Poliana não queria se sentir assim, mas, nos momentos mais difíceis, as emoções eram liberadas instintivamente, trazendo um breve alívio ao coração. Assim como aqueles que recebem uma notícia trágica de repente, ninguém queria se dobrar e desabar em lágrimas na frente dos outros. Mas esses comportamentos serviam apenas para aliviar temporariamente o coração e a mente. Afinal, a vida deveria continuar.Gustavo ficou ainda mais desesperado ao abraçá-la. Ele podia sentir claramente sua respiração acelerada, quase ofegante. Embora ela não emitisse nenhum som de choro, ele só conseguia pensar em alguém lutando para respirar. Quanto mais aflito ele ficava, mais grave era sua expressão e mais feroz ele parecia.— Poliana, você precisa se acalmar! Eu fui muito rude, não fui? — Ele ergueu o queixo dela. — Foi sem querer, tanto agora quanto ontem. Eu não quis te machucar, você está exagerando!Poliana não conseguia ver seu rosto naquele momento. As lágrimas em seus olhos estavam fora de cont
A alcalose respiratória ocorre quando uma pessoa respira muito rápido e profundamente, resultando na eliminação excessiva de dióxido de carbono do corpo. Colocar uma máscara para aumentar o dióxido de carbono no corpo poderia ajudar a aliviar a situação.Com a máscara ajustada, Gustavo acariciava o peito dela, dizendo:— Vá com calma, respire devagar...Mas parecia que o caso de Poliana era mais grave. Sua respiração não mostrava sinais de desaceleração, e seus olhos começaram a se fechar lentamente.O rosto de Gustavo ficou instantaneamente pálido.— Não pense no que aconteceu antes, se concentre em respirar devagar!No entanto, não adiantava.A mão de Gustavo começou a tremer também.— Eu não vou mais discutir com você, não vamos brigar, está bem? Fique bem, nós dois...Antes que pudesse terminar a frase, Poliana de repente fechou os olhos, e seu corpo parou de tremer.Gustavo ficou atordoado por um momento, uma onda de frio percorreu sua espinha até tomar conta de todo o seu corpo.
Gustavo ficou chocado, demonstrando tanto surpresa quanto uma crescente desconfiança em relação a Marcelo. Ele não disse nada, mas sua expressão revelava tudo. Ele certamente já havia passado por algo semelhante.Marcelo se aproximou.— A Poli me contou tudo sobre o que aconteceu entre vocês.A expressão de Gustavo mudou em um instante, se tornando assustadoramente fria.— Ela te contou?Marcelo respondeu:— Não fique tão agitado. Mesmo que houvesse algum mal-entendido entre vocês, ou que ela realmente tenha te magoado, isso não é algo do qual você deva se envergonhar.Ele era um homem e compreendia por que Gustavo se recusava tão veementemente a deixar que outros soubessem do que aconteceu entre ele, Poliana e Adílson, quatro anos atrás.Se não se aprofundasse na questão, qualquer um pensaria que Poliana o havia traído. A maioria dos homens se importaria com isso, considerando extremamente humilhante.E um homem que, desde pequeno, havia sido sempre elogiado por todos, se importaria
— Você sabe que ela estava com diarreia, e ainda assim você a deixou à noite para procurar a Fernanda? Gugu, talvez você devesse rezar para que ela não te ame mais, porque se ela ainda te amar, suas ações vão machucar muito o coração dela! Vamos supor, se algum dia a verdade provar que a Poli e Adílson foram vítimas de uma armadilha e que nenhum dos dois te traiu, como você vai compensar o dano que causou à Poli agora?Gustavo desviou o olhar, seus olhos úmidos com lágrimas que ele tentava conter.— Mas não existe essa verdade, o que existe é o fato de que ela me traiu!— Gustavo. — Os olhos de Marcelo de repente ficaram vermelhos, como se ele se lembrasse de algo do próprio passado. — Quando eu tinha a sua idade, eu também era imaturo. Quando brigava com minha esposa, eu me sentia profundamente injustiçado e me recusava a ceder, ignorando ela. Mas um dia, o destino te mostra que você a perdeu para sempre, e aí nem espaço para arrependimento te sobra!Após falar, Marcelo se virou e fec
Ele ficou em silêncio por alguns segundos, um tanto irritado:— Você é só uma criança, ao invés de estudar, entende dessas coisas.Vic retrucou:— Você está sem palavras, não é?Gustavo realmente não sabia o que responder.— Não vou perder meu tempo discutindo com uma criança.Gustavo se aproximou da cama e se sentou, observando o rosto tranquilo de Poliana, seu semblante se tornando ainda mais sombrio.Foi então que Vic percebeu que seu pai não havia chegado, e olhou novamente para Gustavo.— Homem malvado, cadê o meu pai?Gustavo franziu o cenho e se virou para ela:— Do que você me chamou?Vic mostrou a língua para ele, fazendo uma careta estranha e, sem insistir, levantou o pulso e usou seu relógio de telefone para ligar para Marcelo.Em pouco tempo, a ligação foi atendida, e Vic perguntou:— Papai, onde você está?A voz de Marcelo saiu do relógio:— Fui ver sua mãe, fique no hospital por um tempo, em breve o tio David vai te buscar.Vic foi obediente.— Tá bom.Assim que a ligação
Ao ver Gustavo com a cabeça baixa, cuidando cuidadosamente de sua ferida, Poliana ficou paralisada, como se acreditasse estar sonhando. Gustavo estava tão concentrado no que fazia que nem percebeu que ela havia acordado.Depois de alguns instantes, as pupilas de Poliana começaram a se dilatar, como se finalmente aceitasse que Gustavo realmente estava ali, tratando do seu ferimento. Ela, incrédula, perguntou com a voz abafada:— Por quê?Gustavo parou por um momento.— Desde quando você está acordada?O olhar de Poliana começou a brilhar, seus olhos repletos de emoções confusas.— Por que você está fazendo isso?"Por que me deixou tão furiosa a ponto de desmaiar e agora está cuidando dos meus ferimentos?", era o que ela realmente queria perguntar. Gustavo entendeu o que ela queria dizer, mas evitou responder diretamente. Em vez disso, ele abaixou a cabeça novamente e continuou aplicando o remédio com cuidado.— Faz muito tempo desde a última vez que vimos minha avó. — Ele desviou da p
Ela disse isso não por ciúmes. Durante os dois anos em que Gustavo não voltou ao país nem entrou em contato com ela, Poliana muitas vezes se pegava imaginando se ele não teria formado uma nova família no exterior. Esses pensamentos a atormentavam a ponto de deixá-la profundamente ansiosa, e ela só conseguia encontrar alívio recorrendo a medicamentos.Depois de um ano de tortura emocional, ela começou a se tornar insensível à situação, até a ponto de imaginar que ele pudesse estar com várias outras mulheres sem sentir tanta dor. Mas agora, o que ela não conseguia aceitar era o fato de que a mulher envolvida era justamente Fernanda, a pessoa que a havia atormentado.Bullying era algo que, uma vez experimentado, deixava cicatrizes permanentes na mente e no corpo. As marcas físicas em seu corpo não desapareceram completamente, mesmo após tratamentos estéticos. E as feridas emocionais eram ainda mais profundas; sempre que ela via uma notícia ou vídeo sobre bullying, revivia o terror daqu
Inesperado, ele ainda estava jogando.Poliana se lembrou da vez em que ele a questionou sobre o quanto uma pessoa poderia mudar em quatro anos.Seu coração bateu com força novamente. Ela engoliu a comida, colocou os talheres de lado e fixou o olhar diretamente em Gustavo.De repente, sentiu um impulso.Ela queria lhe fazer uma pergunta. Se a resposta dele fosse igual ao que Bárbara e Marcelo haviam suposto, ela decidiria viver bem com ele.No entanto, enquanto se preparava emocionalmente e organizava suas palavras, o celular de Gustavo vibrou.Os dedos dele hesitaram por um instante, seu semblante ficou rígido e ele assumiu uma expressão extremamente séria.O som do jogo cessou e seus dedos começaram a tocar rapidamente a tela. Era evidente que ele estava respondendo a uma mensagem.As palavras que estavam prestes a sair da boca de Poliana foram engolidas.Ela terminou de comer e olhou novamente para Gustavo, que ainda estava enviando mensagens.Poliana não havia descansado bem antes e