano? – Patrício entrou no quarto sorridente como sempre.- Menos estressado desde que você e a Lisandra resolveram fingir que se suportam. – Encarei o meu amigo. Dois dias atrás eu precisei chamar a atenção dele e da minha irmã, pois eles estavam se comportando como duas crianças birrentas e a baixinha estava ficando muito chateada com isso.- A culpa não foi minha! – Patrício logo se defendeu.- Não se faça de santo! Eu não entendo, sabe, você é o cara mais gente boa que eu conheço, como não consegue se dar bem com a minha irmã?- Sua irmã é que não consegue se dar bem comigo. – Patrício riu. – Mas nós demos uma trégua, por você e pela Manuzinha.- Então não deixa a Lisa comer
“Manuela”Eu estava ali, ancorada no braço do meu pai, aos pés do altar, quando o Flávio se aproximou com um sorriso nos lábios e lágrimas nos olhos. Meu pai o cumprimentou com um grande sorriso.- Eu não estou te entregando a minha filha, Flávio, eu estou recebendo você como filho! Mas eu te dou a missão de fazê-la feliz e eu sei que você cuidará dela. Assim como eu também sei que ela cuidará de você. – Meu pai deu um beijo em minha mão e a colocou na mão do Flávio, que me olhou com adoração e deu um beijo em minha testa.- Você é a visão de um anjo, minha baixinha! – Eu estava tão emocionada que não tive palavras. – Eu cuidarei dela, Sr. Orlando, e viverei para fazê-la feliz!Meu pai foi se sentar e nós fomos em direção ao altar. O padre Floriano, que eu conhecia a vida toda, sorriu pra mim e celebrou o meu casamento, mas havia algo muito especial naquela celebração, ela foi diferente de todos os casamentos que eu já o havia assistido celebrar. Ele fez uma cerimônia cheia de emoção
“Cândido”Certa vez eu li em algum lugar que “o amor tem razões que a própria razão desconhece”, eu não me lembrava onde tinha lido, mas o autor estava certo quando escreveu isso. Eu estava parado ali, escondido entre as árvores, vendo aquela moça se preparar para entrar naquela capela para se casar. Do mesmo jeito eu estive ali há trinta anos atrás, vendo a mãe dela, a única mulher que amei na vida, se preparar para entrar naquela mesma capela e se casar com outro homem.Deus, como elas eram parecidas! Manuela era igual à mãe até nos trejeitos. A forma como ela sorriu e se virou para arrumar o véu, foi exatamente assim que a mãe dela fez, era como se eu tivesse sido transportado no tempo. E foi no momento em que a Açucena deu aquele sorriso que eu decidi deixá-la se casar.Eu havia ido até lá com o intuito de roubá-la antes do casamento. Eu a levaria dali, a trancaria, até que ela voltasse a me ver, até que ela me amasse. Mas no momento em que vi aquele sorriso, eu percebi que já não
“Manuela”O Flávio e eu já estávamos casados há três meses e eu era mais feliz do que poderia imaginar. Ele me cobria de atenção e carinho, ainda mais do que antes. Eu estava olhando em meu celular uma foto que tiramos na lua de mel, naquela praia linda de Bali. Depois do casamento ele me levou para o hotel fazenda, ficamos dois dias lá e depois fomos para Bali, onde ficamos dez dias. Daria no mesmo pra mim aquele bangalô em Bali ou uma cabana no meio do mato na fazenda, desde que o meu grandão estivesse comigo todos os lugares no mundo eram lindos e incríveis.- Minha nossa, mas já está casada há três meses e continua suspirando? Meu irmão deve ser o máximo mesmo! – Lisa parou em frente a minha mesa.- Ah, ele é, ele é mais do que o máximo! – Olhei sonhadora para aquela foto.- Imagino, pelos barulhos que vocês faziam naquele apartamento. – Lisa riu.- Ah, e fazemos muito mais na casa nova! – Lisa fingiu estar chocada e eu ri. Ela não quis se mudar conosco, então o Flávio deu o apart
“Manuela”O Dr. Molina me olhou como se estivesse tentando encontrar uma forma de me dizer seja lá o que fosse.- Ai, anda, tio, fala logo, o que tem de errado? – Melissa parecia ser a própria paciente e era bem engraçado, ela estava quase roendo as unhas.- Manu, você precisa ficar mais calma. Essa impaciência e ansiedade não vão te fazer bem, nem pra você e nem para o seu bebê. – Dr. Molina sorriu.- Ai, Dr. Molina, prometo que quando esse bebê resolver aparecer eu vou me acalmar, mas até eu estar grávida eu não vejo como conseguir ficar calma, essa espera é angustiante. – Respondi.- E como vai ser durante os pouco mais de oito meses de gestação? – Ele perguntou, estava se divertindo com a minha expectativa, mas eu sabia que estava tentando me acalmar.- Ai, Dr. Molina, a gente se preocupa com isso quando for a hora... – Melissa me interrompeu.- Espera, você disse pouco mais de oito meses? – Melissa perguntou e eu olhei pra ela sem entender o que havia de errado. Olhei de novo par
“Flávio”A Lisandra estava me deixando louco com essa história com o Patrício, eles pareciam se odiar cada vez mais. E hoje ela ainda me pediu para ir ao apartamento, pois precisava de um conselho. Eu não engoli essa. Desde quando a Lisa pede conselho? Ela queria era me colocar no meio da confusão dos dois, mas eu não perderia um bom amigo saindo em defesa da minha irmã, que eu sabia bem que era terrível quando queria.Eu estava mesmo era querendo ir pra casa, passei o dia todo inquieto, preocupado. Já tem tempos que eu notei a baixinha estranha, como se estivesse me escondendo alguma coisa, ansiosa, chorona e com alguns hábitos diferentes. Ela nem toma mais café!E hoje, antes de sair de casa, eu a notei mais ansiosa ainda, como se estivesse se preparando para algo importante. Passei o dia inteiro pensando nisso, e cheguei a conclusão de que era melhor tirar a história a limpo. Nós estávamos casados há cinco meses, tudo parecia ir bem, mas ela estava estranha e era melhor eu saber o