O amor é uma flor vermelha Se abrindo para aquele que sempre lhe deu tudo de si.HENRYAcabo de sair do café da manhã com Cinderela. Ela está reclamando dos pés inchados, quando não chegou nem na quinta semana de gestação.Meu pai está fora com Felipe, faz cinco dias desde que recebemos a visita de Drizella e ela nos deu uma possível localização para encontrar Florian. Eles foram conferir e buscar nosso irmão e a suposta mulher grávida dele.— O que está fazendo? — Cinderela pergunta quando a pego no colo.— Levando minha mulher para o quarto.— Eu tenho que ir para o hospital ver as crianças. Não pode me impedir.— Vou pensar no seu caso, de qualquer forma é só a tarde.— E você, não trabalha não?— Pra que? Já sou rico.Ela revira os olhos.Estou quase na escada quando vejo Felipe e meu pai entrando.— E Florian? — pergunto.— A garota informou que eles saíram da casa ontem à noite. E...Ele é interrompido pelos sons menos esperados de se ouvir dentro do castelo dos Seven.— Me sol
RAOULEstou sentado em um parquinho, desses públicos onde tem aparelhos para adultos se balançarem como idiotas e chamarem de exercícios físicos. Um segurança me segue de perto. O vejo no carro do outro lado da rua, ele e o motorista estão prontos para qualquer coisa, é a rotina deles.Saí da escola sem permissão, e não é a primeira vez. Odeio estudar aos sábados.Os seguranças não interferem nessas coisas, apenas relata para o meu pai, que vai falar sozinho por alguns minutos sobre futuro e a necessidade de estudar.Talvez eu fique de castigo, o que não é uma má ideia. Gosto de ficar sozinho no meu quarto, sem fazer nada, apenas deitado encarando as pequenas imperfeições do teto.É mais divertido que ser obrigado a aturar as crianças da minha idade. Elas parecem que não foram fabricadas com o mesmo material que eu, são todas tolas e pegajosas. Não as suporto.Desde o primeiro incidente que sou vigiado com muito rigor. Parece que não posso matar alguém por me contrariar. E matar o pro
Reviro os olhos diante da brincadeira sem sentido.— Já que não quer... — ela se abaixa para levantar a bicicleta que ficou no chão e coloca o doce na cestinha da mesma. Durante o ato, ela pragueja várias vezes, muitos palavrões que meu pai proíbe em casa. Não se parece com as meninas ou meninos do meu colégio, sempre certinhos.— Você tem sorte, menina — digo, decidido a tê-la como minha primeira e única amiga.— A porra do meu joelho dói, não acho que seja sorte.Parece que ela não sabe falar sem incluir um palavrão.— Tem sorte porque chamou a minha atenção. Seremos amigos a partir de agora.Ela me olha por alguns segundos e simplesmente diz:— Eu não quero. Obrigada.O que? Até parece que essa menina vai me dizer não assim. Atrevida.— Por que não quer ser a primeira ami...— Primeira? — me interrompe, levantando a cabeça para olhar novamente meu rosto com interesse.Dou de ombros.— Possivelmente única. Não gosto de pessoas.— Mas eu sou uma pessoa. — Ela volta a colocar o capuz
Sete anos depois.RAOUL— Você vai mesmo me levar? — Carmine vira parte do corpo para me olhar na carteira atrás da que ocupa.Ela me encara piscando seus longos cílios que parecem maiores cada ano que passa. Seus olhos brilham como o mel nas minhas panquecas de manhã.Os olhos de Carmine nunca deixam de me hipnotizar desde que nos conhecemos e eu fiz da vida do meu pai um inferno até ele convencer os pais dela a aceitar que ela fosse bolsista no meu colégio. Como o colégio é muito longe da sua casa, meu motorista nos leva juntos há sete anos. Ela é como uma parte essencial do meu corpo. Depois daquele dia na praça, ficar longe dela me parece absurdo.Desvio o olhar para minhas anotações.— Eu nunca furei com você. Nem nas piores furadas que me obriga — respondo sem olhar para ela enquanto anoto algumas observações da aula de cálculo avançado.Ela nunca presta atenção na aula porque praticamente tem o idiota aqui como professor particular.— Vou comprar os ingresso da pré-venda, Teen
CARMINEAquele menino da praça, de olhar sombrio marcados por olhos cinzas, que hoje sei que são como os do pai, quem diria que seria meu melhor amigo?Ele diria.Depois de um tempo convivendo com Raoul, aprendi muito sobre o seu mundo. Ele não se envolve, as pessoas ao seu redor são sempre usadas por ele, seja por prazer ou por qualquer outro benefício. E não é sem querer, ele sabe tudo que faz e o que causa nas pessoas, só não liga. É como se não tivesse a capacidade de se importar com os sentimentos alheios ou consequências. Quando ele quer uma coisa, não tem nada que fique em seu caminho.Foi exatamente assim naquele dia em que nos conhecemos. Eu lembro que não ofereci muita resistência, mas posso dizer que ele não desistiria enquanto eu não dissesse sim ao seu estranho pedido de amizade.Nos dias seguintes eu ouvi várias conversas dos meus pais. Meu padrasto não confiava muito no homem cheio da grana que bateu em nossa porta me oferecendo uma bolsa de estudos. Ele só o convenceu
RAOULOuço as batidas leves na porta. Uma batida. Duas seguidas e logo três seguidas. É o código. A porta se abre e Carmine entra, caminhando a passos rápidos até a cama, onde joga a mochila e se joga bufando.— Chega pra lá, idiota!— Seu jeito carinhoso é o que mais me encanta — digo me afastando para ela se deitar ao meu lado. — Isso não é cara de quem gozou.— Ainda sou a virgem imaculada. Ele terminou comigo. Disse que sou cega e que vai voltar pra Minas. Ah, e disse que me ama.— Nessa ordem?Ela encara o teto enquanto diz:— Sei lá. Nunca mais me deixa namorar nenhum babaca. Já decidi: serei a tia dos seus filhos. Nunca mais vou namorar.A imito, encarando o teto.— E quem disse que terei filhos? Pode parar de me incluir em seus planos furados.— Que péssimo amigo você é.— Termina comigo então.— Babaca! — bate de leve no meu braço. — Você devia me consolar.— Humm não. Já faço demais por você.— Faz porra nenhuma. — Senta na cama. — Eu é que faço demais te aturando.— Vem aqu
CARMINE— Está melhor do termino? — Raoul pergunta distraído enquanto andamos para fora do colégio.Como sempre, sob olhares dos outros alunos, principalmente do sexo feminino.Tenho quase certeza que essas garotas matariam alguém que namorasse o Raoul. Elas fazem de tudo para chamar a atenção dele. Algumas até mesmo sobem a saia do uniforme para mostrar mais.Nosso uniforme é de saia e sapatos na cor preta e blusa branca e o dos rapazes é de calça e sapatos na cor preta e terno preto com gravata, por cima da camisa branca. Às vezes me sinto em uma série de TV quando chego no colégio. O problema é que essas roupas não combinam com o clima da nossa cidade. Tenho até pena dos garotos.Voltando as garotas assanhadas... Eu não ligaria se fosse apenas isso, se elas apenas dessem mole para ele, mas elas me hostilizam por causa dele, têm raiva por sermos tão próximos e ele não se aproximar delas, mesmo tendo comido a maioria.As ignoro, como sempre.— Sim. Comi um monte de bolo de chocolate
Reviro os olhos enquanto entrego o suco deles e bebo um pouco do meu.— Namora esse daqui. Pelo menos eu sei que ter meu chocolate é garantido. — Vovó continua com sua falta de senso.— Que a senhora nem pode comer muito — rebato.Ela bufa.— A Carmine só namora babacas, vovó. Eu não me encaixo nessa categoria. — Raoul atiça. Quando esses dois estão juntos, não sei quem é mais chato.— Porque você é frouxo e não pegou ela de jeito.— Vovó! — quase cuspo o suco. Hoje ela está inspirada.Raoul ri e me encara com sua melhor cara de safado.— Devo te pegar de jeito, Chapeuzinho?Porra de apelido ridículo.Devolvo seu olhar na mesma medida e digo:— Por que não pega um pau grande e grosso e chupa?A risada dele vira gargalhada e minha avó do mal o acompanha.— Vocês serão um casal barulhento. Ainda mais quando vier os filhos.— Ignora isso, Raoul. Pelo amor de God. — Me viro para minha vó. — Se a senhora continuar me empurrando pra ele, meu amigo nunca mais vai querer te visitar, sua velha