POV EMILY

Chegou o dia do meu casamento, e os nervos não demoraram a aparecer.

Não consigo acreditar que realmente vou me casar.

—Certo. Temos exatamente dois minutos antes de a noiva caminhar até o altar. Cada um em sua posição —anunciou a organizadora do casamento antes de sair apressada.

—Ok, querida. Prepare-se, em alguns minutos você vai caminhar pelo corredor com seu pai. Não fique nervosa, tudo vai dar certo, está bem? —disse a mulher que me acompanhava no carro. Eu apenas assenti.

—Certo. Agora pegue o braço do seu pai e prepare-se —acrescentou. Seguindo suas instruções, segurei firme no braço do meu pai.

Odiava estar aqui neste momento exato, mas não tinha escolha.

—Aqui está —me entregou meu buquê.

—Em 5, 4, 3, 2, 1... Já! —anunciou, e as portas do corredor se abriram.

Respirei fundo antes de caminhar de braços dados com meu pai pelo corredor. Enquanto avançava, esbocei um sorriso elegante e olhei para frente.

Sim, sou boa em fingir.

Quando chegamos ao altar, meu pai soltou meu braço, e eu fiquei olhando para Xavier.

—Estamos aqui reunidos... —o padre começou a falar, mas eu congelei.

Não consigo acreditar. Estou prestes a me casar.

Isso vai arruinar minha vida?

Quer dizer, olá! Estou me casando com um completo estranho!

O que será de mim? Vou ter que me afastar da minha mãe, do meu pai e da minha meia-irmã?

Bem, com sorte, não os verei novamente.

Oh, Senhor, me ajude!

O pigarro de Xavier me trouxe de volta à realidade.

—Hã?

—Emily Jones, você aceita Xavier Stephano como seu legítimo esposo? —perguntou o padre.

—Sim. Quer dizer... eu... eu aceito.

Depois trocamos as alianças, e o padre continuou:

—Agora os declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva.

Antes que eu percebesse, os lábios de Xavier se chocaram contra os meus.

O público explodiu em aplausos enquanto nos beijávamos, e senti borboletas no estômago.

Ele envolveu minhas cinturas com as mãos e me puxou para ele, tentando aprofundar o beijo, mas eu me afastei, ofegante.

O que está acontecendo com meu coração?

Está batendo cada vez mais rápido.

Ao abrir os olhos, vi minha mãe e meu pai me olhando, enquanto Vanessa chorava. Mas eu não me importei.

Xavier pegou minhas mãos, e descemos juntos do altar, indo para a pista de dança.

Ele envolveu minha cintura com o braço enquanto eu entrelaçava minhas mãos em seu pescoço. Dançamos "All of Me", de John Legend.

Fechei os olhos e me deixei levar pela música. Essa música era uma das minhas favoritas.

Naquele momento, todas as minhas memórias tristes desapareceram. Mentiras, dor, Mark, Vanessa, mamãe, papai... Todas essas lembranças afundaram no fundo da minha mente.

Um sorriso brilhante se formou em meu rosto.

Pela primeira vez, senti amor, esperança e, acima de tudo, paz.

Sem mais brigas, sem dor, sem lembranças sombrias.

Apenas paz.

Isso me envolvia.

*

Depois da dança, sentei-me em uma mesa e bebi um pouco de água enquanto Xavier cumprimentava alguns convidados.

Oh! Comida!

Havia cupcakes, macarons, frango assado e até bolo.

Ah, falando em bolo, ainda não o cortamos, mas não me importo.

Com a boca cheia de comida, mastigava feliz, atraindo alguns olhares da minha família.

—É hora de irmos —disse Xavier se aproximando.

Assenti enquanto pegava mais um cupcake antes de segui-lo.

Caminhamos até a limusine. Ele entrou sem nem sequer abrir a porta para mim.

Que grosseiro!

Abri a porta sozinha, sentei-me dentro e me afastei o máximo possível dele.

—Para onde estamos indo? —perguntei.

—Para o aeroporto, senhora Stephano —respondeu o motorista.

Xavier, por sua vez, me ignorava completamente, ocupado falando ao telefone.

Revirei os olhos diante de seu comportamento e cruzei os braços, olhando pela janela.

Será que minha vida acabou?