Capítulo 4
O olhar de Gustavo escureceu. Ele não respondeu, indo atrás de Guilherme.

Fernanda suspirou com força, com os ombros tremendo, olhando para Poliana e Guilherme com um claro sentimento de ódio e inveja.

No entanto, Gustavo não chegou a enfrentar Guilherme. Quando ele foi para lá, viu exatamente o momento em que o esplêndido Ferrari de Guilherme realizou uma derrapagem e entrou diretamente na estrada principal.

...

Dentro do carro, Poliana estava encolhida contra a janela. O cinto de segurança havia sido colocado por Guilherme.

Embora estivesse chorando, sua expressão estava rígida como uma escultura sem alma.

A dor em seus ouvidos puxava os nervos de toda a sua cabeça, trazendo à tona muitas memórias que ela preferia não se lembrar...

Um grupo de garotas com maquiagem pesada a cercava, com o rosto mais à frente e mais orgulhoso, era a que parecia mais inocente e inofensiva: Fernanda.

Ela sorria maliciosamente, puxando o cabelo de Poliana e fazendo com que suas companheiras batessem alternadamente nela, deixando sorvete derretido branco escorrendo em seu rosto e peito.

Poliana não ousava resistir, porque sua avó estava nas mãos do pai de Fernanda.

A família de Fernanda era bastante próspera. O pai dela administrava uma empresa de cerâmica, onde a avó da Poliana trabalhava como faxineira, no prédio do escritório dele.

Sua avó sempre foi muito cuidadosa em seu trabalho, mas naquele dia, Fernanda insistiu que a avó havia danificado acidentalmente os documentos do pai dela.

Até mesmo um tolo saberia que tudo isso era uma desculpa.

Naquele ano, Poliana estava no primeiro ano da faculdade, enquanto Fernanda estava no segundo ano.

Na Universidade de Artes de Bellafoz, Fernanda sempre foi a musa adorada por milhares de estudantes. Quando Poliana entrou na universidade, ela ofuscou o brilho de Fernanda.

A inveja estava estampada no rosto inocente de Fernanda, que a humilhou, tirando fotos dela em uma posição degradante, e os comentários maldosos das outras pessoas a fizeram lembrar disso constantemente.

"— Poliana, você é tão bonita. Se estivesse disposta a se prostituir, sua avó ainda precisaria trabalhar como faxineira para sustentar a família?"

— Poliana! Ei, Poliana! — As palavras de Guilherme tiraram Poliana de seus pensamentos.

Ela virou a cabeça em estado de choque e encontrou um par de olhos grandes e preocupados olhando para ela.

Guilherme pensou que ela tinha desmaiado, já que ela não se mexia.

O carro estava em alta velocidade e a sensação de velocidade era confortável. Poliana havia tomado remédio anteriormente, então a dor havia diminuído e ela conseguia ouvir claramente, embora ainda sentisse dor nos ouvidos.

— Guilherme, obrigada. — Disse Poliana.

Guilherme suspirou aliviado, dizendo:

— Contanto que você esteja bem, ótimo.

Poliana continuou em silêncio.

Era quatro da manhã, havia poucos carros na estrada.

Depois de fazer uma curva, Guilherme olhou para ela novamente.

O nó de sua garganta subiu e desceu silenciosamente de novo.

O rosto de Poliana era radiante e encantador, seu perfil parecia uma pintura, com traços suaves e cílios naturalmente curvados e espessos. Era como se Deus a tivesse favorecido demais.

Poliana se destacava entre um grupo de belas mulheres e até poderia ser descrita como "deslumbrante". No primeiro ano do ensino médio, ela foi descoberta por um olheiro.

No entanto, sua mãe nunca concordou que ela entrasse na indústria do entretenimento, então ela continuou seus estudos de acordo com o plano dos mais velhos, até mesmo sendo proibida por sua mãe de deixar o cabelo crescer ou usar roupas bonitas.

Durante seus três anos de ensino médio, ela usava um corte de cabelo curto e desleixado e roupas volumosas, ultrapassadas e sem estilo.

Quando ela começou a se arrumar na universidade, sofreu bullying, até que conheceu aquele demônio em pessoa e encontrou alguém para protegê-la, foi quando ela começou a ser verdadeiramente ela mesma.

Guilherme rompeu o silêncio no carro novamente:

— Você sabe, eu e os outros brothers conhecemos o Gustavo há uns três ou quatro anos. Parece que você e o Gustavo se conhecem há muito tempo, não é?

Ao ouvir isso, Poliana respondeu:

— Sim, ele foi meu primeiro amor. Começamos a namorar no primeiro ano da faculdade, ele me acompanhou durante os quatro anos da faculdade. Terminamos depois da formatura... Depois de dois anos separados, por um acaso do destino, nossas famílias se envolveram em algo e, por causa disso, nos arranjaram um casamento. Eu queria me casar com ele, mas ele não queria.

Guilherme franziu a testa de leve, perguntando:

— Você... Ama muito ele?

— Sim. — Sua voz tremeu. — Ele costumava... Ser muito bom comigo, extremamente bom.

Estando imersa na dor do amor, uma simples frase podia trazer à tona todas as memórias pesadas e marcantes do passado. Ela continuou:

— Eu não tenho pai, mas o Gustavo me deu não apenas a sensação de segurança que um namorado deveria dar, mas também um pouco da sensação de ter um pai. Nas férias, enquanto os outros eram buscados pelos pais, era o Gustavo quem me buscava. No início de cada semestre, enquanto os outros eram levados pelos pais, era o Gustavo quem me levava. No dia anterior ao início das aulas, ele costumava verificar a minha bagagem para garantir que eu tivesse tudo e secretamente colocava dinheiro nos bolsos das minhas roupas.

Enquanto recordava essas coisas, lágrimas escorriam pelo canto dos olhos de Poliana.

Guilherme apertou o volante, com uma expressão pesada no rosto.

Ele parecia não ter imaginado que Gustavo poderia ter um lado tão atencioso e gentil.

No entanto, a atenção excessiva era a coisa mais perigosa nos relacionamentos, pois tentar superar o término seria como ter um pedaço de carne cortado sem anestesia.

Após um momento, Guilherme falou:

— Então, agora você está... Sustentando o casamento de vocês com base nas boas lembranças do passado.

Essa frase dele resumiu a vida solitária de Poliana nos últimos dois anos. Ela levantou a mão para enxugar os olhos, dizendo:

— Eu não consigo aceitar perdê-lo, nós estávamos tão bem juntos, eu simplesmente não consigo aceitar a situação atual...

Guilherme disse:

— Mas Poliana, você já pensou que muitos casais que não têm mais contato, mas que já se amaram muito, acabam se torturando ao viver no passado? No futuro, com certeza você encontrará um homem que será ainda melhor para você.

Poliana começou a soluçar:

— Eu tentei, mas até agora não consigo superar...

Guilherme franziu a testa, mudando de perspectiva:

— Então, Fernanda te bateu, ele não se importou com você e foi embora com ela. Você consegue suportar isso?

Poliana ficou atordoada por um momento. O olhar de profundo amor em seus olhos foi imediatamente coberto por ódio, até suas emoções repentinamente explodiram.

— Não posso. No começo, eu disse ao Gustavo que qualquer um que se aproximasse da Fernanda seria meu inimigo. Será que o Gustavo realmente desenvolveu sentimentos pela Fernanda? Ou ele estava apenas fazendo isso de propósito para me provocar... Não, eu não posso pensar assim também. — Ela começou a murmurar enquanto organizava seus pensamentos confusos. — Não importa qual seja o motivo dele, se ele realmente dormiu com a Fernanda...

Ela parou de falar e fechou os olhos, começando a respirar profundamente.

Algumas imagens, só de pensar, a sufocavam e dificultavam sua respiração.

Guilherme olhou para sua expressão angustiada e ainda sentia pena dela, ao mesmo tempo em que estava curioso sobre o que aconteceu entre ela e Fernanda.

Ele estava prestes a perguntar quando seu celular, que ele havia jogado no porta-luvas, começou a tocar.

Ele olhou para baixo e viu que era Gustavo.

Guilherme franziu a testa e desligou o celular.

Ele olhou para o espelho retrovisor.

Um McLaren P1 preto e vermelho, um carro extremamente chamativo e raro em todo o mundo, só se encontrava nas mãos daquele maldito playboy, herdeiro da família mais rica de Bellafoz.

Guilherme olhou para Poliana novamente, sua aparência desolada realmente poderia derreter o coração de um homem.

Ele apertou o volante discretamente.

Quando eles pegaram o contato de Poliana, não foi Poliana quem ofereceu, foram eles que pediram o número às escondidas de Gustavo, porque perceberam a indiferença de Gustavo em relação a ela e ficaram impressionados com sua beleza.

Obviamente, eles também arranjaram uma desculpa nobre: "Cunhadinha, me dá seu número, vamos manter contato para assuntos futuros."

Na época, ninguém ousou ter pensamentos sujos, ela era a esposa de Gustavo, e ele era um dos mais destacados entre esse grupo de amigos.

Mas deixando de lado o fato de ela ser casada, ela realmente era uma mulher linda e rara de se ver, então era apenas uma questão de ter o contato de uma mulher bonita, todos achavam que não havia problema.

Mas naquele momento, ele, por algum impulso inexplicável, girou o volante e fez uma conversão ilegal, acelerando a velocidade para duzentos quilômetros por hora, deixando Gustavo para trás.
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