Antes, Vic ainda chamava Gustavo de "Gugu", o que mostrava que, no fundo, ela ainda nutria uma pequena esperança de que Gustavo não fosse capaz de cometer tais atos.No entanto, agora ela apertava os punhos em silêncio, profundamente decepcionado com Gustavo.Poliana mantinha os lábios firmemente cerrados, o olhar perdido e vazio, fixo em algum ponto à frente. Parecia que, naquela parede fria e branca, ela conseguia ver a si mesma de oito anos atrás, desesperada e impotente, caída no chão, encarando rostos distorcidos pela excitação da violência.Como Poliana não parecia disposta a falar, Vic olhou para Bárbara em busca de orientação. Bárbara, por sua vez, pegou a mão de Vic e a levou para fora do quarto.Quando ficaram sozinhos, apenas Marcelo e Poliana no quarto, o homem ao lado da cama sentiu seu pomo-de-adão mexer.Poliana, embora ainda mais abatida do que antes, continuava a ser uma mulher extremamente bela. Seus olhos, que costumavam brilhar com tanta intensidade, agora estavam
— Mas, se há algo que essa situação pode realmente afetar, é a imagem e a reputação do Gugu. Quem estaria disposto a gastar tanto dinheiro para prejudicar a imagem dele? Qual seria o propósito por trás disso? — Marcelo refletiu em voz alta.Os olhos de Poliana vacilaram por um momento. Ela não conseguia pensar em ninguém que tivesse essa motivação... Pelo menos, não naquele instante.Enquanto isso, no luxuoso quarto de hospital de Fernanda, no Hospital Privado K, Gustavo estava sentado no sofá. Com as pernas afastadas, o corpo ligeiramente inclinado para a frente e a cabeça baixa, ele emanava uma aura gélida e intimidante, tão fria quanto gelo.Na mão esquerda, ele segurava o celular, tentando ligar para o número que Marcelo havia lhe enviado. Com a mão direita, pressionava com força um cigarro pela metade no cinzeiro. O cinzeiro já estava cheio de pontas de cigarro.Fernanda, com os olhos vermelhos de tanto chorar, estava ajoelhada do outro lado da mesa, parecendo extremamente submiss
— Não entende? Você está grávida, seu pai sabe disso. Ele veio ao hospital ontem?Fernanda, sem entender o motivo da pergunta repentina, respondeu com sinceridade:— Sim, ele veio.— Ótimo. — Gustavo disse enquanto abria o Twitter no celular e acessava as duas imagens mais curtidas, compartilhadas e comentadas.Uma mostrava Fernanda entrando no quarto do hospital, e a outra, Gustavo fazendo o mesmo. Embora os dois não aparecessem na mesma foto, a luz nas imagens sugeria que eles entraram no quarto em momentos diferentes. No entanto, como era o mesmo quarto, os usuários do Twitter rapidamente concluíram que Gustavo havia ido encontrar Fernanda.Além disso, a legenda das postagens analisava as fotos e identificava que o quarto era uma suíte de luxo da ala de obstetrícia do Hospital Privado K, o que levou à especulação de que Fernanda estava grávida.Enquanto no quarto de hospital estavam apenas Gustavo e Fernanda, do lado de fora, a situação era bem diferente. A mídia, fãs e muitos curi
— Para chamar minha atenção, você veio até mim e disse que sabia que eu havia brigado com a Poliana, e que o motivo era o Adílson.O sorriso no rosto de Gustavo se aprofundou, tornando ele ainda mais assustador.— Naquela ocasião, eu te perguntei como você sabia disso. Você respondeu que me contaria se eu jantasse com você. Mas, depois do jantar, não só não me contou, como também começou a se envolver comigo, fazendo com que eu me interessasse por você. Eu me importava com você e até evitava mencionar a Poliana para não te deixar chateada. Mas hoje, estou magoado. Então, me diga agora: como você sabia daquela história?Fernanda tremia incontrolavelmente, mal conseguindo acreditar no que ouvia.— Gugu, você realmente se importa comigo?— Como não me importaria? — Gustavo respondeu lentamente. — Veja até onde isso chegou, e ainda assim, eu não consegui ser duro com você. Mas, antes de falar de qualquer outra coisa, responda à minha pergunta. Quero ver se você é realmente melhor que a Pol
Fernanda ficou sem palavras.Gustavo não lhe deu mais atenção. Com o celular na mão, ele se levantou e foi até a janela, discando para um número que ele havia salvo com o símbolo de um pêssego. No entanto, do outro lado, uma voz mecânica fria informou:"— Desculpe, o número que você ligou está desligado."Em seguida, ele procurou o número salvo como "Avó" e tentou ligar. O telefone estava ligado, mas ninguém atendeu.A avó, que normalmente tinha poucos contatos, só se preocupava com Poliana. Era provável que, na pressa de levar a avó ao hospital, Poliana tivesse esquecido o celular dela em casa. O aparelho vibrava solitário no sofá da pequena, mas acolhedora, sala de estar.Depois de confirmar que não conseguiria falar com a avó, Gustavo abriu o WhatsApp e acessou a primeira conversa da lista.Era com Breno.Às duas da manhã, Gustavo havia enviado uma mensagem para Breno: [Presidente Breno, poderia me informar o número da Bárbara?]Às sete da manhã, Breno respondeu: [Presidente Code
O olhar dele, frio e implacável, era aterrorizante.Fernanda continuou:— Eu realmente não consigo acreditar que você tenha algum sentimento por mim. Afinal, eu tratei a Poliana daquela maneira. Mesmo que você a despreze agora, como poderia se interessar por mim...— Parabéns, finalmente entendeu. — Gustavo a interrompeu friamente, sua voz desprovida de qualquer calor. Suas palavras fizeram com que Fernanda sentisse um calafrio percorrer sua espinha, e sua expressão ficou sombria. — Agora, é melhor você me contar a verdade. Poliana e Adílson foram parte de algum plano seu?A voz de Fernanda ficou embargada:— O quê?Gustavo semicerrou os olhos, esboçando um sorriso gelado.— Eu achei que ainda levaria um tempo até poder falar abertamente sobre isso com você. Nunca imaginei que você fosse tão ousada, como uma figura pública, para se permitir tamanha imprudência, engravidando antes do casamento. No exterior, você entrou no meu quarto no meio da noite, eu sei disso. E também sei que você
Fernanda o chamou novamente, mas ele continuou imóvel. O som agudo da voz dela entrou em seus ouvidos, se transformando em uma longa e torturante sequência de ruído em sua mente.De repente, a visão do sangue à sua frente pareceu se amplificar, como se fosse capaz de engoli-lo por completo.Foi então que os pés de Gustavo finalmente se moveram. Um sentimento de pavor surgiu dentro dele, e ele deu alguns passos para trás, tentando se afastar de Fernanda. Só parou quando suas pernas esbarraram na mesa. Ele se deixou cair no sofá, pegando o isqueiro e os cigarros que estavam sobre a mesa.Fernanda, percebendo que não poderia contar com ele, começou a chorar ainda mais intensamente, se arrastando sozinha para chamar uma enfermeira.Gustavo abriu o maço de cigarros, mas seus dedos começaram a tremer levemente. Ele não conseguia tirar o cigarro do maço, que parecia preso.Enquanto isso, a dor de Fernanda se intensificava, e ela voltou a chorar em desespero.O som do choro dela tornou seus m
A expressão de Gustavo mudou visivelmente. Seus olhos ficaram injetados de sangue, e as veias em sua testa se destacaram.Fernanda, completamente absorvida em sua própria dor, nem percebeu a mudança nele.Gustavo se recostou no sofá, inclinando a cabeça para trás com força, fazendo três respirações profundas para tentar recuperar a calma. Então, rapidamente pegou o celular e ligou para Edmar.Edmar atendeu imediatamente:— Patrão, às suas ordens.Gustavo, com a voz fraca, disse:— Me tire daqui......Naquele dia, todos os acessos do hospital, que geralmente era um lugar tranquilo, pareciam um mercado movimentado. Era possível ver até mesmo pessoas que, ao comprarem algo para comer, começavam a fazer transmissões ao vivo enquanto comiam.No meio dessa atmosfera caótica, por volta das dez da manhã, um homem vestindo um terno cinza-amarronzado surgiu montado em uma motocicleta preta, pesadona. Suas habilidades de pilotagem eram tão suaves que ele passou pela multidão sem diminuir a veloc