“Breno”Eu estava de folga, pensando em ligar para o Flávio e saber se tinha novidades sobre o tal depósito do qual encontramos a chave, pois ele havia me dito que a cunhada sabia onde era o lugar e que iria até lá. Mas ainda era cedo para um final de semana, eu teria que controlar minha ansiedade. Foi então que o meu celular tocou, era o meu amigo, o que eu havia pedido para ficar de olho na tal da Gisele e investigar o que ela andava fazendo, já que ele era policial na cidade em que ela estava morando.- Fala, parceiro. – Atendi ao telefone animado. Será que ele tinha alguma novidade pra mim?- Meu amigo, Breno. Será que seu amigo delegado arruma uma vaga pra mim também na delegacia dele? – Meu amigo riu.- Depende. O que você tem pra mim? – Me animei, pois tinha certeza de que meu amigo tinha conseguido algo.- A mulher que você pediu para investigar acabou de ser presa. – Ele riu. – Acabamos de desmantelar a clínica de aborto ilegal dela.- Não brinca! – Isso me surpreendeu.- Poi
“Manuela”Entre conversar com o Camilo, que me contou mais sobre sua mãe, e o Flávio me explicar sobre cada objeto encontrado no depósito da tal de Rose, a empregada que morreu ou foi morta, a manhã passou muito rápido. Antes de começar a ler o tal diário, acabei resolvendo preparar o almoço e fazer o picadinho de carne com purê de batatas que era a comida preferida do meu pai. A Olívia foi me ajudar e cuidou da sobremesa. Estávamos mimando o meu pai.- Filha, sua avó te ensinou muito bem, você cozinha tão bem quanto ela. – Meu pai sorriu pra mim depois do almoço. – E você, minha nora, faz o melhor pudim de leite do mundo.Olívia ficou se gabando e nós estávamos rindo. Era um momento de tranquilidade em meio ao caos que nos arrebatou. O celular do Flávio tocou e ele saiu da mesa para atender, levando consigo o copo com o suco que estava bebendo.O barulho do copo quebrando na sala foi suficiente para que eu voltasse a minha atenção para o Flávio de pé no meio da sala e o copo estilhaç
“Flávio”Estávamos no olho do furacão com a situação da Manu, mas eu não pensei que esse furacão fosse me atingir ainda mais. Eu achei que a Sabrina era página virada na minha vida. Quando o Breno me falou o nome dela eu até achei esquisito, pois ele nunca soube da existência dela, mas quando ele me disse o motivo eu senti como se tivesse sido atingido por um trem e sido arremessado para outro lugar. Não senti o copo cair da minha mão, não percebi a Manu se aproximar, minha cabeça girava e meus olhos embaçaram.Meio que de forma automática pedi que ele me enviasse uma cópia dos documentos, eu precisava tirar essa história a limpo. Senti o toque leve da mão da Manu em meu braço, a olhei, mas era tudo um borrão à minha frente. Lentamente me dei conta que o copo que o copo que eu segurava já não estava em minha e o vi no chão, espatifado, fiz menção de me abaixar para juntar os cacos, mas a Manu me segurou. Ela queria saber se eu estava bem, mas eu não sabia o que responder, pedi um minu
“Manuela”O Flávio entrou na sala e parecia que voltava de uma batalha. Seus olhos estavam cansados e ele parecia abatido. Eu estava preocupada com ele, seja o que for que ele tenha ouvido naquela ligação, com certeza não era bom. Corri até ele e o abracei, eu tinha urgência em saber se ele estava bem.- Mais ou menos, baixinha. Vamos nos sentar, eu preciso falar uma coisa para vocês. – Flávio me levou até o sofá e se pôs a falar com voz solene. – Meu amigo que está me ajudando a investigar essa história toda me ligou. Eles prenderam a Gisele, ao que tudo indica, foi ela quem fez o parto da sua primeira esposa Sr. Orlando.- Isso é uma boa notícia não é? – Camilo perguntou incerto.- É sim. – Flávio deu um sorriso fraco.- Mas como vamos ter certeza de que foi essa mulher quem a empregada chamou aquele dia? – Meu pai parecia incerto.- Meu amigo está na delegacia onde ela está detida, ele vai conversar com ela. – Flávio explicou.- E qual é o problema, Flávio? – Meu pai quis saber, po
“Gisele”Como foi que eu vim parar aqui, dentro dessa cela minúscula e fétida? Não é possível que uma das minhas clientes tenha me denunciado. E onde estava aquele policial idiota que eu pagava para me dar informações sobre as investigações? Ele me levava um bom dinheiro todo mês. Mas ele não estava no meio dos que me prenderam. Alguma coisa tinha dado errado, mas o que era? De qualquer forma, eu tinha que pensar em um jeito de sair daqui rápido.- De cara na parede e mãos para trás. – Um policial falou ao se aproximar da cela.Fiz o que ele mandou sem questionar, eu ainda não tinha dito uma palavra e continuaria sem dizer e era melhor não criar caso. Ele me algemou e me levou para uma sala, onde já estavam dois homens sentados esperando, um era o delegado que me prendeu, com um sorrisão no rosto, como se tivesse ganhado na loteria, o outro não estava entre os que me prenderam, quem seria ele?- Dona Gisele! Que prazer em tela na minha humilde delegacia. Espero que esteja gostando da
“Breno”Fiquei observando a Gisele enquanto ela falava ao telefone, sem dúvida nenhuma ela era uma bandida cheia de truques. Não nego, a curiosidade me corroia. Para quem ela teria ligado? A minha aposta é que ela estivesse avisando a tal de Rita sobre o interesse repentino de um policial nos fatos de tempos atrás, mas eu não poderia ter certeza disso, pois o telefone que ela usou era um aparelho antigo, do tipo que não havia nem a possibilidade de rediscagem. Me surpreendeu que aquilo ainda funcionasse.Tão logo ela saiu da sala, expressei minha curiosidade ao delegado.- Eu estou aqui me perguntando para quem essa mulher ligou. – Falei ainda olhando para a porta.- Meu amigo, essa mulherzinha é um tipinho bem ordinário, se acha muito esperta, mas se esqueceu que está em uma delegacia. Eu também quero saber se ela ligou para algum cúmplice. – O delegado sorriu e caminhou até a mesa.O delegado abriu a primeira gaveta da mesa e me chamou. Havia ali um identificador de chamadas que ele
“Manuela”Já era domingo à tarde e eu ainda não havia voltado a tocar no diário. No dia anterior, minha família saiu e voltou já bem tarde para casa, dando ao Flávio e a mim um tempo a sós. O Flávio acabou me convencendo a deixar tudo de lado um pouco e aproveitar a visita da minha família, que já iria voltar para a nossa cidade no fim do dia, de modo que ele juntou todas aquelas coisas e guardou dizendo que teríamos um domingo tranquilo. Mas não foi muito.Melissa havia ligado no dia anterior e depois de uma longa conversa e de eu garantir que estava bem, apesar do choque, ela disse que passaria para me ver no domingo, pois também queria ver a Olívia. Rick e Lisa vieram almoçar conosco e ela encantou o meu pai com todo aquele jeito alegre dela de ser. No meio da tarde a Melissa e o Nando se juntaram a nós e pouco depois deles chegarem a campainha voltou a soar e o Flávio foi atender a porta.- Pessoal, esse aqui é o Breno, o policial que está nos ajudando. – Flávio anunciou ao entrar
“Diário da Rose – Novembro/2005”A Rita tinha razão, acabar com a primeira esposa e a filha do Orlando deixou os pais dele arrasados. Os velhos adoravam a nora, a tratavam como filha, e agora estão aí pelos cantos chorando a morte da mulher e do bebê, estão de luto. Foi a melhor vingança contra aquele velho, ele tirou o meu trabalho e eu tirei a nora e a neta dele. Isso foi muito bom. Me divirto vendo os dois chorando por aí. E bem feito para aquele pirralho chato do Camilo, agora que a Rita foi morar com eles, acabou a vidinha de príncipe daquele garoto chato. A mãe mimava muito aquele menino, agora, se bobear, a Rita vai colocá-lo pra esfregar o chão.Mas, mesmo que eu esteja muito feliz com o resultado disso, eu estou com medo de que descubram uma hora ou outra que eu ajudei a acabar com aquela mulher. Eu é que não vou para a cadeia. A Rita deu um bom dinheiro para aquela mulher que disse que era parteira sumir no mundo, ela pode me dar um bom dinheiro também, aí eu desapareço. Só