Melissa sentiu o coração bater forte enquanto olhava para o telefone, a tela ainda iluminada pela conversa recente. O peso da ligação ainda estava sobre ela, mas agora, com as imagens de Giovani e Luana em mãos, ela sentia uma inquietação crescente. De alguma forma, a tensão havia se tornado mais palpável. Ela estava tentando racionalizar, tentando acreditar que a coincidência era apenas isso — uma coincidência —, mas o que ela tinha visto e agora estava prestes a enviar a alguém que, ao menos, poderia ajudá-la a entender o que estava acontecendo, a deixava em frangalhos.Com as mãos trêmulas, Melissa abriu o aplicativo de mensagens e anexou as fotos. As imagens haviam sido retiradas do sistema de segurança do hospital — as únicas que restaram. Depois disso, as câmeras misteriosamente falharam, ou, como ela suspeitava, as imagens simplesmente desapareceram. O fato de que as imagens sumiram tão rapidamente depois de sua descoberta a fazia pensar que havia algo muito maior e mais sombri
Melissa estava em um estado de confusão tão profundo que as dúvidas começaram a se amontoar em sua mente, criando um emaranhado de possibilidades que ela não sabia se deveria explorar ou ignorar. Cada nova pista parecia abrir mais portas para um labirinto sem fim. As imagens de Giovani e Luana, as semelhanças com Afonso e Cloé, o comportamento de Giovani no hospital… tudo parecia conectado de uma forma tão tortuosa que ela não conseguia mais distinguir o que era real e o que poderia ser fruto da sua própria paranoia.Ela se levantou e começou a caminhar pela casa, sem rumo, tentando juntar as peças desse quebra-cabeça que, a cada momento, parecia mais impossível de montar. Pensava em Afonso, em tudo o que havia acontecido no dia do acidente de avião, e a angústia a consumia. E se ele não tivesse morrido naquele acidente? E se ele tivesse perdido a memória e, de alguma forma, Cloé tivesse se aproveitado disso? Essa teoria parecia cada vez mais plausível, à medida que Melissa relembrava
As palavras de Cloé, ditas naquele dia fatídico do casamento, ainda reverberavam na mente de Melissa, como um eco distante que, de repente, se tornava muito mais real e ameaçador. “Você vai pagar por roubar o amor da minha vida, Melissa. Eu juro que vou fazer você sofrer o que eu sofri!” Cloé tinha jurado se vingar dela e de Afonso, e naquele momento, Melissa não levou a sério. Na época, parecia um grito de dor de uma mulher magoada, desesperada por algo que já estava perdido. Melissa estava ali, diante do altar, apenas cumprindo com um acordo, como uma marionete nas mãos de forças que ela não compreendia completamente.Ela nunca havia desejado aquele casamento. Não havia amor envolvido, apenas a necessidade de cumprir com obrigações impostas. Afonso, com suas ambições e seu orgulho, precisava de um casamento para garantir a herança de seu pai. E Melissa? Melissa precisava do dinheiro para pagar o tratamento de sua mãe, que havia acabado de descobrir um câncer raro, sem chances de sob
A casa. A mansão onde ela e Afonso haviam começado a construir sua vida, onde viveram o amor que, por tanto tempo, parecia impossível. A casa que ela havia deixado para trás, fugindo da dor da perda e da lembrança constante de Afonso. A casa que, de alguma forma, ainda guardava ecos do que ela fora — e do que poderia ter sido.Ela sabia que não poderia mais ignorar esse lugar. Ela precisava confrontar a memória da vida que teve ali, relembrar o que Afonso e ela tinham vivido. Mas o que ela encontraria agora? Seria capaz de encontrar algo que fizesse sentido? Ou o que restaria de tudo aquilo seria apenas escombros e fantasmas do passado?Melissa olhou para a janela de sua casa atual, uma casa simples, longe da grandiosidade da mansão que deixara para trás. Nos últimos anos, ela se acostumara à quietude daquela nova vida. O contraste era gritante. De viver rodeada de luxo, com toda a pompa e riqueza de uma mansão, para uma existência mais modesta e silenciosa, quase sem luxo algum. Ela
Melissa estava absorta na carta de Afonso, tentando decifrar as palavras que pareciam esconder mais do que ela podia entender naquele momento. O silêncio da mansão envolvia tudo ao seu redor, como se a casa mesma estivesse aguardando algo — talvez a resposta que ela precisava, talvez o confronto com um passado que ainda não havia sido resolvido. As palavras escritas por Afonso ecoavam em sua mente: "Não confie em tudo o que você vê, e muito menos em tudo o que você ouve..."Ela não conseguia afastar a sensação de que algo estava se desenrolando diante dela, uma trama que talvez nem ela mesma fosse capaz de imaginar. Mas, antes que pudesse se perder mais em seus próprios pensamentos, uma presença interrompeu seu raciocínio.A porta do escritório se abriu suavemente, e uma figura familiar apareceu à sua frente. Melissa levantou os olhos e, por um momento, pensou estar vendo uma ilusão. Mas não, era ela: Angelini, a governanta da mansão.Angelini a observava com uma expressão que mistura
Melissa estava sentada na cama, olhando fixamente para a janela do quarto. O mesmo quarto onde ela e Afonso passaram tantos momentos de felicidade, onde as risadas das crianças ecoavam pelas paredes e os dias pareciam nunca acabar. A mansão, com suas grandes dimensões e seus corredores vazios, agora parecia mais silenciosa do que nunca. O cheiro familiar do ambiente, a maciez das cortinas, tudo a envolvia com um certo conforto e ao mesmo tempo uma imensa sensação de vazio. O tempo havia passado, mas ali, dentro daquelas paredes, parecia que tudo ainda estava congelado, esperando que algo acontecesse.A saudade de Matteo e Laura pesava sobre seu coração. Antes de partir, ela os havia chamado rapidamente, explicando que precisaria viajar para resolver algumas questões pessoais, sem entrar em muitos detalhes. Eles estavam preocupados, mas Melissa fez o melhor que pôde para tranquilizá-los. Ela não podia
Valentina estava em pé, diante de Melissa, com os olhos fixos nela, a tensão no ar ainda palpável. As palavras que ela acabara de dizer faziam o coração de Melissa disparar. A revelação de Valentina sobre o que ela havia descoberto após a morte de Afonso não era apenas chocante, mas também indicava que, por trás de tudo o que parecia ser um simples acidente, havia algo muito mais sombrio e complexo.— "Quando Afonso morreu, eu não consegui simplesmente aceitar. Algo não fazia sentido. Ele tinha muitas coisas inacabadas, muitas contas a ajustar com o passado. E isso me levou a investigar. A verdade sobre a morte dele não era algo que eu pudesse ignorar."Melissa ficou em silêncio, absorvendo cada palavra de Valentina. Ela nunca soubera da intensidade da busca da irmã de Afonso. Sempre pensara que Valentina estivesse perdida em sua própria dor, e ta
Melissa virou-se na cama mais uma vez, sem conseguir encontrar conforto no colchão macio. As informações que Valentina acabara de compartilhar com ela estavam girando em sua cabeça como um turbilhão, distorcendo tudo o que ela achava que sabia sobre a morte de Afonso, sobre Cloé, sobre Giovani... e até mesmo sobre sua própria vida. Aquelas peças soltas, agora aparentemente conectadas, formavam um quadro que era ao mesmo tempo aterrador e incompreensível. A morte de Afonso não fora um acidente. Cloé não era apenas uma mulher vingativa. Algo mais havia por trás de tudo, algo muito maior.Ela pensou nas imagens de Giovani e Luana, nas suspeitas que ela mesma havia levantado. Mas agora, com o que Valentina lhe contou, Melissa sentia-se como se estivesse afundando em um mar de incertezas. Ela não podia continuar sozinha com aqueles pensamentos. Precisava desabafar, precisava de