A conversa entre Melissa e Mike chegou ao fim de uma forma inesperadamente tranquila. Melissa sentia-se mais leve, como se tivesse jogado um peso imenso de seus ombros. Já Mike, embora ainda carregasse a dor da separação, estava começando a compreender a complexidade de tudo o que havia acontecido. Ele sabia que a culpa pela separação de Melissa e Afonso estava nas mãos de Cloé.O sofrimento de Mike o fez refletir profundamente sobre o que Melissa havia vivenciado ao longo dos últimos anos. Como ela teria se sentido ao saber da morte de Afonso. A confusão que ela deveria ter sentido ao ver o homem com quem havia compartilhado sua vida, e que supostamente estava perdido para sempre, reaparecer do nada. Era uma história incrivelmente cruel, e Mike não podia deixar de tentar imaginar como Melissa teria enfrentado tudo aquilo.Enquanto as lembranças da dor de Melissa o invadiam, Mike se perguntava se alguma vez ela poderia entender o quanto ele agora compreendia o peso daquela mentira, a
— Mãe… — Melissa finalmente começou, a voz trêmula, ainda processando tudo o que passara. — Preciso contar tudo, mas não sei nem por onde começar.Aurora deixou a panela de lado e se aproximou, sentando-se ao lado da filha. Com um simples toque na mão de Melissa, a mãe a encorajou a continuar.— Não precisa se preocupar em começar de algum jeito perfeito, filha. Apenas fale. Estou aqui para ouvir.Melissa fechou os olhos por um momento, respirando fundo. Ela sabia que a história dela com Mike e Afonso não era fácil de ser contada, que sua mãe, de alguma forma, já imaginava parte do que estava acontecendo, mas ainda assim, sentia que precisava falar tudo. Então, com calma, começou a revelar a dor que carregava, as decisões difíceis que tomou e o turbilhão de sentimentos que estavam a consumindo. Aurora escutava em silêncio, com a paciência que sempre soubera demonstrar, sabendo que, mesmo que não pudesse resolver tudo, sua presença era o que mais Melissa precisava naquele momento.— Mã
Enquanto Afonso chegava em casa, a noite estava mais silenciosa do que o habitual. Ele fechou a porta atrás de si com um suspiro, sentindo o peso das últimas horas se acumulando sobre seus ombros. O pensamento de encontrar Cloé novamente o incomodava, mas ele sabia que precisava resolver tudo de uma vez. Não podia mais viver com essa sensação de confusão e incerteza. Ele precisava entender o que estava acontecendo, e mais do que isso, precisava colocar um fim naquilo.Ele caminhou até a mesa de entrada, tirando o casaco e colocando-o sobre uma cadeira. Seus olhos estavam cansados, o pensamento embaralhado entre as memórias perdidas e os sentimentos confusos. Ainda assim, a mensagem era o primeiro passo. Pegou o celular no bolso do casaco e, com as mãos um pouco trêmulas, mandou uma mensagem para Melissa.Mensagem de Afonso:Oi, Mel. Acabei de chegar em casa. Vou me encontrar com a Cloé para conversar e tentar resolver essa situação de uma vez por todas. Não se preocupe, vai ficar tudo
Cloé, sempre calma e calculista, caminhou até a mesa de madeira escura na sala. O ambiente ainda estava envolto nas sombras, a luz da lâmpada suave e amarelada criando um contraste com a escuridão ao redor. Ela se aproximou do bar improvisado, onde as garrafas de bebida estavam dispostas com precisão. Seus dedos deslizaram sobre as garrafas, escolhendo uma garrafa de uísque envelhecido com um leve sorriso no rosto.Com movimentos elegantes, ela retirou a tampa e, com destreza, despejou o líquido âmbar em um copo. O som do uísque sendo derramado ecoou suavemente no silêncio da casa. Em seguida, pegou as pinças de gelo, as pedras de gelo caindo com um som nítido no fundo do copo. Ela as ajeitou com perfeição, como se fosse uma arte.Cloé misturou o uísque com as pedras de gelo, um pó branco que ela retirou do bolso do casaco, girando o copo devagar para garantir que o gelo não derretesse rapidamente, diluindo o sabor, mas ao mesmo tempo esfriando a bebida. Ela observava o movimento do l
Cloé ouviu as palavras de Afonso com uma calma tensa. Cada frase que ele proferia parecia rasgar o controle que ela tentava manter, e aos poucos, ela sentiu que estava perdendo o domínio da situação. Sua fachada de esposa preocupada e manipuladora estava começando a desmoronar, revelando algo muito mais sombrio por trás dos olhos que ele sempre acreditou ser de confiança.Ela respirou fundo, tentando recobrar a compostura, mas no fundo, sabia que não havia mais como voltar atrás. Afonso havia tocado em um ponto crucial. Ele não estava mais sob o feitiço da mentira, e ela podia ver claramente que o jogo estava mudando. Mas o que ela não esperava era o que aconteceria a seguir.Cloé não respondeu imediatamente. Em vez disso, ela soltou uma gargalhada baixa, quase um sussurro. A risada foi crescendo, ganhando força, até que se transformou em uma gargalhada maquiavélica, como uma onda imensa que invadia o ambiente. A risada não era de alívio ou nervosismo, mas sim de um prazer perverso qu
A voz dela soava distante, quase como se estivesse vindo de algum lugar muito longe. Afonso lutava contra a vertigem, tentando manter os olhos abertos, tentando focar no rosto de Cloé à sua frente. Mas ela estava se tornando uma figura distorcida, como se ele estivesse afundando em um pesadelo do qual não conseguiria acordar.Afonso (com dificuldade, sua voz falhando): — Você... você me... dopou...Cloé riu mais uma vez, mas dessa vez era uma risada cheia de prazer sádico. Ela sabia que ele estava começando a entender, e isso a fazia se sentir ainda mais poderosa. Ela não precisava mais esconder nada. O controle era todo dela, e agora ele estava completamente à mercê de sua vontade.Isso foi apenas o começo, Afonso. Você nunca soube com quem estava lidando. Eu sempre fui a mente por trás de tudo isso. Você vai ver o que acontece quando alguém finalmente se cansa de ser fraco, de ser... você.Ela se inclinou para mais perto dele, seus olhos brilhando com uma malícia que Afonso jamais p
A voz de Melissa soou do outro lado da linha, preocupada, talvez com um toque de urgência.— Afonso? Você está bem? Eu tentei ligar várias vezes, por que não atende?A voz de Cloé foi suave, mas havia uma frieza nela, uma intenção escondida que só ela podia perceber.— Olá, Melissa. Está procurando por Afonso? Ele está aqui... dormindo profundamente, muito cansado para atender a sua chamada. Talvez ele tenha finalmente entendido quem realmente está ao seu lado.Houve um silêncio do outro lado da linha, um silêncio tenso. Melissa provavelmente sentiu a ameaça nas palavras de Cloé, e Cloé sabia que aquela era a chance que ela estava esperando. Ela havia colocado a peça final no tabuleiro. Agora, era só uma questão de fazer Melissa sentir o peso da derrota.— Cloé, o que você fez com ele? O que está acontecendo?— Nada de mais, querida. Afonso está apenas descansando. Ele não está em condições de falar com você... e sinceramente, acho que ele vai preferir não saber de nada que você tenha
Afonso acordou com uma sensação estranha. Sua cabeça estava tonta, e ele se sentia como se tivesse acordado de um longo e profundo sono, mas as memórias da noite anterior estavam vagas, fragmentadas. Ele sabia que algo não estava certo, mas a confusão tomava conta de sua mente. Ele não conseguia se lembrar de detalhes importantes — de Melissa, de seus filhos, e o que mais o atormentava era uma sensação de que havia algo que ele deveria saber, mas não sabia.Ele levantou-se da cama, sentindo um leve enjoo, e tentou focar. Algo estava fora de lugar. Ele respirou fundo, tentando limpar a mente enquanto caminhava até a cozinha, ainda com a cabeça girando.Quando entrou na cozinha, encontrou Cloé sentada à mesa, calmamente tomando um café. Ela parecia tranquila, quase como se nada tivesse acontecido na noite anterior. Seu sorriso era doce, mas havia algo frio e calculista em seus olhos que ele não conseguia identificar. Ela olhou para ele quando entrou, um olhar carregado de uma calma inqu