Acordo gemendo e com mais dor ainda que ontem. Sento a contragosto, puxando outro comprimido, bebendo logo e esperando um efeito imediato. Eu cai muito feio ontem, acho que se o homem não tivesse me empurrado, a queda não seria tão brusca. Tomara que seja só pelo impacto da batida no chão, essa dor e nada mais. Levanto para mais um dia de trabalho, na verdade, eu não faço muita coisa quando Pietro está fora. Fico vagando pela casa até que ele chegue, por isso os bicos de assistente do Isaac às vezes. Vejo no relógio que já são dez horas e provavelmente todos estão ocupados em seus próprios negócios importantes. Já eu vou assistir alguma coisa, preciso distrair a mente. Coloco um short curtinho larguinho e um vestido pouco acima do joelho, ele é de manga também e esconde tudo. Apesar da dor, eu tive um sonho ótimo e que envolvia o policial Mattos, mas sendo machucado até não conseguir sequer levantar, tinha bastante sangue também, principalmente no nariz. Algo que talvez não vire
— Nossa!! — Sam diz realmente maravilhada assim que adentra a meu refúgio de todos os dias. — Então é com isso que esses ricos gastam o dinheiro. — Me olha e assinto, eu meio que tive a mesma reação ao entrar aqui. — Pois é, todo canto dessa casa exala riqueza. Acho que já até me acostumei. — Comento e sento no sofá, puxando uma coberta para cobrir as pernas. Ela se senta ao meu lado e ligo a televisão, colocando na lista de filmes. Sinto o olhar dela sobre mim, mas ignoro.— Algum filme em especial? — Pergunto ainda olhando a tela.— Cass, você contou para ele? — Ela finalmente pergunta o que queria desde o início, mas esperou o momento ideal, que estou encurralada.— Esse filme é maravilhoso. Você vai amar, é um romance estilo os que você gosta.— Cassandra!! — Seu tom frio me faz desviar a atenção para ela.— Não, ok? Não vejo motivos para isso. Eu vim aqui para trabalhar e não dar trabalho. Entendeu? — Ele pode te ajudar.— Ah, claro. O que ele vai fazer exatamente? Ele ta pouc
Abro uma fresta e coloco a cabeça para o lado, vejo Isaac com roupa de dormir e o cabelo molhado, provavelmente acabou de tomar banho também. Ele levanta uma pomada e isso me faz franzir a testa.— Você não vai desistir, não é? — Ele nega e abro a porta, ficando de costas e andando em direção ao guarda roupa para procurar uma blusa. Escuto seus passos adentrando ao quarto e sinto seu olhar queimando em minhas costas.— Trouxe para você. — Ele finalmente fala e me viro, colocando a blusa e encarando ele. Que intimidade é essa, Cassandra? Você não era tão sem vergonha assim não... Mentira. Acho que nunca senti vergonha em mostrar algumas partes do corpo, crescer em um local com tantas crianças, te faz perder a vergonha. Estávamos todos no mesmo barco. — Pra que serve? — Pergunto me aproximando, vendo que ele está levemente corado, que fofo. Pego a pomada em sua mão e encaro com certa fixação, pois só agora me lembrei das marcas em meu braço e do vermelho das costas, dessas ele não sa
- Isaac Jhonson.Passo a mão no rosto assim que abro os olhos e bocejo, essa noite não foi nada fácil, eu acho que sequer consegui dormir. Fiquei passando e repassando tudo que aconteceu de tarde até a noite de ontem e simplesmente não consegui acreditar no que a garota me disse. Está explícito que ela estava mentindo e por algum motivo, isso me incomodou bastante, pois mesmo tentando não aparentar, ela parecia muito mal. Ainda não sei bem o que tinha em mente quando fui ao quarto dela, mas eu senti necessidade de ajudar. Confesso que foi uma conversa agradável e só ficou levemente esquisita no fim, ao qual eu já não sabia mais o que falar e acabei esquecendo de perguntar novamente sobre o que ocorreu a ela. Conhecendo ela, com certeza cair de uma árvore não é de seu feitio. Levanto disposto a tomar um banho e ir para minha malhação diária, para depois decidir o que farei quanto a isso. Tomo um banho gelado e suspiro fundo, me olhando no espelho. Essas olheiras recentes estão me inc
- Isaac Jhonson.Observo Samantha vir correndo em direção ao carro e chegar bem perto do vidro para ver se sou eu mesmo. Dou risada da careta dela tentando olhar pelo vidro fumê. Abro um pouco o vidro automático e ela sorri, adentrando ao carro em seguida.— Bom dia! — Sou cortês.— Onde que o dia está bom homem? Você me fez madrugar e nem disse o motivo. Só estou aqui plena, pois você é gostoso demais para ser ignorado. — Coço a garganta, levemente surpreso pela sua maneira descarada de falar. — Para você. — Estendo a caixinha com doces da cafeteria que sou sócio. — Talvez melhore o seu humor, adiantou com sua amiga. — Ela abre um sorriso, tomando a caixa da minha mão e abrindo com rapidez.— Ok, perdoado. — Observo ela pegar um cupcake e morder com pressa. — Agora me diga, o que Cassandra aprontou dessa vez? — Diz após engolir e passar a mão na boca.— Na verdade, você armou aquela cena ontem para que eu visse aquele machucado dela, certo? — Ela assente e vejo sua bochecha ficar be
- Isaac Jhonson.Fiquei tão entretido na causa da garota, que nem me liguei que sai de casa apenas com o conjunto moletom e tênis que uso para malhar. Só percebi depois de um tempo ao olhar pelo retrovisor. Às vezes eu sou meio distraído assim, já me acostumei.Me mexo incomodado no banco, ele é bem confortável, mas ficar tanto tempo sentado é muito ruim. Suspiro fundo e finalmente vejo o carro da polícia descer a ladeira, saindo da comunidade e seguindo pela pista. Espero um pouco e logo começo a segui-los, a uma distância considerável.Ainda não sei o que vou fazer, mas sinto que preciso fazer algo, o que é bem estranho. Eu deveria somente ir até a delegacia e denunciar o policial, mas antes preciso que ele dê sua versão. Preciso olhar em seu rosto e entender o motivo que levou a bater em uma mulher, que certamente me fará bater nele, mas isso é algo que não dá para segurar. Odeio injustiças.Quando eles param no local que Samantha disse, espero mais um pouco e saio do carro. Observ
- Cassandra Hall.Nesse mês que passei aqui, eu entendi que as crianças são mega ocupadas, que Grandão é o segurança quase parte da família e a Sílvia é a babá, quase vó das crianças e eles vivem bem. Isaac é o cabeça de tudo, a parte centrada e o elo que mantém todos unidos. Já eu sou a intrusa, que aos poucos vem ganhando espaço e talvez pelo fato de sempre estar em busca de algo que não tive por dez anos de minha vida. Estou me enfiando meio a tudo isso, nessa necessidade de me encaixar e sentir que faço parte de algo. Meu lado carente está em seu auge e dormir com as crianças foi ótimo. Me senti protegida, o que é irônico, pois eu que sou adulta e deveria proteger eles, não o contrário. Só que a inocência e carinho deles por mim, é realmente um diferencial que não quero perder jamais.No momento está de tarde, tudo que fiz hoje foi ajudar Pietro a se arrumar para a escola e depois me enfiar novamente embaixo das minhas cobertas. Silvia saiu com o marido para fazer as compras do m
— Acho que já perguntei isso, mas ... Por que você não é o monstro que eu esperava? Seria bem mais fácil tudo isso. — Porque eu sou um anjo. — Sua resposta me faz rir e me afasto, voltando a encarar seu rosto com um sorriso genuíno. — Palhaço, vejo que já está bem melhor. Nem vai precisar de curativo. — Comento vendo que limpei até que bem, apesar das emoções. Passo a mão no nariz incomodada, provavelmente vai ficar bem vermelho. Odeio chorar.— Sua amiga me contou algo hoje. Bob foi lá ontem e levou muitas coisas. Ela disse que parecia até que estava em um mercado. — O homem a minha frente conta e abro a boca alarmada.— O quê? Como assim? — Até ajeito a postura diante seu comentário.— Acho que isso tem a ver com o dinheiro da aposta, que ele ganhou apostando sobre mim. — O final me faz esquecer o alarde e rir, visto que ele parece ainda traído por isso. Um dia supera. Tenho certeza.— Ele não fez isso. Ele fez? Preciso falar com ele. — Digo animada e desço rápido da cadeira alta.