(Tauron)Esmen sempre esteve destinada a me abalar, mas eu usaria aquilo a meu favor, ao contrário do que eles pensam.“Então eles estão de olho no meu reino.” Era provável que houvesse alguém observando por eles.De uma coisa eu tinha certeza: fosse pelo medo ou pela lealdade, nenhum dos meus homens seria um espião. “Vitorian deve sofrer mais do que sequer fiz Esmen pensar que sofreria. Ele vai se arrepender por ter vivido.” Jurei para mim mesmo. Aqueles homens me haviam revelado mais do que procurei. Isso era um trunfo. Mesmo assim, ainda estava com muita vontade de matar alguém. — Quem de vocês quer viver? — perguntei apertando um pouco as pontas das espadas em suas gargantas.— Eu! — ambos falaram em uníssono.— Ótimo! Posso deixar apenas um vivo. — Vi ambos se entreolharem.— Não me olhem assim. — debochei, cheio de um desejo crescente de morte.— São ordens do rei sanguinário. — fingi ser apenas um homem de recado.— Faremos qualquer coisa para continuar vivos.— Eu tenho fam
(Tauron)Ernest bateu na porta com insistência. Permiti que ela entrasse acompanhada do médico. Dei lugar ao lado dela para o homem, que me reverenciou assim que chegou no cômodo.— Examine-a! — Não precisava de mais palavras; ele já estava ciente da condição dela pelos soldados.Fiquei esperando junto com Ernest, que se mostrava uma verdadeira amiga da rainha. Sua preocupação era maior que a minha. Diferente de mim, Ernest gostava de Esmen, preocupava-se com sua saúde e queria sua felicidade, muitas vezes desejando amor para sua vida. Eu, por outro lado, era indiferente à maior parte das coisas. Principalmente ao amor.Minha meta era descobrir, assim que ela acordasse, quem a havia atacado. Por isso, estava ali, observando o trabalho do médico.Minutos depois, o médico se endireitou, passando seu olhar para mim, e disse:— À primeira vista, nada parece errado. Ela não tem marcas visíveis, fora a lesão atrás da cabeça.— Isso não afetará sua saúde, certamente? — exigi esclarecimentos
(Esmen)Não identifiquei se era uma pergunta comum ou se trazia um tom preocupado. — Tomei alguma bebida e dormi com você? — tentei recordar.Uma dor aguda se manifestou na minha cabeça, e meus dedos procuraram a fonte, enrolando nos cabelos da área enquanto meus olhos se apertavam fechados.— Esmen? — ouvi sua voz à distância.“Isso dói!” Tentei respirar normalmente.Senti as mãos dele em meus ombros, sua voz mais perto, me acalmando instantaneamente.— Não se esforce demais!Meus olhos buscaram os seus; não eram mais duros.Baixei minhas mãos, tentando tocá-lo, mas ele se afastou devagar, colocando distância entre nós propositalmente.— Respondendo às suas perguntas, eu estou no lugar de seu marido.— Então, por que se afastou de mim? — minha voz soava muito vacilante e carente. Aquilo me causou estranhamento, como se eu nunca tivesse falado daquela forma com ele.— Temos laços formais entre nós — murmurou ele com seriedade.Meus olhos apertaram; eu não compreendia.— Então, o que
(Esmen) Ele pareceu levar uma descarga elétrica com a pergunta repentina. “É notório que nunca falamos sobre sentimentos.” Quanta coisa eu tinha feito de errado com este homem? Não havíamos ficado juntos uma sequer vez e ainda não o tinha ensinado sobre amor? “Eu não lhe dou carinho?” — Não! — sua resposta foi seca e rápida. Minha mão soltou a sua. Imediatamente, me afastei de seu toque, que pareceu gelar em minha face. — Digo… — ele apertou os dedos da mão que me tocou, parecendo ter dificuldade em aceitar que havia encostado em meu rosto. — Não somos assim. Não nos envolvemos. — tentou explicar, parando sua fala com uma frase ambígua. — E eu não te amava? — ele apertou os olhos seguidas vezes, semicerrando-os. — Não. Você não me amava! — assegurou. — Como sabe? — ele pareceu pensar em sua óbvia resposta, mas não me revelou. — Nosso casamento foi um acordo. Eu precisava de uma noiva. E você era alguém capaz e apta para estar ao meu lado. Não soube dizer se ele falava co
(Esmen) O frio intenso parecia querer despedaçar o teto velho, feito de telhas de barro sobre nossas cabeças, pois vinha acompanhado de um vento forte, capaz de arrepiar qualquer corpo mal vestido. Busquei minha mãe pela pequena casa e a encontrei perto do fogão a lenha, onde havia uma panela completamente cheia de sopa, em sua última fase, quase pronta para ser servida. Seu corpo magro, como o meu, envolto em roupas surradas e finas, era aquecido pelo calor do fogo, ao qual ela se mantinha próxima, mexendo na sopa. O único casaco de pele quentinho que possuíamos estava sobre meus ombros. Eu o daria a ela quando se sentasse à pequena mesa junto comigo. Por hora, me aferrava a ele como se fosse a salvação da minha vida. Com o capuz cobrindo meus cabelos castanhos escuros, ainda sentia minhas bochechas queimando. O frio intenso passava pelas fissuras na madeira desgastada da porta estreita, soprando diretamente no meu rosto. Deixei apenas os olhos verdes, como esmeraldas, de fora
(Esmen) Não recuei. Havia mais soldados de todos os lados, e eu ainda tinha esperança de que ele estivesse errado sobre a paternidade. Quando se aproximou o suficiente, ele me dirigiu a palavra: — Você é minha filha. Abri a boca para contestar, mas soube pelo seu olhar reprovador que não era tudo o que ele tinha a dizer. — E será preparada para casar com o rei Tauron, hoje à noite. Meus olhos saltaram. Agora não havia permissão ou tradição alguma que me fizesse ficar calada. — Como? — Você, Esmen, será a mulher do rei Tauron. — Ele não parou de me fitar. Parecia estar vendo minha mãe em mim; seu olhar pesava como uma tonelada, trazendo algo como frustração e satisfação ao mesmo tempo. Provavelmente por me vender como mercadoria para alguém. — Eu não... — me interrompeu com um erguer de mão, que chegou perto demais do meu rosto frio. Diferente de mim, que tinha roupas surradas e finas, como um vestido longo verde desbotado, sapatos gastos e apenas os cabelos alinhad
(Esmen) — Por que ele fez isso? — perguntei, enquanto ajustavam o corpete do vestido, apertando minha cintura fina. — Sua majestade? — Sim — encarei cada uma delas. A maioria fingia não ouvir a conversa com a colega enquanto trabalhava. — Dizem que foi um erro. Apenas isso. Aquilo não poderia ser verdade, mas elas não sabiam. "Como alguém mata outro e chama isso de erro?" — Apenas um erro? — encarei a mulher que havia falado. Ela baixou os olhos por alguns segundos, fingindo estar alisando o tecido do vestido. Alguém sempre sabia mais do que deixava transparecer, e rumores sempre corriam com pedaços maiores de verdade. Estavam dispostas a me manter no escuro, mesmo sabendo que jogavam "sua alteza" diretamente na boca do leão. "Não vão me tratar bem nesse novo reino." "Antes, nem sequer me tratavam como uma delas. Agora, estou aqui para servir de moeda de troca, mas não tenho importância para ninguém. Estou apenas salvando suas cabeças." Estava decidido. Na primei
(Esmen)Repousando a mão sobre minha barriga, fiz cara de desconforto. Não havia comido nada mesmo.— Não comi nada hoje. — Fiz cara triste.— Minha barriga dói por falta de um desjejum. Como posso ser apresentada para o rei Tauron tão fraca? E se não aguentar a viagem?Nesse momento, um deles, depois de novamente trocar olhares, me perguntou se queria algo em especial.— Apenas me mostrem a cozinha. — A desconfiança não os deixou.— Serei rápida. Não quero passar vergonha diante do rei vizinho. — Fiz minha melhor cara de timidez, ciente de não ter o rosto completamente visto por causa do véu de rendas floradas.— Vamos mostrar... — Fiz uma jogada de mão descartando a possibilidade.— Não precisa, apenas me mostrem o caminho.— Não podemos. A vossa alteza irá fugir. — Disse um deles.— Eu irei comer. Como posso fugir de barriga vazia? — Encarei ambos.Um franziu o cenho, e, trocando olhares novamente, me apontaram a direção:— É por ali. — Lancei uma cara de satisfação na direção dele