CARMINE— Eu não quero ir, Raoul. É uma festa de fraternidade, não deve ter ninguém da nossa idade — reclamo quando ele menciona que é hoje a tal festa.Estamos quase chegando na minha casa depois da aula.A sexta-feira chegou, e eu só queria descansar em casa, porque sábado não terá aulas e pretendo terminar com Kaio neste dia.— E?— E você vai curtir com aquelas garotas mais velhas enquanto aguento aqueles babacas dando em cima de mim.— Não existe ninguém mais babaca que seu atual namorado. E não vou deixar ninguém chegar perto de você — diz resoluto.— Então eu vou chamar ele.Meu amigo faz uma careta de desgosto.— Vermelha, não. Odeio esse cara. Tantos nesse cidade e escolheu justamente esse.— Por que o odeia?— Porque você não gosta dele. Não é como aquele frouxo do Diego e você sabe. Além disso, ele não te trata como você merece.Suspiro, chateada por ser tão transparente. Se ele descobrir como me sinto pode ver tudo diferente, e eu não posso perder uma das melhores coisas q
Todos nos olham por onde passo com Raoul, que ainda mantem meu braço no seu.Apesar de ter dito que levaria Kaio, antes de prometer não levar, eu nem falei para ele que estava indo. Não mudei de ideia quanto a terminar amanhã. Esse namoro não faz sentido.— Cuidado com o que bebe. — Raoul avisa quando meu olhar passa por uma mesa cheia de garrafas e copos.Apenas assinto.Ele está todo cuidadoso, parece meu guarda-costas... Pelo menos até a ruiva aparecer e chamar ele em um canto.A tal “ainda não namorada” está com o cabelo solto e escovado, e veste um vestido branco tubinho que mal chega abaixo da bunda.Ele me olha como se pedisse permissão.— Eu vou ficar bem aqui, bebendo minha cerveja e ouvindo essa música sem sentido. — Sento no sofá. Não posso simplesmente impedir que ele vá... apesar de querer.— Eu já volto. Não vou ser babaca e te deixar sozinha. Prometo.Penso em dizer que ele já está fazendo isso, mas ele já foi.Não demora um minuto e um brutamonte com um casaco da frate
NARRADOREste capítulo está em terceira pessoa, porque os personagens não estão em condições de contar.— Cadê o Raoul? — Leslie pergunta ao colega de curso.— Dei uma coisinha pra ele relaxar.— Apagou ele?— Pelo contrário. Está bem acesso e não vai se lembrar de nada amanhã. Meu presente pra você.Leslie sorri. Seus planos só incluía ficar com ele, mas ideias surgem diante de possibilidade de gerar um Seven e entrar para a família mais importante do Rio de Janeiro. Raoul sempre se previne, o que a impede de seguir com seus planos, só que hoje... Leslie está certa que será hoje.— Joca, você é o melhor. Vai lá no seu quarto. Tem uma negra gostosa lá que não faz ideia nem de onde está.— Drogou a garota do Raoul? — ele ri debochado.— Claro. Viu como o Raoul fica com ela por perto? Aquela empata foda.— Eu vi. O nariz do Junior vai precisar de cirurgia. Mandamos o idiota do Michael levar ele pro hospital e inventar qualquer merda.— Quem manda ser otário?!Michael é o único na frater
O amor é uma flor vermelha Se abrindo para aquele que sempre lhe deu tudo de si.HENRYAcabo de sair do café da manhã com Cinderela. Ela está reclamando dos pés inchados, quando não chegou nem na quinta semana de gestação.Meu pai está fora com Felipe, faz cinco dias desde que recebemos a visita de Drizella e ela nos deu uma possível localização para encontrar Florian. Eles foram conferir e buscar nosso irmão e a suposta mulher grávida dele.— O que está fazendo? — Cinderela pergunta quando a pego no colo.— Levando minha mulher para o quarto.— Eu tenho que ir para o hospital ver as crianças. Não pode me impedir.— Vou pensar no seu caso, de qualquer forma é só a tarde.— E você, não trabalha não?— Pra que? Já sou rico.Ela revira os olhos.Estou quase na escada quando vejo Felipe e meu pai entrando.— E Florian? — pergunto.— A garota informou que eles saíram da casa ontem à noite. E...Ele é interrompido pelos sons menos esperados de se ouvir dentro do castelo dos Seven.— Me sol
RAOULEstou sentado em um parquinho, desses públicos onde tem aparelhos para adultos se balançarem como idiotas e chamarem de exercícios físicos. Um segurança me segue de perto. O vejo no carro do outro lado da rua, ele e o motorista estão prontos para qualquer coisa, é a rotina deles.Saí da escola sem permissão, e não é a primeira vez. Odeio estudar aos sábados.Os seguranças não interferem nessas coisas, apenas relata para o meu pai, que vai falar sozinho por alguns minutos sobre futuro e a necessidade de estudar.Talvez eu fique de castigo, o que não é uma má ideia. Gosto de ficar sozinho no meu quarto, sem fazer nada, apenas deitado encarando as pequenas imperfeições do teto.É mais divertido que ser obrigado a aturar as crianças da minha idade. Elas parecem que não foram fabricadas com o mesmo material que eu, são todas tolas e pegajosas. Não as suporto.Desde o primeiro incidente que sou vigiado com muito rigor. Parece que não posso matar alguém por me contrariar. E matar o pro
Reviro os olhos diante da brincadeira sem sentido.— Já que não quer... — ela se abaixa para levantar a bicicleta que ficou no chão e coloca o doce na cestinha da mesma. Durante o ato, ela pragueja várias vezes, muitos palavrões que meu pai proíbe em casa. Não se parece com as meninas ou meninos do meu colégio, sempre certinhos.— Você tem sorte, menina — digo, decidido a tê-la como minha primeira e única amiga.— A porra do meu joelho dói, não acho que seja sorte.Parece que ela não sabe falar sem incluir um palavrão.— Tem sorte porque chamou a minha atenção. Seremos amigos a partir de agora.Ela me olha por alguns segundos e simplesmente diz:— Eu não quero. Obrigada.O que? Até parece que essa menina vai me dizer não assim. Atrevida.— Por que não quer ser a primeira ami...— Primeira? — me interrompe, levantando a cabeça para olhar novamente meu rosto com interesse.Dou de ombros.— Possivelmente única. Não gosto de pessoas.— Mas eu sou uma pessoa. — Ela volta a colocar o capuz
Sete anos depois.RAOUL— Você vai mesmo me levar? — Carmine vira parte do corpo para me olhar na carteira atrás da que ocupa.Ela me encara piscando seus longos cílios que parecem maiores cada ano que passa. Seus olhos brilham como o mel nas minhas panquecas de manhã.Os olhos de Carmine nunca deixam de me hipnotizar desde que nos conhecemos e eu fiz da vida do meu pai um inferno até ele convencer os pais dela a aceitar que ela fosse bolsista no meu colégio. Como o colégio é muito longe da sua casa, meu motorista nos leva juntos há sete anos. Ela é como uma parte essencial do meu corpo. Depois daquele dia na praça, ficar longe dela me parece absurdo.Desvio o olhar para minhas anotações.— Eu nunca furei com você. Nem nas piores furadas que me obriga — respondo sem olhar para ela enquanto anoto algumas observações da aula de cálculo avançado.Ela nunca presta atenção na aula porque praticamente tem o idiota aqui como professor particular.— Vou comprar os ingresso da pré-venda, Teen
CARMINEAquele menino da praça, de olhar sombrio marcados por olhos cinzas, que hoje sei que são como os do pai, quem diria que seria meu melhor amigo?Ele diria.Depois de um tempo convivendo com Raoul, aprendi muito sobre o seu mundo. Ele não se envolve, as pessoas ao seu redor são sempre usadas por ele, seja por prazer ou por qualquer outro benefício. E não é sem querer, ele sabe tudo que faz e o que causa nas pessoas, só não liga. É como se não tivesse a capacidade de se importar com os sentimentos alheios ou consequências. Quando ele quer uma coisa, não tem nada que fique em seu caminho.Foi exatamente assim naquele dia em que nos conhecemos. Eu lembro que não ofereci muita resistência, mas posso dizer que ele não desistiria enquanto eu não dissesse sim ao seu estranho pedido de amizade.Nos dias seguintes eu ouvi várias conversas dos meus pais. Meu padrasto não confiava muito no homem cheio da grana que bateu em nossa porta me oferecendo uma bolsa de estudos. Ele só o convenceu