“Manuela”Eu estava perdida, em um mar de dúvidas e sentimentos confusos, mas de uma coisa eu não tinha nenhuma dúvida, o amor que eu tinha por esses dois homens sentados ao meu lado era genuíno e pra mim valia mais do que a marca do sangue, o que quer que acontecesse, no meu coração eles seriam sempre meu pai e meu irmão.- Eu não posso não ser sua filha! – Me agarrei àquele abraço, como se eu estivesse me afogando e ali fosse uma tábua de salvação.Me abandonei em seus braços num choro copioso e senti o Camilo se juntar ao nosso abraço refletindo a mesma emoção que nós dois. Não havia espaço para palavras naquele abraço. Deixamos as lágrimas caírem, sem reservas, aquelas lágrimas que diziam tanto, que me diziam que eles sentiam o mesmo medo que eu, medo que o nosso vínculo fosse destruído, quebrado e esquecido, simplesmente por não compartilharmos uma marca biológica, simplesmente por um DNA na estrutura celular dos nossos corpos.Mas o amor que eu sinto por eles está gravado na min
“Rita”Eu mal cheguei à igreja hoje e a Magda já veio correndo fazer fofoca. Aquela ali sabe de tudo o que acontece nessa cidade, ela deveria publicar um jornal! Mas ela me disse que o Camilo e o Orlando saíram da cidade ontem à tarde, eles só podem ter ido visitar aquela ratinha. Aposto que ela ligou reclamando com o papai que eu estive lá. Mas não estou nem aí, enquanto eu for a mãe, eu faço com aquela garota mimada o que eu quiser. E eu fui até lá só de raiva pelo que aquela estúpida da Olívia fez comigo, eu queria descontar em alguém e o meu saco de pancadas estava lá, então fui atrás dele.Só que, pensando bem, eu preciso agilizar as coisas. Preciso resolver logo esse assunto da herança e entregar a ratinha para o Cândido. Aliás, quem diria que ele se interessaria por ela. Se bem que dá até para entender, depois que ela resolveu ficar bonita, ela ficou a cara da morta, e o Cândido era louco pela morta, sofreu como um condenado quando ela morreu.O problema é que eu nunca pensei q
“Manuela”Eu não dormi nadinha essa noite. Minha cabeça ficou dando voltas e voltas nessa história da minha família. Minha família... eu nem tenho o mesmo sangue que eles, mas eles são a minha família, eu os amo sinceramente. Eu estava sentada na cozinha tomando uma xícara de café. Ainda era muito cedo e todos estavam dormindo quando eu me levantei. Aproveitei para preparar uma mesa de café bem bonita, queria agradar ao meu pai e ao Camilo. Se eu estava sofrendo com tudo isso, imagina os dois, o Camilo perdeu a mãe por causa daquela mulher!- Estou ouvindo daqui, baixinha. – Flávio interrompeu meus pensamentos. Olhei para ele sem entender e ele explicou. – As engrenagens rodando no seu cérebro, eu estou ouvindo daqui.Ele estava parado na porta da cozinha, tão lindo, usando uma calça preta e uma camisa de malha branca que evidenciava cada músculo do seu corpo embora não fosse do tipo de camiseta que ficasse grudada ao corpo.- É muita coisa, Flávio, e é tudo tão absurdo. – Ele se apro
“Breno”Eu estava de folga, pensando em ligar para o Flávio e saber se tinha novidades sobre o tal depósito do qual encontramos a chave, pois ele havia me dito que a cunhada sabia onde era o lugar e que iria até lá. Mas ainda era cedo para um final de semana, eu teria que controlar minha ansiedade. Foi então que o meu celular tocou, era o meu amigo, o que eu havia pedido para ficar de olho na tal da Gisele e investigar o que ela andava fazendo, já que ele era policial na cidade em que ela estava morando.- Fala, parceiro. – Atendi ao telefone animado. Será que ele tinha alguma novidade pra mim?- Meu amigo, Breno. Será que seu amigo delegado arruma uma vaga pra mim também na delegacia dele? – Meu amigo riu.- Depende. O que você tem pra mim? – Me animei, pois tinha certeza de que meu amigo tinha conseguido algo.- A mulher que você pediu para investigar acabou de ser presa. – Ele riu. – Acabamos de desmantelar a clínica de aborto ilegal dela.- Não brinca! – Isso me surpreendeu.- Poi
“Manuela”Entre conversar com o Camilo, que me contou mais sobre sua mãe, e o Flávio me explicar sobre cada objeto encontrado no depósito da tal de Rose, a empregada que morreu ou foi morta, a manhã passou muito rápido. Antes de começar a ler o tal diário, acabei resolvendo preparar o almoço e fazer o picadinho de carne com purê de batatas que era a comida preferida do meu pai. A Olívia foi me ajudar e cuidou da sobremesa. Estávamos mimando o meu pai.- Filha, sua avó te ensinou muito bem, você cozinha tão bem quanto ela. – Meu pai sorriu pra mim depois do almoço. – E você, minha nora, faz o melhor pudim de leite do mundo.Olívia ficou se gabando e nós estávamos rindo. Era um momento de tranquilidade em meio ao caos que nos arrebatou. O celular do Flávio tocou e ele saiu da mesa para atender, levando consigo o copo com o suco que estava bebendo.O barulho do copo quebrando na sala foi suficiente para que eu voltasse a minha atenção para o Flávio de pé no meio da sala e o copo estilhaç
Cheguei em casa depois de um dia puxado e meus pais estavam me esperando na sala. - Catarina, senta aí que precisamos conversar. – Meu pai falou e parecia bem nervoso. - Pode falar, pai, o que aconteceu? – Perguntei ao meu pai cansada, eu tinha trabalhado o dia todo, ido pra faculdade à noite e, ao chegar em casa, a única coisa que eu queria era tomar um banho e cair na cama. Mas não foi possível. - Catarina, chegou o convite de casamento da sua prima. – Minha mãe falou. - Aquela mulherzinha não é minha prima! – Falei já ficando nervosa. - Catarina, ela é a sua prima. – Minha mãe falou. – É melhor você parar com esse ataque de infantilidade. A Melissa já bateu nela e fez um escândalo aqui em casa. Agora chega! Ela é filha da minha irmã, portanto é sua prima. - Me desculpa, mãe, mas ela não é nada pra mim. – Tentei manter a calma. – Ela ficou com o meu namorado na minha cama, isso não é coisa que se faça. Eu namorava o Cláudio há quatro anos, ele foi meu primeiro namorado, e o en
Não teve jeito, minha amiga me arrastou para o baile. Logo que entramos a Mel nos arrastou para o bar e falou no meu ouvido: - A festa é open bar, então hoje você vai beber para afogar de vez a tristeza! –A Mel me entregou dois shots de tequila e com mais dois em suas mãos me falou: - Vamos virar! – viramos a tequila e o Fernando já entregava uma taça de cosmopolitan para cada uma. Melissa me arrastou para a pista de dança e até que eu estava me divertindo. Começou uma música lenta e o Nando e a Mel começaram a dançar agarradinhos, aproveitei a deixa e me encaminhei para o buffet, mas não consegui chegar, senti uma mão puxando a minha e quando olhei para trás havia um homem com uma máscara preta sorrindo pra mim, e que sorriso! Ele beijou minha mão e me puxou para perto dizendo no meu ouvido com uma voz rouca: - A mulher mais linda do salão não vai me negar uma dança, vai? - E por que não? Vamos dançar. – Sorri pra ele. Era impossível resistir aquela voz rouca sedutora e aque
Na segunda, na hora do almoço, encontrei a Mel e ela me entregou uma sacolinha de uma loja chique. Olhei pra ela sem entender.- Minha mãe mandou eu te entregar. Ela disse que ele é perfeito para você e não combina com ela. – A Mel falou com um grande sorriso.Abri a sacolinha e lá dentro estava o perfume que eu usei para ir ao baile. Eu abri um grande sorriso. Eu amei aquele perfume e ele era parte da melhor noite da minha vida. Só esperava que a minha melhor noite não tivesse me deixado uma doença sexualmente transmissível de lembrança. Com esse pensamento agradeci a Mel e mais tarde ligaria para a mãe dela, então falei pra Mel que queria ligar para o laboratório e marcar os exames.Liguei para o laboratório e fui informada que precisaria apresentar um pedido médico para fazer os exames pelo plano de saúde. Graças a Deus a empresa pagava plano de saúde para os funcionários, porque se não, não sei o que faria, meu salário não era alto e o pouco que sobrava depois de cobrir as despesa