A NOITE FRIA E ESCURA

POV EMILY

—E agora? —perguntei.

Estou começando a ficar exausta de tantas compras. Até agora compramos sapatos, arrumei minhas unhas e estou ansiosa para ir para casa dormir.

—Comer. Continuaremos amanhã —ele disse, e suspirei aliviada.

—Finalmente —murmurei.

—Onde você quer comer?

—Humm... que tal uma cafeteria? —arrisquei, e ele me lançou um olhar que me fez estremecer de medo.

—Não importa. Que tal um restaurante caro e elegante? —engoli em seco e dei ao motorista o endereço.

*

—Obrigada por hoje —disse ao sair do carro, e antes que eu pudesse me virar, ele já tinha ido embora.

Grosseiro! Ele é um maldito grosseiro!

Respirei fundo antes de tocar a campainha. A empregada veio, abriu a porta e me deixou entrar.

—Ela voltou! —ouvi minha meia-irmã gritar.

Ao entrar na sala, vi minha mãe e meu pai com minha meia-irmã sentados no sofá. Parecia que estavam me esperando.

—Sente-se —ordenou meu pai, e eu me sentei.

—Sobre o que querem falar comigo? —perguntei, e ele olhou para Vanessa antes de responder.

—Quero que você decline o contrato e diga a Xavier que ele pode se casar com Vanessa em vez de com você.

—Você está brincando? —ri, e meu pai parecia que já estava ficando irritado.

—Por que você é tão teimosa, Emily? Foi assim que te criamos? Apenas faça o que eu disse, e prometo que tudo voltará ao normal. Sua mãe e eu voltaremos a tratá-la como uma princesa —ele disse, e eu ri de novo.

—Eu não preciso mais de vocês, e não posso rejeitar o contrato.

—Por quê? Você gosta dele? —perguntou Vanessa enquanto enxugava as lágrimas.

—Ha! Nem sequer vou gostar do Xavier. Você é tão inútil! Olhe para ela, veja as roupas dela, veja o estilo dela. Não se compara à minha filha Vanessa. Xavier merece algo melhor porque você é diferente —disse meu pai.

Ai! Isso feriu meu coração, mas continuei forte.

—Bem, sabe de uma coisa? Eu amo ser diferente porque pessoas diferentes são únicas —bati palmas com um sorriso doce no rosto.

—Cale a boca e escute seu pai —repreendeu minha mãe.

Olhei para ela e dei meu sorriso mais doce. Não vou deixar ninguém arruinar meu dia hoje.

—Agora me diga, por que você não pode recusar o contrato?

—Eu tentei —respondi.

—Então tente mais —disse Vanessa.

—Olha, se querem que eu recuse o contrato, vão vocês mesmos falar com Xavier —disse, e a sala ficou em silêncio.

—Vou sair agora, então, tchau —disse e me levantei para sair.

—Aonde você vai? —perguntou minha mãe.

—A algum lugar —respondi, e saí direto de casa.

*

—Não, Emily, não deixe ninguém arruinar seu dia —repetia em minha mente.

Não posso deixar as palavras do meu pai me afetarem, mas, novamente, não consigo acreditar que ele pensa assim de mim.

Sou uma desgraça para eles? Deveria recusar o contrato e deixar que fiquem com o que querem? Talvez assim me tratem melhor.

Todos esses pensamentos tumultuavam minha mente, e eu não sabia o que fazer.

Por que eles me odeiam tanto?

O que eu fiz para merecer isso?

Neste momento, estava sentada sozinha no parque, e estava nevando.

A neve começava a cair com mais força, e eu sabia que precisava ir para casa já. Então, me levantei e fui andando para casa. Não era longe do parque.

Apertei a campainha e esperei que alguém abrisse a porta, mas ninguém abriu, e o lugar começava a ficar mais frio.

—Mamãe! Papai! Vanessa! Vocês podem abrir a porta?! —gritei, mas novamente ninguém veio. Então, olhei pela janela e vi a empregada servindo o jantar à minha família. Todos estavam sentados à mesa comendo e rindo enquanto eu ficava do lado de fora congelando de frio...

Isso pode ser chamado de família?

Gritei e toquei a campainha repetidamente, mas ninguém veio. Então, me sentei no degrau da porta e me encolhi.

Eles não têm coração?

—Deixe-a morrer de frio lá fora —ouvi meu pai dizer.

—Mamãe, papai, vocês não precisam fazer isso... Eu... deixarei que ela se case com ele. Eu não quero...

—Não. Este é o castigo dela. Ela merece isso —mamãe interrompeu Vanessa.

—Mas, e se Xavier...?

—Não se preocupe com ele. Ele não se importará.

—Essas pessoas são meus pais? —me perguntei.

Como podem ser tão sem coração?

Estar sentada do lado de fora, na neve, por tanto tempo e ouvir o que meus pais estavam dizendo sobre mim me cansou.

Fria.

Triste.

E então as lágrimas vieram.

Sequei minhas lágrimas e levantei o olhar.

A neve caía com mais força, e o lugar estava ficando mais frio.

Logo chegou a noite, e senti que estava congelando.

E, aos poucos, fui adormecendo...

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