Fernanda ficou sem palavras.Gustavo não lhe deu mais atenção. Com o celular na mão, ele se levantou e foi até a janela, discando para um número que ele havia salvo com o símbolo de um pêssego. No entanto, do outro lado, uma voz mecânica fria informou:"— Desculpe, o número que você ligou está desligado."Em seguida, ele procurou o número salvo como "Avó" e tentou ligar. O telefone estava ligado, mas ninguém atendeu.A avó, que normalmente tinha poucos contatos, só se preocupava com Poliana. Era provável que, na pressa de levar a avó ao hospital, Poliana tivesse esquecido o celular dela em casa. O aparelho vibrava solitário no sofá da pequena, mas acolhedora, sala de estar.Depois de confirmar que não conseguiria falar com a avó, Gustavo abriu o WhatsApp e acessou a primeira conversa da lista.Era com Breno.Às duas da manhã, Gustavo havia enviado uma mensagem para Breno: [Presidente Breno, poderia me informar o número da Bárbara?]Às sete da manhã, Breno respondeu: [Presidente Code
O olhar dele, frio e implacável, era aterrorizante.Fernanda continuou:— Eu realmente não consigo acreditar que você tenha algum sentimento por mim. Afinal, eu tratei a Poliana daquela maneira. Mesmo que você a despreze agora, como poderia se interessar por mim...— Parabéns, finalmente entendeu. — Gustavo a interrompeu friamente, sua voz desprovida de qualquer calor. Suas palavras fizeram com que Fernanda sentisse um calafrio percorrer sua espinha, e sua expressão ficou sombria. — Agora, é melhor você me contar a verdade. Poliana e Adílson foram parte de algum plano seu?A voz de Fernanda ficou embargada:— O quê?Gustavo semicerrou os olhos, esboçando um sorriso gelado.— Eu achei que ainda levaria um tempo até poder falar abertamente sobre isso com você. Nunca imaginei que você fosse tão ousada, como uma figura pública, para se permitir tamanha imprudência, engravidando antes do casamento. No exterior, você entrou no meu quarto no meio da noite, eu sei disso. E também sei que você
Fernanda o chamou novamente, mas ele continuou imóvel. O som agudo da voz dela entrou em seus ouvidos, se transformando em uma longa e torturante sequência de ruído em sua mente.De repente, a visão do sangue à sua frente pareceu se amplificar, como se fosse capaz de engoli-lo por completo.Foi então que os pés de Gustavo finalmente se moveram. Um sentimento de pavor surgiu dentro dele, e ele deu alguns passos para trás, tentando se afastar de Fernanda. Só parou quando suas pernas esbarraram na mesa. Ele se deixou cair no sofá, pegando o isqueiro e os cigarros que estavam sobre a mesa.Fernanda, percebendo que não poderia contar com ele, começou a chorar ainda mais intensamente, se arrastando sozinha para chamar uma enfermeira.Gustavo abriu o maço de cigarros, mas seus dedos começaram a tremer levemente. Ele não conseguia tirar o cigarro do maço, que parecia preso.Enquanto isso, a dor de Fernanda se intensificava, e ela voltou a chorar em desespero.O som do choro dela tornou seus m
A expressão de Gustavo mudou visivelmente. Seus olhos ficaram injetados de sangue, e as veias em sua testa se destacaram.Fernanda, completamente absorvida em sua própria dor, nem percebeu a mudança nele.Gustavo se recostou no sofá, inclinando a cabeça para trás com força, fazendo três respirações profundas para tentar recuperar a calma. Então, rapidamente pegou o celular e ligou para Edmar.Edmar atendeu imediatamente:— Patrão, às suas ordens.Gustavo, com a voz fraca, disse:— Me tire daqui......Naquele dia, todos os acessos do hospital, que geralmente era um lugar tranquilo, pareciam um mercado movimentado. Era possível ver até mesmo pessoas que, ao comprarem algo para comer, começavam a fazer transmissões ao vivo enquanto comiam.No meio dessa atmosfera caótica, por volta das dez da manhã, um homem vestindo um terno cinza-amarronzado surgiu montado em uma motocicleta preta, pesadona. Suas habilidades de pilotagem eram tão suaves que ele passou pela multidão sem diminuir a veloc
Ao ouvir sobre isso, Poliana apertou as mãos com tanta força que as unhas quase penetraram em suas palmas. Demorou um tempo antes que ela falasse:— A Fernanda fez isso comigo porque sabe que Gustavo já não me pertence, e conhece o quanto eu me importo com minha avó. No passado, ela já usou minha avó para me ameaçar. Agora, minha avó é minha única parente, e é óbvio que a Fernanda quer me tirar a única pessoa que eu amo. Mas não será suficiente apenas ela sofrer uma fratura. Ela também precisa perder tudo o que mais valoriza!Os olhos de Bárbara brilharam.— Certo, então o que você pretende fazer?— Primeiro, eu vou me divorciar!Poliana ergueu o rosto cheio de lágrimas, mas seus olhos estavam decididos e firmes, sem espaço para questionamentos:— Eu preciso me divorciar do Gustavo o mais rápido possível!Bárbara não entendeu:— Mas, se você se divorciar dele, não vai estar exatamente dando o que Fernanda quer?Poliana balançou a cabeça:— Não! Dois anos atrás, o Gustavo me entregou um
Marcelo então disse:— Poli, não se preocupe tanto. O que o médico disse antes pode ser o pior cenário, mas, em casos de doenças, o tratamento nunca tem uma resposta exata. Algumas pessoas precisam de três dias de remédios para se curar de uma gripe, enquanto outras melhoram com apenas uma dose. Pense bem, se você fosse o médico, diria com toda certeza à família do paciente que tudo vai ficar bem? Não seria melhor considerar as chances de algo inesperado acontecer? Talvez sua avó se recupere e volte a ser tão saudável quanto antes.Essas palavras realmente trouxeram um pouco de esperança para Poliana. Ela levantou os olhos, vermelhos como os de um coelho.— Tio Marcelo, você acha mesmo?Marcelo hesitou por um instante, mas assentiu, suas orelhas ficando levemente vermelhas. Poliana, apesar de ter mais de vinte anos, ainda tinha traços de juventude em seu rosto sem maquiagem. Especialmente agora, com essa expressão de fragilidade, ela parecia uma jovem de dezoito anos, doce e inocente.
Na sala VIP do aeroporto, nas áreas onde a luz do sol não alcançava, a atmosfera era quase onírica. Gustavo estava recostado em uma poltrona de couro marrom, com a cabeça apoiada no encosto, usando um fone de ouvido preto pendurado no pescoço. Seus olhos estavam fechados, como se estivesse apenas descansando.Ele vestia um longo casaco preto, mais comprido do que os que costumava usar. Suas longas pernas estavam esticadas, e a barra do casaco caía sobre uma delas, cobrindo ele até a altura da canela, enquanto a outra parte do casaco se arrastava no chão.A foto foi claramente tirada por algum passageiro que o encontrou por acaso. Mesmo em um clique furtivo, Gustavo parecia incrivelmente atraente, com uma elegância que se destacava.A imagem que Bárbara abriu foi publicada em um aplicativo de vídeos curtos. Apesar de ter sido postada havia pouco tempo, já acumulava milhares de curtidas, comentários e compartilhamentos.Na foto, um comentário em particular fez os olhos de Poliana br
Bárbara estava se sentindo cada vez mais irritada enquanto assistia ao vídeo. Estava prestes a deslizar para o próximo quando, de repente, o vídeo foi deletado e um novo começou a tocar. Ela franziu as sobrancelhas e voltou à página inicial para verificar os tópicos mais populares. Os nomes de Gustavo e Fernanda, que antes dominavam os primeiros lugares, já não estavam mais lá.— Poli. — Bárbara chamou. — As notícias estão sendo retiradas.— É mesmo? Parece que o Gustavo ainda está preocupado com a exposição do nosso casamento. — Poliana respondeu, encontrando o olhar de Bárbara. — Bárbara, já que o Gustavo vai deixar a Cidade de Bellafoz, depois que comermos, preciso que você fique aqui com minha avó. Eu vou para casa pegar a certidão de casamento e outros documentos. Agora que todos estão focados nessa situação, é o momento ideal para que as pessoas saibam quem realmente é a Fernanda.Bárbara assentiu prontamente.— Claro....Cerca de quarenta minutos depois, Marcelo chegou com a V