“Camilo”Nós havíamos descoberto tantas coisas nos últimos dias e ainda tinha tanto que eu queria saber, que minha cabeça estava cheia de preocupações e dava voltas de ansiedade. Ainda bem que eu tinha a Olívia para me apoiar e me ajudar com tudo. As coisas estavam mudando de uma forma que afetava a todos nós, mas no final seria tudo melhor. Era o que eu esperava.Meu pai já estava divorciado daquela bandida da Rita e tudo foi como queríamos, ela ficou com a casa, aquele lugar onde a Manu e eu sofremos tanto e ficou com aquele carro pomposo que ela tem. Eu nem achava isso justo, mas também não estava nem aí. Pra mim estava ótimo tirar essa cobra da nossa família e o meu pai ficou feliz em sair desse casamento, o qual ele só manteve por causa da minha irmã. Se com ele por perto a Rita fez o que fez com a Manu, imagine se meu pai não tivesse se casado com ela, eu nem quero imaginar o que teria acontecido.Agora que o meu pai estava liberto dessa bandida, nós precisávamos cuidar da Manu,
“Camilo”A mulher que me interpelava tinha mais de quarenta anos, os modos muito simples e com os olhos banhados em lágrimas. Ela torcia nas mãos um pequeno lenço e ao seu lado um jovem rapaz a amparava.- Desculpe a minha mãe, mas é que desde que o policial foi lá em casa ela está inquieta e nervosa. – O jovem falou.Eu me aproximei dela e segurei as suas mãos com gentileza. Havia tanta dor naqueles olhos, parecia que eles já choravam há muito tempo, as marcas ao seu redor diziam isso. Minha avó dizia que o coração de uma mãe que perde o seu filho nunca poderia ser consolado.- Eu lamento tanto! – Foi o que eu consegui dizer, antes de me emocionar também. Eu sabia que aquele bebê poderia ser a filha dela ou a minha irmã, havia uma dor nos unindo naquele momento. – Podemos conversar um pouco, vocês têm tempo? – Ela apenas fez que sim com a cabeça.Saímos do cemitério e nos sentamos em uma lanchonete que tinha ali perto. Meu pai e ela se entenderam na dor que compartilhavam, nas tragéd
“Rita”Eu estava tendo dias muito ruins e eu ainda não tinha conseguido pensar em como conseguir tirar um dinheiro do Orlando. A empregada entrou apressada na sala, resfolegando e gesticulando, como uma doida.- Ô, dona Rita, tem três homens aí na porta. Três, dona Rita! Um quer falar com o menino Juliano, diz que é oficial de justiça e os outros dois, cá pra nbós muito mal encarados, querem falar com a senhora, dizem que foi o Sr. Cândido que mandou. – Essa mulher falava alto demais.- Oficial de justiça me procurando porque, Cida? – Juliano vinha entrando na sala e ouviu.- Não sei, ele disse que só fala com o senhor. – A empregada respondeu.- Ah, manda todo mundo entrar de uma vez. – Respondi irritada com aquele falatório.A empregada voltou até a porta e disse para os três homens entrarem e logo eles estavam diante de mim na sala.- O que o senhor quer, oficial? – Eu não conhecia esse oficial, mas eu sabia que era ele até pelas roupas que usava e ausência de um chapéu.- Sr. Juli
“Manuela”Era tão engraçado, minha vida estava prestes a mudar completamente, mas ao mesmo tempo tudo ficaria igual. Eu estava horrorizada com tudo o que fiquei sabendo nos últimos dias. Estava chocada com o que li naquele diário. E havia ainda a possibilidade de eu não ser filha da Rita, o que não era ruim, explicava muita coisa, mas me deixava angustiada.O Flávio estava cheio de atenções comigo, as garotas me ligavam todos os dias para saber como eu estava, a Lisa e o Rick ficavam de olho em mim o tempo todo no escritório e até o Paulo Henrique, meu amigo da faculdade, estava preocupado comigo.No meio de tudo isso ainda teve o divórcio dos meus pais, ou daqueles que eu achava que eram meus pais. Meu pai disse que a Rita está uma fera por causa do dinheiro. Mas é sempre o dinheiro. Pra começar, que se não fosse pelo dinheiro ela nunca teria se aproximado do meu pai e a primeira esposa dele ainda estaria viva. Se não fosse pelo dinheiro, ela não estaria tão louca assim para me levar
“Flávio”Ainda não estava na hora de buscar a baixinha, mas me deu uma vontade de ir buscá-la mais cedo. Eu sentia falta dela e com tudo o que vinha acontecendo eu estava inseguro com ela indo para a faculdade, um lugar onde eu não podia fazer muito além de deixar uma viatura na porta.- O que foi, maninho? – Lisa estava parada na minha frente com as mãos na cintura.- Nada, por quê? – Perguntei, levantando a cabeça. Eu estava sentado na sala com o rosto enterrado nas mãos.- Porque você parece tenso e está bufando. – Lisa me olhou e se sentou.- É tudo isso com a Manu, Lisa, e ela indo para a faculdade à noite. Eu não vou mentir, estou muito preocupado. – Acabei desabafando com a minha irmã.- Todos nós estamos, mas a Manu está bem lá. Ela tem o PH e tem a viatura que você deixou. Mas você, pelo visto, está mais inquieto hoje do que de costume. – Lisa me avaliou rapidamente, com a clareza de quem me conhecia muito bem.- É, eu estou me sentindo inquieto mesmo. – Refleti. – Quer saber
“Flávio”Respirei fundo e tentei colocar minhas idéias em ordem mais uma vez. Olhei ao redor da sala.- PH, você conhece a garota que falou com aquele homem? – Foi a primeira coisa que eu quis saber.- Sim, ela é novata, está um semestre atrás da Manu, veio transferida de outra faculdade, o nome dela é Karen, sala 313. – PH informou.- Coordenador, eu quero falar com essa garota agora e também quero falar com o seu segurança da entrada, porque eu tive que me identificar quando cheguei, mas para o homem que levou a minha namorada ele fez vista grossa. – Eu não estava para brincadeira e o coordenador percebeu.- Sua namorada, delegado? – Ele engoliu em seco.- Pois é, minha namorada. E se alguma coisa acontecer com ela, você e essa faculdade estarão com sérios problemas e eu nem preciso te dizer que corre o risco do seu segurança sair daqui preso hoje, não é mesmo. Então é bom que aquele merda daquele segurança fale tudo o que eu quiser saber. – O coordenador mandou chamar o segurança e
“Flávio”Saímos da faculdade e os policiais estavam me esperando encostados na viatura. Eu mal registrei a Lisa e o Paulo Henrique atrás de mim. Me aproximei dos policiais, eu estava a ponto de explodir de raiva.- Como é, qual dos dois tem certeza que a Manuela não saiu do prédio? – Parei em frente a eles irritado.- Delegado, nós não vimos a senhorita sair. – O policial que havia falado comigo no telefone insistiu.- Que porra vocês estavam fazendo que não abordaram aquele homem? – Perguntei sentindo vontade de quebrar a cara daqueles dois.- Delegado, nós não achamos necessário. – O policial continuou insistindo.- Não achou necessário? Vocês estão aqui para protegê-la, ela estava sob ameaça de sequestro e vocês vêem um sujeito estranho, mas não abordam? – Reclamei e vi o outro policial passar a mão nos cabelos nervosamente.- Você. – Apontei para o outro. – É bom me falar o que aconteceu aqui ou eu vou mandar os dois para a corregedoria e pedir a exoneração dos dois por prevaricaç
“Manuela”Eu não tinha idéia de quanto tempo já havia se passado desde que eu fui colocada nesse veículo, só sabia que já não conseguia mais chorar e que o meu corpo estava todo dormente.- Mas o que é isso? – Escutei o homem que dirigia perguntar e tentei me levantar.- Quietinha aí, bonitinha! – O que estava sentado no banco de carona me apontou uma arma e eu fiquei quieta.- Não vou parar aqui não, eu conheço aquele ali. – O motorista falou novamente. – Vou ligar para o patrão. – Ele pegou o celular e ligou. – Patrão, tudo certo, já estamos na cidade, mas não vai dar para deixar a moça na casa da dona não. O irmão dela está lá do lado de fora. – Ele ouviu por um momento. – Não, o outro. Isso. – Ele ouviu novamente. – Está bem, patrão.Ele desligou o telefone e olhou para o outro, mas não disse nada. Eu estava aflita. Se ele disse que estava na cidade, só pode ser na minha cidade. Mas de qual irmão ele falou? Eu precisava fugir, mas de que jeito? Será que o Flávio já tinha sentido a