Início / Romance / Casei com meu Chefe / Um convite inusitado
Um convite inusitado

Ponto de Vista de Amélia

Eu estava no banheiro do escritório quando percebi que estávamos sem sabonete em casa, e uma ideia ridícula passou pela minha cabeça: talvez eu pudesse levar alguns sabonetes do escritório. Sim, sabonete! Tinha acabado de receber meu salário, mas o dinheiro mal cobria a comida, quanto mais o básico.

E lá estava eu, segurando alguns sabonetes, quando ele entrou. Sua presença repentina me deixou completamente desconcertada, e nossas mãos se tocaram quando tentei me afastar, desesperada.

"O que está fazendo?" ele perguntou, a voz baixa e divertida.

Corei até a raiz do cabelo, lutando para encontrar uma explicação plausível. "Eu... eu... bem, é que..."

Uma sobrancelha erguida, ele esperou. "Você está... roubando sabonete?"

"Não, claro que não!" menti, horrorizada, embora o sabonete estivesse bem nas minhas mãos. "Quer dizer, eu só... estou pegando emprestado."

Marcelo riu, um som quente e profundo que fez meu coração acelerar. "Pegar sabonete emprestado é uma algo um pouco... incomum."

Eu queria que o chão se abrisse e me engolisse. Mas então ele fez algo inesperado. Sorriu para mim — um sorriso genuíno, que fez meus joelhos tremerem.

"Olha, se você precisa de sabonete, está tudo bem. Só... me avise da próxima vez, certo?" Ele piscou e saiu, deixando-me com meus pensamentos e o sabonete.

No táxi a caminho de casa, revivi a cena várias vezes na mente, sentindo um misto de alívio e vergonha.

Quando o táxi parou em frente à modesta casa que eu dividia com minha mãe, respirei fundo. Eu estava me  mas aliviada por termos garantido eletricidade e comida por mais um mês. Não queria que minha mãe me visse assim. Precisava ser forte, para que ela pudesse se concentrar na recuperação.

Eu tinha acabado de me formar na faculdade, cheia de esperanças de iniciar uma grande carreira em publicidade. Mas, com a cirurgia e os tratamentos contínuos da minha mãe, ela estava fraca como um gatinho. Ninguém mais podia fornecer os cuidados 24 horas por dia de que ela precisava, então assumi essa responsabilidade. Recusei propostas de trabalho para cuidar dela. Nunca me arrependi.

Por um milagre, ela agora estava em remissão, mas ainda fraca demais para trabalhar. Ela melhorava a cada dia, mas ainda tinha um longo caminho a percorrer. 

E ela não precisava ver meu estresse ou preocupações financeiras. Eu não queria sobrecarregá-la com isso. Por isso, escondia o quanto estávamos lutando. Após dois anos fora da faculdade e do mercado de trabalho, um estágio foi o melhor que consegui. Mas a empresa pagava bem aos funcionários em tempo integral. Se eu aguentasse o suficiente para ser contratada permanentemente, ficaríamos bem.

"Eu tenho uma surpresa," disse, abrindo o porta-malas. Minha mãe veio devagar em direção ao carro.

Ela espiou dentro do porta-malas, seus olhos se arregalando de espanto ao ver várias sacolas de supermercado cheias de alimentos e itens essenciais. Eu não podia fazer uma compra assim há muito tempo, e ver o porta-malas cheio me trouxe uma onda de alívio. Suas mãos foram ao rosto, surpresa.

"Onde conseguiu tudo isso?" ela perguntou.

"No mercado, mãe," brinquei. Beijei sua bochecha. "Por que não entra enquanto eu guardo? Vou fazer o jantar."

"Oh, querida," disse minha mãe, os olhos marejados. Ela me abraçou apertado, e eu dei um tapinha em seu ombro.

"Eu disse que tenho tudo sob controle."

Um aperto de culpa me invadiu pela mentira, mas agora, isso não importava. Eu precisava manter o ânimo dela.

Jantamos a primeira refeição decente em semanas, e ela riu enquanto eu contava os destaques do meu dia. Não mencionei meus dois encontros com Marcelo. Depois de comer, minha mãe parecia exausta, então a levei até o sofá, onde ela logo adormeceu.

Depois de ajudá-la a se acomodar, voltei para a sala para limpar. Enquanto juntava alguns papéis espalhados, dei de cara com uma pilha de contas que havia deixado de lado, algumas carimbadas com letras vermelhas. Meu coração disparou enquanto as abria uma a uma, lendo cada linha com uma crescente sensação de pavor. Paguei as contas de gás e água com o que me restava, consegui fazer os pagamentos mínimos nas contas médicas… mas a hipoteca? Senti um nó se formando no estômago.

Abri a última carta. Um aviso de despejo. Senti o sangue se esvair do rosto enquanto a sala parecia girar. Não podíamos perder a casa — esse era nosso único lugar seguro, e não tínhamos família para recorrer. 

Pressionei as mãos contra o rosto, lutando contra as lágrimas. Eu precisava de um milagre. Se perdêssemos a casa, tudo pelo que eu havia lutado desmoronaria. 

Em vez de me desmanchar, sentei-me à mesa e fiz alguns pagamentos rápidos. Paguei a conta de gás, o mínimo nas contas médicas e o seguro do carro. Depois, peguei uma calculadora e tentei descobrir como conseguiria pagar a hipoteca. Talvez pudesse fazer mais bicos. Ou me inscrever para empregos na área de marketing, esperando que algum pagasse mais. Mas não havia resposta fácil. As empresas queriam alguém com experiência, e sem ela, eu estava presa. 

Derrotada, me arrastei para a cama, fechando os olhos com força e desejando que tudo isso desaparecesse.

Minha mãe ainda estava dormindo quando saí de casa cedo na manhã seguinte. Era mais fácil manter a pose no escritório, onde ninguém sabia a história completa. Quando cheguei à minha mesa, Megan já estava lá, parecendo animada.

"Marcelo estava te procurando," ela disse imediatamente.

"O quê?" Meu estômago gelou. Será que ele tinha mudado de ideia sobre me deixar escapar?

"O que ele queria?"

"Por que diabos ele me diria isso?" Megan perguntou, sorrindo. "Ele só disse para você ir ao escritório dele assim que chegasse."

"Ah," respondi, tentando manter a calma.

"O que você acha que é?" Megan perguntou, claramente animada. Ela não conseguia ver como isso poderia ser um problema. Se ela soubesse...

"Não sei," menti, embora tivesse uma ideia.

"Vai logo!" Megan disse. "Não deixe o homem esperando. É o Marcelo Moretti, pelo amor de Deus!"

Forçei um sorriso, engoli em seco e caminhei em direção ao elevador, subindo até o último andar.

"Pode entrar, Amélia. Ele está esperando por você." a recepcionista disse com um sorriso simpático, os lábios vermelhos combinando com o cabelo loiro impecável.

Tentei ensaiar o que diria — como pagaria ele de volta, como substituiria o sabonete. Eu imploraria para não ser demitida; só precisava de um tempo.

Quando entrei no escritório dele, fiquei pasma. A sala era grandiosa, com janelas com vista para Los Angeles, até mesmo uma faixa do oceano à distância. Ele estava ao lado da mesa de mogno, as mangas arregaçadas, os bíceps à mostra, olhando para a cidade. Eu pigarreei para chamar sua atenção.

"Amélia," ele saudou, a voz suave como seda. "Feche a porta."

"É sério?" perguntei, nervosa.

Ele riu. "O quê?"

"Nunca fui chamada aqui antes."

Ele sorriu, o olhar firme. “Por que você não se casa comigo?”

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo