Eu a observei enquanto ela chorava, meu coração partido em mil pedaços. A dor que ela estava sentindo era visível, e cada lágrima que escorria de seu rosto me dilacerava. Eu sabia o quanto eu a havia ferido, o quanto ela havia sofrido por minha causa, e ver Melissa daquele jeito, com toda a dor acumulada, me fez sentir uma culpa profunda e esmagadora.Ela estava ali, em meus braços, lutando contra suas emoções, tentando entender o impossível. Eu sabia que ela precisava de respostas, mas, acima de tudo, ela precisava de espaço para processar tudo o que havia acontecido. Ela estava exausta, tanto física quanto emocionalmente, e, aos poucos, suas forças começaram a se esgotar. O choro foi diminuindo, até que, finalmente, ela adormeceu, um sono pesado, como se seu corpo estivesse finalmente cedendo ao cansaço das emoções intensas.Enquanto ela dormia em meus braços, eu fiquei ali, imóvel, contemplando sua face. Ela parecia tão frágil, tão vulnerável naquele momento. E, no fundo, eu sabia
Abri os olhos lentamente, sentindo a luz suave que entrava pela janela e iluminava o quarto. Olhei ao redor, e uma onda de nostalgia me invadiu. O quarto estava intacto, como eu o havia deixado há alguns anos. Tudo estava como antes, mas, ao mesmo tempo, nada parecia ser o mesmo. Eu sabia que aquele quarto, aquele lugar, tinha sido onde as memórias mais felizes da minha vida haviam acontecido. Mas também era o lugar onde eu havia deixado o meu coração partido, onde a ausência de Afonso se fazia insuportável, onde eu me vi perdida em uma dor que parecia não ter fim.Durante tanto tempo, vivi com a lembrança dele, com o peso da sua falta. A decisão de partir, de me afastar daquele espaço, daquela casa, havia sido difícil, mas necessária. Eu não conseguia mais viver com a lembrança constante de Afonso me perseguindo a cada canto, a cada objeto que trazia à tona nossa história. Era mais fácil, ou assim eu pensava, simplesmente seguir em frente. Mas naquele momento, enquanto olhava para o
Melissa ficou em silêncio por um longo momento, suas mãos apertadas no colo. O choque começava a dar lugar a uma onda de emoções conflitantes. Ela queria acreditar, queria entender, mas a dor da perda ainda estava muito viva dentro dela. Ela não sabia como processar tudo isso. A revelação era grande demais, e o que mais a consumia era a sensação de que tudo o que ela tinha vivido com Afonso havia sido uma ilusão, uma peça cruel que a vida havia armado.Afonso, por sua vez, sabia que a estrada à frente seria difícil. Ele sabia que não poderia esperar que ela o perdoasse facilmente, que voltasse a confiar nele assim de repente. Mas ele também sabia que não podia mais viver sem tentar. Ele tinha que lutar por ela, por eles. Ele só não sabia se ela ainda tinha forças para acreditar nele novamente.Afonso acordou naquela manhã com a mente ainda um turbilhão. Embora as lembranças de seu passado começassem a se formar, ainda havia muito em sua memória que parecia nebuloso, fragmentado. Ele l
A realidade de suas vidas cortava como uma navalha afiada, uma dor tão fina quanto profunda, capaz de dilacerar a alma e colocar a existência em dúvida. Para Afonso, o confronto com o seu inimigo não era apenas uma batalha externa, mas também uma guerra interna. Ele sabia que precisava encarar o confronto com Cloé, resolver o emaranhado de sentimentos e promessas não cumpridas que o ligavam a ela. Não podia mais se esconder. Cada lembrança com ela, cada momento de incerteza, era como um espinho que cravava mais fundo, lembrando-lhe que algo estava incompleto. O tempo, que antes parecia ser seu aliado, agora parecia acelerar a cada segundo que se passava sem uma solução. Mas ele não sabia se estava preparado para a verdade que teria que enfrentar. Encarar Cloé, olhar nos olhos dela e, finalmente, resolver o que restava entre eles, parecia uma tarefa impossível. Ainda assim, sabia que não tinha escolha.Do outro lado, Melissa estava presa à própria culpa. O abandono de Mike no altar não
O silêncio entre eles se estendeu por um tempo, mas foi Mike quem finalmente quebrou a tensão que pairava no ar. Sua voz, ainda carregada de dor, fez Melissa despertar de seus próprios pensamentos.– Eu preciso entender uma coisa, Melissa. Como Afonso conseguiu te convencer a deixar tudo para trás por mais de seis anos? Como você pode simplesmente se afastar de tudo o que você tinha... de tudo o que a gente tinha? Como ele conseguiu fazer isso com você?Melissa ficou em silêncio por um momento, sua mente tentando organizar o turbilhão de emoções que surgiram com a pergunta. Como explicar aquilo? Como dizer que não era apenas Afonso, mas uma trama maior que a envolvia, algo que ela ainda estava começando a entender completamente? Ela olhou para ele, os olhos sinceros, tentando reunir toda a coragem que possuía. – Afonso... ele não foi o único responsável, Mike. Eu sei que isso pode ser difícil de entender, mas a verdade é que... ele foi manipulado. Cloé, a mulher que Afonso... bem, q
A conversa entre Melissa e Mike chegou ao fim de uma forma inesperadamente tranquila. Melissa sentia-se mais leve, como se tivesse jogado um peso imenso de seus ombros. Já Mike, embora ainda carregasse a dor da separação, estava começando a compreender a complexidade de tudo o que havia acontecido. Ele sabia que a culpa pela separação de Melissa e Afonso estava nas mãos de Cloé.O sofrimento de Mike o fez refletir profundamente sobre o que Melissa havia vivenciado ao longo dos últimos anos. Como ela teria se sentido ao saber da morte de Afonso. A confusão que ela deveria ter sentido ao ver o homem com quem havia compartilhado sua vida, e que supostamente estava perdido para sempre, reaparecer do nada. Era uma história incrivelmente cruel, e Mike não podia deixar de tentar imaginar como Melissa teria enfrentado tudo aquilo.Enquanto as lembranças da dor de Melissa o invadiam, Mike se perguntava se alguma vez ela poderia entender o quanto ele agora compreendia o peso daquela mentira, a
— Mãe… — Melissa finalmente começou, a voz trêmula, ainda processando tudo o que passara. — Preciso contar tudo, mas não sei nem por onde começar.Aurora deixou a panela de lado e se aproximou, sentando-se ao lado da filha. Com um simples toque na mão de Melissa, a mãe a encorajou a continuar.— Não precisa se preocupar em começar de algum jeito perfeito, filha. Apenas fale. Estou aqui para ouvir.Melissa fechou os olhos por um momento, respirando fundo. Ela sabia que a história dela com Mike e Afonso não era fácil de ser contada, que sua mãe, de alguma forma, já imaginava parte do que estava acontecendo, mas ainda assim, sentia que precisava falar tudo. Então, com calma, começou a revelar a dor que carregava, as decisões difíceis que tomou e o turbilhão de sentimentos que estavam a consumindo. Aurora escutava em silêncio, com a paciência que sempre soubera demonstrar, sabendo que, mesmo que não pudesse resolver tudo, sua presença era o que mais Melissa precisava naquele momento.— Mã
Enquanto Afonso chegava em casa, a noite estava mais silenciosa do que o habitual. Ele fechou a porta atrás de si com um suspiro, sentindo o peso das últimas horas se acumulando sobre seus ombros. O pensamento de encontrar Cloé novamente o incomodava, mas ele sabia que precisava resolver tudo de uma vez. Não podia mais viver com essa sensação de confusão e incerteza. Ele precisava entender o que estava acontecendo, e mais do que isso, precisava colocar um fim naquilo.Ele caminhou até a mesa de entrada, tirando o casaco e colocando-o sobre uma cadeira. Seus olhos estavam cansados, o pensamento embaralhado entre as memórias perdidas e os sentimentos confusos. Ainda assim, a mensagem era o primeiro passo. Pegou o celular no bolso do casaco e, com as mãos um pouco trêmulas, mandou uma mensagem para Melissa.Mensagem de Afonso:Oi, Mel. Acabei de chegar em casa. Vou me encontrar com a Cloé para conversar e tentar resolver essa situação de uma vez por todas. Não se preocupe, vai ficar tudo