Afonso acordou cedo, sua mente ainda turbada pelas lembranças fragmentadas e pelo sonho confuso. Ele não conseguia mais ignorar a sensação de que algo estava faltando, algo crucial que precisava ser revelado. Determinado, ele se levantou da cama e se vestiu rapidamente, com a ideia de que o dia seria decisivo. Não podia mais viver com tantas dúvidas.Ele decidiu começar sua busca por respostas indo até o quarto de Matteo. O pequeno estava dormindo tranquilamente, com os traços serenos de uma criança que não sabia da complexidade que envolvia os adultos ao seu redor. Afonso olhou para ele com carinho. Matteo, pensou, meu filho.O garoto estava ali, com seus cabelos bagunçados e o rosto calmo, a respiração regular. Afonso não tinha dúvidas de que o amava, assim como Matteo também o amava. Havia uma conexão genuína entre os dois, algo forte e incondicional, mas ainda havia um vazio. Algo em Afonso o incomodava profundamente. Eu sou pai dele. Mas por que não me lembro de tudo? Por que meu
Afonso estava sentado em seu carro, parado em frente à sua casa, a mensagem no telefone piscando em sua tela. Ele havia estado nervoso o tempo inteiro, a ansiedade correndo por suas veias desde que fizera o teste de paternidade. Agora, o momento de verdade finalmente chegara. Ele hesitou por um instante, sentindo o peso da decisão em suas mãos, e então abriu o arquivo.Quando os resultados apareceram na tela, ele sentiu o mundo ao seu redor parar por um breve momento. As palavras estavam claras, frias, como um golpe na sua certeza de tudo:"99,99% de que a amostra A não tem grau de parentesco com a amostra B. Portanto, Giovani Mendonça não é pai de Matteo Mendonça."Afonso sentiu como se o chão tivesse sumido sob seus pés. A resposta era definitiva. Matteo não era seu filho biológico. O choque foi como uma onda que o atingiu, mas ao mesmo tempo, algo dentro dele parecia incomodar-se mais ainda. A verdade estava ali, tão simples e irrefutável, mas ele não sabia como lidar com ela.Ele
Afonso fechou os olhos por um instante, tentando reunir seus pensamentos, mas o que estava acontecendo parecia maior do que ele podia entender. Ele precisava descobrir mais, precisava entender o que aquele jornal, aquele nome, aquela Melissa tinha a ver com ele. Algo profundo estava sendo revelado, e ele estava determinado a encontrar todas as respostas.Enquanto Afonso continuava a ler a notícia, algo estranho aconteceu. No final do artigo, surgiram várias fotos que ele não estava esperando. Ele piscou, as palavras diante de seus olhos começando a se embaçar. Lá estavam, estampadas à sua frente, imagens de um casamento.Ele viu a si mesmo, em uma cerimônia elegante, abraçado a uma mulher. A foto mostrava um momento de felicidade pura, os dois sorrindo enquanto eram fotografados por trás, em um jardim luxuoso, as roupas finas, os rostos iluminados pela luz suave do dia. Mas a mulher ao seu lado, apesar de sua beleza, parecia irreconhecível. O rosto dela estava parcialmente obscurecido
Afonso pegou as chaves do carro com mãos trêmulas, sentindo um turbilhão dentro de si. Ele nem se deu ao trabalho de fechar o escritório atrás de si, a porta do local se fechando automaticamente enquanto ele corria para fora, sem olhar para trás. O ar fresco da noite não conseguiu acalmar sua mente, mas ele sabia que precisava respirar. Precisava de um espaço para pensar, para se organizar. Tudo o que acabara de descobrir, todas as revelações sobre sua vida – ou melhor, sobre a vida que ele nem lembrava de ter vivido – estavam esmagando-o. Era como se o chão tivesse sumido debaixo de seus pés.O carro parecia estar vazio, como uma extensão de sua própria solidão, enquanto ele o ligava e partia pela rua escura. A cada quilômetro, a sensação de desorientação aumentava. Ele queria gritar, mas as palavras não saíam. O vento batia contra o vidro, mas ele mal sentia. Seus pensamentos estavam presos nas imagens que surgiam em sua mente: o rosto de Melissa, a foto do casamento, e aquela sensa
Afonso ficou ali, em pé, no meio do parque, seu corpo estático, os pensamentos girando a uma velocidade vertiginosa. Foi como se, em uma fração de segundo, sua realidade tivesse se virado de cabeça para baixo. Ele havia saído em busca de respostas, determinado a encontrar Melissa, a mulher do seu passado, mas agora, no fundo de sua mente, algo havia se interposto, como uma sombra que se estendia e tomava conta de seus pensamentos. “Luana.”Ela apareceu diante dele com uma clareza assustadora. A mulher com quem ele dividia sua vida nos últimos anos, ou, pelo menos, era o que ele acreditava. Ele não podia negar a conexão que tinham, os momentos compartilhados, os planos para o futuro. Mas agora, depois de tudo o que ele havia descoberto sobre o próprio passado, a dúvida o corroía. Como ele poderia voltar para casa e ignorar tudo o que ele acabara de descobrir? Como poderia continuar ao lado de Luana quando, ao mesmo tempo, sua mente estava invadida pela figura de Melissa, a mulher que e
Alguns dias se passaram desde a noite em que Afonso descobriu a notícia sobre seu suposto desaparecimento e sua identidade misteriosa. O peso da incerteza ainda o acompanhava, mas ele tentava seguir sua rotina, esconder as dúvidas que o consumiam. No entanto, uma sensação crescente de inquietação o forçava a buscar respostas. A memória era um terreno escuro e desconhecido para ele agora. Ele sabia que precisava entender o que estava acontecendo, especialmente com os sonhos que o assombravam, cada vez mais vívidos e desconcertantes.Foi então que ele decidiu marcar uma consulta com o neurologista de sua confiança. O médico, que conhecia sua história de vida e já o ajudara em outras ocasiões, parecia ser a melhor pessoa para ajudá-lo a entender o que estava acontecendo com sua mente. Afonso não queria admitir, mas sabia que algo estava errado. Ele sentia que havia algo perdido dentro dele, uma parte de sua vida que estava apagada, e ele precisava descobrir o que era.A consulta foi marc
– Alô? Afonso disse, sua voz um pouco cautelosa, sentindo uma leve tensão no ar. Algo na ligação não parecia certo, mas ele não sabia o que exatamente.Do outro lado da linha, uma voz masculina, grave e séria, respondeu quase imediatamente. – Estou falando com Giovani?Afonso sentiu um arrepio percorrer sua espinha ao ouvir o nome. Giovani... era o nome que Luana sempre usava para se referir a ele. Sempre ouvira isso durante os últimos anos de sua vida, com um tom de carinho, de familiaridade. E, por tanto tempo, ele acreditara que fosse realmente esse o seu nome. Mas, agora, com as revelações recentes, com a foto em que seu nome verdadeiro aparecia como Afonso, ele não sabia mais o que acreditar.– Giovani? Ele respondeu, a voz falhando um pouco. – Sim, sou eu... Mas, espera, quem está falando?"O nome Giovani agora parecia estranho, como se ele tivesse sido forçado a viver com ele por tanto tempo que, de alguma forma, isso já não fazia mais sentido. O nome Afonso... aquela foto de s
Ele olhou para as últimas anotações. O que aconteceu com Afonso Bianchini? O que foi aquele acidente? E por que meu corpo nunca foi encontrado?Essas perguntas agora eram a chave. Ele sabia que precisava investigar mais sobre esse acidente. O que havia acontecido? Ele sentia que estava no centro de um mistério maior do que imaginava, e a cada nova informação que aparecia, ele se via mais distante da vida que acreditava conhecer.Enquanto escrevia, o telefone que ele deixara na mesa vibrou novamente. O número era privado, e Afonso hesitou por um momento, mas sabia que não poderia mais ignorar. Quem mais sabe sobre mim? Ele pensou, e, antes que a dúvida tomasse conta, ele pegou o telefone e atendeu.– Alô? Ele disse, tentando não demonstrar a tensão em sua voz.Do outro lado da linha, a voz masculina, que já havia conversado com ele antes, respondeu calmamente: – Afonso, eu vejo que você está começando a juntar as peças. Está pronto para a próxima parte da verdade?Afonso apertou o tele