CARMINEEu e minha língua. Não tinha necessidade nenhuma de dizer que não gosto do Kaio. O que Raoul vai pensar?Foda-se. De qualquer forma eu vou terminar com aquele babaca mesmo. Já vi muito relacionamento abusivo em romances para saber como um começa. Alisar meu cabelo... só pode ser louco mesmo.Assim que as aulas terminam, Raoul para na minha frente.— Hoje é o nosso dia. Seu namorado sabe que você é toda minha hoje? — me relembra.Treze de junho. Esse dia foi marcado como nosso aniversário, pois é o dia em que nos conhecemos sete anos atrás. Ontem foi dia dos namorados. E eu inventei que estava com cólica para não ter que sair com Kaio.Fico me perguntando se meu amigo passou a data com aquela garota ruiva.Ciúmes escorre das minhas palavras quando digo:— Sabe. E a sua namorada?— Ela ainda não é minha namorada.— Sei. Tem planos para hoje?Raoul sempre inventa coisas bem diferentes nessa data. Ainda não me recuperei do ano passado, em que ele fechou um parque de diversões todo
CARMINE— Eu não quero ir, Raoul. É uma festa de fraternidade, não deve ter ninguém da nossa idade — reclamo quando ele menciona que é hoje a tal festa.Estamos quase chegando na minha casa depois da aula.A sexta-feira chegou, e eu só queria descansar em casa, porque sábado não terá aulas e pretendo terminar com Kaio neste dia.— E?— E você vai curtir com aquelas garotas mais velhas enquanto aguento aqueles babacas dando em cima de mim.— Não existe ninguém mais babaca que seu atual namorado. E não vou deixar ninguém chegar perto de você — diz resoluto.— Então eu vou chamar ele.Meu amigo faz uma careta de desgosto.— Vermelha, não. Odeio esse cara. Tantos nesse cidade e escolheu justamente esse.— Por que o odeia?— Porque você não gosta dele. Não é como aquele frouxo do Diego e você sabe. Além disso, ele não te trata como você merece.Suspiro, chateada por ser tão transparente. Se ele descobrir como me sinto pode ver tudo diferente, e eu não posso perder uma das melhores coisas q
Todos nos olham por onde passo com Raoul, que ainda mantem meu braço no seu.Apesar de ter dito que levaria Kaio, antes de prometer não levar, eu nem falei para ele que estava indo. Não mudei de ideia quanto a terminar amanhã. Esse namoro não faz sentido.— Cuidado com o que bebe. — Raoul avisa quando meu olhar passa por uma mesa cheia de garrafas e copos.Apenas assinto.Ele está todo cuidadoso, parece meu guarda-costas... Pelo menos até a ruiva aparecer e chamar ele em um canto.A tal “ainda não namorada” está com o cabelo solto e escovado, e veste um vestido branco tubinho que mal chega abaixo da bunda.Ele me olha como se pedisse permissão.— Eu vou ficar bem aqui, bebendo minha cerveja e ouvindo essa música sem sentido. — Sento no sofá. Não posso simplesmente impedir que ele vá... apesar de querer.— Eu já volto. Não vou ser babaca e te deixar sozinha. Prometo.Penso em dizer que ele já está fazendo isso, mas ele já foi.Não demora um minuto e um brutamonte com um casaco da frate
NARRADOREste capítulo está em terceira pessoa, porque os personagens não estão em condições de contar.— Cadê o Raoul? — Leslie pergunta ao colega de curso.— Dei uma coisinha pra ele relaxar.— Apagou ele?— Pelo contrário. Está bem acesso e não vai se lembrar de nada amanhã. Meu presente pra você.Leslie sorri. Seus planos só incluía ficar com ele, mas ideias surgem diante de possibilidade de gerar um Seven e entrar para a família mais importante do Rio de Janeiro. Raoul sempre se previne, o que a impede de seguir com seus planos, só que hoje... Leslie está certa que será hoje.— Joca, você é o melhor. Vai lá no seu quarto. Tem uma negra gostosa lá que não faz ideia nem de onde está.— Drogou a garota do Raoul? — ele ri debochado.— Claro. Viu como o Raoul fica com ela por perto? Aquela empata foda.— Eu vi. O nariz do Junior vai precisar de cirurgia. Mandamos o idiota do Michael levar ele pro hospital e inventar qualquer merda.— Quem manda ser otário?!Michael é o único na frater
CARMINEAcordo no meu quarto. Parece que passou um caminhão sobre meu corpo. Minha cabeça dói também.Devo ter exagerado no álcool. Espero que minha mãe não tenha me visto chegar bêbada ou vou ficar de castigo até minha próxima vida.Sento na cama, empurrando o lençol. É quando vejo.— Que porra é essa?Estou usando o casaco do babaca que me cantou no início da festa.Corro para o banheiro para tirar esse casaco e tomar um banho. É quando vejo outro nome atrás da roupa exclusiva da fraternidade “Joca”.Então não é o babaca que apanhou do Raoul. Me lembro que o nome dele era outro... O que não muda nada na minha situação.Apoio na parede com os flashs que vem na minha mente. Mãos apertando meu corpo. Uma boca chupando minha pele, me mordendo, minha boca em um pau.— Não. Não. Foi sonho. Tem que ser. Eu não fiz isso.Tiro a camisa e encontro os vestígios de que foi real. Minhas pernas estão sujas de algo que sei exatamente o que é: sangue e sêmen. Além disso, meu corpo está cheio de chu
RAOULMeu fim de semana foi uma merda. Não me lembro de porra nenhuma da noite que me deixou cheio de marcas de unhas e mordidas. A única coisa que me lembro é de empurrar moveis contra uma porta. Isso não faz o menor sentido. Já estive naquela fraternidade e as portas têm chaves.Além disso, ainda tive que aguentar meu pai e meus irmãos zoando que Felipe me levou para o quarto no colo. Meu pai me fez prometer nunca mais beber.E estou pensando seriamente em cumprir. Não gostei nada desse apagão na minha memória.O desgraçado do Felipe me gravou bêbado, agarrado ao travesseiro e chamando por Carmine. Foi um prato cheio para piadinhas durante todo o fim de semana, e tenho certeza que ainda vai render. Afinal, a foto do grupo da família agora sou eu abraçado ao travesseiro. Virei figurinha, meme e tudo que se pode virar. Até Adam decidiu me zoar pelo grupo. Bando de idiotas!Na segunda-feira, encontro uma Carmine aérea. Ela dispensou o motorista para ir com os pais para o colégio.— Ain
CARMINEDe longe eu vi Kaio entrando no banheiro masculino. É a primeira vez que o vejo desde o incidente lá em casa. Só de lembrar de suas ameaças me sobe a ira e nem ligo para o que vai acontecer quando entro no banheiro masculino para o confrontar.Estranho.Aparentemente o local está vazio. Entro mais e noto barulhos vindo de uma cabine meio aberta.Penso em voltar. Pode ser que ele esteja transando com alguém, porém, congelo no lugar com a voz conhecida.— Morre, seu merda!Eu sei que não vou gostar do que vou ver, sinto isso no fundo das minhas entranhas.— Raoul?Ainda assim minha pernas tremulas me levam até diante da cena onde Raoul está cercado por sangue e afogando alguém na privada. E esse alguém é Kaio.Minhas pernas perdem as forças e tudo começa a ficar embaçado...E não vejo mais nada.Assim que acordo encontro Raoul sentado ao meu lado em uma das cadeiras desconfortáveis da enfermaria. Ele está digitando no celular e não percebe que acordei.Noto as coisas ao meu redo
RAOULSinceramente não sei o que vim fazer nessa porra de baile. Sem Carmine está tudo chato.Ainda não consigo entender o que aconteceu? Sei que ela não gostava tanto daquele imbecil. Ele é um maldito escroto que merece o que recebeu.Não insisti depois que ela disse que não viria ao baile. Não sou o tipo que insiste, mas começo a me arrepender.Ela perdeu quase uma semana de aula.De uma coisa eu sei. Se ela não for na segunda, eu vou buscá-la arrastada pelos cachos em sua casa.Outra coisa que não consigo entender é por que ainda não chamaram meu pai na escola. Porque eu sei que se tivesse chamado ele já estaria fazendo churrasco com o meu fígado.Estou quase desistindo desse baile chato e subindo para o meu quarto quando meu irmão apresenta a noiva. Ele parece confuso e se afasta com ela.— Aquela não é a Bela — meu pai comenta ao se aproximar de mim. Ele é o único aqui em casa que já viu a filha do Dubois. Disse que a viu uma vez e que ela não se parece em nada com a loira que sa