Não sei se me sinto aliviada por estar em casa, mas algo ficou suspenso nas entrelinhas, algo que agora me perturba profundamente.O caminho de volta foi tenso. Assim que chegamos, me desvencilho dele e corro para o meu quarto, tentando recuperar o controle das minhas emoções. Mas não demora muito: a porta se abre de supetão, e eu ofego.Raed está ali, parado, sua expressão ardente me desarma por completo.— O que você está fazendo? — Minha voz sai trêmula.Ele avança, e eu fico estática diante daquela energia que parece me prender no lugar.— Cansei de ser o cordeiro — diz, com uma intensidade que desconheço. — Cansei de fazer tudo certo e, mesmo assim, ser visto como o lobo. Se é para ser o lobo, então serei. E não vou mais controlar o que sinto!Eu pisco, surpresa. Quem é esse homem?— Não lute contra isso, Isabella — sua voz é grave, quase rude, mas carregada de emoção. — Eu sei que você está lutando. Mas não adianta. Você não é um sacrifício.Minhas palavras morrem antes de alcan
Relutante, abro os olhos e vejo os dele fixos nos meus. A conexão é profunda, quase avassaladora. O ritmo aumenta, e a cada movimento sinto o desejo se acumulando, até que finalmente me rende ao clímax.Sinto o corpo de Raed estremecer contra o meu, e um urro rouco de satisfação escapa de sua garganta enquanto ele também alcança seu ápice. Ofegante, ele se deita sobre mim, nossos corpos unidos pelo calor e pelo suor.Por um instante, ficamos assim, nossas respirações pesadas preenchendo o silêncio do quarto. Aos poucos, ele ergue o corpo e se apoia nos braços, me observando com uma intensidade que me faz corar. Seu cabelo está bagunçado, o que só o torna ainda mais irresistível.— E agora? Ainda acha que isso foi um sacrifício? — ele pergunta, com um sorriso provocador.Estou sem palavras, confusa com a avalanche de emoções.— Eu... — gaguejo, incapaz de formular uma resposta coerente.Ele ri suavemente, inclinando-se para beijar o canto da minha boca.— Vamos, habibi. Hora do banho.
Assinto para ele e, depois de um novo beijo na boca, o vejo sair do quarto.Allah! Está tudo diferente entre nós. E acredito que isso se deve à intimidade que acabamos de compartilhar.Mas preciso lembrar: essa situação está longe de ser convencional. Ele está comigo por causa desse filho.O que me confunde é a intensidade com que tudo aconteceu. A paixão nos olhos dele, a admiração que parecia genuína... Foi tudo real? Ou uma ilusão?Não sei o que pensar.Allah! Preciso de tempo. Talvez apenas o tempo consiga me ajudar a decifrar esse homem.Mas tempo é o que não me falta.De repente, memórias de nossas conversas invadem minha mente, fazendo meu coração acelerar:"— Mas e seus sentimentos? Como é amar alguém? — Eu perguntei.— Allah! Você acha que eu acredito nisso? — Raed respondeu."Essas palavras ecoam como uma sombra no fundo da minha consciência. O que ele realmente pensa sobre mim?Um homem árabe é muito preconceituoso, penso, com um nó na garganta. Fui do irmão dele, e agora s
Meu coração dispara. Allah! Como sua provocação tem poder sobre mim.— Pare, Raed! Você sempre foi profissional comigo! E agora, isso? Você está me ouvindo?— Estou ouvindo, habibi, e todo mundo vai ouvir também, se falar alto desse jeito. Eu acho que já te disse isso, entre esses lençóis. Que sempre desejei você.—Você falou essas palavras no calor do momento. Não vale.— E por que nessa hora eu seria falso? Diga-me! Você já estava entregue, já era toda minha. —Ele diz suavemente.Seus olhos intensos e a ternura na voz dele me deixam desnorteada. Fico imóvel. Por um segundo me esqueço até de respirar.Raed me encara sério.— Isabella. Podemos ir com calma. Não temos pressa. Temos nove meses pela frente. Com o passar do tempo você irá me conhecer melhor e cada dia que passar terá mais confiança que nosso casamento dará certo. —Raed sorri, passa o dedo nos meus lábios. — Foi uma surpresa para mim o que aconteceu conosco. Eu...não esperava a sua entrega. Foi lindo. Um momento mágico. Nã
Quinze dias depois...Os dias que passamos juntos foram maravilhosos. Na maior parte do tempo ele é fofo, cortês, cuidadoso. Um verdadeiro gentleman. Bem, além disso, nem preciso dizer que o sexo entre nós é ótimo. Eu me sinto como se entrasse cada vez mais num labirinto, aprofundando meus sentimentos mesmo sabendo que não vou achar a saída.Ainda sinto suas reservas. Nas conversas que temos, falamos muito de mim, mas quase não falamos dele. Eu ainda não consigo entender qual é a dele. Até que ponto ele está se esforçando para fazer as coisas acontecerem pois muitas vezes eu o pego distraído, o rosto sombrio, como se ele sofresse por algo ou por alguém. Os sentimentos de Raed ainda são um mistério para mim.À tarde ele tem trabalhado. Nesses momentos gosto de observá-lo com seu notebook no colo e como seus dedos ágeis se movem pelo teclado. Quando ele está ao telefone falando na sua língua, resolvendo assuntos do trabalho, sempre caio na realidade de que estou ao lado de um homem ára
Fizemos uma caminhada em silêncio por mais ou menos dez minutos. Raed me mostra um banco de madeira à sombra. Abaixo de nós uma magnífica paisagem. Não me lembro de ter visto um lugar tão bonito. O verde dos olivais, o sol brilhando num céu azul. Mais ao fundo armando uma tempestade. O vento fresco já vindo dela. Suspiro diante de tanta beleza.Raed pega a minha mão e a leva para os lábios.—E então? Gostou?Eu o encaro.—Lindo...—Esse momento merece uma foto. —Ele se levanta e me faz ficar de frente a paisagem. —Agora me dá seu sorriso bonito.Eu sorri para ele e fiz uma pose como se fosse para uma capa de alguma revista.—Linda!Eu sorrio me sentido a mais bonita das mulheres.O caminho de volta foi feito num silêncio agradável. Notei que Raed não conseguia esconder sua alegria ao meu lado. Eu me sinto feliz, aliviada, pois não tenho me sentido como um peso para ele. Ao contrário, acho que ele gosta de mim e isso é incrível. Aquele homem tão sério, prático, inatingível me olha com
Um sentimento ruim me transpassa.Ciúmes.Sim, minha raiva por essa mulher é exatamente isso.Antes que eu abra o próximo e-mail, escuto um barulho vindo do lado de fora. Meu coração dispara, como se tivesse sido pega em flagrante. Fecho rapidamente o notebook e, levantando apressada, corro para o banheiro. Assim que entro, tranco a porta e tento respirar fundo, mas não consigo.Ele está comigo, não está? Tento me convencer. É isso que importa.Entro debaixo do chuveiro, e a água morna começa a escorrer pelo meu corpo. Fecho os olhos e dou um sorriso involuntário, recordando a noite que tivemos. Raed parecia tão feliz... Ele me olhava com ternura, sem nenhum sinal de obrigação ou peso. Então, é isso que importa, repito para mim mesma, tentando me acalmar.De repente, Raed surge no banheiro. Seu olhar me encontra dentro do box, e por um instante eu me encolho, temendo que ele perceba minha inquietação. Mas ele apenas tira suas roupas, sem pressa, e entra no chuveiro comigo.— Onde você
Respiro profundamente, decidindo que preciso de um momento para mim mesma. Dirijo-me ao banheiro, e ao me ver no espelho, percebo que não é só o corpo que precisa de um banho, mas também a alma. Tomo um banho quente, deixando a água escorrer pelo meu corpo, tentando afastar as preocupações e ansiedades, ainda que seja de forma temporária. Sigo para o quarto e escolho o vestido branco que Raed comprou para mim na Itália. Ele é lindamente delicado, com babados sutis no busto e um corte acinturado, que valoriza minha silhueta, mantendo uma elegância respeitosa aos padrões árabes. O modelo tomara que caia é simples, mas traz uma sofisticação e frescor, como se fosse um presente para me lembrar da sua atenção para comigo.Visto-me com cuidado, sentindo a seda do tecido contra minha pele, e sigo até a sala de jantar. Sento-me na grande cadeira estofada, a mesa à minha frente impecavelmente arrumada, como se o mundo tivesse se organizado ali só para mim. Hamira chega, colocando uma taça de s