POV EMILY
Meus pais não me amam. Eu era filha única e tudo estava bem. Vivíamos felizes, sem brigas, mas tudo mudou quando minha mãe quis ter outro filho, embora já não pudesse mais ter filhos. Então, meu pai e ela decidiram adotar uma criança, e assim minha meia-irmã, Vanessa, chegou à nossa família.
No início, tudo estava bem, mas depois minha meia-irmã ficou com ciúmes porque minha mãe e meu pai passavam mais tempo comigo. Então ela me marcou como culpada, e meus pais pensaram que eu era quem estava me comportando mal. Desde então, começaram a passar mais tempo com ela, e aos poucos me tornei a filha esquecida.
Eu não queria ir para a casa dos meus pais, mas queria visitá-los para ver se podíamos resolver as coisas.
O táxi parou em frente à casa dos meus pais, e eu saí. Respirei fundo e toquei a campainha.
Depois de alguns segundos, a porta se abriu e uma empregada me atendeu.
—Quem é você? —perguntou bruscamente.
—Sou a filha do senhor e da senhora Jones —respondi educadamente.
—Está brincando comigo? —perguntou enquanto eu a olhava confusa—. O senhor e a senhora Jones só têm uma filha.
Então, de fato, eles se esqueceram de mim.
—Apenas diga aos meus pais que a outra filha deles está aqui —disse a ela. Ela me olhou e revirou os olhos.
—Por favor, pare de brincar e vá embora! —gritou rudemente.
—Quem está aí? —perguntou uma voz masculina.
—É alguém. Diz ser a filha do senhor e da senhora Jones —respondeu ela.
—Deixe-a entrar —ordenou, e a empregada me fulminou com o olhar antes de abrir a porta para eu entrar.
—Por aqui —disse ela, e eu a segui até a sala.
Ao entrar na sala, vi minha mãe, meu pai e minha meia-irmã sentados no sofá. Todos pareciam surpresos ao me ver, inclusive minha meia-irmã.
Olhando para a esquerda, vi três homens em pé. Um parecia mais velho, com cerca de 40 ou 50 anos. Outro parecia mais jovem: era bonito, musculoso, tinha um maxilar forte e olhos verdes. Parecia ter uns 20 anos e tinha uma semelhança com o homem mais velho. O último homem parecia um pouco mais velho, como se tivesse uns 30 anos; usava óculos e segurava alguns papéis nas mãos.
—Por favor, sente-se —disse o homem com óculos, e eu me sentei.
—Primeiro, deixe-me apresentar a mim mesmo e a essas pessoas. Meu nome é Ryan Maclin, sou advogado, e esses são o senhor Andrew Stephano e seu filho, Xavier Stephano.
Olhei para eles e sorri calorosamente. O senhor Andrew, mais velho, me sorriu, mas seu filho me lançou um olhar frio.
Caramba! Ele poderia me matar com aquele olhar.
—Você é Emily Jones? A filha biológica do senhor e da senhora Jones? —perguntou o advogado, e eu assenti.
Ele suspirou aliviado e continuou:
—Bem, há algo que você precisa saber.
—Continue —disse, e ele prosseguiu—. Antes de seus avós morrerem, eles assinaram um contrato com a família Cambel. Esse contrato estipula que a primeira filha da família Jones será entregue ao primeiro filho da família Cambel como esposa.
—O quê?! —perguntei, surpresa.
—Aqui está —o advogado me entregou um documento, e eu o li.
—Como pode ver no documento, ele foi assinado por sua avó e seu avô —disse ele, apontando para a assinatura.
—E quem é o sujeito? —perguntei.
—É o senhor Xavier —respondeu. Olhei incrédula para ele.
—É uma brincadeira? —perguntei.
Por favor, que seja.
—Não, não é —respondeu o advogado.
—Pois eu não quero me casar com ele! —disse, cruzando os braços.
Não posso me casar com um estranho.
—Bem, se ela não quer se casar com ele, então posso eu? —perguntou Vanessa.
Ela parecia estar chorando. Tinha os olhos inchados e a voz trêmula.
—Sinto muito, senhora Vanessa, mas o contrato diz claramente que a primeira filha que nascer se casará com o senhor Xavier, e essa é a senhora Emily.
—Mas...
—Já chega. O que está dito, está dito. O casamento será em dois dias. Quero que você fique aqui com sua família. Amanhã passarei para buscá-la para o vestido e outras coisas —disse o senhor Xavier, enquanto me olhava.
—Adeus, senhorita Emily —disse antes de sair.
—Adeus! —seu pai apertou minha mão e sorriu antes de seguir o filho.
E então o advogado foi embora.
—A culpa é toda sua! —gritou Vanessa, chorando.
—O que eu fiz? —perguntei, confusa.
—Se você não tivesse aparecido, ele teria se casado comigo em vez de com você! —gritou.
—Shh! Pare de chorar, querida —mamãe a consolou, dando tapinhas nas costas dela.
—Nunca soube que você podia ser tão gananciosa! Até voltou para roubar o noivo da sua irmã! —disse meu pai.
—O que vocês querem que eu faça? Eu recusei a oferta, mas foi ele quem não aceitou. Além disso, foram minha avó e meu avô que assinaram o contrato, e meu nome está escrito nele, não o de Vanessa. Então, se alguém aqui é ganancioso, é Vanessa —expliquei. Pude ver minha mãe e meu pai fervendo de raiva.
—Cale-se! E por que você voltou, afinal? —perguntou minha mãe.
—Bem, queria visitá-los, mas que coincidência, justo hoje.
—Uf! Estou cansada de ver sua cara! Você é uma vergonha para mim —disse meu pai, furioso.
O que ele está fazendo? Tentando me machucar? Pois sinto muito, mas não funcionou.
—Digo o mesmo —respondi, e ele se aproximou para me dar um tapa.
—Como você se atreve a me desrespeitar?
—E como você se atreve a me bater? —perguntei. Ele levantou a mão novamente para me bater, mas minha mãe o impediu.
—Deixe-a. Não queremos que a família Stephano seja nossa inimiga. Você sabe que eles são poderosos.
—Pff! Você realmente acha que o senhor Xavier gosta dela e a defenderá? Ele só está se casando com ela por causa do contrato —disse, afastando-se de mim.
—Pode dormir no sofá e preparar seu próprio café da manhã! —disse minha mãe, levando Vanessa com ela.
O que está acontecendo na minha vida?
Primeiro fui demitida, depois peguei meu namorado me traindo com minha amiga, agora vou me casar com um cara que nem conheço, além de ser maltratada pelos meus pais.
Pode este dia piorar?
POV EMILYEra o dia seguinte. Acordei com o corpo todo doendo. Sim, o sofá não era nada confortável!Fui até a cozinha e vi a empregada de ontem preparando o café da manhã. Ao me ver, ela me olhou com desprezo e continuou cozinhando.Eu, por outro lado, não liguei. Peguei uma frigideira e fritei alguns ovos e fiz torradas. Também preparei um café para beber.Sentei à mesa e comi. Depois do café da manhã, tomei banho e me arrumei."Estou indo para casa. Mesmo que eu não queira ir para lá, estou indo porque não tenho outro lugar para ir."Vesti uma legging preta e um suéter com um casaco de neve por cima, já que está nevando. Quando terminei, voltei para a sala para pegar minha bolsa, que estava com minhas coisas dentro.Ao entrar na sala, vi Xavier sentado no sofá e Vanessa sentada do outro lado com papai e mamãe.—Bom dia, querida —me cumprimentou papai com um sorriso falso no rosto.Ignorei-o e peguei minhas coisas, que estavam ao lado de Xavier.—Tchau —disse e caminhei em direção à
POV EMILY—E agora? —perguntei.Estou começando a ficar exausta de tantas compras. Até agora compramos sapatos, arrumei minhas unhas e estou ansiosa para ir para casa dormir.—Comer. Continuaremos amanhã —ele disse, e suspirei aliviada.—Finalmente —murmurei.—Onde você quer comer?—Humm... que tal uma cafeteria? —arrisquei, e ele me lançou um olhar que me fez estremecer de medo.—Não importa. Que tal um restaurante caro e elegante? —engoli em seco e dei ao motorista o endereço.*—Obrigada por hoje —disse ao sair do carro, e antes que eu pudesse me virar, ele já tinha ido embora.Grosseiro! Ele é um maldito grosseiro!Respirei fundo antes de tocar a campainha. A empregada veio, abriu a porta e me deixou entrar.—Ela voltou! —ouvi minha meia-irmã gritar.Ao entrar na sala, vi minha mãe e meu pai com minha meia-irmã sentados no sofá. Parecia que estavam me esperando.—Sente-se —ordenou meu pai, e eu me sentei.—Sobre o que querem falar comigo? —perguntei, e ele olhou para Vanessa antes
POV XAVIERLevantei-me da cama e fui direto ao banheiro. Depois de tomar um longo banho quente, me vesti e tomei o café da manhã, que foi servido por uma de minhas empregadas.Subi no meu carro e fui até a casa dos pais de Emily. Falando em Emily, fiquei surpreso com suas ações ontem. Nunca pensei que ela não fosse uma interesseira, mas ainda não sei. Pode estar fingindo, e eu não confio em interesseiras!Ao chegar na casa dos pais dela, vi alguém dormindo no degrau em frente à porta.Quem era?Saí do carro e me aproximei da porta para ver melhor o rosto.Emily?O que ela está fazendo lá fora?Cheguei perto, me agachei e tentei acordá-la.—Emily? —disse, dando um leve toque em seu ombro.—Mamãe, papai? São vocês? Ainda me odeiam? —sussurrou.Ela não parece nada bem.De repente, a porta se abriu com tudo.—Meu Deus! Emily? —disse sua mãe, preocupada—. Querida? Você está bem?Não sei por quê, mas fiquei irritado com aquelas pessoas.—Por que diabos ela estava do lado de fora na neve, e
POV EMILYChegou o dia do meu casamento, e os nervos não demoraram a aparecer.Não consigo acreditar que realmente vou me casar.—Certo. Temos exatamente dois minutos antes de a noiva caminhar até o altar. Cada um em sua posição —anunciou a organizadora do casamento antes de sair apressada.—Ok, querida. Prepare-se, em alguns minutos você vai caminhar pelo corredor com seu pai. Não fique nervosa, tudo vai dar certo, está bem? —disse a mulher que me acompanhava no carro. Eu apenas assenti.—Certo. Agora pegue o braço do seu pai e prepare-se —acrescentou. Seguindo suas instruções, segurei firme no braço do meu pai.Odiava estar aqui neste momento exato, mas não tinha escolha.—Aqui está —me entregou meu buquê.—Em 5, 4, 3, 2, 1... Já! —anunciou, e as portas do corredor se abriram.Respirei fundo antes de caminhar de braços dados com meu pai pelo corredor. Enquanto avançava, esbocei um sorriso elegante e olhei para frente.Sim, sou boa em fingir.Quando chegamos ao altar, meu pai soltou
POV EMILY—Chegamos ao aeroporto —disse o motorista, e Xavier saiu do carro.Sorrindo para o motorista, agradeci e segui Xavier.Olhando para frente, estávamos diante de um jato particular.Uau!—Bem-vindos a bordo, senhor e senhora Stephano —disse uma das comissárias quando entramos no jato.O interior era lindo.—Por favor, sentem-se e certifiquem-se de que os cintos de segurança estão afivelados. Estamos prestes a decolar —anunciou o capitão.Sentei-me rapidamente e afivelei meu cinto.Ai, Deus! Odeio aviões.Fechei os olhos e respirei fundo enquanto o avião decolava.O avião se estabilizou no ar, e suspirei aliviada. Desafivelei o cinto, me estiquei e comecei a me sentir entediada.—Gostaria de comer algo, senhora Stephano? —perguntou uma das comissárias, e eu assenti.—Posso pedir uma Coca-Cola e um hambúrguer de frango?—Claro, senhora Stephano —respondeu com um sorriso educado.—E pode me chamar de Emily.—Tudo bem, senhora Steph… Emily. Volto em alguns minutos —disse e foi emb
POV XAVIERFazia anos que eu não me sentia tão confortável.Como pode a cama ser tão macia?Fui despertado pelo sol brilhando em meus olhos. Ao abri-los, percebi que estava abraçado a Emily.Achei que tinha dito a ela para não me tocar.Estava prestes a gritar com ela, mas me detive ao perceber algo.Meus braços estavam ao redor dela. Era eu quem a estava abraçando, e não o contrário.Droga!O que está acontecendo comigo?Afastei-a silenciosamente, me levantei e fui ao banheiro.Escovei os dentes e tomei um banho quente antes de pedir o café da manhã.POV EMILYFui acordada pelo som da voz de uma mulher falando.—Aqui está a comida que você pediu —disse enquanto empurrava um carrinho de comida.—Obrigado. Pode ir —disse ele, e ela sorriu educadamente antes de sair.Rolando para fora da cama, fui direto ao banheiro para escovar os dentes. Depois tomei um banho, vesti uma calça de moletom e um moletom com capuz.—Certo, estarei lá em uma hora —disse Xavier ao telefone.Sentada em uma da
POV XAVIERHomens estúpidos!Queria arrancar os olhos deles por olharem para ela daquele jeito. E por que ela estava usando aquele vestido?Argh!Olhando para Emily, vi que ela estava com a cabeça para fora da janela enquanto o vento balançava seu lindo cabelo.Tenho que admitir que ela estava muito bonita hoje, mas eu preferiria que estivesse sem maquiagem.Por que estou pensando nela?Sacudi a cabeça para tirar esses pensamentos e peguei o celular para verificar se tinha mensagens.—Não vamos voltar para o hotel? —ela perguntou, e eu disparei meu olhar em sua direção.Agora ela estava na minha frente, com o vestido levantado até a coxa.Desviei o olhar e limpei a garganta.—Vamos comer em um restaurante.—Ah —ela respondeu, colocando novamente a cabeça para fora da janela.Balançando a cabeça, voltei a olhar para o celular.*Ao chegarmos ao restaurante, saí do carro e ela me seguiu.—Lembre-se do que eu disse —eu a adverti, e ela assentiu.E lá estava ela novamente com sua atuação.
POV EMILY—Você está demitida! —grita furiosa minha chefe.Olho para ela com uma expressão surpresa.—O quê?—Não vou repetir. Agora vá embora! —ela gritou, e eu fiquei imóvel.—O que você está esperando? —perguntou e me empurrou bruscamente, fazendo-me cambalear um pouco, mas recuperei o equilíbrio e comecei a recolher minhas coisas.—Dou-lhe 10 minutos para sair daqui, e não quero ver sua cara neste prédio nunca mais! —gritou furiosa e saiu do meu escritório como uma tempestade.Não acredito que ela me culpou pelo desaparecimento dos arquivos dela. Fiz tudo o que ela me pediu e entreguei o relatório para a Abby revisar. Abby o levou e agora diz que eu não entreguei os arquivos. Não só ela me culpa por algo que não fiz, como ainda me demite?Apresso-me a recolher minhas coisas e saio do meu escritório. Enquanto me afastava, podia ouvir os sussurros e risadas dos meus colegas de trabalho.Passei por alguns deles e vi Abby. Ela me lançou um sorriso malicioso e acenou para mim.Então fo