– Alô? Afonso disse, sua voz um pouco cautelosa, sentindo uma leve tensão no ar. Algo na ligação não parecia certo, mas ele não sabia o que exatamente.Do outro lado da linha, uma voz masculina, grave e séria, respondeu quase imediatamente. – Estou falando com Giovani?Afonso sentiu um arrepio percorrer sua espinha ao ouvir o nome. Giovani... era o nome que Luana sempre usava para se referir a ele. Sempre ouvira isso durante os últimos anos de sua vida, com um tom de carinho, de familiaridade. E, por tanto tempo, ele acreditara que fosse realmente esse o seu nome. Mas, agora, com as revelações recentes, com a foto em que seu nome verdadeiro aparecia como Afonso, ele não sabia mais o que acreditar.– Giovani? Ele respondeu, a voz falhando um pouco. – Sim, sou eu... Mas, espera, quem está falando?"O nome Giovani agora parecia estranho, como se ele tivesse sido forçado a viver com ele por tanto tempo que, de alguma forma, isso já não fazia mais sentido. O nome Afonso... aquela foto de s
Ele olhou para as últimas anotações. O que aconteceu com Afonso Bianchini? O que foi aquele acidente? E por que meu corpo nunca foi encontrado?Essas perguntas agora eram a chave. Ele sabia que precisava investigar mais sobre esse acidente. O que havia acontecido? Ele sentia que estava no centro de um mistério maior do que imaginava, e a cada nova informação que aparecia, ele se via mais distante da vida que acreditava conhecer.Enquanto escrevia, o telefone que ele deixara na mesa vibrou novamente. O número era privado, e Afonso hesitou por um momento, mas sabia que não poderia mais ignorar. Quem mais sabe sobre mim? Ele pensou, e, antes que a dúvida tomasse conta, ele pegou o telefone e atendeu.– Alô? Ele disse, tentando não demonstrar a tensão em sua voz.Do outro lado da linha, a voz masculina, que já havia conversado com ele antes, respondeu calmamente: – Afonso, eu vejo que você está começando a juntar as peças. Está pronto para a próxima parte da verdade?Afonso apertou o tele
Afonso deu um passo atrás, seu corpo tenso, sua mente girando. Algo maior? Ele não sabia como lidar com aquilo. Sua identidade estava sendo desconstruída diante de seus olhos, e ele não tinha controle sobre nada.– Mas, Tomasi, eu… – Afonso começou lutando para encontrar as palavras. – Eu não lembro de nada disso. Não lembro de minha vida antes de... antes de tudo isso. O que aconteceu comigo?Tomasi olhou para Afonso com uma expressão que mesclava compreensão e pesar. Ele sabia o quanto a verdade poderia ser devastadora.– Afonso, o que você está sentindo agora é só o começo. O acidente de avião foi apenas a ponta do iceberg. Tudo o que você lembra, a vida que você viveu sob o nome de Giovani, foi uma fachada. E Valentina sabia disso. Ela sempre foi a pessoa mais determinada da família, e ela nunca deixou de acreditar que você voltaria. – Tomasi hesitou antes de continuar. – Eu fui um segurança na sua mansão, fui o braço direito de seu pai. Eu sempre estive ao seu lado. E agora, ela
As palavras de Tomasi cortaram o ar como uma lâmina afiada. Afonso sentiu o mundo ao seu redor desmoronar. Melissa se casará amanhã? O que ele ouviu parecia um golpe direto em seu coração. Seu estômago revirou, e um turbilhão de sentimentos tomou conta dele. Ele não conseguia processar tudo o que estava ouvindo.– O quê? – Afonso perguntou, a voz rouca e falha, como se estivesse tentando absorver a realidade que acabara de ser jogada em sua frente. – Como assim, ela vai se casar com Mike? Isso… isso não pode ser verdade.Tomasi, com uma expressão grave, apenas acenou com a cabeça.– Eu sei que isso é um choque, Afonso. Mas é verdade. Melissa, por mais que te amasse, seguiu em frente, porque acreditava que você estava perdido para ela. Ela pensou que você nunca voltaria, que não haveria mais chance para os dois. E Mike, ele é alguém que se aproximou dela depois que você sumiu, alguém que ela conheceu enquanto tentava superar a dor de te perder. E agora, ela vai casar com ele amanhã.Af
Tomasi observava Afonso com um olhar preocupado enquanto o homem se preparava para seguir em frente, sua expressão determinada, mas algo parecia fora de lugar. Tomasi sabia que Afonso estava em um momento de grande tensão, absorvendo toda a verdade que havia sido escondida por tanto tempo. No entanto, antes que ele pudesse dar o primeiro passo em direção ao seu destino, a expressão de Afonso se transformou em uma expressão de dor intensa.Afonso parou abruptamente. Seus olhos se arregalaram e sua mão foi até a cabeça, como se tentasse segurar algo que o estava consumindo por dentro. Ele soltou um grito abafado, uma mistura de angústia e confusão, e então, sem mais forças, caiu no chão.Tomasi se moveu imediatamente, seu corpo reagindo de forma instintiva. Ele se agachou rapidamente ao lado de Afonso, pegando-o nos braços com a habilidade de alguém acostumado a lidar com situações difíceis. Afonso estava inconsciente, a respiração ofegante e a pele pálida. Algo estava errado, muito err
Acordei naquela manhã com o coração batendo acelerado, uma mistura de nervosismo e expectativa tomando conta de mim. Era o dia do meu casamento, o dia que eu havia imaginado de tantas formas, mas que, de algum jeito, parecia diferente de tudo o que eu esperava. O dia estava começando exatamente como eu tinha planejado, ou pelo menos, quase.Eu tinha insistido para que fosse algo simples, uma cerimônia ao ar livre, com flores delicadas e uma energia mais intimista. Queria algo tranquilo, sem toda a pompa que meu primeiro casamento. Mas, ao entrar no salão onde a recepção aconteceria, não pude deixar de perceber a extravagância das flores que enfeitavam as mesas e os cantos. Um verdadeiro banquete visual. Antonela, minha sogra, havia se encarregado da decoração, e eu sabia que, mesmo que tentasse convencer, ela não abriria mão de sua visão grandiosa para o evento. Eu não tive forças para contestar. No fim, só aceitei, sem muitas palavras, tentando manter a paz e o sorriso no rosto.Tudo
Eu a observei enquanto ela chorava, meu coração partido em mil pedaços. A dor que ela estava sentindo era visível, e cada lágrima que escorria de seu rosto me dilacerava. Eu sabia o quanto eu a havia ferido, o quanto ela havia sofrido por minha causa, e ver Melissa daquele jeito, com toda a dor acumulada, me fez sentir uma culpa profunda e esmagadora.Ela estava ali, em meus braços, lutando contra suas emoções, tentando entender o impossível. Eu sabia que ela precisava de respostas, mas, acima de tudo, ela precisava de espaço para processar tudo o que havia acontecido. Ela estava exausta, tanto física quanto emocionalmente, e, aos poucos, suas forças começaram a se esgotar. O choro foi diminuindo, até que, finalmente, ela adormeceu, um sono pesado, como se seu corpo estivesse finalmente cedendo ao cansaço das emoções intensas.Enquanto ela dormia em meus braços, eu fiquei ali, imóvel, contemplando sua face. Ela parecia tão frágil, tão vulnerável naquele momento. E, no fundo, eu sabia
Abri os olhos lentamente, sentindo a luz suave que entrava pela janela e iluminava o quarto. Olhei ao redor, e uma onda de nostalgia me invadiu. O quarto estava intacto, como eu o havia deixado há alguns anos. Tudo estava como antes, mas, ao mesmo tempo, nada parecia ser o mesmo. Eu sabia que aquele quarto, aquele lugar, tinha sido onde as memórias mais felizes da minha vida haviam acontecido. Mas também era o lugar onde eu havia deixado o meu coração partido, onde a ausência de Afonso se fazia insuportável, onde eu me vi perdida em uma dor que parecia não ter fim.Durante tanto tempo, vivi com a lembrança dele, com o peso da sua falta. A decisão de partir, de me afastar daquele espaço, daquela casa, havia sido difícil, mas necessária. Eu não conseguia mais viver com a lembrança constante de Afonso me perseguindo a cada canto, a cada objeto que trazia à tona nossa história. Era mais fácil, ou assim eu pensava, simplesmente seguir em frente. Mas naquele momento, enquanto olhava para o