Que momento mais delicado.Se Marcelo não estivesse ali naquela noite, aqueles dez ou vinte minutos seriam mais que suficientes para Guilherme tirar suas roupas e se aproximar dela de forma íntima.Wanessa certamente estava ali para flagrá-los.E, ao lembrar da foto que Edmar havia enviado, ela conseguiu sorrir para Gustavo; era evidente que os dois haviam conversado muito bem.Se Wanessa tivesse tirado uma foto de Poliana com Guilherme e enviado para Gustavo...Isso confirmaria que ela estava tendo um contato íntimo com outro homem. Mesmo que não fosse algo que ela tivesse desejado, ainda assim seria considerado uma traição ao casamento.Nesse caso, mesmo que ela não quisesse se divorciar, se o Gustavo entrasse com um pedido de divórcio, ele teria as provas de seu adultério, as fotos, e o processo seria imediato.Por causa disso, ela não conseguia dormir.Tinha medo de adormecer e que Wanessa chamasse Guilherme de volta enquanto ela estivesse inconsciente.Mas também não podia pedir p
— Eu, eu... — Wanessa estava tão assustada que sua respiração estava ofegante. — Poli, acho que você está realmente muito doente. Acho melhor eu ir embora agora e amanhã trago um psicólogo para te ajudar, tudo bem? Poliana enxugou as lágrimas com um gesto rápido. — Está bem, eu também quero conversar com um médico... — Hm! Alguns minutos depois, o único som que preenchia o quarto era a música de fundo arrepiante do filme de terror na televisão. Poliana havia apagado todas as lágrimas do rosto. Seu semblante, que antes estava cheio de tristeza e frustração, se transformou rapidamente em uma expressão fria e vazia. No entanto, não havia nem um pouco de prazer por ter conseguido afastar Wanessa. Não era algo que a deixasse feliz, mas sim triste. Ela sabia que poderia facilmente fazer Wanessa ir embora porque, após todos esses anos, ela a conhecia como ninguém mais. O que Wanessa dizia ou fazia poderia ser difícil de julgar, se era genuíno ou não, mas as coisas das quais Wa
Marcelo concordou com a cabeça.— Essa ideia está certa. Vamos sair hoje à noite mesmo....Às duas da manhã, Poliana havia concluído todos os trâmites da transferência para o novo hospital. Enquanto isso, no maior centro de diversão de Bellafoz, o mesmo lugar onde Guilherme havia organizado a festa para Gustavo, o Nolem, a noite seguia. No mesmo camarote de antes, Guilherme estava completamente embriagado, deitado no sofá, com Wanessa sentada ao seu lado.— Sr. Guilherme, você foi ver a Poli hoje à noite? Guilherme nem ao menos olhou para ela.— Vai embora. Considere isso como se eu tivesse cometido uma grande idiotice.— Não, Guilherme, a Poli tem uma personalidade muito fraca... — Não é isso. — Guilherme se virou no sofá. — Não é isso, Wanessa. Eu só pensei na Poliana porque eu gosto dela, mas se você olhar sob o seu ponto de vista, o que aconteceu entre nós dois foi, para ela, uma traição dentro do casamento. Você não tem medo de que sua amiga seja odiada por todo mundo?— Ser
E esse estilo de pintura, ele já havia visto antes.Enquanto se perdia em pensamentos, Poliana o percebeu.— Tio, você chegou agora? — Ela olhou para ele com um sorriso suave no rosto, parecendo bastante contente. Seu belo rosto iluminado contrastava um pouco com a pintura que estava fazendo.— Acabei de chegar, vi que você estava tão concentrada na pintura que não quis interromper. — Enquanto falava, Marcelo pegou o celular. — Poli, eu achei que sua pintura está incrível, posso tirar uma foto para mostrar para a Vic?— Claro! Marcelo fotografou a obra dela e, em seguida, disse:— Continue pintando, vou cuidar de umas coisas.Ele então foi para o quarto, fechando a porta com cuidado. Pegou o celular e fez alguns toques na tela antes de fazer uma ligação.— Igor, acabei de te enviar uma foto de uma pintura, dá uma olhada e me diz se ela tem a mesma sensação daquela que a menina com depressão da turma da Vic fez.— Ok, vou ver.Marcelo se sentou e esperou pacientemente. Após cerca de de
A primeira vez que ele conheceu Poliana não foi no dia em que ela e Gustavo se casaram, após o registro do casamento e a festa. Foi no dia da cirurgia de transplante de coração de Sérgio. ...Aquele foi um dia que decidia a vida ou a morte de Sérgio. Se o transplante fosse bem-sucedido, ele sobreviveria; se não, ele partiria para sempre. Muitas pessoas estavam presentes, todas figuras de destaque em suas respectivas áreas. Cada uma delas vestia trajes formais negros, com semblantes sérios e uma calma impressionante. Mesmo quando perceberam que Gustavo, o único filho de Sérgio, não estava lá para apoiar o pai na hora mais crítica, ninguém ousou comentar.Quando a cirurgia começou, o corredor ficou imensamente silencioso, como se o próprio ar tivesse se comprimido. Somente depois de mais de uma hora, uma enfermeira saiu da sala de operação e se aproximou de Vânia, dizendo que o procedimento estava indo bem. Foi então que, de repente, um choro audível quebrou o silêncio mortal. Ele
O que ele sempre quis era simples: ele e a esposa terem um emprego estável, juntos construírem um lar harmonioso e cheio de amor, vivendo uma vida comum, mas cheia de momentos de felicidade. ...As lembranças trouxeram uma tristeza nostálgica, e Marcelo, por um momento, não conseguiu organizar os pensamentos. Por isso, não saiu imediatamente para encontrar Poliana. Enquanto isso, Poliana estava concentrada em sua pintura. No topo da tela do celular, surgiu uma notificação. Bárbara havia enviado um ponto de interrogação. Poliana largou o celular e ligou para Bárbara por vídeo. Bárbara atendeu, e ao fundo, Poliana percebeu que ela estava em um trem. Poliana hesitou por um momento. — Por que você está no trem? Na última vez que Bárbara saiu do Resort N, as duas trocaram mensagens pelo WhatsApp. Bárbara mencionou que pegaria uma carona com uma roteirista até Bellafoz, já que tinha terminado com Breno. Também comentou que, ao chegar em Bellafoz, ficaria em um hotel ou na c
Até o tom das vozes parecia o de um desenho animado.A flor à esquerda disse:— Ela me traiu, por que eu deveria procurá-la? Eu sou inútil, estou apenas apodrecendo no vaso. Nem quero procurar ela!A flor à direita respondeu:— Ela ainda é minha esposa, se eu a deixo, estou apenas me prejudicando ainda mais. Preciso dar um jeito de sair desse vaso e ir encontrá-la!A flor da esquerda retrucou:— Não vou procurar, não vou!A flor da direita insistiu:— Eu vou, vou sim!Gustavo observava aquelas duas flores se contorcendo com entusiasmo, mas suas sobrancelhas estavam cada vez mais franzidas.Não demorou muito.A porta se abriu, e Edmar entrou.Gustavo olhou para ele, que trazia comida.— Vamos comer.Gustavo engoliu em seco.— Você não percebeu que há algo estranho neste quarto?Edmar parou, olhou ao redor.— O que tem de estranho?Gustavo fixou novamente os olhos nas flores, que ainda continuavam conversando.A flor à esquerda disse:— Ela me feriu. Mesmo que eu pense nela, não quero ma
Mesmo que Poliana não o tivesse contatado naquela noite, Edmar sabia que, para garantir que Gustavo descansasse adequadamente enquanto se recuperava, ele deveria tomar a iniciativa de entrar em contato com Poliana em segredo, e depois dizer ao Gustavo que foi ela quem o procurou.— Hmm. — Gustavo respondeu, e então continuou a levantar o prato.Foi então que, para sua surpresa, o próprio prato começou a falar. Era como se estivesse usando um efeito especial de vídeo, e do nada, dois grandes olhos e uma boca apareceram no prato, que agora o encaravam.Um dos pratos disse:— Sua esposa nem vem te ver, e você ainda tem coragem de comer?O outro prato concordou:— Deixe ele comer. Ele pensa que ignorar a Poliana é uma vitória, mas nem percebe que, enquanto isso, a Poliana deve estar se divertindo com o Guilherme. A Poliana nem deve se lembrar dele!Gustavo, irritado, jogou o prato no chão.Edmar se assustou, interrompendo o que estava fazendo e soltando as pernas que tinha cruzado.— O que