(Esmen) A raiva me moldava, a decepção por Rupher era clara. — E eu que pensei que estava sendo justa quando disse à Tauron que ele não estava em condições de batalhar. Mas você estava apenas tentando ganhar a confiança de todos. Seu…! — mordi a língua para não me rebaixar. — Você me usou de novo. — Minha decepção foi sentida por todos. Um drama estava se desenrolando na frente de todos por minha causa, eu ficaria enjoada se eu não fosse quem o causou em primeiro lugar. Não percebi o quanto aquilo divertia Tauron em outro ângulo. — Eu não usei você… — o interrompi com chateação. “Como ousa tentar mentir assim?” — Como não? Antes de empurrar meu marido pelo penhasco, eu gritei, atraindo a atenção dele, e você se aproveitou. Não foi uma luta justa! — revelei o quão covarde ele pareceu até para seus soldados. “Marido. O chamei de marido, demonstrando meus sentimentos à sua frente.” “Que se dane!” Ainda estava furiosa. — Aquilo foi uma oportunidade. — Rupher devia ter ficado cal
(Esmen) Minhas mãos tremiam, tive que escondê-las embaixo das mangas longas do vestido. Me virei para tentar respirar melhor, pois de repente tudo ficou muito sufocante e estranho. No entanto, avistei a cortina manchada e recordei-me o que estava a apenas alguns passos para me horrorizarem com a imagem. Meu corpo ficou rígido, baixei a cabeça me voltando para quem apenas me observava, sem mover um músculo sequer. “Do que estou tentando escapar?” — E-eu fico feliz que esteja vivo… — fiquei desconcertada pela situação. — Pois não me parece. — diz ele, com a voz calma mas perigosa. Tive de levantar os olhos para encontrar os seus. Não havia julgamento ou raiva neles, traziam algo mais, algo desconhecido. — Me sentia culpada pelo que aconteceu. — estendi o assunto. — Sentia? — parecia estar se perguntando em voz alta. Compreendi que eu era a pessoa deslocada ali. — Ainda sinto! Ainda se vê muito machucado. — Corri rapidamente os olhos por seu corpo, não querendo ser intrometida
(Himal) A longe avistei a loira que sempre vinha me visitar, antes da partida de sua rainha. Ernest usava um vestido azul oceano, suas camadas pareciam mais pesadas com cada passada que ela dava, pois o tecido balançava e ela vacilava com o esforço. “Ela não parece bem.” Parei o que fazia, observando a loira de cabelos trançados para um lado, de olhos baixos e expressão abatida, perdendo o brilho habitual. Seus dias na presença da rainha eram repletos de luz e sorrisos, os quais pensei serem impossíveis de serem apagados. Mas a alguns metros do pátio, estava essa mesma lady, usando uma coleira invisível. Minhas mãos ficaram de cada lado das ferramentas que usava, enquanto prestava atenção na loira. Seu vestido não tinha mangas longas, eram curtas e redondas, mostrando a sua pele clara. Sua vestimenta ressaltava seu desinteresse em conversar comigo, pois não sairia na neve sem casaco ou capa. Levantei os olhos para o céu, quase nunca visível pela queda da neve. Um floco caiu quas
(Esmen) A minha estadia no reino I não foi a melhor. Diziam que era assim como se era chamado, não porque foi o primeiro, mas por ser governado apenas por um. Um homem ambicioso, tanto que não se casou para não dividir o trono ou a palavra e não quis sua princesa, eu. O antecessor de Vitorian foi praticamente a mesma coisa, mas este sabia da importância dos herdeiros. — O pai de Vitorian, seu avô, foi mais sábio. Se me perdoar dizer! — disse o homem que estava entre os soldados no dia da morte de Vitorian. Deixei que ele continuasse a história, eu queria apagá-la mais tarde, mas era impossível, então mudaria a forma que as pessoas viam o presente. — Seu avô deu um dos filhos para o reino de Tau, onde você agora é rainha. Pois nenhum poderia ser rainha, só tinha garotos. — Ele o quis de volta? — fiquei curiosa. Preocupada de ter alguma aliança sanguínea com Tauron. — Não, mas o garoto teve de retornar, pois o primeiro filho quase morreu em batalha, batalha essa que deveria ter si
(Esmen) Me encontrava no salão vazio, na sala do trono, onde muitas coisas aconteceram durante os anos. Como a morte de um homem que seria justo e faria um reino prosperar. A morte de seu assassino por alguém que conviveu e sentiu a dor da perda pelo homem que deveria ter sido o rei e construído uma aliança de paz entre reinos. As lideranças ruins que se sentaram ali, assim como decisões egoístas e medíocres tomadas pelos homens cuja cabeça carregava a mesma coroa que agora eu insistia em ignorar, sobre o trono. Encarava a paisagem fora da imensa janela aberta. O tempo não era tão frio lá fora como era no reino de Tauron, era uma mistura de fim de inverno com início da próxima estação. "Eu adoraria ter minha mãe aqui." Apertei minha palma fechada sobre a outra mão, dentro dela. "Eu cuidaria de você. Você seria a rainha deste lugar. Mandaria em todos esses cretinos que a expulsaram e a fizeram baixar a cabeça mais vezes do que poderia contar." Como queria que minha mãe tivesse vi
(Esmen) Ele se aproximou em um inclinar que me fez fungar, tentando evitar a queda de uma lágrima, enquanto o ajudava a tirar aquela roupa. Agora ele estava apenas de calça, e eu me preparava para começar a aplicar a pomada de ervas no seu corpo. “Eu quase o perdi...” vi seus braços e mãos com cicatrizes, feridas e machucados. “Onde mais foi afetado?” Não era possível que só aquela parte estivesse danificada. Senti os azuis intensos seguirem cada movimento meu, e perspicaz como ele era, devia ter percebido minhas lágrimas e dor pela situação. No entanto, ninguém disse uma palavra por alguns minutos. — Espero poder garantir que não vou abrir essas feridas de novo. — digo com um tom melancólico, mas com confiança de que teria sucesso. — Isso é para soar como uma brincadeira? — ele murmurou um pouco rouco. Levantei os olhos com um sorriso meio divertido. Naquele momento, esqueci de estar com a visão embargada. As sobrancelhas de Tauron se juntaram, e de repente senti algo quente
(Esmen) O som ritmado das rodas da carruagem sobre o caminho ecoava no silêncio. Então, momentos depois parecia ser terra molhada e neve, o barulho provocado pelas rodas mudava de acordo com a composição da estrada. A cada solavanco, sentia o movimento aproximar meu corpo do dele, o que só servia para intensificar o peso do momento. Meus olhos estavam fixos na paisagem além da janela, ainda era neve com algumas poucas folhas à mostra, mas a mente insistia em vagar até a presença que preenchia o pequeno espaço ao meu lado. Tauron estava ali, a menos de um braço de distância, calado como a maioria das vezes, tão rígido quanto as montanhas que começavam a surgir no horizonte. Era o mesmo homem que me havia tratado como nada mais do que um peão em seu jogo de vingança. Mas, ainda assim, havia algo diferente nele agora. Ele não me olhava como antes; com frieza ou indiferença. Seus olhos, quando ousavam encontrar os meus, carregavam algo mais profundo, algo que ele parecia lutar para nã
(Esmen) Seus azuis me miraram com intensidade, minhas maçãs coraram sem explicação lógica, me obrigando a querer desviar o olhar, fingindo observar novamente a paisagem. O silêncio caiu novamente, mas desta vez, não parecia tão sufocante. Ainda havia muito que precisava ser dito, mas naquele momento, ambos sabíamos que estávamos em um território novo, um que exigiria cuidado para não desmoronar. Os sentimentos eram complicados em nossas cabeças, mas poderiam ser mais simples se compartilhados. Quando finalmente avistamos as torres do castelo ao longe, senti meu peito apertar. O reino de Tauron não era apenas o lugar onde tudo começou; era o lugar onde tudo mudaria. E, desta vez, não estávamos sozinhos em nossas batalhas internas. “Desta vez, eu queria ser uma verdadeira rainha para esse povo.” Busquei, sem intenção, o homem ao meu lado, este tinha a atenção voltada para o castelo surgindo à frente. “Também queria ser a rainha do seu coração. É pedir muito?” Batidas frenéticas