O dia estava radiante, como se o céu quisesse garantir que tudo seria perfeito. Eu estava em um lugar que parecia familiar, mas ao mesmo tempo completamente estranho. O ar estava carregado de uma sensação de expectativa, algo vibrante e inusitado, como se o universo estivesse me empurrando para algo imenso e irreversível.O casamento estava em plena preparação, as pessoas corriam de um lado para o outro, ajustando detalhes, decorando o ambiente, mas eu sentia uma ansiedade que nunca experimentei antes. Meu coração batia mais rápido, como se estivesse se preparando para algo grandioso, algo que eu não conseguia entender.Mas então, no meio de toda aquela movimentação, percebi. Era o meu casamento. Eu estava prestes a me casar. Uma sensação de confusão tomou conta de mim, porque eu não sabia quem era minha noiva. A princípio, tentei me lembrar do rosto, da pessoa que estaria ali ao meu lado, mas não conseguia. Isso me deixava nervoso, agoniado, como se houvesse algo faltando. Não conseg
Tentei me lembrar do rosto da mulher que apareceu no sonho, mas cada vez que eu tentava focar nela, a memória me escapava. Eu sabia que a amava. Eu sentia isso profundamente. Como poderia amar alguém sem nem sequer conhecê-la? Sem nunca ter visto seu rosto? Sem sequer saber o seu nome?E o homem. O desconhecido que me chamava de Afonso. Afonso... Eu me perguntei, de novo, por que ele me chamava assim. Por que meu nome não era mais Giovani no sonho? O que isso significava? Eu estava começando a duvidar se aquilo realmente havia sido só um sonho. Não podia ser, não podia. Havia uma sensação de urgência que ainda me consumia, algo não resolvido.Eu me levantei, andei pela casa como um espectador perdido, meu corpo em movimento, mas minha mente ainda lá, naquele altar, naquele jardim cheio de flores, esperando por uma mulher que nunca pude ver. Eu precisava entender. Eu precisava saber o que aquilo tudo significava.A sensação de perda não me deixava. Era como um peso, como se eu tivesse
Cloé saiu da sala como um furacão. Seus passos apressados ecoaram pelos corredores enquanto ela subia as escadas correndo, sem olhar para trás. Giovani — ou melhor, Afonso — ficou parado, ainda digerindo as palavras confusas e o mistério que parecia envolver sua identidade. Ele estava mais perdido do que nunca, e a tensão no ar era palpável.Quando a porta do quarto de Cloé se fechou com um estrondo, Giovani ouviu o som de móveis sendo empurrados e objetos quebrando. Aquele barulho de destruição era como um grito mudo de raiva e desespero. Ele tentou se aproximar da porta, mas hesitou. Algo estava acontecendo ali, e ele não sabia o que fazer com a bagunça emocional que Cloé estava criando.Do outro lado da porta, Cloé estava em um estado completo de descontrole. Ela respirava pesadamente, sua mente em um turbilhão de pensamentos e sentimentos contraditórios. A raiva estava consumindo-a por dentro, e ela sabia que não poderia permitir que Melissa fosse feliz. Melissa, aquela mulher que
Cloé estava quase lá. O momento decisivo havia chegado. Ela olhou para a taça de vinho nas mãos, o pó dissolvido com perfeição, pronta para ser entregue a Afonso, seu único objetivo. A mente dela estava acelerada, mas ela tentava manter a calma, esperando que ele não percebesse nada de errado. A peça final estava prestes a ser colocada no lugar.Ela se aproximou da mesa, com a taça de vinho em direção a Afonso, e foi quando, de repente, tudo se desfez. Ele apareceu diante dela, de surpresa, como se tivesse saído do nada. Cloé se assustou tanto que a taça escorregou de suas mãos, caindo com um estrondo no chão.O líquido se espalhou pela superfície de madeira, manchando tudo ao redor, e Cloé congelou. O susto a fez perder o controle por um instante, e ela ficou parada ali, sem saber o que fazer, enquanto os cacos de vidro refletiam a luz das velas que ainda estavam acesas.Afonso a olhou, confuso, sem entender o que estava acontecendo. Ele não tinha percebido o que ela estava tentando
Afonso estava em um jardim repleto de flores, o aroma doce e fresco invadindo seus sentidos. As cores vivas das flores se misturavam com o verde das folhas, criando uma paisagem que parecia saída de um conto de fadas. Ele caminhava lentamente, com uma sensação de paz que não conseguia compreender, mas que, ao mesmo tempo, parecia familiar. O jardim parecia um lugar que ele já conhecia, embora não soubesse de onde.De repente, uma voz familiar o chamou. Seu nome, como um sussurro suave que parecia tocar sua alma:— Afonso... o que você faz aí sozinho, meu bem?Ele se virou, um pouco surpreso, e viu uma figura que o envolveu por trás, uma mão delicada envolvendo sua cintura, uma sensação de calor e conforto que o fez relaxar. O cheiro daquela pessoa era inconfundível, era o mesmo aroma que ele sentia quando estava em paz, como se fosse algo profundamente enraizado em seu coração. Ela. Quem é ela?Ele apertou a mão que o envolvia, sem pensar, como se fosse natural, como se aquele gesto d
Afonso acordou cedo, sua mente ainda turbada pelas lembranças fragmentadas e pelo sonho confuso. Ele não conseguia mais ignorar a sensação de que algo estava faltando, algo crucial que precisava ser revelado. Determinado, ele se levantou da cama e se vestiu rapidamente, com a ideia de que o dia seria decisivo. Não podia mais viver com tantas dúvidas.Ele decidiu começar sua busca por respostas indo até o quarto de Matteo. O pequeno estava dormindo tranquilamente, com os traços serenos de uma criança que não sabia da complexidade que envolvia os adultos ao seu redor. Afonso olhou para ele com carinho. Matteo, pensou, meu filho.O garoto estava ali, com seus cabelos bagunçados e o rosto calmo, a respiração regular. Afonso não tinha dúvidas de que o amava, assim como Matteo também o amava. Havia uma conexão genuína entre os dois, algo forte e incondicional, mas ainda havia um vazio. Algo em Afonso o incomodava profundamente. Eu sou pai dele. Mas por que não me lembro de tudo? Por que meu
Afonso estava sentado em seu carro, parado em frente à sua casa, a mensagem no telefone piscando em sua tela. Ele havia estado nervoso o tempo inteiro, a ansiedade correndo por suas veias desde que fizera o teste de paternidade. Agora, o momento de verdade finalmente chegara. Ele hesitou por um instante, sentindo o peso da decisão em suas mãos, e então abriu o arquivo.Quando os resultados apareceram na tela, ele sentiu o mundo ao seu redor parar por um breve momento. As palavras estavam claras, frias, como um golpe na sua certeza de tudo:"99,99% de que a amostra A não tem grau de parentesco com a amostra B. Portanto, Giovani Mendonça não é pai de Matteo Mendonça."Afonso sentiu como se o chão tivesse sumido sob seus pés. A resposta era definitiva. Matteo não era seu filho biológico. O choque foi como uma onda que o atingiu, mas ao mesmo tempo, algo dentro dele parecia incomodar-se mais ainda. A verdade estava ali, tão simples e irrefutável, mas ele não sabia como lidar com ela.Ele
Afonso fechou os olhos por um instante, tentando reunir seus pensamentos, mas o que estava acontecendo parecia maior do que ele podia entender. Ele precisava descobrir mais, precisava entender o que aquele jornal, aquele nome, aquela Melissa tinha a ver com ele. Algo profundo estava sendo revelado, e ele estava determinado a encontrar todas as respostas.Enquanto Afonso continuava a ler a notícia, algo estranho aconteceu. No final do artigo, surgiram várias fotos que ele não estava esperando. Ele piscou, as palavras diante de seus olhos começando a se embaçar. Lá estavam, estampadas à sua frente, imagens de um casamento.Ele viu a si mesmo, em uma cerimônia elegante, abraçado a uma mulher. A foto mostrava um momento de felicidade pura, os dois sorrindo enquanto eram fotografados por trás, em um jardim luxuoso, as roupas finas, os rostos iluminados pela luz suave do dia. Mas a mulher ao seu lado, apesar de sua beleza, parecia irreconhecível. O rosto dela estava parcialmente obscurecido