(Tauron)Ernest bateu na porta com insistência. Permiti que ela entrasse acompanhada do médico. Dei lugar ao lado dela para o homem, que me reverenciou assim que chegou no cômodo.— Examine-a! — Não precisava de mais palavras; ele já estava ciente da condição dela pelos soldados.Fiquei esperando junto com Ernest, que se mostrava uma verdadeira amiga da rainha. Sua preocupação era maior que a minha. Diferente de mim, Ernest gostava de Esmen, preocupava-se com sua saúde e queria sua felicidade, muitas vezes desejando amor para sua vida. Eu, por outro lado, era indiferente à maior parte das coisas. Principalmente ao amor.Minha meta era descobrir, assim que ela acordasse, quem a havia atacado. Por isso, estava ali, observando o trabalho do médico.Minutos depois, o médico se endireitou, passando seu olhar para mim, e disse:— À primeira vista, nada parece errado. Ela não tem marcas visíveis, fora a lesão atrás da cabeça.— Isso não afetará sua saúde, certamente? — exigi esclarecimentos
(Esmen)Não identifiquei se era uma pergunta comum ou se trazia um tom preocupado. — Tomei alguma bebida e dormi com você? — tentei recordar.Uma dor aguda se manifestou na minha cabeça, e meus dedos procuraram a fonte, enrolando nos cabelos da área enquanto meus olhos se apertavam fechados.— Esmen? — ouvi sua voz à distância.“Isso dói!” Tentei respirar normalmente.Senti as mãos dele em meus ombros, sua voz mais perto, me acalmando instantaneamente.— Não se esforce demais!Meus olhos buscaram os seus; não eram mais duros.Baixei minhas mãos, tentando tocá-lo, mas ele se afastou devagar, colocando distância entre nós propositalmente.— Respondendo às suas perguntas, eu estou no lugar de seu marido.— Então, por que se afastou de mim? — minha voz soava muito vacilante e carente. Aquilo me causou estranhamento, como se eu nunca tivesse falado daquela forma com ele.— Temos laços formais entre nós — murmurou ele com seriedade.Meus olhos apertaram; eu não compreendia.— Então, o que
(Esmen) Ele pareceu levar uma descarga elétrica com a pergunta repentina. “É notório que nunca falamos sobre sentimentos.” Quanta coisa eu tinha feito de errado com este homem? Não havíamos ficado juntos uma sequer vez e ainda não o tinha ensinado sobre amor? “Eu não lhe dou carinho?” — Não! — sua resposta foi seca e rápida. Minha mão soltou a sua. Imediatamente, me afastei de seu toque, que pareceu gelar em minha face. — Digo… — ele apertou os dedos da mão que me tocou, parecendo ter dificuldade em aceitar que havia encostado em meu rosto. — Não somos assim. Não nos envolvemos. — tentou explicar, parando sua fala com uma frase ambígua. — E eu não te amava? — ele apertou os olhos seguidas vezes, semicerrando-os. — Não. Você não me amava! — assegurou. — Como sabe? — ele pareceu pensar em sua óbvia resposta, mas não me revelou. — Nosso casamento foi um acordo. Eu precisava de uma noiva. E você era alguém capaz e apta para estar ao meu lado. Não soube dizer se ele falava co
(Tauron) Me senti um homem inexperiente, prestes a ser obediente ao desejo de aprender uma nova ciência e adquirir conhecimento de uma boa verdade.“Mais que merda!”Eu não seria domado por ela. Aquela mulher dos olhos verdes não ia me ter nas suas mãos como um jovem sem conhecimento e louco para aprender a ser homem."Está me enfeitiçando como uma bruxa."Minhas mãos capturaram as suas com agilidade, girando-a para empurrar suas costas contra a parede antes de mim.A surpresa surgiu em seu belo rosto. Uma sensação de poder se apoderou de mim. Lá estava, uma mulher jovem, pura e sem experiência, com os olhos verdes fixos somente em mim, o corpo delicado e intocável em um traje só visto por seu marido.O tecido parecia muito fino, me fazendo pensar como seria puxá-lo. O impulso dos pensamentos me levou a segurar suas mãos acima de sua cabeça, evitando tocar em seu corpo.— Não me provoque! — avisei em tom baixo e carregado.Agora eu estava a domando, mostrando que não precisava apren
(Esmen)Havia um homem de cabelos castanhos abaixo de uma capa branca, mãos nos bolsos, olhos castanhos vivos e rosto até bonito.Um arrepio subiu pela minha espinha. Parecia um alerta silencioso de que a aproximação dele não era uma coincidência. Entretanto, me vi obrigada a fingir não ter aquele sensor piscando com sua presença cada vez mais ameaçadora.— Crocus. — tentei focar em outra coisa que não fosse ele.O homem parou ao meu lado, me dando a impressão de já ter o visto por algum lugar.— E você, quem é? — perguntei com os dedos apertados dentro das palmas e luvas.— Martins… A vossa majestade pode me chamar de Martins. — ignorei a desconfiança de suas palavras.“Talvez seja porque estou sozinha com ele que estou ficando em alerta. Ou pelo fato de não recordar de ninguém ainda.”Não queria julgar a todos, mas o problema era confiar apenas no julgamento da dama Ernest sobre todos. E como ela não estava aqui para me contar quem era esse homem, não havia como confiar nele, quand
(Gideon) — Fique longe! — ouvi o aviso vindo de alguém que foi mais rápido que eu. Tauron acabara de aparar a queda de Esmen. Mas seu olhar acusador estava em mim. “Como ele chegou até aqui?” Eu havia me perdido no tempo enquanto admirava a ilusão do futuro? — Estou cuidando dela para você. — menti sem desejar. — Esse não é seu trabalho. — Ele a aconchegou nos braços sob meu olhar. — Era meu trabalho. — Engoli o gosto amargo da verdade. — Que bom que se lembra. Se não, será o próximo a ter amnésia. — Tauron ameaçou, levando Esmen para longe de mim. “Ele descobriu?” Minhas mãos fecharam enquanto caminhei para perto da coluna, onde não havia mais sinais do sangue dela. Meus dedos enluvados cobriram o rastro de onde aconteceu: — Não, ele não sabe. — sussurrei para mim mesmo. (Tauron) Aquela cena tornava a se repetir. "Quantas vezes teria que carregar Esmen nos braços sem intenção?" Atravessando o castelo pelos corredores, agora com o médico quase correndo atrás de nós, mov
(Esmen)Ambas tivemos sorrisos contidos lançados na sua direção.— Se não for inconveniente ou criminoso… — Brincou antes de mais nada.— Posso perguntar qual o motivo das ilustres visitas à minha oficina? — Afiou pela última vez a nova adaga em uma pequena e fina pedra quartzito.— A honra de nos receber? — Brincou Ernest de volta. Ambos trocaram um sorriso cúmplice naquele momento.Eu os observei em silêncio, gostando da conexão entre eles. Desejando em meu íntimo um dia construir tal intimidade com Tauron, para que pudéssemos brincar e conversar sobre qualquer coisa, sem hora para encerrar.Fomos convidadas a sentar em seus banquinhos de madeira. Três pessoas conversando altas horas da noite enquanto ele apagava o fogo em brasa, deixando apenas as velas acesas nos cantos do cômodo.O calor ali era semelhante ao tempo sem neve, portanto, ele não usava casacos. Apenas uma camisa manga longa, calças largas que mesmo assim abraçavam seus músculos e botas mais curtas.— Ouvi dizer que o
(Esmen)Apertando um pouco os olhos para o homem alto de pele chocolate, observei sua pele, que era muito bonita. Tentando afastar os pensamentos, encarei os outros dois.— Desejo-lhes uma ótima noite!Ernest pareceu dividida entre me seguir e ficar com sua paixão, então precisei dar-lhe algo em que pensar.— Himal, se puder fazer um pouco mais de companhia a Ernest, estarei agradecida, pois ela vive reclamando de insônia esses dias. — Minha mente perversa gargalhou da cara que a loira fez, com seu pequeno abrir de boca enquanto as bochechas coravam em tom rosado.— Confias tanto em mim assim, senhora? — ele ficou surpreso.— Estou confiando parte de mim a você. — Revelei meu carinho por Ernest, então os deixei. Mas ainda pude ouvir a conversa dela:— Pensava que sua família toda estava nesse reino. — Um sorriso imperceptível esticou os cantos dos meus lábios.“Parece que Ernest não tem tantas fontes confiáveis, no fim das contas.” Ela sempre pesquisava sobre a vida de quem tinha inte