A casa. A mansão onde ela e Afonso haviam começado a construir sua vida, onde viveram o amor que, por tanto tempo, parecia impossível. A casa que ela havia deixado para trás, fugindo da dor da perda e da lembrança constante de Afonso. A casa que, de alguma forma, ainda guardava ecos do que ela fora — e do que poderia ter sido.Ela sabia que não poderia mais ignorar esse lugar. Ela precisava confrontar a memória da vida que teve ali, relembrar o que Afonso e ela tinham vivido. Mas o que ela encontraria agora? Seria capaz de encontrar algo que fizesse sentido? Ou o que restaria de tudo aquilo seria apenas escombros e fantasmas do passado?Melissa olhou para a janela de sua casa atual, uma casa simples, longe da grandiosidade da mansão que deixara para trás. Nos últimos anos, ela se acostumara à quietude daquela nova vida. O contraste era gritante. De viver rodeada de luxo, com toda a pompa e riqueza de uma mansão, para uma existência mais modesta e silenciosa, quase sem luxo algum. Ela
Melissa estava absorta na carta de Afonso, tentando decifrar as palavras que pareciam esconder mais do que ela podia entender naquele momento. O silêncio da mansão envolvia tudo ao seu redor, como se a casa mesma estivesse aguardando algo — talvez a resposta que ela precisava, talvez o confronto com um passado que ainda não havia sido resolvido. As palavras escritas por Afonso ecoavam em sua mente: "Não confie em tudo o que você vê, e muito menos em tudo o que você ouve..."Ela não conseguia afastar a sensação de que algo estava se desenrolando diante dela, uma trama que talvez nem ela mesma fosse capaz de imaginar. Mas, antes que pudesse se perder mais em seus próprios pensamentos, uma presença interrompeu seu raciocínio.A porta do escritório se abriu suavemente, e uma figura familiar apareceu à sua frente. Melissa levantou os olhos e, por um momento, pensou estar vendo uma ilusão. Mas não, era ela: Angelini, a governanta da mansão.Angelini a observava com uma expressão que mistura
Melissa estava sentada na cama, olhando fixamente para a janela do quarto. O mesmo quarto onde ela e Afonso passaram tantos momentos de felicidade, onde as risadas das crianças ecoavam pelas paredes e os dias pareciam nunca acabar. A mansão, com suas grandes dimensões e seus corredores vazios, agora parecia mais silenciosa do que nunca. O cheiro familiar do ambiente, a maciez das cortinas, tudo a envolvia com um certo conforto e ao mesmo tempo uma imensa sensação de vazio. O tempo havia passado, mas ali, dentro daquelas paredes, parecia que tudo ainda estava congelado, esperando que algo acontecesse.A saudade de Matteo e Laura pesava sobre seu coração. Antes de partir, ela os havia chamado rapidamente, explicando que precisaria viajar para resolver algumas questões pessoais, sem entrar em muitos detalhes. Eles estavam preocupados, mas Melissa fez o melhor que pôde para tranquilizá-los. Ela não podia
Valentina estava em pé, diante de Melissa, com os olhos fixos nela, a tensão no ar ainda palpável. As palavras que ela acabara de dizer faziam o coração de Melissa disparar. A revelação de Valentina sobre o que ela havia descoberto após a morte de Afonso não era apenas chocante, mas também indicava que, por trás de tudo o que parecia ser um simples acidente, havia algo muito mais sombrio e complexo.— "Quando Afonso morreu, eu não consegui simplesmente aceitar. Algo não fazia sentido. Ele tinha muitas coisas inacabadas, muitas contas a ajustar com o passado. E isso me levou a investigar. A verdade sobre a morte dele não era algo que eu pudesse ignorar."Melissa ficou em silêncio, absorvendo cada palavra de Valentina. Ela nunca soubera da intensidade da busca da irmã de Afonso. Sempre pensara que Valentina estivesse perdida em sua própria dor, e ta
Melissa virou-se na cama mais uma vez, sem conseguir encontrar conforto no colchão macio. As informações que Valentina acabara de compartilhar com ela estavam girando em sua cabeça como um turbilhão, distorcendo tudo o que ela achava que sabia sobre a morte de Afonso, sobre Cloé, sobre Giovani... e até mesmo sobre sua própria vida. Aquelas peças soltas, agora aparentemente conectadas, formavam um quadro que era ao mesmo tempo aterrador e incompreensível. A morte de Afonso não fora um acidente. Cloé não era apenas uma mulher vingativa. Algo mais havia por trás de tudo, algo muito maior.Ela pensou nas imagens de Giovani e Luana, nas suspeitas que ela mesma havia levantado. Mas agora, com o que Valentina lhe contou, Melissa sentia-se como se estivesse afundando em um mar de incertezas. Ela não podia continuar sozinha com aqueles pensamentos. Precisava desabafar, precisava de
O telefone de Melissa ainda estava quente na sua mão quando ela desligou a ligação com Mike. Embora ele tenha sido uma boa escuta, Melissa sentia que havia algo muito mais urgente em jogo. Ela precisava saber mais, entender melhor o que estava acontecendo, e o mais rápido possível. Cada descoberta parecia gerar mais dúvidas, e ela sentia que o tempo estava correndo.O detetive Miguel, que ela havia contratado semanas antes, poderia ser sua última esperança de entender o que havia de verdade por trás de tudo isso. Ela precisava saber se ele tinha descoberto alguma coisa nova sobre Giovani e Luana, especialmente depois que as imagens que ela lhe enviara pareciam ter levantado mais perguntas do que respostas.Melissa sentou-se na beirada da cama, segurando o telefone com firmeza. Respirou fundo antes de discar o número de Miguel. O som do telefone tocando parecia ecoar em seu ouvido, marcando cada segun
O sol da manhã já se fazia presente no céu, mas o clima ainda estava frio e seco quando Melissa e Valentina chegaram ao escritório de Afonso. A investigação estava tomando rumos inesperados, e, por mais que estivessem avançando, cada novo passo parecia trazer à tona mais perguntas do que respostas. Mas Melissa sabia que precisava seguir em frente. Eles tinham que encontrar qualquer pista que os levasse à verdade, especialmente sobre a morte de Afonso e o mistério que envolvia Cloé, Giovani, Luana, e, agora, a suspeita de que alguém mais estava manipulando os eventos.As duas estavam trabalhando silenciosas e concentradas, revistando arquivos e pastas no escritório de Afonso. A sensação de estar ali, naquele espaço onde ela havia compartilhado tantos momentos com ele, era dolorosa. O ambiente, antes cheio de vida e energia, agora estava sombrio e cheio de lembranças. O perfume de Afonso ainda parecia estar no ar, mas o silêncio e a frieza daquele lugar eram sufocantes.Depois de alguma
Depois que o confronto com Salvatore deixou o ar tenso, Melissa e Valentina finalmente conseguiram se recompor e seguir adiante com a investigação. O restaurante estava mais calmo agora, e o clima entre elas, embora ainda carregado, estava mais tranquilo. Valentina, sempre pragmática, sugeriu que se dirigissem novamente ao escritório de Afonso para vasculhar mais arquivos. A busca por pistas continuava, e a sensação de que algo estava prestes a ser descoberto fazia com que cada momento fosse crucial.Melissa estava tentando focar em tudo o que estava à sua frente, mas o medo de Salvatore ainda pesava em sua mente. Ele estava sempre à espreita, sempre ali, pronto para jogar suas ameaças e manipulações. Contudo, ela sabia que não podia se deixar dominar pelo pânico. O que ela precisava era de respostas, e mais ninguém — nem mesmo Salvatore — poderia impedi-la de encontrá-las.Quando saíram do restaurante, o som das portas do local se fechando atrás delas pareceu marcar o fim de um capít